quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Por que continuo acreditando em chances de Dilma no primeiro turno.

Programa do PSB assusta potenciaisneo-marinistas mais ideológicos
A única pesquisa eleitoral verdadeira é a urna. Mesmo assim já se tentou fraudar até essa estatística, se nos lembrarmos no caso da eleição de Brizola para o governo do Rio em 1982 que ia sendo tomada na mão grande por manipulação de dados da empresa totalizadora Procunsult associada à Globo.

Morto Eduardo Campos, o Datafolha imediatamente correu para fazer sua pesquisa antes do enterro do corpo. Essa pesquisa de "boca de túmulo" com dados coletados antes do megaevento político do enterro apurou que Marina, ainda não oficializada candidata, estaria empatada com Aécio a partir da conversão emocional de votos de indecisos. Junto com Eduardo tinha 9%, e depois da morte dele foi a 21%, segundo o Datafolha, já tangida pela superexposição de mídia. 

Nessa pesquisa Dilma e Aécio pareciam não ter perdido nenhum voto, ou seja, aparentemente havia pessoas que embalaram na onda do "não vamos desistir do Brasil" que depois ganhou  contornos de "nova política", "governo de unidade com os bons de todas as forças" e "Marina voz do povo das ruas em 2013". 

Por algum interesse que até agora desconhecemos a pesquisa Ibope carregou na mão tirando pontos de Dilma e Aécio, lançando Marina 20% acima do que tinha enquanto Eduardo era vivo. E jogou Aécio no inferno, o que não passava pelos planos de nenhuma mídia que pretendia apenas manipular a emoção com a morte de Eduardo para fazer Marina crescer e ficar abaixo de Aécio. Como fizeram com a "onda verde" em 2010, levando Marina de 9% a 18% e levando Serra ao segundo turno contra Dilma. 

As próximas pesquisas poderão vir eivadas de interesses e ter resultados tendenciosos, mas aferirão se Marina ainda tem combustível para subir mais ou se a partir de agora será erodida por desconstrução tanto da mídia que a projetou como das militâncias de todos os demais candidatos. Quando se pretende se colocar como virgem impoluta e perfumada (pela Natura) no bordel da política (todos os demais, na sua visão), não tendo tais atributos de intocabilidade, torna-se vulnerável aos contra-exemplos, que já são variados. 

O crime eleitoral com o avião de campanha, as alianças com setores reacionários, as contradições na chapa com vice ligado ao agronegócio e transgênicos, a nítida ligação com o Banco Itaú, a defesa de proposta como a autonomia do Banco Central para alegria dos banqueiros e especuladores são assuntos que vão ser martelados incansavelmente nas mídias. Além da dificuldade de se fazer crível como gestora de um país gigantesco diante do seu histórico mediano como ministra. 

Por tudo isso Marina tenderá a cair. Pessoas que votavam envergonhadas em Aécio migraram para agora serem militantes marinistas e que ao perceberem que não difere muito dos demais, que não é nenhuma novidade e ainda agrega valores mais reacionários por ideologia religiosa, caso se decepcionem, podem não retornar mais ao eleitorado do Aécio. A constatação seria "ninguém presta, vou anular o voto". 

No segundo turno, se houver,  os campos de classe ficarão mais nítidos. 
Aécio já deve estar entre 15 e 20% de preferência. Marina não vai se sustentar sem se expor demais como candidata apoiada pelos ricos contrastando com o discurso de Dilma focado nos mais pobres e exibido didaticamente nos programas de TV. Caso Marina recue e Aécio não cresça, como Dilma crescendo por conta do volume de campanha do PT e dos bons programas eleitorais, podemos chegar a um cenário de Dilma com algo em torno de 40% e Marina e Aécio totalizando uns 35%. É possível? Sim, é. É provável? Caso se dê a queda de Marina, abre-se essa possibilidade, que hoje é quase impossível diante dos números dos quais não temos nenhuma certeza. Aposto nisso. 

E se der segundo turno, Marina já ganhou? Aí é uma outra eleição. O discurso eleitoreiro e demagógico de Marina como "terceira via" ou "nova política" não se sustentará quando tiver apoio dos grandes meios de comunicação e do que há de pior na política brasileira. 


Muitos dos seus eleitores que hoje vão na onda, na moda, enxergarão que a disputa real se dará entre a continuidade do projeto de Lula e Dilma e o retorno aos anos FHC. Isso hoje não é detetado nas pesquisas de segundo turno, onde os apoiadores não estão claros para quem der sua opinião. 

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