Morte e desemprego no governo Bolsonaro (por Miguel Rossetto)
Publicado em: junho 4, 2021
Foto: Luiza Castro/Sul21
Miguel Rossetto (*)
No momento em que os mortos pela pandemia chegam a 469 mil, os números do IBGE divulgados no final de maio sobre o emprego no país são devastadores
No Brasil, os dados de março de 2021 apontam 20,8 milhões de desempregados. No RS, são 640 mil os gaúchos sem emprego.
Quando Bolsonaro acabou com o Ministério Trabalho, e também com o da Indústria, anunciou que estes eram temas irrelevantes para seu governo, anunciou um país sem trabalho e sem indústria. O cinismo do “ou emprego ou direitos”, virou “sem direitos e sem emprego”.
É impressionante o ataque ao mundo do trabalho, a permanente destruição política e simbólica do valor do trabalho, e de quem trabalha, como forma de legitimação do massacre sobre a renda e as condições de trabalho conquistadas por décadas de luta sindical e política. Em uma economia com baixo crescimento, sem capacidade de produzir riqueza nova, esta acumulação de capital só é possível com a apropriação da riqueza existente: dos salários, das rendas públicas, da natureza.
A elite nacional resolveu este conflito distributivo a seu favor, com o golpe que afastou a presidenta eleita Dilma Rousseff, impediu que Lula concorresse à eleição e apresentou Temer e Bolsonaro como seus representantes.
Milhões foram jogados no desemprego, na falta de trabalho, na pobreza. Condição agravada pela péssima e irresponsável gestão da pandemia.
Sem o emprego, sem trabalho, sem renda, sem apoio social, o resultado chega rápido e aparece no gigantesco aumento da desigualdade no Brasil, país onde nem todos perdem na crise econômica. Se 19 milhões de brasileiros voltam a passar fome e 120 milhões a viver em insegurança alimentar, do outro lado, 10 novos brasileiros entram no seleto clube dos bilionários e os grandes bancos lucram R$ 88,6 bilhões de reais.
No Brasil governado por Bolsonaro, em março de 2021, das 100,5 milhões de pessoas na força de trabalho, 20,8 milhões estavam desempregadas (desemprego aberto e desalento). Das que estavam ocupadas, trabalhando, 40% ou 33,9 milhões estavam na informalidade; sem carteira, sem registro e sem nenhuma proteção social. Uma gigantesca tragédia na qual os desempregados e os que trabalham sem nenhuma proteção social (salário mínimo, férias, jornada de trabalho, previdência, seguro desemprego) chegam a 54,5 milhões de brasileiros; 56% de toda a força de trabalho do país.
No RS, onde o governador do estado Eduardo Leite nunca pronunciou uma única frase sobre emprego ou trabalho, de toda a força de trabalho gaúcha de 5,7 milhões de pessoas, 640 mil estão desempregadas (desemprego aberto e desalento). Nos últimos 12 meses, o estado perdeu 105 mil ocupações na indústria e 80 mil na construção civil.
Das pessoas ocupadas em março deste ano no RS, 1,6 milhão de gaúchos ou 31% do total, estavam na informalidade; sem carteira, sem registro, sem nenhuma proteção social. No estado, 2,24 milhões de pessoas ou 39,2% de toda a nossa força de trabalho estão, ou desempregadas ou trabalhando sem nenhuma proteção social.
De cada 10 gaúchos, quatro estão desempregados ou na informalidade! Os números crescentes de mortes pela pandemia, do desemprego e da informalidade no Brasil e no RS revelam a gigantesca tragédia social provocada pelo projeto neoliberal de Bolsonaro e Leite.
É preciso ampliar a resistência e fortalecer a defesa dos direitos fundamentais no nosso povo, à vida e à dignidade.
O 29M nos disse como deve ser.
(*) Miguel Rossetto foi vice-governador do Rio Grande do Sul, ministro do Trabalho, do Desenvolvimento Agrário e Secretário Geral da Presidência da República
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