Lula disse ontem em Recife que a fase mais difícil da crise já passou. Ele acha que o período mais difícil foi de outubro a dezembro. E que "Essa não é uma crise de fazer contenção de despesas, ajuste fiscal, temos que fazer mais investimentos, projetos de infra-estrutura que gerem empregos".
Ontem Obama liberou mais um tri de dólares (haja Tesouro!) para reativar o mercado de títulos podres dos bancos, cujos valores estão tão baixos que ninguém compra nem vende. Com essa garantia, os títulos se valorizam e voltam a ser negociados. E, crê Obama, o crédito vai voltar a fluir, e a economia vai voltar a crescer, e uma nova era de prosperidade se abrirá. E, imediatamente, as bolsas no mundo todo dispararam altas. As ações dos bancos recentemente estatizados nos EUA e da AIG foram as que mais subiram. E a Bovespa, depois de uma longa pindaíba, viu a cara dos 42 mil pontos.
Lula não fez a declaração olhando para as bolsas, que só subiram à tarde. Baseia-se em alguns indicativos de recuperação da economia interna para inferir que tudo vai melhorar. Nisso, não difere muito da chutometria científica dos economistas e financistas, que a toda hora mudam de opinião conforme o vento. O otimismo de Lula é justificável, afinal, é um líder que detém a aprovação de mais de 2/3 da população, e tem que encorajar as pessoas a irem à frente. E todo mundo quer que as coisas melhorem... ou não?
Imaginem se a medida de Obama der certo e que comece a recuperação da economia. Como o governo brasileiro não parou de investir, não cortou gastos sociais, vem melhorando infra-estrutura em meio à estagnação geral, baixou juros e o país, por ter ficado forte em meio à crise, será uma das primeiras opções de investimentos no segmento de mercados emergentes, e como o Lula tem muita sorte, mesmo torcendo Coríntians, o Brasil poderá sair em vantagem quando a festa começar. Aí, a aposta de Lula terá dado certo, e o reconhecimento virá na forma de confiança e votos em 2010. Caso contrário, continuará mostrando esforço para freiar os efeitos da crise, continuará fazendo as pessoas crerem que o problema é externo, perderá mais pontos nas pesquisas mas não o suficiente para deixar de fazer o sucessor em 2010.
Na semana passada, alguns comemoraram, na Avenida Paulista, na altura do número 1313, quando pesquisas mostraram a queda de 5 pontos percentuais no apoio a Lula, em virtude do crescimento do desemprego. Essas aves de rapina, que alimentam tucanos e demos, certamente terão que amargar se Lula ganhar a aposta. Mas não perderão dinheiro com isso, como não perderam nos últimos 6 anos. Apenas ficarão incomodados de serem dirigidos por alguém que não é da sua classe...
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