Não fosse por uma matéria infeliz de hoje do Correio Braziliense, não teria conhecido um programa pouco divulgado mas muito interessante do governo federal: os Territórios da Cidadania . Nos últimos anos, o Brasil avançou na redução das desigualdades sociais e regionais. O propósito desse programa, criado em 2008, é atacar os problemas de falta de qualidade de vida (IDH mais baixo) das pessoas que mais precisam, especialmente no meio rural. Integra numa determinada área (território) as ações de 19 ministérios, mais estados e municípios, para promover o desenvolvimento econômico e universalizar programas básicos de cidadania por meio de uma estratégia de desenvolvimento territorial sustentável. Nada tem a ver com novas unidades federativas autônomas.
O jornal escreve: "Roraima: governo cria um território indígena". E diz que hoje Lula está criando o "primeiro território rural indígena. Ele será o Raposa Serra do Sol, em Roraima". Fala que faz parte do programa federal, que está sendo ampliado de 60 para 120 áreas, e depois volta ao ataque: "Os militares condenam a iniciativa e alegam que ela pode incentivar a criação de uma nação indígena independente na região que abrange a área de fronteira". Botaram na boca de virtuais militares, não identificados, uma besteira dessas. Ainda colocam um filósofo da UFRGS para dizer que a criação de um território indígena é "uma provocação desnecessária". Coitado do cara que teve essa declaração atribuída ao seu nome, pois se o disse demonstra desconhecimento do assunto. No estado de Roraima já existe um território de cidadania, no sul.
Uma visita ao site do Território da Terra do Sol mostrará que o governo usará R$ R$ 24.277.857,90 em 41 ações governamentais para levar energia elétrica, cursos de capacitação, construção de casas populares, infra-estrutura, ações de saúde, atendimento ao idoso, entre outros que podem ser conferidos neste link .
O interessante é que a oposição direitista tentou abortar o programa quando foi lançado em 2008, alegando ser eleitoreiro. Depois, apoiou o lobby dos arrozeiros de Roraima que defendia a legalização da grilagem em terras indígenas, e criaram a celeuma da segurança nacional. Perderam por 10x1 no STF, e o presidente do tribunal, ao proferir a sentença, disse que o abandono das populações dessas áreas é o maior problema à soberania. Tem razão, porque na falta do Estado, ONGS e missionários estrangeiros de todas as intenções pululam nessas áreas. Quando o governo federal estende a presença na área, vem a grita da direita, tentando envolver militares e eventuais intelectuais desavisados. Essa turma está batendo cabeças com tantas contradições...
Recomendo a leitura do programa, que quase ninguém conhece, mas é tão ou mais importante que o Bolsa-Família. A gente fica sem saber o limite entre o mau jornalismo e a má-fé. O pior é que a matéria já está sendo reproduzida com enfoque golpista em sites de extrema-direita na internet, como absoluta verdade...
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