Não adianta Sarney e Heráclito Fortes correrem do bumerangue que lançaram anos atrás, com a criação da farra de cargos que hoje avacalham de vez com a imagem do Senado. A grande questão não é cortar uma ou outra diretoria, mas pensar no atacado: para quê Senado?
Dizem que é o espaço da representação dos estados. Cada um tem 3 senadores, não importa o tamanho ou a quantidade de habitantes. O Amapá, estado pelo qual o maranhense Sarney é senador com um punhado de votos, tem o mesmo peso que São Paulo. Na Câmara, mesmo que as representações não estejam exatamente proporcionais aos eleitorados ou populações dos estados, a distorção é menor. E, o que é mais grave, cada senador custa ao país 5 vezes mais que um deputado.
O sistema bicameral é mais lento e corrupto que seria o unicameral, praticado em vários países. Vivemos uma realidade de mudanças cada vez mais rápidas, e não temos um legislativo ágil pelos rituais, prazos, etc. E, vamos ser realistas: quanto mais instâncias, mais favores, cargos, recursos para aprovar os projetos. Não precisamos de Senado, e muito menos desse que aí está.
A idéia de acabar com o Senado não é nova nem revolucionária. O PT chegou a debater isso em 2007 (vide aqui) . A grande questão é que isso vem sendo empurrado para uma reforma política que não discutirá reduções, mas sempre ampliações de boquinhas e benesses para os partidos. A única maneira de fazer isso é através da pressão popular. De não aceitarmos mais dar poder a quem não respeita o eleitorado. Quem se habilita?
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