Hoje foi o dia de discurso uníssono na grande mídia contra a mudança do presidente do BB. Não porque amassem o antigo presidente, mas porque o mercado acha uma "ingerência indevida" do acionista majoritário na empresa que, segundo eles, vai acarretar em mais riscos e em menores lucros.
Acabo de ver na TV uma das pessoas que mais contribuíram para o BB sair do papel público e ir rodar bolsinha no mercado: o ex-Ministro Maílson da Nóbrega, que acabou com a conta movimento do Banco Central de uso do BB, fonte de recursos que permitia que o banco tivesse crédito rural barato e forte interiorização. Para quem não era nascido ou não se lembra de Mailson, foi o responsável pelo Plano Verão, que deu imensos prejuízos ao país e a milhões de pessoas e empresas. Ele mostrou indignação com o governo, e disse que não podiam intervir na empresa.
As ações do BB caíram 10%. Assim é o mercado. Fica com o BB quem quer segurança. Antes do BB ir para o mercado, as ações do banco eram as preferidas para investidores conservadores, já que o governo garante a empresa. Assim o foi em 1996, quando tiraram do armário todos os esqueletos de más gestões anteriores, causando um rombo histórico, coberto pela PREVI e pelo Tesouro Nacional. O adequado, diante da importância estratégica do BB como ferramente para atacar o cartel dos bancos, seria a encampação pelo governo.
O governo foi complacente com 6 anos de farra do ganho fácil pelos banqueiros. Agora que tenta botar um freio, o mercado abre guerra, dizendo ser ilegítimo o governo governar. Resta saber se Lula terá coragem para levar adiante sua "obcessão contra os altos juros" ou se botará o rabo entre as pernas e fraquejará diante das chantagens do mercado.
O Sardenberg e a Mara Luquet se enrolaram na CBN para comentar a notícia, para depois dizer que os analistas indicam a compra de ações do BB.
ResponderExcluirO mais interessante é que todos eles acham normal quando um acionista majoritário afasta toda uma diretoria que não atende aos seus interesses, quando o governo dos EUA compra quase 20.000 carros pra salvar as montadoras, mas quando o Governo atua legitimamente nas estatais acham um absurdo.
E dessa vez nem foi uso político e sim econômico.