Interessante o pragmatismo das empreiteiras, que não vê diferenças ideológicas, programáticas ou práticas entre partidos e candidatos. Todos são potenciais clientes. Isso me lembra a eleição de 1995 em Fortaleza, quando um empreiteiro me disse que deu dinheiro para a campanha de três dos quatro grandes candidatos à prefeitura. A candidata do PT, Maria Luiza, não recebeu dinheiro de empreiteiros e ganhou as eleições surpreendentemente, com campanha pobre.
Ele me indagava como era o esquema do PT para ganhar obras. Eu lhe respondi: faça a proposta com o menor preço, observados os projetos e especificações, participe da licitação, ganhe e assine o contrato. Era assim que funcionava o tal "Modo Petista de Governar". Meses mais tarde ele me confirmou que foi a primeira vez que não precisou fazer conchavos para ganhar obras.
Naquele tempo a gente fazia campanha vendendo rifas, brochinhos, camisetas e coletando contribuições de filiados e simpatizantes. E todo mundo era militante, fazia campanha com seu próprio veículo, com a sua gasolina e o seu discurso. As campanhas eram pobres, mas muito mais eficientes que as da direita, que queimava rios de dinheiro para eleger os seus. Agora, todo mundo recebe contribuições de empresas, as campanhas foram profissionalizadas, os militantes se afastaram e elegem-se os que conseguem mais recursos. Veja a eclética lista das contribuições legais da Camargo, organizada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim no seu blog a partir de dados coletados no TSE.
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