O prédio onde moro tem separação de lixo orgânico e outros materiais, oferecidos à coleta em dois contêineres na rua. Quando o caminhão passa, leva tudo junto. Antes disso, a miserável indústria da catação de lixo carrega o que pode nas suas carroças, muitas vezes com crianças misturadas aos restos do consumo da classe média. O material é levado para áreas públicas ao longo das vias, onde em acampamentos improvisados o lixo é separado para venda aos sucateiros, que pagam ninharias aos catadores.
Isso acontece em Brasília, no Plano Piloto. Lixo residencial. E na máquina pública, responsável por grande parte do PIB do DF? Hoje uma manchete do Correio Brasiliense mostrou mais um escândalo nosso de cada dia: nem o Ministério do Meio-Ambiente dá fim adequado aos seus rejeitos, apesar do discurso da sustentabilidade. Em toda a Esplanada dos Ministérios há o mesmo padrão. E o que dizer do prédio do Centro Cultural Banco do Brasil, que nos últimos tempos serve de substituto ao Palácio do Planalto, que está em obras, onde até documentos institucionais se misturam a outros lixos sem serem fragmentados? Desse edifício saem as políticas de responsabilidade sócio-ambiental do BB, e também não fazem o dever de casa.
Falta a Brasília um programa de coleta seletivo que incentive as pessoas e empresas a disporem seus resíduos de forma que permita o máximo de reciclagem, com agregação de valor, criando emprego, renda e acabando com as condições indignas de trabalho dos catadores e com a sua exploração pelos atravessadores de sucatas. Sem que as pessoas e gestores vejam que o discurso se traduz numa prática "prá valer", vamos ver mais e mais discursos vazios e muito lixo jogado em aterros sanitários ou em lixões "in natura", contribuindo para vários tipos de poluição.
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