Em 4 de junho de 1989 a praça Tiananmen, ou Paz Celestial, no centro de Pequim, foi palco da repressão à manifestação de mais de 100 mil estudantes, intelectuais e trabalhadores que criticavam a burocracia do Partido Comunista Chinês (PCC), pela sua centralização e corrupção, e os traumas da transição da economia ao capitalismo. A repressão foi violenta, eliminando centenas de opositores ao regime.
A cena mais emblemática foi a do rebelde desconhecido parando sozinho uma fileira de tanques. Significou a fragilidade do indivíduo diante do Estado, ou, numa maior escala, dos cem mil contra um billhão sob controle do PCC. Como "business is business", o mundo dito livre gritou e esperneou, mas continuou investindo por lá e fez da China a fábrica do mundo, crescendo a incríveis taxas anuais, melhorando a renda e o consumo e, paradoxalmente, aumentando a confiança no PCC como "guia genial do povo".
O rígido controle social da mão-de-obra e a inexistência de organizações livres de trabalhadores, obtido pela opressão, desrespeito a direitos humanos e muita propaganda, pode sofrer críticas, mas é a alma do sucesso chinês. Sua força de trabalho é gigantesca, educada, barata e, principalmente, disciplinada pelo controle social. É tudo que o capitalismo quer! Gerar mais-valia infinita, sem contestação, bastando fazer acordos com a burocracia estatal para a partilha dos lucros.
No frigir dos ovos, os mortos de Tiananmen podem ser mártires da luta pela liberdade, mas sua eliminação atendeu tanto a interesses da burocracia dita comunista como ao capitalismo pseudo-libertário.
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