Com a redução de 1% hoje, a taxa SELIC baixou para 9,25% ao ano. Descontada a inflação prevista, continuamos com a taxa real de 4,9% a.a., a terceira maior do mundo. Considerando que as agências de classificação de risco perderam a moral com a quebra de grandes bancos americanos, a quem davam "rating" AAA, o melhor de todos, ninguém mais fala no Risco Brasil, que anda aí pela casa dos 300 pontos e serve para o capitalista estrangeiro se orientar na hora de aplicar. Com Lula vendendo até petróleo para árabes, muita gente está acreditando na recuperação brasileira mais rápida que das economias centrais, e arriscando uns trocados por aqui, nessas taxas excepcionais.
Quando vem essa avalanche de dinheiro, o dólar cai, e prejudica as exportações. Houve uma queda de 16% no valor das vendas ao exterior, e, o que é pior, o que se vende é basicamente mercadoria sem valor agregado, como minérios, grãos, etc. Vai prejudicando a indústria brasileira, levando-a a forte ociosidade. Isso, por sua vez, deveria fazer o COPOM baixar mais rapidamente os juros, já que a possibilidade de uma retomada da inflação no curto prazo é remota. Não o faz, porque há os interesses dos que se viciaram ao capitalismo sem risco do Brasil, lastreado no financiamento da dívida pública, que cresce porque o governo tem que cada vez emitir mais para pagar mais.
Com a queda nos juros, o montante da dívida cai, e a quantidade de juros pagos idem. É por isso que boa parte dos investimentos especulativos está para perder muita rentabilidade, até para a poupança. E também é isso que dá margem ao discurso dos detentores das boquinhas que acusa o governo de querer meter a mão na poupança, como fez Collor, para mascarar que desejam ganhar sem produzir, e apostam na redução de impostos sobre ganhos especulativos. Mais uma vez o COPOM foi bondoso com os come-dormes da especulação. E mantém a atratividade dos juros altos, prejudicando o câmbio, a exportação e a indústria nacionais. De quebra, ajuda a manter as extorsivas taxas praticadas pelo cartel dos bancos.
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