"Coronel de merda", disse o coronel político de Alagoas, Renan Calheiros ao coronel político do Ceará, Tasso Jereissati, no bate-boca sobre a representação contra o coronel político do Amazonas, Artur Virgílio, em represália às representações por falta de decoro do coronel político do Maranhão, José Sarney, na sessão de ontem do senado federal, o circo do coronelismo nacional.
O PMDB fechou o tempo, deixando de amenidades e partindo para a violência que caracteriza o cerne de qualquer forma de poder. Tem a maioria, e a usará para defender-se. Rejeitará todas as acusações contra Sarney no Conselho de Ética, e ameaça crucificar o lider do PSDB, Artur Virgílio, réu confesso de maracutaias, com o julgamento político no mesmo Conselho. Puro circo, já que a ética do senado é a da quadrilha, onde "se todos fazem, eu faço", sem preocupação com a legalidade, transparência e a moralidade dos atos.
O senado não tem a representação da proporcionalidade da população, pois é majoritário, com 3 senadores eleitos por estado com mandatos de 8 anos, poleiro adequado a coronéis políticos de todos os lugares e matizes políticos, onde vão ex-governadores para o ostracismo de ouro enquanto revezam com outros os governos dos estados por dois mandatos, ou de onde partem para serem candidatos a prefeitos nos anos onde não precisam se reeleger. É a casa do conservadorismo, onde se revisa conservadoramente o que a Câmara aprova.
Velho cliente da violência desses mesmos coronéis, o PT mostrou indignação com a truculência vingativa do PMDB e, através do senador Tião Viana, prestou solidariedade a Artur Virgilio e condenou o rolo-compressor peemedebista. Sarney a tudo assistia e deixava rolar. Aqui e ali um ou outro senador lembrava que o público estava vendo toda aquela baixaria, e que o maior prejudicado seria a instituição "senado".
Essa "preocupação" não é com a qualidade dos trabalhos dos parlamentares, mas com a visibilidade da bandalheira, que vai continuar assim que os holofotes se apagarem ao final da crise. Sem mobilização popular através das entidades estudantis e sindicatos dominados pelo PT e PC do B, nada mudará. Estes nada farão, pois estão "arregados" pelo fisiologismo de carguinhos e benesses do governo Lula. A GLOBO quer reeditar os "caras pintadas" que, com o seu apoio, inflaram a campanha contra Collor quando este colocou em xeque a capacidade da direita governar. Usou até a imagem de militantes da CONLUTAS, central sindical ligada ao PSTU, em manifestação "Fora Sarney", para ver se o movimento pega fôlego, enterra Sarney e salva o senado.
O senado não faz mais nada além de luta interna, e cada vez mais mostra sua inutilidade e anacronismo na representação da cidadania. Pode ser descartado enquanto parte do poder legislativo, passando a Câmara a ter a representação proporcional, e o próprio eleitor, através de conselhos populares e plebiscitos, pode dar a palavra final. Isso não interessa à direita, porque o senado, casa de coronéis políticos, garante os privilégios da minoria dominante.
Senado : para que, para quem? Não precisamos dele.
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