As imagens dos estragos feitos cidade de São Paulo pelas chuvas anormais foram fortes. A tragédia pode ser atribuída à natureza, à chuva que representou 80% da precipitação do mês em poucas horas. As autoridades, aparentemente, não teriam nada a ver com esse caso fortuito.
Na véspera, o jornal O Globo trazia uma matéria onde informava que a prefeitura de São Paulo cortou 20% das verbas com varrição das ruas, e que o lixo se acumulava pela falta de pessoal de limpeza, já que o número de varredores é o mesmo de 1996 mesmo com a demanda crescente. A essa decisão infeliz do prefeito Kassab (DEMo), somou-se o lixo acumulado pelo feriadão. A economia porca de Kassab também trouxe mais demissões, e outras consequências além do alagamento, como os fortes congestionamentos, apagões elétrico e telefônico, entre outros.
Enquanto a cidade de São Paulo pena com a falta de prioridade do prefeito para a limpeza pública e sofre com as cheias, a prefeitura aumentou consideravelmente seus gastos com publicidade. A mídia, entretanto, não faz essa correlação, já que Kassab é protegido por ser da direita, e só falta botar a culpa nos argentinos que devem ter mandado essa frente fria para se vingar do 3x1 do sábado. Veja mais na matéria da Folha de 14/08/09, que reproduzimos abaixo:
Folha de S.Paulo - Kassab gasta em propaganda mais do que corta em varrição - 14/08/2009
Kassab gasta em propaganda mais do que corta em varrição
Gastos com limpeza terão corte de 20%, mas previsão é investir em publicidade 134% a mais do que o previsto no OrçamentoPrefeito diz que foi preciso ampliar despesas com propaganda para divulgar campanhas informativas nas áreas de saúde e de educação
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo já gastou mais em propaganda neste ano do que o valor que será cortado dos serviços de varrição de ruas e retirada de entulhos. Conforme a Folha revelou ontem, a administração Gilberto Kassab (DEM) vai cortar 20% dos gastos com varrição e coleta de entulho -redução de R$ 58,4 milhões na despesa com os serviços.Até o início deste mês a gestão já havia empenhado R$ 69,5 milhões para propaganda.No total, Kassab prevê gastar R$ 78,8 milhões com publicidade até o fim do ano, 134% mais do que o valor previsto no Orçamento para 2009 e 98,5% acima do gasto do ano passado, quando o prefeito foi reeleito.Questionado ontem pela manhã, Kassab defendeu o corte de gastos com limpeza e as despesas com publicidade.Segundo ele, a prioridade da gestão é manter os investimentos nas áreas de saúde e educação e garantir os subsídios às empresas de ônibus para não aumentar a tarifa neste ano.O prefeito disse que o município deve arrecadar R$ 24 bilhões neste ano, 1% menos que no ano passado já descontada a inflação.Com isso, disse o prefeito, foi necessário fazer uma série de cortes, mas que não afetarão a qualidade dos serviços. "Nós vamos ter rigor na fiscalização em todas as áreas, também na varrição, e vamos preservar a qualidade do serviço."Sobre as despesas com publicidade, Kassab disse que foi necessário para divulgar os serviços da prefeitura. Ele citou campanhas das áreas de saúde e educação, como a orientação à população sobre a gripe suína. "É equivocado fazer essa análise de que aumentou a publicidade. É vinculado à prestação de serviços."
Demissões
Apesar de o prefeito afirmar que a qualidade dos serviços será mantida mesmo com os cortes, o presidente do sindicato das empresas de limpeza urbana, Ariovaldo Caodaglio, diz que a redução de 20% nos gastos com a varrição terá reflexos. "Os preços pagos pela varrição, no nosso entendimento, nem cobrem os custos", disse ele, que diz serão "inevitáveis" as demissões no setor.O corte no serviço de limpeza urbana ocorre às vésperas da temporada de chuvas.O líder do PT na Câmara, João Antonio, disse que a prefeitura fez um orçamento inflado para abrigar todas as "promessas eleitoreiras". "O governo vem com essa desculpa da crise internacional quando na verdade a Prefeitura de São Paulo arrecadou mais 5,45% no primeiro semestre deste ano em comparação a 2008."PT e governo usam critérios diferentes para apurar se houve queda ou crescimento da receita. Por isso as informações são divergentes.(EVANDRO SPINELLI)
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