Manchete principal de O GLOBO de ontem: "Bolsa Família inibe expansão de emprego formal no interior". Subtítulo: "Em cidades onde o programa beneficia 71% das famílias, trabalho chega a 1,3% da população". Na página 3, a matéria da jornalista Regina Alvarez, é explícita na negação do que se lê na capa: " A precariedade do emprego formal nessas cidades - municípios pobres, com população abaixo de 30 mil habitantes - não tem relação direta com a concessão do Bolsa Família. Existem barreiras anteriores ao programa que impedem o acesso dos trabalhadores aos empregos: a baixa escolaridade e a falta de capacitação profissional. As parcas vagas com carteira assinada exigem ensino médio".
Mais adiante, a matéria dá uma visão mais global do problema na cidade de Presidente Vargas (MA) : "Não é só emprego formal que falta em Presidente Vargas: faltam estradas, infraestrutura, presença do estado e da iniciativa privada na geração de emprego". Procurei mais no Google com as palavras "presidente vargas ma" e a única notícia que apareceu na primeira página foi a condenação de um ex-prefeito pelo TCU por falta de prestação de contas de verbas de educação. Não é o Bolsa Família o inibidor dos empregos formais. Falta de tudo por lá.
O fato de 80% das famílias estarem enquadradas no Bolsa Família também se deve à grande obra dos Sarney, que fizeram do Maranhão um dos estados de população mais miserável do país, mesmo com grandes riquezas em potencial. Tirar qualquer conclusão estatística para o país baseada no interior do Maranhão é uma perigosa extrapolação. A amostra é ruim. Apesar da matéria da página 3 estar próxima das minhas impressões sobre a realidade do interior do Nordeste, quem fez o título aproveitou a oportunidade para tirar uma casquinha e dar porrada no Bolsa Família. A manchete de capa não tem nada a ver com a matéria. O jornalão já foi melhor nisso. Desta vez, nem botaram as "Cartas dos Leitores" para repercutir o assunto.
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