Lula não perde a oportunidade de criar contra si polêmicas desnecessárias através das suas parábolas. Tentando justificar a existência de contradições em sua base de apoio, falou que se Jesus viesse para cá teria que se aliar até a Judas para governar. Aí entrou a CNBB no caso, falando que Jesus não se aliou nem aos fariseus , ortodoxos judaicos, ferrenhos opositores do cristianismo, nem aos aristocratas saduceus, revisionistas em relação aos preceitos judaicos. E a mídia fazendo o estrago possível entre a população católica.
Se Lula falasse que as alianças teriam que ser de avestruz a vaca, cairiam de pau nele dizendo fazer apologia à contravenção do jogo do bicho. Se dissesse que a governabilidade exigiria uma verdadeira arca de Noé, com tudo que é bicho dentro, também diriam que estava chamando político de bicho e tome críticas dos procuradores do patrimônio bíblico. Bastava dizer que é complicado governar, porque precisa ter maioria no legislativo e isso é conseguido com alianças mesmo que incoerentes com a história política dele, com os 300 picaretas que um dia denunciou.
Cristo defendeu idéias que lhe renderam perseguições pelas elites da Palestina e pelos romanos, que dominavam o Oriente Médio há séculos e mantinham uma política de aliança com a classe dominante local. Se formos levar a fundo a sua analogia, ele estaria se comparando a Jesus mas a referência a Judas seria inadequada, pois este era seu discípulo e o traiu entregando-o aos romanos. Não me lembro de algum petista que tenha o tenha traído de forma similar, entregando-o às forças de ocupação estrangeira.
Em termos de base aliada, Lula já foi bem além do que disse : aliou-se tanto às elites locais como ao capitalismo das superpotências. Para completar o "embroglio", Dom Dimas Barbosa, secretário-geral da CNBB, ao falar de fariseus e saduceus que não estavam no discurso de Lula, quis referir-se às práticas políticas dos partidos, e também vai levar seu troco, pelo menos dos fariseus.
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