Reduções de emissões ( e mudanças de paradigma no consumo) pífias, poucos recursos alocados para produção de energias e produtos sustentáveis, contemporização com o aquecimento de até 2°C no planeta e desprezo pelas demandas de crescimento dos países mais pobres engrossarão o caldo dos tensionamentos mundiais na próxima década. Na falta de um acordo planetário pela manutenção da qualidade de vida na Terra, iniciativas localizadas deverão lançar, até 2020, as bases para a barbárie que poderá se manifestar de diversas formas:
- ecoprotecionismo - hoje existe na forma de bloquear a importação de bens e serviços que descumpram normas internacionais (ISO 9000, ISO 14000), sufocando os países mais pobres, mas o inverso também poderá acontecer, com blocos boicotando produtos de países fortes emissores de CO2;
- eco-intervencionismo - depois que Obama ganhou um Nobel e justificou a "guerra justa" da era Bush, ou seja, aquela que a gente ganha, sem problemas de fronteiras, está aberta a porta para intervenções de países ou blocos para conter o mau uso de recursos ambientais: pode-se ocupar territórios onde se desperdice água ou se queime florestas, como a Amazônia;
- geoengenharia - alguns países, em busca de soluções para os seus problemas climáticos, podem vir a usar técnicas para alterar pontualmente o clima no seu território, danificando sistemas climáticos planetários que podem trazer problemas a outros países ou agravar problemas ambientais globais;
- eco-imperialismo - dominação das principais fontes de recursos não-renováveis a partir da ocupação militar, do neocolonialismo ou do domínio econômico via privatização das riquezas de países pobres ou em desenvolvimento, como hoje já vemos com o petróleo no Iraque;
Em suma: a COP 15 pode ter sido uma das últimas tentativas civilizadas de resolver o problema planetário. Tomara que o fracasso sirva de lição para a retomada, em breve, de negociações mais maduras. A mobilização pela vida no planeta não deverá ficar restrita aos heróicos militantes que estão apanhando da polícia nas ruas de Copenhagen, devendo estender-se a todos os países, de forma articulada, para que a pressão de baixo para cima mude as estratégias chovinistas dos políticos.
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