Não me lembro de ter visto o Flamengo perder para o Botafogo estando presente no Maracanã. Há 10 anos o Botafogo não vence o Flamengo no Campeonato Brasileiro. E hoje não foi diferente o resultado, apesar do ambiente estar muito esquisito. Para começar, a torcida alvinegra estava em número maior que a do Flamengo, coisa eu nunca vi. Até as torcidas organizadas do Mengão estavam acanhadas. A Torcida Jovem colocou sobre a sua faixa do alambrado uma tarja preta, de luto pelos fatos recentes que indignaram a nação rubronegra. E o que foi mais estranho, positivamente, foi ver o time do Flamengo muito bem armado, motivado, jogando para ganhar, como se quizesse dar a volta por cima, apesar de desfigurado da sua configuração que faturou o hexa, sem Adriano, Wagner Love e Bruno.
O único sinal de normalidade foi o Flamengo voltar a ganhar do Loco Abreu FC. Por sinal, alguns botafoguenses mandaram fazer camisas em azul, como a do time do Uruguai, com a sua estrela, em homenagem ao jogador Loco Abreu, por quem torceram na Copa. É muito pouco horizonte...
O jogo foi muito bom. Ataques e contra-ataques a toda hora, chances de gol como a gente não via nos jogos da Copa. Quase não houve faltas. O Flamengo dominou o primeiro tempo. No intervalo, o competentíssimo técnico do Botafogo, Joel Santana, reorganizou o time e reequilibrou a partida, valorizando o esforço do Flamengo para ganhar a partida. Fiquei nas cadeiras brancas da arquibancada, setor mais democrático do estádio, onde as torcidas se misturam e se toleram. Ou quase. Tinha um menino de uns 5 anos, sofredor infantil do Botafogo, que não parava de urrar nos meus ouvidos. Saiu do jogo quase chorando, mas não fez feio, afinal diz o refrão tradicional:
" E ninguém cala
Esse chororôoooooo
Chora o Presidente
Chora o time todo
Chora o torcedor"
O torcedor botafoguense tem um problema a cada ano eleitoral: quer votar, mas não tem títulos.
No mais, ainda bem que ambas as equipes são clube de regatas, porque o gramado do Maracanã mostrou falhas de drenagem, apesar de ter chovido pouco antes do jogo. O ingresso continua R$ 40, o sorvete mais barato é R$ 5, um copo de refrigerante é R$ 3. Do lado de fora, a ostensiva presença da operação Choque de Ordem da prefeitura. Desta vez não vi cambistas, e há uma campanha com faixas sobre o combate a essa prática. Também há as que pedem que não se faça xixi na rua. E uma novidade interessante: uma cabine de observação elevatória, que permite que se faça a vigilãncia a uns 5 m acima do nível da rua.
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