segunda-feira, 19 de julho de 2010
RJ : Visconde de Mauá, refúgio natural
Para quem quer se isolar do mundo a poucas horas de viagem do Rio, Visconde de Mauá é o endereço certo. Os 15 km de estrada em obra na serra da Mantiqueira ainda são um obstáculo à invasão por turistas. Os preços meio salgados, também. A precariedade do sinal de celulares (só o da Claro pega e não é em todo lugar) e a quase inexistência de conexão 3G para internet contribuem para que as pessoas larguem por um tempo a vida estressada da cidade e valorizem outras coisas, como o ar puro, o frio que atrai chocolate quente, lareira, vinho, fondue e a cachaça produzida na região pelo alambique da Capelinha. Ainda há as caminhadas a pé ou a cavalo pelas muitas ruas de terra batida.
As muitas pousadas são freqüentadas basicamente por cariocas e paulistas, que pegam a Via Dutra até Resende (RJ), entram para Penedo (lugarejo de colonização finlandesa) e sobem os 26 km até a Vila de Mauá, podendo optar por ficar do lado fluminense da fronteira interestadual, que é definida pelo Rio Preto, ou do lado mineiro, do município de Bocaina de Minas. Os preços variam bastante, de uns R$ 60 até mais de R$ 400. Por R$ 150 de diária é possível ficar num chalé com 3 lugares em hotel de campo, com salão de jogos, café da manhã, sauna, piscina, lareira e muita área verde para caminhadas. Os mais simples são próximos a áreas de concentração urbana, como Maringá (que tem o comércio mais intenso, restaurantes, bares, internet, etc), que se distribui pelas duas margens do Rio Preto, e Maromba, onde a cachoeira do Escorrega é o principal atrativo. Muito interessante, pelo lado mineiro, é uma fábrica de velas que fica no fim da rua principal de Maringá. Por toda parte há produtores de artesanato. Outra cachoeira que vale a pena conhecer é Santa Clara.
O lugar parece bastante seguro, até pela facilidade de bloqueios pela polícia. Tanto do lado do RJ como de MG há postos policiais. A única agência bancária é do Itaú. Cartões são aceitos em quase todos os lugares. Quando chove, dependendo do veículo, pode-se ter problemas de acesso a algumas atrações causados pela declividade das rampas e pela lama. Até na estrada de acesso por Penedo, que está bem nivelada por máquinas da obra, forma-se uma lama fina que ameaça tirar da pista os veículos. Passamos por esse sufoco na volta, tendo que andar muito devagar para não perder aderência na pista, descendo a serra.
Apesar de bem mais longe de São Paulo (310 km) que do Rio (210 km), os paulistas fazem de Mauá uma opção de turismo de serra fora da muvuca de Campos do Jordão (SP), que nesta época vira um inferno de tanta gente. Mauá é mais zen, mais natural, feita para o descanso, para a meditação, para a ioga e alimentação natural. E muita truta, produzida nos viveiros da região. E para aventuras também. Há passeios a corredeiras, ao Parque Nacional de Itatiaia, onde fica o Pico das Agulhas Negras (2700m) feitos por empresas de turismo por até R$ 250 por pessoa. Não tem badalação.
Depois de muitos anos na base da promessa, a estrada de acesso por Penedo parece que vai finalmente ser alargada e asfaltada. O tráfego está perigoso, porque há máquinas pesadas, comboios de caminhões com materiais para aterros, lama, encostas recentemente cortadas e sem contenção e principalmente falta de sinalização, que cria situações perigosas principalmente nos trechos onde passa apenas um veículo de cada vez.
Também merece comentário o fato do lado mineiro ter suas vias melhor conservadas que as do lado do Rio. No caminho para Maromba, que fica a 7 km da Vila de Mauá, há trechos sem asfalto e outros onde formam-se crateras por falta de conservação. Também notamos preços extorsivos junto à cachoeira do Escorrega, onde a estrada que dava acesso a um largo de estacionamento público foi fechada, e a única opção para parar um carro é num terreno particular que cobra R$ 5 por veículo. Tirando esses detalhes, vale a pena um passeio até lá, de uns 3 dias, no mínimo. Não há blog que resista a uma relaxada dessas.
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