Há dois anos viajei a Parati, no litoral sul fluminense, e por incrível coincidência cheguei quando começava a Feira Literária Internacional de Parati - FLIP. É o maior evento do gênero no país, e acontece todo ano. Muito organizada, com painéis de debates com autores, exposições, lançamentos, shows e uma versão para crianças, a Flipinha, e outra para adolescentes, a Flipzona. A cidade fica lotada de turistas. Por isso mesmo acabei num quartinho de pousada bem ruinzinho, que era a única coisa que encontramos.
Neste ano, a FLIP resolveu polemizar ao trazer para o debate de abertura, que tem como tema Gilberto Freire, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, algo como um jabuti numa árvore. Jabutis não sobem em árvores, alguém coloca lá, e parece ter sido isso que aconteceu, já que FHC está numa escalada para sair do ostracismo, cavando espaços em programas de TV, enterros e batizados. O próprio FHC se disse surpreso com o convite, afinal, tudo que fez relativamente ao tema foi um prefácio para um livro de Gilberto Freire. Algumas pessoas na cidade entenderam que a estranha presença de FHC na FLIP em ano eleitoral teria cunho político, e protestaram.
Fora isso, Parati, ou Paraty é uma cidade encantadora, e a FLIP não deixará de ser o grande evento literário por conta dessa presença indesejada. Há muito mais na cidade, como a arquitetura colonial, as comidas e cachaças, os passeios de barco, a bela e preservada praia de Trindade. Paraty, assim como FHC, teve sua época na história. A diferença é que a cidade está sendo preservada para levar seu legado às gerações futuras. Já FHC parece ter sido fadado ao esquecimento, assim como a sua "grande obra", e nem os seus correligionários o querem por perto.
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