A campanha de Serra, a começar pelos discursos do candidato, tem abusado do "caô", ou seja, espalha ao vento uma inverdade crível aos incautos, e se colar, colou. Tendo a amplificação da grande mídia aliada ao seu lado, enquanto os adversários dispoem de poucos recursos para repor a verdade, a mentira acaba parecendo verdade.
Atento a essa malandragem, Lula determinou aos ministérios que qualquer mentira assacada pelos candidatos e que atinjam o governo sejam imediatamente respondidas. A primeira delas foi dita no debate da Band: Serra acusou o governo de ser cruel com as APAEs, por ter cortado a ajuda para o transporte de alunos e impediu-as de dar aulas. O Ministério da Educação divulgou nota desmentindo o tucano, informando que em 2010 as APAEs e outras entidades de apoio a deficientes receberam R$ 293 milhões do Fundeb, beneficiando 126.895 alunos.
Outro caô de Serra acusa o governo de não investir em clínicas para reabilitação de dependentes químicos. O Ministério da Saúde desmentiu informando que os investimentos da Política de Saúde Mental saltaram de R$ 619 milhões em 2002 (último ano da Era FHC) para 1,5 bilhão ao ano, em 2009, um crescimento de 142% em relação ao legado tucano.
No campo das promessas e aumento mentiroso de realizações, Serra disse que inaugurou 26 estações do metrô paulistano no seu governo, e que fará, se eleito, 400 km de linhas de metrô no país. Dados oficiais desmentem Serra: apenas 4 estações foram inauguradas na sua gestão. Quanto aos 400 km de metrô, disse que os faria com R$ 45 bi, o que seria um valor por km superior ao do oneroso trem-bala Rio-SP-Campinas, orçado em R$ 30 bi para 530 km de trilhos, sendo 130 km de caros viadutos e túneis, mais os sofisticados materiais rodantes e sistemas de controle, etc.
Sobre os pedágios, Serra criticou o modelo federal e defendeu o sistema paulista de infinitos pedágios em cada via. Disse que as estradas federais são "rodovias da morte", claro, omitindo que a situação atual é bem melhor que a herdada de FHC. Coube à candidata Dilma esclarecer por que os pedágios das concessões feitas no governo Lula são bem mais baratos: no modelo federal, ganha a concessão quem se comprometer a cobrar a menor tarifa; no modelo paulista, vence quem pagar mais ao estado, ou seja, há um imposto embutido nas tarifas escorchantes.
A equipe de marketing de Serra parece desconhecer que o seu candidato terá três minutos a menos de programa na TV que Dilma, onde a candidata do PT poderá deitar e rolar desmentindo Serra, fazendo as comparações entre o atual governo e o de FHC que eles tanto temem, e botando Lula na TV, rompendo o boicote promovido pela grande mídia.
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