Lula ia encerrando seus 8 anos de mandato sem que tivéssemos indicadores de que tenha feito algo para desagradar a tal da elite conservadora e golpista, a "direita", que desde que o Brasil foi encontrado por portugueses é quem dá os destinos nestas terras. Para alguns, até a ascensão do PSDB pode ser considerada um "avanço", algo como as revoluções burguesa do século XVIII, que assumiu a hegemonia sobre o feudalismo monarquista absoluto.
Os tucanos querem representar o capitalismo urbano, alinhado com o resto do mundo, nem que para isso tenham que importar todo o lixo ideológico neoliberal e submeter o país à condição de colonizado das grandes potências. Para a extrema direita, ficariam o latifúndio, o escravagismo, o coronelismo, o atraso nas práticas políticas e sociais.
A campanha de Serra é um fracasso porque o pouco de ideologia neoliberal do PSDB sucumbiu ao oportunismo da adesão a Lula e às pressões dos radicais de direita para transformar a eleição numa cloaca. Isso tudo agravado pela característica pessoal de Serra, que é centralizador e desagregador, porque só faz o que quer, e arruma intriga com todo mundo que se colocar no seu caminho.
Chegamos ao inimaginável cenário onde Lula, Dilma e o PT aparecem na mente de grande parte do eleitorado como o que há de progressista, moderno, positivo, e os neoliberais e as "elites" conservadoras parecerem com o atraso, com a volta a um passado nefasto e infeliz. Méritos de Lula? Em grande parte, sim, mas a oposição também errou muito e cavou a própria cova.
Numa hora Serra quer ser filho e herdeiro de Lula, e destaca com orgulho na sua biografia a militância como presidente da UNE em 1964 e o seu exílio para fugir à ditadura. Quer ganhar algum verniz de esquerda para não se confundir com seus truculentos parceiros de coligação, que apostam numa campanha de sangue e fezes. Noutro momento, Serra faz o discurso do golpismo de direita, como no debate que teve com militares da Aeronáutica e na recente armação do "tucanogate", onde a grande mídia entrou uníssona para levantar a tese que permitisse cassar a candidatura de Dilma.
Não durou um dia a tentativa, e o TSE arquivou o pedido dos demo-tucanos de impugnar a candidatura sem qualquer prova de ligação entre os fatos e a candidata. Para desespero dos que apostaram nessa tentativa de golpe, a pesquisa do Ibope de ontem, feita já com o factóide da violação de sigilo da declaração de renda da filha de Serra e da sua apropriação de tudo como uma "vítima", apelando para dizer que fizeram com ele o que Collor fez com Lula em 1989, mostrou que nada se alterou. Mesmo com Serra difamando Dilma em seu programa eleitoral com todas as palavras. O máximo que conseguiu foi um processo.
Sem apoio dos militares, com a mídia desmoralizada na tentativa de golpe e sem respaldo da justiça para imporem uma vitória no tapetão, os direitistas estão descontrolados. Fico feliz de ver que, finalmente, pisaram nos calos dos caras, e a democracia não se ajoelhou diante da sua truculência e das armações. Adorei a matéria deste link, afinal, apoio a Dilma não é porque vai ser uma coisa maravilhosa, mas porque através destas eleições a direita vai ser reduzida ao seu real tamanho, de seita nanica. Tudo que resta a eles é estrebuchar.
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