A TV Globo deu show de jornalismo na cobertura da batalha no morro do Cruzeiro hoje à tarde, transmitindo direto para a cidade. A Globonews também dedicou bom espaço de sua programação. As imagens surpreenderam até o mais cético dos cariocas, mostrando o verdadeiro exército de traficantes se deslocando em fuga do Cruzeiro para o Complexo do Alemão. Mostraram imagens de outros pontos da cidade, do tráfego, de ônibus e vans queimados. E tiveram o comentário consistente do ex-comandante do BOPE o tempo todo, explicando cada passo das operações.
Segundo a polícia, deve haver cerca de 600 homens do tráfico fortemente armados, agora concentrados no Complexo do Alemão. A área é muito extensa. As áreas do Cruzeiro e do Alemão compreendem 240 mil moradores em 11 bairros. É como ocupar uma cidade maior que Volta Redonda. No Haiti, a comunidade de Cité Soleil, que era dominada por gangues, tinha 30 mil pessoas, e a ONU levou meses para ocupar. De qualquer forma, a área está cercada, e os bandidos farão de tudo para fugir, já que foram surpreendidos com o diferencial dos blindados da Marinha, que conseguiram furar o cerco.
Os depoimentos da população que está com problemas para retornar às suas casas é diferente de outros tempos. As pessoas apostam no fim da opressão do tráfico. Falam sem medo, como se os traficantes jamais fossem voltar para se vingar. Esse é o clima, e o Disque-Denúncia continua recebendo cada vez mais telefonemas informando o posicionamento dos bandidos. Um a entidade recreativa abriu sua quadra para acolher moradores que não querem correr riscos de retornar. A crença na vitória sobre o crime cria uma nova postura.
Quanto aos bandidos, se não fugirem do Alemão provavelmente sairão de lá nos rabecões. Ainda há pouco fui a uma padaria e havia um grupo de pessoas comentando as imagens da TV, com os bandidos agrupados no topo de um morro. "Por que não chamam a Aeronáutica para jogar uma bomba neles? " ; "Tinha que fuzilar tudinho". Esses e outros comentários incitavam à aniquilação, não à prisão e julgamento. O Complexo do Alemão, nos próximos dias, poderá virar um matadouro. No desespero, novos atentados serão cometidos na cidade. O Rio parece aceitar pagar esse preço para eliminar esse câncer.
Branquinho,
ResponderExcluirpelo jeito, os bairros que ficam nos morros serão todos ocupados pela PM.
Como o comércio de armas e drogas não vai acabar - o Rio é um grande mercado consumidor, para onde irão os traficantes? Onde serão instalados os negócios? No asfalto? Na zona sul?
É possível essas UPPs conviverem com um mercado menos ostensivo e menos violento, trazendo de volta a "normalidade"?
Abraço,
Lucio.
Lúcio,
ResponderExcluirÉ bem clara a intenção da área de segurança: acabar com o domínio territorial. Em áreas de UPP ainda existem tráfico, máquinas caça-níquel e diversas atividades criminosas, mas não tem mais traficante ostensivamente armado. Essa tática de fazer vista grossa ao crime "normal" vinha dando certo até aqui. A polícia anunciava uma nova UPP com antecedência, as armas e soldados do tráfico se retiravam pacificamente, e a atividade do tráfico continuava. Até que agora a coisa explodiu: redução dos negócios, excesso de soldados e armamentos, conflitos internos. Como passada a eleição ficou patente que a política de UPPs vai continuar, vieram essas ações.
Até aqui a polícia só está afastando os exércitos do crime para mais longe das áreas mais ricas, onde há menos clientela para sustentar, pelo tráfico, todo esse aparato. Ou vai haver exportação do crime, ou em algum momento haverá massacres, confrontos abertos, como parece que vai acontecer no Alemão nos próximos dias.
Tem uma coisa que ninguém tá se lembrando de considerar. Os quase 250 homens que fugiram ontem armados até os dentes, precisam comer, dormir, tomar banho, cagar, e se vestirem. Afinal ainda são gente, enquanto a força militar carioca não os aniquilarem. E vcs tão pensando que eles estão fazendo isso na rua? Não! Eles invadiram as casas de pessoas trabalhadoras lá no complexo do alemão pegando o que querem, obrigando alguns moradores a descerem e comprarem o que querem, exigindo casas para morarem com suas famílias. O que está sendo vendido com vitória pela mídia, está sendo a completa tristeze de muitos moradores do complexo do alemão.
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