Encerrada a "batalha do Alemão e Vila Cruzeiro", o governo do Estado do Rio viu-se obrigado a colocar à disposição dos moradores das áreas ocupadas pelas forças de segurança um ônibus da corregedoria, para receber denúncias de abusos policiais. Invasões violentas, roubo de dinheiro e bens, destruição de patrimônio, ameaças, tortura, enfim, tudo que no jargão carioca se enquadra como "esculacho" aconteceu por lá, em nome da busca de criminosos, armas e drogas.
Em nome da péssima relação entre policiais e pobres alguns governos proibiram que as forças de segurança subissem as favelas, favorecendo a instalação permanente do domínio territorial do tráfico pelas facções criminosas. Essa má relação também contribuiu para que a "ordem" do tráfico fosse preferível à do estado de direito. Junto com o assistencialismo do tráfico, a polícia foi durante muito tempo odiada pelas populações das comunidades carentes.
A experiência das UPP tenta mudar essa visão, e hoje há um retorno positivo do domínio policial nas áreas pacificadas. Ajuda também a entrada de serviços públicos e assistência social, na tentativa de mostrar que o estado é melhor que o bandido do tráfico ou da milícia. Como os criminosos praticamente destruíram as organizações sociais independentes, pelo menos as que não cooptaram, há um vazio de resistência organizada aos abusos policiais.
Uma tentativa interessante de promover a cidadania contra os abusos, da comunidade do Morro Dona Marta, que teve apoio de entidades de direitos humanos, é a cartilha Abordagem Policial, que mostra o que é legal e ilegal nas ações dos policiais em relação aos cidadãos. Clique aqui para ver a íntegra do documento.
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