A aprovação do salário mínimo de R$ 545 e de uma regra clara de reajuste que não dependa do congresso faz parte do esforço de conter o gasto público (previdência, folha de pagamento) e permitir, com o aumento da arrecadação (bateu novo recorde em janeiro), o tão propalado equilíbrio fiscal dos discursos de DEMos e tucanos. A diferença é que eles venderam tudo, arrocharam salários, e não conseguiram, porque deprimiram o crescimento da economia.
Dilma herdou de Lula a economia aquecida, com poder aquisitivo reforçado nas classes médias, e pode tentar o superávit nominal sem maiores sacrifícios aos investimentos do PAC, Minha Casa, Minha Vida e programas sociais como o Bolsa Família. Como é previsto que a arrecadação cresça 11% em 2011, e o déficit nominal está na casa dos 2%, bastaria, em tese, uma pisada no freio para zerar o problema, e para isso se fizeram os cortes orçamentários e toda essa batalha do salário mínimo. Caso consiga, Dilma cessará a demanda por créditos a juros altos para equilibrar o orçamento, podendo finalmente o governo baixar de juros a níveis civilizados, acabando com a grande mamata que há décadas alimenta os parasitas financeiros de todo o mundo.
O problema disso é a criação de metas que restrinjam o gasto público e engessem o crescimento a partir do estímulo governamental, a exemplo do superávit primário, recurso para pagar juros, que foi imposto pelos banqueiros desde FHC e passou por Lula apenas reduzindo seu percentual, mas mantendo a política de submissão. Fixar meta para superávit nominal é dizer, em algum momento, que programas sociais, salários de servidores e benefícios previdenciários terão que ser reduzidos para manter o equilíbrio. O Ministério do Planejamento de Lula chegou a projetar a redução sistemática do déficit até 2014, quando se tornaria positivo, mas não chegou a propor metas. O corte de R$ 50 bi vai no sentido de acelerar esse resultado.
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