terça-feira, 22 de março de 2011

Pororoca : o tsunami domesticado

Aconteceu no Pará o I Festival da Pororoca, no município de São Domingos do Capim, a 130 km de Belém. Entre atividades culturais e esportivas, há o campeonato de surf da pororoca. A onda provocada pelo rápida elevação da água do mar pelo efeito de maré invade o rio Amazonas e alguns afluentes, ocupando toda a largura do rio, com altura de até 2m, em sentido contrário. Essa onda é constante, contínua, e avança por muitos quilômetros até se dissipar, e o horário da sua aparição é previsível, daí a atração a cada vez mais surfistas.

No dia do tsunami que destruiu várias cidades no Japão vi uma interessante entrevista com o surfista brasileiro Carlos Burle, campeão mundial de surf em ondas gigantes, que mora no Havaí, onde fala do seu respeito pelo mar e que não encararia essa onda. Disse que o tsunami não quebra e se desloca por uma longa distância com muita energia, sujeitando o surfista a encarar obstáculos e detritos, por isso não dá para encarar. Quando está em alto mar, o tsunami é uma onda baixa, sem condição de surf, mas quando se aproxima do continente, fica maior, permite o surf, mas não quebra formando tubo. Parece com a pororoca, mas é muito mais perigosa.

A pororoca também é destrutiva. A casa dia, erode as margens dos rios derrubando barrancos e a mata ciliar, alargando a calha ao mesmo tempo que a assoreia. É surfável porque se o atleta se mantiver longe das bordas a onda perde força naturalmente e se dissipa, sem riscos de colisões com obstáculos. Mesmo domesticada, nada impede que pelo caminho da pororoca haja troncos de árvores trazidos pelos rios, podendo haver acidentes.


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