Que o governo americano não tenha responsabilidade fiscal e, mesmo numa crise de pindaíba, se dê ao luxo de pagar para 800 agentes dos serviços secretos virem ao Rio de Janeiro dar segurança para o presidente dar um passeio de um dia, problema deles. Que desloquem um caríssimo porta-aviões para trazer 4 helicópteros, mais detetores, armas e o escambau, idem. Disso cuidam o Partido Republicano e a cachorrada doida do Tea Party, prováveis sucessores de Obama e exterminadores do futuro.
Que a justificativa contábil para o passeio da família de Obama seja "missão diplomática com atividade política no Rio de Janeiro", e inclua um comício sem pé nem cabeça, seja na Cinelândia ou no Teatro Municipal, também não é problema nosso.
Quando a visita imperial mexe com a nossa soberania e paralisa uma cidade de 7 milhões de habitantes (mais gente que a Líbia inteira), inclusive o espaço aéreo, dominado por quatro helicópteros americanos, aí o bicho pega. Acabei de ver na TV o ensaio da chegada da comitiva de Obama a Brasília e posso afirmar: nem a segurança da posse de Dilma teve o impacto que terá o deslocamento do presidente americano.
A princípio, Obama nem teria agenda com o governador do Rio, Sérgio Cabral, nem com o prefeito Eduardo Paes. Para não pegar muito mal, arranjaram dos dois irem ao aeroporto receber Sua Majestade, que depois vai para o hotel no Vidigal (ao lado de favela dominada pelo tráfico), e amanhã no domingo infernizará a cidade para ir ao Corcovado, Jardim Botânico, Cidade de Deus e Cinelândia, com reflexos terríveis para o tráfego em dia de praia.
O Rio teria a lucrar com Obama tendo boa acolhida, mas também com intercâmbios e investidores para a Copa e a Olimpíada, mas essa agenda vai ser em Brasília. No Rio, só lazer, disfarçado de "missão oficial". O carioca não entende bem essas coisas, e fica revoltado. Alguém deu o toque às autoridades americanas, e já transformaram o comício na Cinelândia em reunião privê no Teatro Municipal, apenas para seletos candidatos dispostos a aplaudir o feitor das Américas.
O Rio tem tradição de prefeitos muito doidos (e é porque o Gabeira nunca conseguiu se eleger!), o atual não deixou barato: ontem num ato político de inauguração de um trecho da Via Transcarioca, em Campinho, Eduardo Paes chamou ao palco um sósia do Osama Bin Laden que encontrou na multidão! E amanhã vai se encontrar com o Obama! Se foi falta de noção, é ruim mas a gente já está acostumado com essas coisas. Já os gringos, não. Se foi alguma forma de protesto, o cara é maluco mas genial.
Como a grande imprensa não falou nada disso, em respeito ao seu amo e senhor, a foto só saiu na capa do jornal "O Dia" do Rio, e agora todo mundo vai saber via Blog do Branquinho. Um dia eles vão saber disso numa nova versão do Wikileaks.
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