Se a revolta egípcia teve o mérito de mostrar ao mundo árabe que é possível derrubar um ditador com a mobilização popular, por outro lado mostrou-se insuficiente para mudar a realidade. Hoje no Egito há um governo Mubarak sem Mubarak, dominado por militares como ele, submisso aos interesses norte-americanos. Mubarak e família vivem um ostracismo dourado dentro do próprio país, com a segurança dada pelos militares, e não pagou por nenhum dos seus crimes. Continua muito rico, e agora veio a público dizer que tudo que falam contra ele é mentira.
A hora da verdade ainda não chegou por lá. Eleições marcadas para setembro esfriam as mobilizações por mudanças, mas o povo exige imediatamente o julgamento de Mubarak. Até aqui os militares vêm administrando as manifestações sem o uso de violência extrema, mas aos poucos a farsa do governo provisório vai se desfazer nos enfrentamentos, e novamente deverá correr sangue nas ruas. Não deve virar uma nova Líbia, mas pode seguir o modelo do Iêmen, de intensa brutalidade na repressão e vistas grossas dos países ocidentais.
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