Lavar roupa em máquina é relativamente simples. Como a necessidade faz o conhecimento, aprendi que se deve separar as roupas por grupos (calças, roupas finas, malhas, etc), escolher o tipo de lavagem (suja, etc) que é associada a haver molho, molho extra, ou molho nenhum e apenas lavar e centrifugar, e colocar sabão e amaciante nas quantidades indicadas pelo fabricante para cada nível de água a ser usado. Normalmente essas coisas já vêm indicadas com ícones, marcas de níveis, etc. Lavada a roupa, bota-se na corda e pronto.
Eis que você chega num lugar onde não tem com quem falar sobre o assunto porque as pessoas falam uma língua ininteligível, e dá de cara com uma máquina de lavar do tipo eixo horizontal. Tem no Brasil, daquelas americanas que criança adora ver lavando pela escotilha da frente. Tem botões e ícones normais, dispensadores razoáveis, etc. Só que a máquina em questão tem uns 40 cm de largura, a roupa é colocada por cima, abrindo-se um setor angular do tambor, e tem três dispensadores de sabão, amaciante e alvejante enormes na tampa, que ficam na horizontal ao fechar. Os ícones parecem ter sido tirados de naves alienígenas de ficção científica.
Tendo internet à disposição, peguei o fabricante e modelo e fui procurar o manual. A novidade é que o fabricante o vende, não disponibiliza como qualquer outro fabricante faz. Como a rede de dados daqui pode não ser confiável, preferi não comprar por questão de segurança. Mandei e-mail para um expert em lavagem de roupas. A resposta foi: na dúvida, bota meio copo de sabão e uma tampa de amaciante. Testa e na próxima diminui ou aumenta a quantidade, empiricamente.
Fizemos isso. Interpretamos que o conjunto com mais ícones deve ser o de roupa com mais etapas de lavagem. Água e energia OK. Botão ligar OK. Começa uma sucessão de "nhec nhec". Deve ser tentando puxar sabão do dispensador, mas este e o amaciante já foram lançados direto no tambor. Aí a máquina possuída pelo demônio começa a fazer mais e mais barulhos assustadores. Tchof, tchof, bang, pow, zing, sock, uow, cri cri cri, iing, plak, não tenho onomatopéias suficientes para narrar o que ouvimos por aqui.
Nessa hora é manter a calma: no máximo, um dispositivo de proteção deverá desligá-la, ou o disjuntor deve disparar. Essa marca é tradicional dos EUA, o povo daqui da Eslováquia tem padrões europeus nas instalações elétricas, podemos confiar na engenharia deles. Na pior hipótese, poderia ter um vazamento de espuma por cima, como nos filmes. Depois de um tempo, a roupa ficou (bem ou mal) lavada, cheirosa, quase seca. Na próxima a gente aprimora. Boa parte da ciência foi desenvolvida por tentativa-e-erro, por que o método não se aplicaria à lavagem de roupas?
Nenhum comentário:
Postar um comentário