Como as cidades ainda estavam em evolução, fora dos muros dos castelos feudais, foi fácil colocar estações centrais, onde se salta do trem e em poucos minutos chega-se a pé ao centro da cidade. Para transporte local, os bondes também substituíram as charretes e carruagens. Por fim, ainda no fim dos anos 1800, os metrôs surgiram como solução subterrânea para desafogar as ruas. Tudo antes dos carros, ônibus e aviões.
Algumas cidades mantiveram esses modelos como estrutura, e praticamente não são vistos carros circulando pelas áreas centrais. A coisa funciona mesmo. No Brasil, começou tudo atravessado, com JK entupindo o país de automóveis e caminhões, fazendo estradas de cara manutenção, depois veio a ditadura, Collor, Itamar, FHC sucateando e vendendo todo o pouco transporte ferroviário, até que tardiamente Lula retomou o incentivo ao transporte ferroviário para cargas e muitos prefeitos passaram a investir em transportes de massa por trilhos. Tarde demais: as desapropriações urbanas elevam os preços para construção a níveis de difícil viabilidade econômica do modelo.
Em Viena a coisa funciona. Com um ticket, pode-se circular o dia todo no centro da cidade usando os trens, TRAMs (bondes de baixa velocidade, que podem circular nas ruas ou em túneis) e ônibus elétricos (ainda com fios). Aqui vão algumas dicas para que não se pague micos por lá e por outras cidades onde o sistema é similar:
- compra-se tickets apenas nos terminais eletrônicos ou quiosques. Não há caixas nas estações. Nem catracas. Nada. O brasileiro esperto vê tudo livre, entra no trem e pensa: me dei bem! Nisso, aleatoriamente, pode aparecer alguém (depois que as portas se fecham) falando alto alguma coisa ininteligível, e não é vendedor: é o fiscal, e todo mundo já tira seus tickets para mostrar. O mané que não o tiver, vai ser autuado e pagar uma multa.
- em alguns sistemas, o ticket tem que ser validado numa maquininha que fica junto às entradas. Bota-se o papel lá, uma perfuração é feita, e pronto. O mesmo dentro do bonde ou do ônibus. É para marcar a hora que você pegou o veículo. Há sistemas onde por algumas horas você pode trocar de transporte à vontade, daí ter que marcar o início;
- no metrô de Viena, assim como em outras cidades, as portas não se abrem automaticamente em todos os vagões. Podem ter uma tranca ou um botão que se aperta, tanto para entrar ou para sair. Se não fizer isso, a porta não abre.
- para parar o bonde, antes da parada deve-se apertar o botão da porta. Luzes vermelhas se acenderão na maçaneta e no display do vagão aparecerá que foi solicitada uma parada. Se não apertar, pode não parar;
- nem sempre o que está nos mapas das linhas de metrô, bonde e trem está completo. Nem nos diagramas que têm em cima das portas dos vagões. Há paradas pequenas que só aparecem no display do vagão, causando aquela sensação terrível de estar no veículo errado, porque você leu outra coisa como a próxima parada;
- agilidade é fundamental. Nas estações, os displays das plataformas têm relógios até com segundos, e isso não é enfeite: a coisa é pontual mesmo, e o povo entra e sai rapidinho, com tudo que é permitido: bicicletas, cachorros, carrinhos de bebês, etc. Não é para sair empurrando, mas se estiver em grupo, vá para uma porta onde tenha menos tráfego para não deixar ninguém para trás;
- a estação principal de trens internacionais de Viena, a Südtirolerplatz, está numa reforma geral, que vai deixá-la em 2012 como a mais moderna da Europa. Os ônibus de Bratislava param lá, por isso basta pegar o metrô U1 no sentido Leopoldau, saltar na Karlplatz ou na Stephanplatz que se chegava ao miolo do centro histórico. Agora os trens foram deslocados para a estação Wien Meidling, que fica mais a oeste. Uma opção para quem chega de trem é pegar o metrô U6, sentido Florisdorf, saltar na estação Längenfeld, e pegar o metrô U4 no sentido Helligenstadt, para chegar a Karlsplatz, e depois o U1 sentido Leopoldau para chegar ao centro (Stephansplatz);
- ainda sobre trens, quem sai para o interior da República Checa, Eslováquia e Hungria pode comprar tickets nas máquinas. Os terminais têm opções em inglês. Muito simples. O que se pergunta é a quantidade, se é adulto, estudante (até 26 anos é mais barato), criança ou cachorro ou bicicleta (é sério!), o destino, se é um trecho ou ida e volta, pede o cartão, sai o ticket, comprovante e pronto. Para outros destinos (Praga e resto da Europa) tem uma agência da empresa OBB, que é a mesma que vende nas máquinas, onde se compra tudo ao vivo. O pessoal fala inglês inteligível.
- de Wien Meidling partem trens para os seguintes destinos internacionais:
--> Roma/Milão/Veneza;
--> Ljubljana / Zagreb;
--> Budapeste
--> Bucareste
--> Berlim/Praga
--> Moscou / Varsóvia.
- os preços de trens estão meio salgados, comparados com ônibus: Praga - 66 euros por trecho; Zagreb - 63 euros por trecho. Em relação aos vôos, são bem mais baratos.
- chega-se também a Viena de barcos pelo rio Danúbio (ou Donau, na língua local). Eles ficam ancorados num dos braços do Donau, que em frente à cidade divide-se em dois, com uma ilhota estreita e comprida que é a praia deles, com um grande parque (tem estação do metrô lá - Douauinsel, na linha U1). Os metrô para o centro histórico mais próximo dos barcos é o U1 sentido Reumannplatz, que se pega na estação Vorgarstenstrasse.
- no aeroporto internacional há um trem para Viena, e ônibus para Budapeste, Bratislava, Viena e Praga. O ticket do trem é comprado em máquina, e o dos ônibus é na loja que fica junto à última porta, depois do Mc Donalds do desembarque.
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