segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Greve dos bancários : Mais um final traumático

A campanha salarial dos bancários há anos segue a mesma rotina: um encontro nacional que define os índices e reivindicações, onde por maioria passa uma proposta modesta e sai derrotada uma proposta bem mais arrojada feita pelas oposições às direções que controlam os sindicatos. Com a pauta de reivindicações já rebaixada, há as negociações com os banqueiros, que não dão em nada até o início de setembro.

Com a demora, as oposições sindicais batem os tambores e os dirigentes têm que fazer assembléias para trazer as propostas miseráveis feitas pelos banqueiros para serem rechaçadas. Chega-se a um clímax quando os banqueiros dão uma melhorada na proposta para algo em torno de 1% acima da inflação, e em geral estoura a greve pela desfaçatez, já que até os sindicatos mais pelegos não aceitam isso para não pegar mal.

A greve começa devagar, vai se alastrando por todo o país e em 15 dias já está estabilizado o cenário: quem está em greve vai cuidar da vida, quem fura a greve fica jogando paciência no computador fingindo que trabalha dentro de um banco, e não há negociações. Diante do impasse e da impaciência dos grevistas, os banqueiros, que não são filantropos e têm em suas folhas de pagamento profissionais de RH que negociam seus interesses, chamam os dirigentes e fecham uma proposta que todo mundo no início da greve já sabia que viria, com mais uma merreca de índice de reajuste, cláusulas sociais e principalmente criação de grupos de trabalho para discutir carreiras, saúde, etc, que nunca serão implantados.

Os dirigentes sindicais que negociam fecham o acordo com os banqueiros e depois vão às bases empurrar goela abaixo o resultado. As oposições sindicais, que se credenciam nas campanhas salariais, certamente irão votar contra a tal proposta traidora, pelega, etc. Os dirigentes e negociadores, articulados com os banqueiros, conseguirão nas assembléias uma expressiva quantidade de fura-greves que irão lá para acabar com o movimento e aceitar a proposta. Detalhe: primeiro se fará assembléias de bancos privados, onde ninguém vai, além dos prepostos dos banqueiros, para aceitar a merreca. Depois as de bancos públicos, cheias de engravatados, mandados pelo patrão que é algum governo.

Algum banco público, BB ou CEF, não aceitará a proposta e continuará a greve, mesmo que alguns estados a tenham aprovado. Haverá mais uns dias de movimento, e tudo acabará na dispersão, com as pessoas abandonando o movimento desordenadamente, ou numa sessão do TST.

Na última sexta-feira foi feita uma proposta de reajuste de 9%. Considerada a inflação de 6,7%, são 2,3% de reposição de perdas (ganho real só depois que as perdas forem todas repostas, e isso está muito longe). Até aqui, 15 dias de greve para avançar 1%, que de antemão os banqueiros tinham na manga, e que dirigentes e bancários já sabiam disso pelas greves anteriores. Falta ao movimento sindical bancário inovação, desenvolver mobilizações que realmente façam os banqueiros ter urgência em negociar. Ganhando dinheiro com tarifas extorsivas e mamando nas tetas do governo com os juros que impoem, eles parecem pouco se importar com greves dos trabalhadores que exploram no Brasil. Um paradoxo, considerando-se que pelo mundo afora há manifestações contra a exploração do sistema financeiro.

Vamos ver o que acontecerá neste ano. Se depender das direções sindicais, acaba tudo hoje com mais um "ganho real" e "grandes conquistas", na visão deles, e de "avanços na organização e no desgaste dos pelegos ", no discurso das oposições aguerridas, que desde que Lula chegou ao governo não ganharam nenhum sindicato da pelegada. Para os bancários que fizeram greve, ainda há a conta dos dias parados a descontar com horas extras. Falta inovação para todo mundo nesse jogo, onde só os banqueiros ganham. 

14 comentários:

  1. Mais uma vez a JORNADA DE 06 (SEIS) HORAS determinada no artigo 224 da CLT e a regularização da sétima e oitava horas extras ficaram de fora do processo negocial...

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  2. Esqueceu que no congresso os mandões contraf/CUT colocam na minuta todas as reivindicações das bases e oposições. Só que negocia e divulga para a massa só a merreca. Do congresso sai todos os conlutas alegre...

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  3. Eta vida de aposentado, no ostracismo o espirito de porco aflora... eita que bicho besta é papel...vamos levantar dessa rede que o astral melhora....

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  4. Deus queira que o movimento contra o sistema financeira, que ora estoura nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, chegue logo por aqui. Quando uma ponte importante quebra, quando um hospital importante quebra, quando municípios brasileiros quebram em decorrência de catástrofes climáticas o governo é lerdo em por dinheiro para recuperá-los, isso quando põem dinheiro. Porque que o mesmo governo é ágil em recuperar banco quebrado? Abaixo esse sistema financeiro explorador dos seus empregados e da humanidade em geral.

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  5. Pena que muitos da oposição falam,agridem,esbravejam,xingam somente nos microfones e nos blog e facebooks da vida,mas na prática não fazem nada,correm de qualquer problema,brigam por comissões,só pensam nos seus umbigos e contas bancárias, e passam o ano todo tentando desgastar os sindicatos que não são deles. Os deles são maravilhas do sindicalismo. Ora me poupem dessa oposição interesseira.

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  6. Realmente acabou na pizza já preordenada.

    Se os banqueiros e os negociadores dos sindicatos já sabem o resultado porque fazem todo este teatro penalizando os outros funcionários que terão de compensar as horas?

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  7. O artigo 224 do DECRETO-LEI N.º 5.452, DE 1º DE MAIO DE 1943 determina: “A duração normal do trabalho dos empregados em bancos, casas bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6 (seis) horas contínuas nos dias úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um total de 30 (trinta) horas de trabalho por semana.”(Redação dada pela Lei nº 7.430, de 17.12.1985). Por que os Bancos não cumprem?

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  8. A adequação à jornada de trabalho de 06 horas para os bancários é uma exigência legal. Os Sindicatos deveriam acionar o Ministério Público do Trabalho para as providências cabíveis.

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  9. A chamada "oposição" (coisa mais doida, a oposição é situação também - dirige algumas entidades) apenas marca posição. Faz parte desse circo que você chama de pizza. Tudo parece ser bem combinado antes. No final isso fica nítido. Todo mundo na tática. Como estratégia, apenas a preservação dos seus aparelhos.

    Essa comoda subordinação "democrática" à decisão da maioria (dos sindicatos) contrói na prática (talvez sem querer), a tese aparentemente esquecida do Sindicato Nacional. E faz parecer que atual geração de sindicalistas desconhece que existem as Convenções Coletivas Regionais, que podem avançar regionalmente em relaçao à Convenção Nacional Geral. Pra quem não sabe, em algumas regiões do país todos os bancários recebem gratificação semestral. Fruto dessas Convenções Regionais.

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  10. Os Sindicatos e as Associações de Bancários precisam somar forças e exigir o cumprimento da jornada legal de seis horas conforme consta do artigo 224 da CLT. Muitos colegas estão doentes e tomando remédios tarja preta!

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  11. O BRB, de Brasília, está implantando a jornada legal de seis horas para comissionados a partir de janeiro próximo, conforme consta do site do Sindicato do DF (notícia de 24.10.2011). Parabéns à direção da empresa!

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  12. Explica pra mim:
    http://www.bancariosrn.com.br/noticias/856/bancaarios-do-bnb-rejeitam-proposta-mas-decidem-encerrar-a-greve

    E o acordo será assinado? Explica bem direitinho. Faz de conta que eu sou um bancário que entrou ontem no banco.

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  13. JORNADA LEGAL DE 06 HORAS PARA COMISSIONADOS JÁ! OS SINDICATOS PRECISAM ACIONAR O MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. OS BANCOS PRECISAM CUMPRIR O ARTIGO 224 DA CLT.

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  14. A questão da jornada legal de seis horas está nas mãos dos Sindicatos...Vamos exigir o cumprimento da CLT? AÇÃO CIVIL PÚBLICA!

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