sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Banco Postal : O chororô de perdedor do Bradesco

A revista Época, da Globo, fez a matéria "Correspondência Arriscada" condenando a direção do Banco do Brasil por ter feito uma "proposta irresponsável" para a aquisição da exploração do Banco Postal, dos Correios, superando o Bradesco , atual detentor da concessão, na licitação.

Vencendo a disputa, o BB vai dispor de 6.200 pontos de atendimento eletrônico cobrindo todos os municípios brasileiros nas unidades dos Correios por cinco anos, acessando 10 milhões de clientes. O Bradesco, que ostentava na sua propaganda a "presença em todos os municípios", vai ter que mudar de slogan.

A matéria diz que o BB usou apenas os técnicos internos para elaborar a proposta, criando uma obrigação, que não é legal, do banco ter que usar uma auditoria externa para aferir se sua proposta seria razoável. Do jeito que as coisas envolvendo bancos são, uma consulta como essa poderia dizer que o BB deveria apresentar uma proposta bem menor, para viabilizar a renovação com o Bradesco, afinal, existem consultorias e consultorias, algumas dispostas a fazer qualquer jogo.

Como toda matéria arranjada para agradar a alguém, levanta suspeitas para que alguém diga que o assunto merece uma CPI, que se mele a transação toda e... quem sabe, se passe a concessão para o Bradesco? A manipulação começa ao dizer que há 10 anos o Bradesco venceu a disputa oferecendo R$ 200 milhões, e que atualizado esse valor, daria R$ 450 milhões hoje. Seria esse o valor para o BB oferecer, enquanto o Bradesco foi até a cifra de R$ 2,25 bilhões, apenas R$ 50 milhões a menos que o BB, ou seja, 2,22% de diferença? O que faz o preço de mercado é o que os compradores se oferecem a pagar. A CEF foi até R$ 1,8 bi. Vejam a contradição na própria matéria:

"...A oferta do BB superou em R$ 50 milhões o lance final do Bradesco, que opera o Postal há dez anos e sabe, como nenhuma outra instituição, quanto o negócio vale. ÉPOCA
apurou que o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, classificou como “irracional” o preço oferecido pelo BB. Trabuco afirmou a pessoas de sua confiança que o próprio Bradesco se excedera quando deu um lance de R$ 2,25 bilhões. Em 2001, quando o Bradesco venceu a disputa para explorar os serviços bancários nas agências dos Correios por dez anos, pagou R$ 200 milhões no leilão. Atualizado pela inflação, esse montante não chega a R$ 450 milhões, hoje. Para o Bradesco, o Banco Postal transformara-se não somente numa rede de atendimento complementar, mas em parte vital de sua estratégia de marketing. Significava anunciar na TV sua “presença” em todo o país..."


Quer dizer então, senhor Trabuco, que o BB foi irracional, e o Bradesco foi apenas 2,22% menos irracional, excedendo-se além do que seria razoável segundo os técnicos do seu banco? O que diriam os acionistas sabendo que o banco poderia ter dado um valor "irracional" para conseguir manter o Banco Postal, arriscando seus lucros? E o que dizer de pagar R$ 200 milhões há 10 anos e agora oferecer mais de 10 vezes, enquanto o valor atualizado seria R$ 450 milhões? Inflacionando o mercado, superfaturando a proposta? Se valeria a pena para o Bradesco ir tão longe na proposta, por que não para o BB por apenas 2,22% a mais? E quanto custa ao Bradesco perder essa rede toda? O BB, antes de mais nada, ganhou duas vezes.

No lugar deles, a exemplo do interesse da matéria em relação ao presidente do BB, pediria a cabeça do presidente do Bradesco por gestão temerária. Correu riscos demais, e, pior, perdeu a parada logo para um banco público? Foi vice do BB, o banco que todo mundo no mercado chama de ineficiente, apenas para ficar nos adjetivos publicáveis? Vergonhoso!



Se a matéria não é um "release" de choradeira do Bradesco, difícil saber qual outro sentido teria. Na pior hipótese, do BB ter errado na mão, os Correios sairiam ganhando, que é uma empresa pública ávida por recursos para não onerar o Tesouro Nacional. Sairia de um bolso do governo para entrar em outro (sem essa de dizer que tem os acionistas minoritários, etc, que lucrarão muito com a transação). Só no Brasil temos bancos que vivem às custas de governos, sem correr riscos, avessos à concorrência. Da próxima vez, ofereçam mais, e não fiquem chorando nem armando golpes. Perdeu, Bradesco, perdeu!



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