segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

MP 557 : A polêmica na proteção às gestantes e puérperas

Sancionada no dia 26 de dezembro, entre Natal e Ano Novo, a Medida Provisória 557, que tem como objetivo a proteção do Estado à gestante e à puérpera (mulher que deu à luz recentemente), reduzir a mortalidade infantil e de mães e ainda criar meios de apoiar financeiramente as mulheres a fazerem seus exames, com até R$ 50 para transportes, desagradou algumas feministas. O problema está no cadastro dessas pessoas numa proposta de universalização do atendimento, vista como forma de localizar e punir mulheres que tenham feito aborto clandestino.

Sem entrar  no mérito das críticas, que vão dessa possibilidade policialesca à natureza religiosa conservadora do Ministro Padilha, passando pela "traição" da Presidente Dilma em ter feito a MP na desmobilização das festas de fim de ano, o que se cria é uma busca ativa por acompanhar sistematicamente a saúde de pessoas que, por falta de condições financeira e de conhecimento, acabam caindo em situações de risco na gravidez, parto e pós-parto. Pelo que li da MP, o programa se aplica às mulheres usuárias da rede pública de saúde, e não é obrigatório o cadastramento.

Que sempre se deve desconfiar dos cadastros de pessoas para quaisquer fins, concordo. A criação desse programa, entretanto, não deverá trazer á tona as estatísticas de mortes por abortos feitos em condições insalubres, um problema de saúde pública por ser a prática ilegal pelas leis brasileiras. Para quem já dribla tudo para fazer um aborto, ficar à parte de um cadastro dessa natureza não será problema. Para quem quer realmente ter filhos e garantir condições melhores de acompanhamento, esse programa será um direito a mais. O que se tem que fazer é discutir a legalização do aborto e garantir, a quem quiser essa opção, a segurança para fazê-lo, e não manter essa hipocrisia que temos no país de negar que milhares de abortos são feitos por ano com complicações para as mulheres.




Nenhum comentário:

Postar um comentário