terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Valério : "Onde é que eu assino, dotô?"

O Brasil não é um país sério, disse De Gaulle uma vez. Ligo a TV e vejo a Globo fazendo estardalhaço com uma matéria do Estadão sobre um depoimento de Marcos Valério, operador dos mensalões do PT e do PSDB, feito à Procuradoria Geral da República. Sigiloso, mas o jornal paulista "obteve com exclusividade", o que para bom entendedor é o mesmo que dizer "comprado de algum corrupto que teve a papelada em mãos".

Os termos da "confissão", para fins de redução de pena através de delação premiada, parecem ter sido feitos para sair na imprensa. Como se alguém dissesse : "olha, prá valer algum dia de redução de pena tem que botar o Lula no topo da quadrilha, dizer que o PT ameaçou te matar porque só tem bandido, etc. " Nos tempos da ditadura tais "depoimentos" eram usados para incriminar pessoas que se pretendia prender ou eliminar. A diferença era a tortura que precedia a assinatura do papel.

Isso foi em 24 de setembro. O Procurador Geral da República e os presidentes do STF, atual e anterior, sabiam da tal "confissão" mas não deram importância. Tocaram o julgamento do Mensalão sem nada mais acrescentar aos autos. A mídia, entretanto, quer um terceiro tempo do Mensalão, agora com Lula no topo do "domínio do fato".

O que o STF tem mais a fazer é liquidar esse julgamento com a já esperada crise institucional, ao meter o bedelho em assuntos do Legislativo na cassação de deputados, e tocar o julgamento da mãe de todos os mensalões, o de Minas, como a mídia chama para não colar a tarja "do PSDB", da sua base aliada.


Um comentário:

  1. A mãe de todos os mensalões, de fato: lembro-me bem, lá quando primeiro se ouviu a palavra "mensalão", a mídia golpista alardeando o caso, até o momento em que a CPI dos correios esbarrou no esquema caixa 2 de Eduardo Azeredo (então presidente do PSDB); depois disso, o caso sumiu da mídia.
    Por isso, afirmo: a casa dos maiores corruptos do país é na grande mídia.

    ResponderExcluir