O ódio a Dilma por parte da mídia sustentada pelo capital financeiro cresce à medida que as taxas de juros reais estacionam na base de 3%. Esse índice não sustenta o modelo de capitalismo que durante décadas dominou boa parte das mentes empresariais brasileiras, ou seja, desenvolver uma atividade produtiva associada a ganhos não-operacionais com papéis lastreados em dívida pública.
O pensamento corrente com altas taxas de juros é só entrar no mercado para produzir se o retorno for muito alto. Quando tínhamos juros reais de mais de 10% a atratividade se dava na faixa dos 16% ou mais. Qual é o negócio lícito que rende isso? A não ser em condições de imperfeição de mercado (oligopólio, monopólio, etc), de subsídios governamentais (linhas de crédito do BNDES, por exemplo), de arrocho salarial e sonegação fiscal, o mais sensato era colocar todo o dinheiro num título público e ganhar uma boa renda sem girar o capital.
E agora, com juros reais de 3% ao ano? Quem em tempos de FHC possuísse 1 milhão de reais tirava limpo por ano, sem fazer nada, na base de R$ 120 mil, já descontada a inflação. Hoje o mesmo valor rende R$ 30 mil. Como não conseguiram detonar Dilma com a campanha da "inflação descontrolada" nem com o "tsunami cívico" (vem prá rua derrubar Dilma), agora vai cair a ficha de que poderemos ter um apagão capitalista.
Um grande volume de recursos poderá sair do mercado de especulação e entrar na criação de novos empreendimentos estimulados pelos juros baixos. Se ainda não se verifica essa tendência é porque há receios de haver concorrência forte se muitos entrarem no mesmo ramo. Com a baixa qualificação dos empreendedores, poderemos assistir nos próximos anos a uma grande esterilização de capital numa forte mortandade prematura de empresas.
De imediato o governo poderia dar um apoio criando um programa de formação nos moldes do Ciência sem Fronteiras para estudantes de Administração terem a oportunidade de conhecer o capitalismo de juros baixos, de alta eficiência. O investimento em gestão, em inovação e principalmente observando o que se faz nos países capitalistas mais avançados será a chave para o sucesso dessas novas empresas. E para as antigas, que terão que fugir ao esquema "subsídio/ganho financeiro/sonegação/arrocho de direitos", reduzir margens e buscar mecanismos de sobrevivência em meio ao novo cenário, enfim, capitalista.
O pensamento corrente com altas taxas de juros é só entrar no mercado para produzir se o retorno for muito alto. Quando tínhamos juros reais de mais de 10% a atratividade se dava na faixa dos 16% ou mais. Qual é o negócio lícito que rende isso? A não ser em condições de imperfeição de mercado (oligopólio, monopólio, etc), de subsídios governamentais (linhas de crédito do BNDES, por exemplo), de arrocho salarial e sonegação fiscal, o mais sensato era colocar todo o dinheiro num título público e ganhar uma boa renda sem girar o capital.
E agora, com juros reais de 3% ao ano? Quem em tempos de FHC possuísse 1 milhão de reais tirava limpo por ano, sem fazer nada, na base de R$ 120 mil, já descontada a inflação. Hoje o mesmo valor rende R$ 30 mil. Como não conseguiram detonar Dilma com a campanha da "inflação descontrolada" nem com o "tsunami cívico" (vem prá rua derrubar Dilma), agora vai cair a ficha de que poderemos ter um apagão capitalista.
Um grande volume de recursos poderá sair do mercado de especulação e entrar na criação de novos empreendimentos estimulados pelos juros baixos. Se ainda não se verifica essa tendência é porque há receios de haver concorrência forte se muitos entrarem no mesmo ramo. Com a baixa qualificação dos empreendedores, poderemos assistir nos próximos anos a uma grande esterilização de capital numa forte mortandade prematura de empresas.
De imediato o governo poderia dar um apoio criando um programa de formação nos moldes do Ciência sem Fronteiras para estudantes de Administração terem a oportunidade de conhecer o capitalismo de juros baixos, de alta eficiência. O investimento em gestão, em inovação e principalmente observando o que se faz nos países capitalistas mais avançados será a chave para o sucesso dessas novas empresas. E para as antigas, que terão que fugir ao esquema "subsídio/ganho financeiro/sonegação/arrocho de direitos", reduzir margens e buscar mecanismos de sobrevivência em meio ao novo cenário, enfim, capitalista.
Fernando, muito interessante seu texto. Mas fiquei pensando aqui comigo sobre o que você chama de "alta eficiência". Talvez pelas leituras marxistas, ou mesmo a experiência cotidiana de funcionário do BB, na qual administradores de gerência entoam mantras clichês sobre gestão, sempre fico na dúvida sobre a possibilidade de casar eficiência, nesse sentido de rentabilidade, com respeito ao trabalhador - ainda que seja um respeito interessado, digamos. É possível? Como é a experiência nos países que já caminharam mais que a gente?
ResponderExcluirCaro Thiago,
ResponderExcluirOs mantras dos "gurus" do mercado não conseguem fugir à mesmice da cultura da "eficiência à brasileira", ou seja, as fórmulas sempre avançarão sobre alguma variável porque a trava à inovação está no sangue do empreendedor. É mais difícil reinventar um modelo de negócio, no caso brasileiro, que chorar por subsídios governamentais, macetear contabilidade para sonegar impostos, burlar direitos trabalhistas e buscar ganhos não-operacionais no mercado de especulação.
No capitalismo não há respeito ao trabalhador em nenhum momento, já que o ganho do patrão é composto de mais-valia que é extraída na forma de não pagamento de tudo que seria devido pelo trabalho. Nos países avançados há altos impostos, altos custos de logística, altos salários em relação aos nossos, baixos juros, baixos retornos de investimentos, e se consegue modelar negócios que resultarão em preços ao consumidor competitivos com países como o Brasil (China, Vietnã, Índia são outro caso, onde não conseguem competir).
A minha abordagem é no sentido de que o empreendedor brasileiro não está preparado para os novos tempos de juros baixos. Hoje parte dos capitais corre para o que é seguro e ainda rende algo, como a poupança e imóveis. No capitalismo "de mercado" o correto seria estar começando um movimento forte para abrir novos empreendimentos em busca de melhores retornos para o capital, e isso ainda não está acontecendo por causa dessas limitações culturais, de ganhar fácil sem correr atrás de eficiência.
No exterior vi bancos fazendo apenas intermediação financeira. Nem dinheiro no caixa tinham. Trabalhando com juros na faixa de 1 a 2% ao ano. Sem vender toneladas de porcarias de supermercado financeiro, que estressam os bancários com metas abusivas. E os banqueiros ganhando dinheiro com isso. No Brasil é que temos esse absurdo, em nome da "eficiêndia", de aproveitar a capilaridade do sistema bancário e os mesmos recursos humanos para vender seguros e outros produtos. E lucros obscenos dos bancos, que em boa parte vêm da sangria do Tesouro Nacional.