Quem vem acompanhando os relatos vai perceber que deixamos de escrevê-los desde São Petersburgo. De lá para cá passamos em Helsinque e Oslo, sem tempo para escrever porque virou maratona orientada principalmente pelo uso de cartões de desconto em museus e gratuidade em transportes, que acabam permitindo mais deslocamentos e atrações. Quando retornar da viagem farei os posts "póstumos" sobre os lugares onde não escrevi.
Na programação original um dos grandes atrativos seria o passeio pelos fiordes da Noruega, voltados para o Mar do Norte. Nada a ver com o Báltico, seria uma atividade de oportunidade para ser feita logo após Estocolmo, mas a previsão de mau tempo nos fez abortá-la. Seguimos o circuito e agora, no retorno, a partir do acompanhamento diário da meteorologia, chegamos à conclusão que haveria uma brecha no mau tempo na segunda e terça. Depois formos saber que Bergen, o portal dos fiordes, é a cidade onde mais chove na Europa, algo em torno de 300 dias por ano. E para nossa felicidade, que o
Instituto de Meteorologia da Noruega é muito competente e tem previsões que confirmamos no passeio.
Essa previsão aconteceu no domingo pela manhã. Vínhamos postergando a compra de passagens e hotéis dos trechos posteriores apostando nessa viagem e corremos o risco. Um risco caro, porque nada é barato nessa região, chegando a ser mais cara que Oslo, que já é absurdamente cara.
Compramos a passagem de trem da NSB (estatal de ferrovias) saindo de Oslo às 8:40h da estação central (próxima ao nosso hotel) e chegando a Bergen às 14:1h. Essa ferrovia foi um desafio de engenharia no século XIX, porque sai do nível do mar, sobe a mais de 1000m e retorna ao nível do mar passando por alguns dos maiores túneis ferroviários do mundo. Como não acompanhei a previsão do tempo nas paradas intermediárias, fomos surpreendidos por uma leve nevasca no ponto mais alto, em Finse e Myrdal. Foi a primeira, em pleno verão.
Na descida para Bergen o tempo foi gradativamente melhorando, e há chegamos com sol, mas sabendo que choveria ao final da tarde. Deixamos as coisas no hotel e rapidamente fomos aos principais atrativos, como o quarteirão do cais tombado pela Unesco, por onde passaram quase 800 anos da
Liga Hanseática, uma importante organização de comerciantes que movimentou o comércio em portos de vários países na idade média.
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Neve em Finse |
Depois pegamos o funicular no plano inclinado que leva ao Monte Floyen, de onde se tem uma vista não apenas da cidade, mas do arquipélago que fica na foz de alguns fiordes. Mais uma vez o tempo instável nos pegou com uma pancada de chuva que depois melhorou o cenário para fotos. Descemos a pé passando por conjuntos de casas belíssimas, em madeira, coisa mais que secular.
No dia seguinte fizemos a maratona dentro da maratona: o passeio do esquema Norway in a Nutshell. A primeira tensão foi termos comprado o pacote sem os 3 dias de antecedência que eles pedem, recebendo o código para pegar as passagens na estação de trem somente no fim da segunda-feira para viajar na terça. Depois foi o cumprimento dos horários, sincronizados entre os vários modais de transporte.
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Neve em Myrdal |
Esse pacote é muito interessante pela flexibilidade de transportes, hotéis, horários e percursos. Sabendo que poderia chover pela manhã, abrir o tempo à tarde e chover de novo à noite, optamos pelo passeio que nos levaria de trem até Voss (1:10h de Bergen no sentido Oslo), imediatamente pegar um ônibus na estação rumo a Gudvangen (1:15h), esperar alguns minutos pelo ferry para o passeio de mais de 2h por um trecho do Sognenfjord até Flam e de lá o trem (1h de viagem) até Myrdal e de lá retornar a Bergen. O esquema deu certo e ao fim da viagem de barco o sol já tinha aparecido. Mesmo assim antes não choveu.
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Bergen - Monte Floyen |
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Bergen - Parque central |
O ônibus que faz o trecho Voss-Gudvangen pega uma estradinha que passa por vales estreitos com cenários fantásticos, onde grandes cachoeiras chamam a atenção. No passeio de barco o espetáculo de beleza continua com os paredões do fiorde com cachoeiras em grupo, algumas com quase 200m de queda, e as cidades ribeirinhas que fazem a alegria dos fotógrafos. Chegando a Flam fomos ao museu da construção da ferrovia Flam-Myrdal, inaugurada em 1940 para fazer a ligação com os fiordes, um desafio de engenharia, com trechos íngremes, muitos túneis, inclusive um em formato de grampo (hairpin) e cenários deslumbrantes. Chegando a Myrdal há havia um trem na estação, que não era o do nosso horário agendado, mas coincidentemente ia para Bergen e conseguimos viajar nele, retornando às 17:40h. Cansativo mas é daquelas coisas que se diz "vale cada centavo". Mais de 900 fotos batidas.
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Cais de Bergen |
O bom tempo no fim da tarde ainda nos animou a caminhar pelas ruas de um bairro numa península entre portos, secular, próximo à universidade, também muito bonito. Ao descermos a uma das áreas portuárias encontramos sob um prédio moderno, onde existe o serviço de informações, diversas peixarias. Numa delas encontramos um espanhol que morou no Brasil por 2 anos e falava português fluentemente, que nos explicou que eles fariam na hora o peixe escolhido. Apesar das nossas restrições orçamentárias, vimos que um prato de bacalhau fresco (para o norueguês o nosso bacalhau salgado é "coisa de gringo", com boa quantidade e acompanhamentos sairia mais barato que no Brasil. E também esclareceu o mistério da cabeça do bacalhau, que ninguém nunca viu. A cabeça é imediatamente descartada pelos pescadores pois faz o peixe apodrecer, ao contrário dos demais onde é importante manter a cabeça. Foi a nossa despedida digna desse dia inesquecível.
PS: post em construção. Internet muito lenta no hotel. Daqui a pouco postarei as fotos do passeio.
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