Quando fomos a Moscou em 2011 conhecemos um jovem jornalista que nos disse que para conhecer a verdadeira Rússia o melhor seria ir ao interior, porque o que se vê na capital e em São Petersburgo é ficção. De fato, em Moscou há 100 mil milionários, carrões daqueles que a gente só vê em álbuns de figurinhas e restaurantes e lojas inimagináveis num país onde até há 20 anos se dizia comunista.
No ano passado fomos a Kaliningrado, exclave situado às margens do Mar Báltico espremido entre a Lituânia e a Letônia, que poderia dar idéia da "verdadeira Rússia" não fosse a atipicidade do território ter sido importante base na Guerra Fria e hoje não ter mais essa função. Decadente, mas não só diretamente pelas razões econômicas que afetam o resto do país. Também fomos a São Petersburgo ver sua riqueza e ostentação pelos palácios de czares e czarinas e turismo forte, mais bela e opulenta que Moscou e, por isso mesmo, menos representativa do que seria o universo russo.
Resolvemos nesta viagem ir ao sul da Rússia encontrar esse amigo na sua cidade natal, Rostov on Don, que tem a peculiaridade da proximidade com o Mar de Azov e... fica a 60km da fronteira com a Ucrânia justo na retaguarda do território em guerra entre rebeldes pró-Rússia e o exército ucraniano. Pertinho de onde foi abatido o avião da Malaysian Air e, portanto, área de alto risco caso esquente a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Para fugir do alinhamento entre Kiev (Ucrânia) e Rostov, que passa diretamente sobre a área conflagrada, a princípio projetamos ir para Volgograd (antiga Staliningrado, palco da mais sangrenta batalha da 2a Guerra Mundial) e depois seguir para Rostov. Numa avaliação mais precisa verificamos que o custo x benefício dessa escala não seria razoável, nem a amostragem para fins de conhecer a "real Rússia" seria válida, pois trata-se de uma cidade-monumento com um bom museu e, no mais, uma cidade à beira do rio Volga sem maiores diferenciações das demais do interior. Para quem vai a Rostov seria uma redundância com o acréscimo de passagens aéreas onerosas em horários complicados. Na Rússia são raros os vôos domésticos que não obriguem à passagem por Moscou, aumentando muito os tempos de viagem com essas escalas ou conexões.
Dedicamos 4 noites a Rostov, o que normalmente é o dimensionamento de tempo para uma capital média, porque pegaremos um fim de semana na companhia de pessoas da cidade mais um dia útil para conhecer como vivem na realidade. Esse é o foco da viagem, porque as cidades russas seguem praticamente as mesmas soluções urbanas da era dita socialista onde a todo momento nos lembramos do projeto de Brasília nas partes novas e o monumentalismo nas áreas históricas.
No plano original também colocamos a Criméia depois de Kiev e Rostov para não ter problemas com as autoridades ucranianas, já que o território é considerado por eles como área ocupada pelos russos e, portanto, passar por lá e ir à Ucrânia seria visto como um ato hostil. No estudo mais profundo envolvendo Yalta, Sebastopol e Simferopol o que vimos se não nos empolgou também não desestimulou. A Criméia era uma das regiões mais pobres da Ucrânia e agora está em mãos russas passando por transformações que vão da adoção de uma nova moeda à implantação da nova administração com potencial de conflitos. Por ora fica no congelador esperando o martelo final ser batido. Caso venhamos a visitar a Criméia serão 3 noites e um carro alugado. As coisas estão baratas por lá, já que os turistas ucranianos e os cruzeiros não aparecem mais para ocupar hotéis e atrações.
Para Kiev, capital da Ucrânia, também dedicaríamos um final de semana e dois dias úteis, e num deles faríamos a visita a Pripiati, onde se situa a famosa usina nuclear de Chernobyl. Pesquisando mais sobre essa excursão não sentimos firmeza na segurança, pois há denúncias de aumento de atividades no núcleo da usina com a radiação se expandindo. Aparentemente haveria alguma segurança respeitados certos limites, pois nos últimos 30 anos já houve decaimento da radioatividade, mas a gente sabe como é turismo: a praia não tem tubarões até que haja umas 10 mortes...
Nada resolvemos à espera da próxima terça-feira, 19/8, quando o parlamento ucraniano votará uma nova rodada de sanções que poderão até bloquear os atuais vôos que ainda saem da Ucrânia para a Rússia, trazendo impacto imediato ao plano. E nos próximos dias haverá aumento de tensões por conta do comboio de ajuda humanitária que já se encontra na fronteira com a Rússia e que o governo de Kiev quer impedir de entrar na área dominada pelos rebeldes. Também está acontecendo uma forte ofensiva governamental sendo previsível a derrota dos rebeldes nas próximas semanas, já que a Rússia não os apoia na idéia de secessão da Ucrânia. Como é comum nas guerras européias, com a derrota dos pró-russos haverá perseguições, execuções e todo tipo de barbárie antes da "faxina étnica" que poderá colocar a Rússia diretamente no confronto contra Kiev. E ainda a possibilidade de comprarem briga pela Criméia com apoio da OTAN, e aí vira guerra mundial.
Como a gente só vai à região por volta do início de outubro, vamos fazer alguns projetos e deixar guardados esperando o desenrolar dos fatos. Só vamos reservar hotéis e comprar passagens quando já estivermos na Turquia, lá pro fim de setembro. Se não der pé, tem a Grécia ali ao lado como alternativa.
No ano passado fomos a Kaliningrado, exclave situado às margens do Mar Báltico espremido entre a Lituânia e a Letônia, que poderia dar idéia da "verdadeira Rússia" não fosse a atipicidade do território ter sido importante base na Guerra Fria e hoje não ter mais essa função. Decadente, mas não só diretamente pelas razões econômicas que afetam o resto do país. Também fomos a São Petersburgo ver sua riqueza e ostentação pelos palácios de czares e czarinas e turismo forte, mais bela e opulenta que Moscou e, por isso mesmo, menos representativa do que seria o universo russo.
Resolvemos nesta viagem ir ao sul da Rússia encontrar esse amigo na sua cidade natal, Rostov on Don, que tem a peculiaridade da proximidade com o Mar de Azov e... fica a 60km da fronteira com a Ucrânia justo na retaguarda do território em guerra entre rebeldes pró-Rússia e o exército ucraniano. Pertinho de onde foi abatido o avião da Malaysian Air e, portanto, área de alto risco caso esquente a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Para fugir do alinhamento entre Kiev (Ucrânia) e Rostov, que passa diretamente sobre a área conflagrada, a princípio projetamos ir para Volgograd (antiga Staliningrado, palco da mais sangrenta batalha da 2a Guerra Mundial) e depois seguir para Rostov. Numa avaliação mais precisa verificamos que o custo x benefício dessa escala não seria razoável, nem a amostragem para fins de conhecer a "real Rússia" seria válida, pois trata-se de uma cidade-monumento com um bom museu e, no mais, uma cidade à beira do rio Volga sem maiores diferenciações das demais do interior. Para quem vai a Rostov seria uma redundância com o acréscimo de passagens aéreas onerosas em horários complicados. Na Rússia são raros os vôos domésticos que não obriguem à passagem por Moscou, aumentando muito os tempos de viagem com essas escalas ou conexões.
Dedicamos 4 noites a Rostov, o que normalmente é o dimensionamento de tempo para uma capital média, porque pegaremos um fim de semana na companhia de pessoas da cidade mais um dia útil para conhecer como vivem na realidade. Esse é o foco da viagem, porque as cidades russas seguem praticamente as mesmas soluções urbanas da era dita socialista onde a todo momento nos lembramos do projeto de Brasília nas partes novas e o monumentalismo nas áreas históricas.
No plano original também colocamos a Criméia depois de Kiev e Rostov para não ter problemas com as autoridades ucranianas, já que o território é considerado por eles como área ocupada pelos russos e, portanto, passar por lá e ir à Ucrânia seria visto como um ato hostil. No estudo mais profundo envolvendo Yalta, Sebastopol e Simferopol o que vimos se não nos empolgou também não desestimulou. A Criméia era uma das regiões mais pobres da Ucrânia e agora está em mãos russas passando por transformações que vão da adoção de uma nova moeda à implantação da nova administração com potencial de conflitos. Por ora fica no congelador esperando o martelo final ser batido. Caso venhamos a visitar a Criméia serão 3 noites e um carro alugado. As coisas estão baratas por lá, já que os turistas ucranianos e os cruzeiros não aparecem mais para ocupar hotéis e atrações.
Para Kiev, capital da Ucrânia, também dedicaríamos um final de semana e dois dias úteis, e num deles faríamos a visita a Pripiati, onde se situa a famosa usina nuclear de Chernobyl. Pesquisando mais sobre essa excursão não sentimos firmeza na segurança, pois há denúncias de aumento de atividades no núcleo da usina com a radiação se expandindo. Aparentemente haveria alguma segurança respeitados certos limites, pois nos últimos 30 anos já houve decaimento da radioatividade, mas a gente sabe como é turismo: a praia não tem tubarões até que haja umas 10 mortes...
Nada resolvemos à espera da próxima terça-feira, 19/8, quando o parlamento ucraniano votará uma nova rodada de sanções que poderão até bloquear os atuais vôos que ainda saem da Ucrânia para a Rússia, trazendo impacto imediato ao plano. E nos próximos dias haverá aumento de tensões por conta do comboio de ajuda humanitária que já se encontra na fronteira com a Rússia e que o governo de Kiev quer impedir de entrar na área dominada pelos rebeldes. Também está acontecendo uma forte ofensiva governamental sendo previsível a derrota dos rebeldes nas próximas semanas, já que a Rússia não os apoia na idéia de secessão da Ucrânia. Como é comum nas guerras européias, com a derrota dos pró-russos haverá perseguições, execuções e todo tipo de barbárie antes da "faxina étnica" que poderá colocar a Rússia diretamente no confronto contra Kiev. E ainda a possibilidade de comprarem briga pela Criméia com apoio da OTAN, e aí vira guerra mundial.
Como a gente só vai à região por volta do início de outubro, vamos fazer alguns projetos e deixar guardados esperando o desenrolar dos fatos. Só vamos reservar hotéis e comprar passagens quando já estivermos na Turquia, lá pro fim de setembro. Se não der pé, tem a Grécia ali ao lado como alternativa.
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