Faz uma semana desde que um atentado cheio de pontos duvidosos matou 12 cartunistas da revista francesa Charlie Hebdo, um policial muçulmano que tentava defendê-lo, dois outros muçulmanos acusados pelos assassinatos e alguns reféns numa loja de artigos judaicos. O crime foi atribuído a grupos extremistas de ideologia muçulmana e o motivo seria a publicação de charges com a figura de Maomé, o que seria pecaminoso segundo a interpretação que fazem do Corão.
A partir daí uma avalanche de artigos e pensamentos tomou as manchetes de todo o mundo versando sobre liberdade de expressão, liberdade religiosa e limites a ambos. A ação política também fez com que países de maioria muçulmana repudiassem o ataque e tudo fosse limitado a uma ação isolada do Estado Islâmico, grupo ultra-radical que domina áreas entre a Síria e o Iraque. O maior ato de protesto contra os ataques e em defesa da liberdade de expressão (je suis Charlie Hebdo) aconteceu neste domingo em Paris tendo à frente lideranças muçulmanas, judaicas, cristãs e representantes de diversos países, muitos deles notórios perseguidores de jornalistas e ditaduras censoras.
Também houve manifestações anti-islâmicas menores em várias partes do mundo. Na França três mesquitas foram atacadas. E também houve manifestações de apoio, na própria França, à censura em nome do respeito à religião. E ainda se manifestaram os "eu não sou Charlie Hebdo" que, por motivos diversos, não entraram na onda do grupo oposto entendendo que se trata de uma provocação que poderia ser evitada. Alguns disseram que essa atitude seria o mesmo que uma mulher evitar usar roupas provocantes para evitar ser estuprada.
Foram tantas manifestações e artigos abordando a arte do Charlie Hebdo que até agora fica difícil saber se a publicação era de direita, esquerda, pró ou contra muçulmanos, cristãos, judeus, etc, dada sua trajetória de críticas mordazes a muitos pontos de vista ideológicos.
Nesta semana se anuncia uma edição especial do Charlie Hebdo com 3 milhões de exemplares traduzido em 16 línguas com Maomé na capa. Uma espécie de afirmação: "sim, nós podemos expor imagens de Maomé porque não temos ideologia muçulmana e a expressão é livre" ou "milhões de franceses e lideranças do mundo autorizam que critiquemos qualquer coisa, inclusive o Islã e seus símbolos".
Se pela parte de alguns muçulmanos pode haver tolerância, para os mais fundamentalistas, como o Estado Islâmico, as coisas não mudam. É bom lembrar que o grupo surgiu numa guerrilha fomentada pela Arábia Saudita e Estados Unidos para derrubar o ditador sírio Bashar al Assad, que tem o apoio russo. Esse grupo também é inimigo da Al Qaeda, que tem origem saudita mas é contra a família real que governa o país de forma absolutista e é vista com reservas por ambos os grupos por fazerem concessões ao Islã "impuro". Com a ofensiva de Assad reduzindo o espaço da guerrilha, uma parte das milícias rumou para o Iraque e tomou zonas petrolíferas criando o Estado Islâmico.
Na França e em toda a Europa os árabes foram admitidos como imigrantes ao longo de anos de fartura. Hoje um europeu desconhece o que seja limpar uma latrina ou varrer uma rua, porque esse exército de mão-de-obra barata cuida dos trabalhos menos qualificados. Ocorre que na crise econômica os empregos melhores começam a escassear e uma parte da população passou a disputar vagas com os estrangeiros e seus descendentes, e aí se alimenta a xenofobia que se reflete no aumento dos partidos de extrema-direita, e no anti-islamismo.
Com a criação do Estado Islâmico milhares de jovens europeus de origem árabe e muçulmanos passaram a estagiar nas áreas de conflito na Síria e Iraque recebendo instrução militar e reforçando a ideologia mais fundamentalista dentro do Islã. Voltaram para casa com essa bagagem e são articulados via redes sociais. Em resumo: em praticamente todos os países europeus há potencial para uma escalada de terror a partir de grupelhos radicais jamais vista que pode ser ativada a partir de provocações como as que vêm no pós-Charlie Hebdo.
O recado da França é de não baixar a guarda diante desses grupos, que a extrema-direita fará confundir com toda a população muçulmana, afinal, tais milicianos se camuflam entre os demais. Não há forma de se combater isso militarmente e nem a inteligência funciona pois seria necessária a colaboração da comunidade denunciando os militantes. Israel "trata" isso com genocídio: todo palestino é terrorista, bomba neles, homens, mulheres, velhos, crianças.
A extrema-direita não ficará passiva tendo o apoio político para provocar as comunidades islâmicas. Na França, em especial, onde a maioria dos muçulmanos é oriunda da ex-colônia argelina, ainda há ressentimentos desde a guerra de libertação da Argélia, onde muitos franceses foram mortos em ataques terroristas. Os descendentes de argelinos são discriminados e fustigados pelos neonazistas.
Nos próximos dias podem acontecer duas coisas: a vitória das forças democráticas em defesa da liberdade de expressão com a imposição do direito de representar qualquer coisa em charges ou falar qualquer coisa em artigos, ou, creio ser o mais provável, ser acionado o gatilho da insanidade em espiral, começando pela França e varrendo toda a Europa.
Tal escalada pode atingir até a Arábia Saudita, que mandou representante para a Marcha da Paz que, na prática, representou a defesa do direito ao achincalhe ao profeta Maomé. É bom lembrar que há um mês o cartel do petróleo, cujos principais membros são a Arábia Saudita e seus satélites Catar, Emirados Árabes e Kwait, resolveu baixar os preços do óleo comprometendo a exploração no xisto nos EUA e muitos países exportadores, como o Irã, Rússia, etc. A família real saudita pode estar com a sua batata assando...
A partir daí uma avalanche de artigos e pensamentos tomou as manchetes de todo o mundo versando sobre liberdade de expressão, liberdade religiosa e limites a ambos. A ação política também fez com que países de maioria muçulmana repudiassem o ataque e tudo fosse limitado a uma ação isolada do Estado Islâmico, grupo ultra-radical que domina áreas entre a Síria e o Iraque. O maior ato de protesto contra os ataques e em defesa da liberdade de expressão (je suis Charlie Hebdo) aconteceu neste domingo em Paris tendo à frente lideranças muçulmanas, judaicas, cristãs e representantes de diversos países, muitos deles notórios perseguidores de jornalistas e ditaduras censoras.
Também houve manifestações anti-islâmicas menores em várias partes do mundo. Na França três mesquitas foram atacadas. E também houve manifestações de apoio, na própria França, à censura em nome do respeito à religião. E ainda se manifestaram os "eu não sou Charlie Hebdo" que, por motivos diversos, não entraram na onda do grupo oposto entendendo que se trata de uma provocação que poderia ser evitada. Alguns disseram que essa atitude seria o mesmo que uma mulher evitar usar roupas provocantes para evitar ser estuprada.
Foram tantas manifestações e artigos abordando a arte do Charlie Hebdo que até agora fica difícil saber se a publicação era de direita, esquerda, pró ou contra muçulmanos, cristãos, judeus, etc, dada sua trajetória de críticas mordazes a muitos pontos de vista ideológicos.
Nesta semana se anuncia uma edição especial do Charlie Hebdo com 3 milhões de exemplares traduzido em 16 línguas com Maomé na capa. Uma espécie de afirmação: "sim, nós podemos expor imagens de Maomé porque não temos ideologia muçulmana e a expressão é livre" ou "milhões de franceses e lideranças do mundo autorizam que critiquemos qualquer coisa, inclusive o Islã e seus símbolos".
Se pela parte de alguns muçulmanos pode haver tolerância, para os mais fundamentalistas, como o Estado Islâmico, as coisas não mudam. É bom lembrar que o grupo surgiu numa guerrilha fomentada pela Arábia Saudita e Estados Unidos para derrubar o ditador sírio Bashar al Assad, que tem o apoio russo. Esse grupo também é inimigo da Al Qaeda, que tem origem saudita mas é contra a família real que governa o país de forma absolutista e é vista com reservas por ambos os grupos por fazerem concessões ao Islã "impuro". Com a ofensiva de Assad reduzindo o espaço da guerrilha, uma parte das milícias rumou para o Iraque e tomou zonas petrolíferas criando o Estado Islâmico.
Na França e em toda a Europa os árabes foram admitidos como imigrantes ao longo de anos de fartura. Hoje um europeu desconhece o que seja limpar uma latrina ou varrer uma rua, porque esse exército de mão-de-obra barata cuida dos trabalhos menos qualificados. Ocorre que na crise econômica os empregos melhores começam a escassear e uma parte da população passou a disputar vagas com os estrangeiros e seus descendentes, e aí se alimenta a xenofobia que se reflete no aumento dos partidos de extrema-direita, e no anti-islamismo.
Com a criação do Estado Islâmico milhares de jovens europeus de origem árabe e muçulmanos passaram a estagiar nas áreas de conflito na Síria e Iraque recebendo instrução militar e reforçando a ideologia mais fundamentalista dentro do Islã. Voltaram para casa com essa bagagem e são articulados via redes sociais. Em resumo: em praticamente todos os países europeus há potencial para uma escalada de terror a partir de grupelhos radicais jamais vista que pode ser ativada a partir de provocações como as que vêm no pós-Charlie Hebdo.
O recado da França é de não baixar a guarda diante desses grupos, que a extrema-direita fará confundir com toda a população muçulmana, afinal, tais milicianos se camuflam entre os demais. Não há forma de se combater isso militarmente e nem a inteligência funciona pois seria necessária a colaboração da comunidade denunciando os militantes. Israel "trata" isso com genocídio: todo palestino é terrorista, bomba neles, homens, mulheres, velhos, crianças.
A extrema-direita não ficará passiva tendo o apoio político para provocar as comunidades islâmicas. Na França, em especial, onde a maioria dos muçulmanos é oriunda da ex-colônia argelina, ainda há ressentimentos desde a guerra de libertação da Argélia, onde muitos franceses foram mortos em ataques terroristas. Os descendentes de argelinos são discriminados e fustigados pelos neonazistas.
Nos próximos dias podem acontecer duas coisas: a vitória das forças democráticas em defesa da liberdade de expressão com a imposição do direito de representar qualquer coisa em charges ou falar qualquer coisa em artigos, ou, creio ser o mais provável, ser acionado o gatilho da insanidade em espiral, começando pela França e varrendo toda a Europa.
Tal escalada pode atingir até a Arábia Saudita, que mandou representante para a Marcha da Paz que, na prática, representou a defesa do direito ao achincalhe ao profeta Maomé. É bom lembrar que há um mês o cartel do petróleo, cujos principais membros são a Arábia Saudita e seus satélites Catar, Emirados Árabes e Kwait, resolveu baixar os preços do óleo comprometendo a exploração no xisto nos EUA e muitos países exportadores, como o Irã, Rússia, etc. A família real saudita pode estar com a sua batata assando...
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