quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Operação Lava Jato : O PSDB perdeu o controle?

A Operação Lava Jato, que hoje sangra a Petrobrás e prejudica a imagem do governo a ponto de quase ter dado a eleição ao PSDB com vazamento seletivo de informações de corrupção, parece ter sido projetada para essas finalidades e agora estar saindo do controle da oposição. 

Iniciada pela Polícia Federal do Paraná em março de 2014, tinha como propósito apurar um esquema de lavagem de dinheiro suspeito de movimentar mais de 10 bilhões de reais. A operação recebeu esse nome devido ao uso de uma rede de lavanderias e postos de combustíveis pela quadrilha para movimentar os valores de origem ilícita.
A operação indiciou o doleiro Alberto Youssef, e a partir dele uma série de denúncias contra dirigentes da Petrobrás ocupou o noticiário político e policial em troca de redução de pena através da delação premiada. Falcatruas milionárias envolvendo contratos da petrolífera foram tornados público, diretores foram presos, esquemas foram revelados. Até abril de 2014 já haviam sido indiciadas 46 pessoas. 

O processo se arrastou durante todo o ano conduzido pelo juiz Moro. Empreiteiras acabaram arroladas e dirigentes foram presos. Até aí a parte de investigação policial seguiu propósitos legais.

Assim que se falou pela primeira vez a palavra "Petrobrás", a oposição, liderada pelo PSDB, em parceria com a mídia, em especial a Rede Globo e a revista Veja, desfechou pesado ataque de artilharia contra o governo com a tese de ser conivente com a corrupção e da presidente Dilma, ex-presidente do Conselho de Administração da empresa, "saber de tudo". Criou-se  e enterrou-se CPI sobre o assunto sem maiores consequências. 

Como o foro privilegiado remeteria o caso para o STF, o juiz Moro, a princípio e depois interpelado pelo Supremo, negou que nomes de políticos estivessem sendo apontados. Mesmo assim durante toda a campanha eleitoral de 2014 pela mídia oposicionista desfilaram nomes ligados ao governo como citados no processo. A máxima foi a publicação pela Veja, a dois dias da eleição, de uma notícia forjada dando Lula e Dilma como cúmplices no escândalo. 

A meu ver era uma operação projetada para terminar com a divulgação dos resultados eleitorais e a derrota de Dilma. O jogo era para terminar enquanto a oposição estivesse ganhando. Tudo levava a isso. A escolha do Paraná, governado pelo PSDB. Um juiz cuja esposa é advogada e presta serviços para o PSDB. Um doleiro velho conhecido do PSDB, operador de esquemas com Jaime Lerner e Alvaro Dias, condenado pelo mesmo juiz Moro por corrupção em 2004 no caso Banestado e libertado também por delação premiada

Tudo pareceu tão milimetricamente estudado para atingir apenas o governo que toda vez que este pedia informações sobre os depoimentos não era atendido. Já a mídia oposicionista era fartamente municiada com vazamentos seletivos, que eram manipulados e alterados para causar mais impacto destrutivo à candidatura de Dilma. Era como um processo onde só o promotor tinha o direito de se expressar. 

A Polícia Federal também teve papel decisivo atuando de forma partidária em defesa da oposição. Delegados da Polícia Federal no Paraná, envolvidos na investigação, foram flagrados nas redes sociais defendendo Aécio e atacando o PT. O Ministério da Justiça abriu sindicância para apurar os vazamentos seletivos de informações e manipulação de provas. 

O que aconteceu com a derrota de Aécio? A oposição desesperada tentou o impeachment, a desaprovação das contas eleitorais de Dilma, impedir a suplementação orçamentária no Congresso para derrubar a presidente, foi às ruas com uma brancaleônica campanha liderada pelo cantor Lobão onde havia gente pedindo intervenção militar e até dos Estados Unidos. Tudo deu errado. Passaram a investir na derrubada da presidente da Petrobrás, Graça Fostar, para expor sua cabeça como vitória na Lava Jato e prova cabal da culpa do PT e de Dilma. Perderam também. 

E aí vieram as prisões de empreiteiros. Com elas, listas de obras onde houve superfaturamento, propinas e lavagem de dinheiro. Muitas dessas obras em territórios dominados pela oposição, como Metrô de São Paulo, Sabesp, etc. Apareceram denúncias de entrega de malas de dinheiro ao líder do PMDB e aliado tucano, dep. federal Eduardo Cunha, e do ex-governador mineiro e aliado de Aécio, Anastasia. Mesmo com a advocacia da Globo "inocentando" ambos em horário nobre, o caso repercutiu e uma grande Caixa de Pandora parece estar se abrindo contra a oposição. 

Quem era pedra, por ter a Lava Jato continuado, passou a ser vidraça. Todo o estrago contra Dilma e o PT que a mídia conseguiu fazer já está precificado. O problema agora está com as vestais, as virgens, os impolutos do PSDB, que vão começar a ser citados em especial pelas mídias alternativas. De tão calejado por denúncias infundadas, o PT já criou casca grossa. Os tucanos, sempre acusadores, não estão preparados para suportar a mais tênue investigação. Criaram um monstro que agora se volta contra eles. Isso explica a nota desesperada de Aécio para defender seus pares,que fala em "manipulações e manobras" na Lava Jato, caracterizando a perda de controle, reproduzida na imagem.  






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