sábado, 22 de agosto de 2015

Mediterrâneo 2015 - 002 - Preparando as malas (ou mochilas?)

VER TAMBÉM:
Mediterrãneo 2015 - 000 - Viagem da crise ao fundo da crise
Mediterrâneo 2015 - 001 - Estudando a Espanha

A cada viagem longa aprimoramos nossa bagagem e desta vez tentamos dar o grande salto para eliminar malas e viajar só com mochilas mas ainda não conseguimos. Novamente saímos com 16 kg em cada mala média, considerados alguns mantimentos, artigos de limpeza e remédios que serão consumidos no percurso. Para ver mais sobre organização leia nosso artigo EURÁSIA 2014 - 007 - Preparação de malas para grandes viagens. Reduzimos as mochilas que levamos a bordo dos aviões para levar só o essencial (valores e eletrônicos).

Planejamos viajar apenas na temporada de temperaturas altas e médias (nada abaixo de 20 graus) para não levar nenhum agasalho, o que geralmente dá muito volume. Quase todas as roupas são facilmente laváveis (dri-fit) e secam de um dia para o outro. Mesmo assim levamos o suficiente para lavar roupas de 10 em 10 dias. Poderia ser menos coisas, mas, já que estamos levando malas, por que não ter menos coisas para fazer todos os dias?

Na Europa em geral nossas acomodações são em hotéis baratos e hostéis, que usam normalmente velhos prédios adaptados. Não raramente encontramos alguns com banheiras e chuveiros e aí colocamos toda a roupa na banheira para lavar de uma vez com sabão em pó que levamos. Também faz parte do kit uma corda que colocamos projetada sobre banheiras e boxes para secar as roupas. Depois que param de pingar vão para dentro do ambiente com ar condicionado ou ventilação, onde secam rápido.

Por que malas e não mochilas? A preocupação é com o que acumulamos ao longo da viagem. Lembranças, pequenas compras, backups e mesmo dinheiro e cartões que não achamos conveniente levar conosco nas ruas, onde não tem cofre. Uma mala segura é melhor que uma mochila sem segurança. Claro que para quem rouba tanto faz levar uma ou outra, mas a preocupação é com bisbilhotagem pelas pessoas do hotel.

Não compramos muita coisa porque o dinheiro é contado e planejado. Nosso orçamento não deixa muita flexibilidade. O que trazemos é magnetos das cidades, mapas, guias, papéis dos locais visitados, recibos (para contabilização final), uma ou outra camisa de lembrança e muito pouca coisa para dar aos parentes e amigos. Jamais aceitamos encomendas, porque tempo de viagem é dinheiro. Os motivos estão no nosso post VIAGEM : A cilada das encomendas feitas aos viajantes

Mochilas pesadas ou com objetos como líquidos e cortantes têm que ser despachadas nos vôos e aí mora um grande perigo. Se abrem malas para roubar coisas, o que se dirá de mochilas. Poderíamos embalar com plástico, mas dá trabalho. No ano passado chegamos a comprar bobina de plástico para fugir ao que cobram nos aeroportos mas dá muito trabalho. Preferimos arriscar  com malas, mas com mochilas seria obrigatório.

Contra as mochilas ainda pesam a quantidade de bolsos onde as coisas ficam perdidas, tudo amassado, objetos que machucam as costas, dor nas costas, etc. Levar mais de 12 kg numa mochila começa a ser doloroso para pessoas beirando os 60 anos. Malas com rodinhas são melhores para a ergonomia.

No artigo citado anteriormente tem um check-list que pode ser útil a quem viaja. Desta vez eliminamos bastante coisas. Não que não façam falta, mas para os países planejados, por exemplo, levar cabo UTP para rede ou roteador onde há wi-fi de qualidade não se justifica, nem os vários tipos de adaptadores de tomadas, já que todas são do mesmo padrão e aceitam as nossas, exceto as de plug de 3 pinos.

Contra as malas temos os muitos trechos em ilhas e na Grécia, muitas subidas em ruas com calçamento em pedras irregulares. Também há metrôs muito antigos e não renovados, sem elevadores ou escadas rolantes, onde a mala tem que ser transportada por escadas. Um dia a gente chega ao ideal de mochilas com 10 kg. 

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Mediterrâneo 2015 - 001 : Estudando a Espanha

(VER  TAMBÉM "Mediterrãneo 2015 - 000 - Viagem da crise ao fundo da crise)

Apesar de termos bons livros sobre turismo e relatos de viajantes engrossamos os conhecimentos com alguns temas importantes para contextualizar os conteúdos que veremos na viagem. Seguem os links de uma parte do que vimos para a Espanha. Falta muita coisa mas isso já ajuda.

Barcelona : https://pt.wikipedia.org/wiki/Barcelona
Valência : https://pt.wikipedia.org/wiki/Val%C3%AAncia_(Espanha)
Gaudi - obras - https://pt.wikipedia.org/wiki/Obras_de_Antoni_Gaud%C3%AD
Barcelona - Palácio da Música : https://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_da_M%C3%BAsica_Catal%C3%A3
Barcelona - Hospital de St Paul - https://pt.wikipedia.org/wiki/Hospital_da_Santa_Cruz_e_S%C3%A3o_Paulo
Tarragona : https://pt.wikipedia.org/wiki/Tarraco
Granada Patr. Hum : https://pt.wikipedia.org/wiki/Alhambra,_Generalife_e_Albaic%C3%ADn,_Granada
Sevilha - Patr. Hum : https://pt.wikipedia.org/wiki/Catedral,_Alc%C3%A1zar_e_Arquivo_das_%C3%8Dndias_em_Sevilha
Córdoba : https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3rdova_(Espanha)#Patrim.C3.B4nio_mundial_da_UNESCO
Espanha - turismo : https://pt.wikipedia.org/wiki/Turismo_na_Espanha
Palma de Maiorca : https://pt.wikipedia.org/wiki/Palma_de_Maiorca
Lingua castelhana : https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_castelhana
Lingua catalã : https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_catal%C3%A3
Espanha : comunidades https://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidades_aut%C3%B3nomas_da_Espanha
https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_da_Sucessão_Espanhola
https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Peninsular
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_dos_Templ%C3%A1rios
https://pt.wikipedia.org/wiki/Invas%C3%A3o_mu%C3%A7ulmana_da_pen%C3%ADnsula_Ib%C3%A9rica
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Cruzada&printable=yes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pel%C3%A1gio_das_Ast%C3%BArias
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADs_Basco
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_nasrida_de_Granada
https://pt.wikipedia.org/wiki/Descobrimentos_espanh%C3%B3is
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_de_Navarra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_de_Arag%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_de_Castela
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_de_Le%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_das_Ast%C3%BArias
https://pt.wikipedia.org/wiki/Al-Andalus
https://pt.wikipedia.org/wiki/Suevos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_Descobrimentos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Emirado_de_C%C3%B3rdova
https://pt.wikipedia.org/wiki/Califado_Om%C3%ADada
https://pt.wikipedia.org/wiki/Decreto_de_Alhambra
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pr%C3%A9-hist%C3%B3ria_da_pen%C3%ADnsula_Ib%C3%A9rica&printable=yes
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Guerras_P%C3%BAnicas&printable=yes
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Reconquista&printable=yes
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Hisp%C3%A2nia&printable=yes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ceuta
https://pt.wikipedia.org/wiki/Melilha
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A1s_de_Torquemada
https://pt.wikipedia.org/wiki/Auto_de_f%C3%A9
https://pt.wikipedia.org/wiki/Inquisi%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sebasti%C3%A3o_Jos%C3%A9_de_Carvalho_e_Melo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Despotismo_esclarecido
https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_de_Jesus
https://pt.wikipedia.org/wiki/Crist%C3%A3o-novo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sefardita
https://pt.wikipedia.org/wiki/Califado_Alm%C3%B3ada
https://pt.wikipedia.org/wiki/Berberes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Visigodos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ast%C3%BArias
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Almor%C3%A1vida
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Covadonga
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sarracenos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tabela_cronol%C3%B3gica_dos_reinos_da_pen%C3%ADnsula_Ib%C3%A9rica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Santiago_Maior
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mouros
https://pt.wikipedia.org/wiki/Califado_de_C%C3%B3rdova
https://pt.wikipedia.org/wiki/Toledo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reis_Cat%C3%B3licos



Mediterrâneo 2015 - 000 : Viagem da crise ao fundo da crise

Planejamos para 2015 uma viagem pelos países fronteiriços ao Mar Mediterrâneo com ênfase na Grécia, Espanha e Tunísia, onde há realidades que gostaríamos de conhecer de perto, além da história e das belezas. A Grécia hoje é o epicentro da crise da Europa. Na Espanha também há uma pesada crise econômica de importância. A Tunísia é o único país onde houve a "Primavera Árabe" e ainda sustenta uma atmosfera democrática, de onde partem  boa parte dos imigrantes que tentam atingir de barco a Europa porque há uma forte crise econômica. Malta estaria nesse roteiro.
Euro se desvalorizou em relação ao dólar em um ano

Acontece que a crise econômica chegou ao Brasil e nos últimos dias vivemos uma forte crise política com ameaça de impeachment da presidente Dilma. Nesse esforço golpista a sabotagem econômica faz parte da criação do cenário de "tempestade perfeita", com a mídia alardeando o caos e o descontrole da inflação, aumento do desemprego e piora de indicadores que estão muito longe de voltar aos anos FHC.

O câmbio serve à especulação diante das incertezas e o Real se manterá desvalorizado até o desfecho dessa crise.  Quando viajamos no ano passado o dólar estava na faixa dos R$ 2,40 e esse já era um valor que tinha subido rapidamente. Com o fim da intervenção do Banco Central e desejo do governo de melhorar a balança comercial, o dólar passou a flutuar na faixa dos R$ 3, ou seja, 25% mais caro sobre um valor que já era caro. Agora, em ambiente especulativo, chegou aos R$ 3,50, ou seja, quase 50% a mais que há um ano. Esse valor ainda é baixo perto do que seria o necessário para repor o valor relativo do Real de 1994, consideradas as inflações brasileiras e americana, que deveria ser de R$ 3,95.

Como o dólar valorizou-se diante do Euro, ir aos EUA encareceu mais rápiro que ir à Europa, mesmo que não tivesse havido a forte desvalorização do Real.

Projetamos viajar com Euro a R$ 3,50 mas beira os R$ 4.
Verificamos pelo site Numbeo, que compara custos de vida entre cidades e países, que mesmo nessa crise cambial a Grécia tem preços similares aos nossos e a Espanha está na base de 40% mais cara, enquanto os países do norte da África estão mais baratos, mesmo com o dólar a R$ 3,50. Seria possível com nossas poupanças fazer uma viagem menor e voltar sem dívidas, até porque o uso de cartão de crédito em ambiente de instabilidade cambial nos sujeitaria a pagar valores imprecisos e que poderiam ser mais caros. É só lembrar que ao final do governo de FHC em 2002 o dólar chegou a quase R$ 4.

Eis que mais crise apareceu no horizonte. Ataques do Estado Islâmico na Tunísia contra turistas, matando mais de 30 pessoas, criaram restrições como estado de sítio e proibição de excursões a lugares históricos com estrangeiros. Desistimos do norte da África, onde também eram previstas visitas ao Marrocos e Argélia. Estudamos a Líbia, mas até para chegar a Trípoli é complicado pois o aeroporto comercial está com uma milícia e os estrangeiros chegam por aeroporto militar. E por terra os ônibus vindos da Tunísia passam por vários bloqueios de grupos de milicianos nas estradas. Aceitamos até algum risco, mas preferimos evitar. A viagem passou a ser limitada à borda européia do Mediterrâneo.

Nas outras viagens saíamos com roteiro completo para todo o período. Agora não sabemos se passaremos os 60 dias projetados, que foi o período limitado por uma promoção de passagens aéreas da TAP que compramos em março com o dólar ainda no patamar de R$ 3. Como a Grécia tem preços similares aos nossos e a crise econômica pode piorar criando promoções para atrair turistas, resolvemos dedicar mais tempo ao país, podendo ficar de 18 a 25 dias por lá. Uns 4 dias para Malta. o resto, Espanha e outros países que possam ser mais baratos, como nos Bálcãs a Sérvia, Montenegro, Albânia, Macedônia, que são vizinhos à Grécia.

Pela primeira vez vamos sair do Brasil com a possibilidade de retorno antecipado, se a nossa crise se agravar. Pensando nisso o roteiro começa por conhecer Madri e Atenas nos 10 primeiros dias, depois o interior continental da Grécia, as ilhas próximas a Atenas e depois as ilhas do mar Egeu - Mikonos, Naxos, Santorini, Creta e Rodes. Mikonos é mais cara em acomodação e alimentação, seguida de Santorini. Creta, que é maior que as outras, é mais barata. Rodes está na mesma faixa de preços daqui. Ainda há a possibilidade de ir a Lesbos, mas os roteiros são complicados.

Um recurso para economia que tentaremos usar será o ferry noturno entre ilhas, ou seja, economizar uma diária de hotel nos percursos de 6 a 8 h entre algumas ilhas. Podemos ainda optar por cruzeiros, que têm boa relação custo x benefício, mas são terríveis por falta de tempo para visitar as atrações.

De Rodes sairemos de avião para Malta. Também há possibilidade de explorar as ilhas de Sardenha, italiana, e Córsega, francesa, mas dependerá do tempo usado na Grécia e da avaliação das economias, pois se tivermos que reduzir a viagem priorizaremos Barcelona, a Catalunha, Andorra e a Andaluzia.

Em suma: dependendo do humor cambial poderemos cumprir os 60 dias da viagem ou reduzir para um mínimo de 30 dias. Neste caso o trecho grego seria feito em menos tempo, talvez 15 dias, Malta seria descartada e outros 15 dias para a Espanha. Viajaremos apenas com a poupança prévia, sem endividamento.

Desta vez também estamos partindo menos organizados porque houve pouco tempo para estudos. Faltando uma semana para a viagem ainda estamos estudando coisas que deveriam ter sido vistas há 3 meses. Também teremos dificuldades na logística, pois a bagagem terá que ser muito leve e manuseável pois são previstas caminhadas e mudanças frequentes de transportes, dificultando o uso de malas.

VER TAMBÉM : Mediterrâneo 001 : Estudando a Espanha













segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Brasil : O desafio é devolver a direita ao esgoto.

Esqueçam as picuinhas mútuas entre PT e PSDB. Tire da frente todo esse teatro de Dilma, Cunha, Bolsonaro, FHC, Lula, petistas, tucanos, números, crise, obras, Lava Jato e baixarias da política que enchem as páginas de jornais e os bits da internet. Tudo isso está sendo tragado por uma onda de lixo e esgoto que, por erros e omissões, está enlameando o país e colocando em risco a tênue democracia: o ascenso sem freio da direita, do fascismo, no nazismo.

Hoje vemos gente fazendo discursos racistas, homofóbicos, discriminatórios contra o Nordeste, contra pobres, favelados, pedindo linchamentos em poste, pregando pena de morte, armas, bombardeio de comunidades carentes, pregando superioridade dos ricos e "bonitos" contra pobres "feios", enfim, tudo de execrável que as pessoas tinham pudor para falar agora flui em qualquer conversa sem preocupação com o "politicamente incorreto", "sem noção" ou mesmo ser crime. Vai tudo numa visão equivocada de "liberdade de expressão" que desrespeita princípios civilizatórios. A estupidez está virando exemplo para jovens e crianças, que repetem tudo sem entender nada. Contamina a classe média emergente, paradoxalmente a que o PT diz ter melhorado a vida.

A direita ficou presa no seu esgoto desde o fim da ditadura mas a impunidade pelos crimes do regime militar abriu as portas para que a possibilidade de golpe fosse "razoável" e "abraçável" por gente "de bem". Mas não foi só isso. O PT contribuiu muito para o ascenso da direita e mesmo que hoje o partido fosse proscrito durante muito tempo haveria perseguição à esquerda, numa ditadura formal ou da hegemonia midiática.

O PT começou a acabar em 1989, com a coincidência de dois fatos: a queda do muro de Berlim e a derrota de Lula contra Collor. Varreu o mundo a teoria do "fim da história" com a pregação da vitória definitiva do capitalismo contra o comunismo. A campanha de Collor bebeu nessa fonte. E algumas lideranças expressivas do partido também. Passaram a formular teses de adaptação ao capitalismo que congresso a congresso do partido foram descaracterizando seu ideário original, socialista, classista, para um partido da ordem, focado na estratégia eleitoral de acesso ao poder.

Isso aguou o programa partidário até que em 2002 (continuando depois) a corrente majoritária, encabeçada por José Dirceu, impôs a todos a Carta aos Brasileiros, um programa pífio que permitia a aliança com setores do capital e da direita para vencer a eleição. E depois da posse de Lula foram feitas concessões à direita para "não dar cavalo de pau"no Brasil, ou seja, nada que pudesse assustar os donos do poder do estado. Lula só tinha o governo, não o poder real.

O sectarismo interno presente no rolo compressor da corrente majoritária Articulação e os acordos à direita fizeram o partido expelir suas correntes mais à esquerda, que desaguaram no PSTU, PSOL, PCO, Rede e em milhões de militantes e simpatizantes que foram abandonando o partido e passando à crítica de esquerda, alguns defendendo o legado das conquistas sociais, depois à lavagem das mãos, que é o que vemos hoje.

Os descontentes sinceros com o PT, não aqueles que nunca votaram, sempre foram contra e agora dizem que "traiu o país", agiram conforme os estímulos recebidos. A despolitização da campanha de Dilma, a própria Dilma com seu perfil tecnocrático, a política de alianças e cada vez mais concessões à direita e ao capital, quase levaram ao retorno da direita ao governo em 2014 através de Aécio Neves. Não fosse Lula percorrer o país buscando com seu prestígio pessoal e no resgate de alguma referência de esquerda, teria havido o desastre maior e hoje possivelmente viveríamos uma ditadura de direita que não permitiria que estivesse neste momento escrevendo isto.

O desafio da esquerda não é deixar o PT se acabar pelos ataques da direita apostando em tomar sua base social no momento seguinte. Fosse assim hoje o PSOL, PSTU e outros estariam com milhões de filiados angariados entre os descontentes. O que fica das ruínas do PT é a direita forte, com ideologia padrão Cunha e sua base de primatas políticos. Se com Dilma  contra e algum movimento de massa ainda contra as leis favorecendo o capital e destruindo avanços sociais estão passando no Congresso, imaginem sob um governo Aécio?

O grande desafio hoje é barrar a direita e fazê-la voltar aos encanamentos fétidos de onde emanam suas idéias. Não é defender Dilma nem o PT ou Lula, mas rebater toda essa coreografia, esse oba-oba que contaminou até a juventude e fez surgir igrejinhas com seus clérigos do oportunismo como Revoltados On Line, Movimento Brasil Livre, etc. Falta condenar e partir para o combate dessas idéias, não ficar de braços cruzados como hoje se vê diante de uma manifestação que pede a volta da ditadura, torturas, fechamento de partidos e extermínio da esquerda. Ser de direita tem que voltar a ser algo vergonhoso, execrável, proibitivo de falar em público a partir da pressão social.

Dilma navega nas águas sujas que lhe chegam aos pés. Agora se submeteu à Agenda Brasil, de Renan, do PMDB e do capital mais explícito para poder sobreviver. Como quando estava presa na ditadura. Vão a todo momento lhe dar papéis para assinar assumindo o elenco de maldades contra os trabalhadores e os mais pobres. Há quem ache isso ótimo, porque acaba com o PT mais rápido e aí a esquerda cresce mais fácil. E prepare movimentos sociais para enfraquecer mais ainda Dilma sem atacar a verminose de direita.

Hoje foi um fiasco a manifestação e muita gente inteligente saiu do limbo para atacar a direita, mesmo sem defender Dilma ou o PT. É por aí. O lema do fascismo espanhol era "Morte à Inteligência, viva a Morte". Isso não pode vencer. E digo mais: partir para o confronto direto de idéias para fechar o bueiro com a direita dentro novamente hoje é mais avançado para a politização que ficar denunciando as contradições de Dilma e o PT fazendo coro com aqueles que não querem esquerda nenhuma. Como cantava Cazuza, a burguesia fede, só olha pra si,  é a direita, é a guerra.

Como fazer? A tarefa é gigantesca mas, ao mesmo tempo, simples de executar. A cada discurso direitista deve caber uma reação desigual e maior, na proporção real entre ricos e outros na sociedade, ou seja, 1 para 99. O esgoto direitista tem que ser diluído com muita água limpa da democracia, da ética, do respeito, do amor. Isso vale para festinhas de família, redes sociais, locais de trabalho, turma do futebol, grupo de igreja, todo lugar. Não se pode dar asas a cobras. Quando perceberem que não estão agradando, que o discurso e práticas não encontram eco nas pessoas decentes, correrão para os ralos e ficarão contidos até que a sociedade dê outra bobeira.


























quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Dilma : Mãe de aluguel de filho do capital?

O núcleo duro do capital sai das sombras para ditar novas regras ao Brasil
No final da semana passada alinharam-se fatos políticos que ainda não estão bem compreendidos porque a cada dia temos um pedaço de surpresas envolvendo o embate político entre governo e oposição. Concretamente há uma guerra declarada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, à presidente Dilma, que aponta para alguma forma de impeachment no tapetão que poderia trazer sérios conflitos sociais e mesmo guerra civil, paralisando o país e destroçando a economia com fuga de capitais, fim da atração de investimentos, desvalorização da moeda, agravamento da inflação e desemprego, etc.

Além disso Cunha foi acusado por delação premiada na operação Lava Jato de ter recebido propina de empreiteira, o que elevou o tom do seu achaque a Dilma, querendo que ela o livre disso ou terá o pior dos infernos. Como se Dilma tivesse algum poder para isso, já que Vaccari e Dirceu encontram-se presos nas masmorras do Dr. Moro. Aliado ao setor mais raivoso do PSDB, que tem Aécio Neves como expoente, uniu bancadas para passar o trator no governo em questões que podem aumentar gastos públicos e inviabilizar o ajuste fiscal para desgastar a presidente com vetos sobre reajustes salariais, etc.

O uso do Legislativo como instrumento de poder pessoal e de vingança alertou o cerne do capital, que não vê Dilma caindo sem um grande estrago. Como ela mesma disse, não é Jango para sair sem lutar, nem Getúlio para se matar. E que verga mas não quebra. Ao seu lado há setores da sociedade que, mesmo sem apoiar seu governo, se oporão a qualquer ruptura institucional como um impeachment eivado de falsas provas de algum delito. E os movimento sociais, como o MST, sindicatos e outros que podem fazer de junho de 2013 uma referência tranquila perto do que seria uma resistência ao golpe. Além disso há a predisposição dos fascistas em aproveitar o caos para espalhar terror promovendo chacinas de oponentes políticos em caso de instabilidade.

Diante de tudo isso o "hardcore" do capital, as pessoas que representam o poder de fato, acima das instituições democráticas do estado de direito, resolveram intervir para acabar com isso. Se antes apoiavam um golpe em estilo paraguaio, sem reações, acreditando na mentira dos 7% de apoio a Dilma que espalharam nas suas mídias, agora enxergam que o "timing" foi perdido. O golpe era para ter sido desfechado em abril, com manifestações de rua da direita e praticamente nenhuma reação da esquerda, perdida em críticas do governo que ameaçava direitos trabalhistas. A rejeição ao governo diante dos reajustes dos combustíveis e energia era grande, potencializada pela mídia bandida.

Eis que Cunha começou a tumultuar o ambiente político com tentativas de achaque, seguido do PMDB e do PSDB, e colocar em pauta assuntos polêmicos como a liberação da terceirização, redução da maioridade penal e financiamento público de campanhas, onde desprezou regimentos e votou de novo matérias que haviam sido rejeitadas, enfim, fez uma grande lambança.

O PSDB, que a princípio estava firme no propósito do impeachment com novas eleições, bateu de frente com a ambição de Cunha de ser candidato a primeiro-ministro parlamentarista ou entregar o governo ao PMDB via Temer, contrariando os tucanos.

Apesar dessas diferenças prejudicarem o ambiente político para o golpe, o PSDB de Aécio chutou às favas os escrúpulos e passou a se aliar a Cunha até em matérias onde deveria se opor, a serviço do capital que o sustenta e quer um estado mínimo com menos impostos. Nesse movimento lideranças como Alckmin e Serra frearam, olhando para 2018 onde avaliam ganhar a eleição com Dilma e o PT completamente desgastados.

Enquanto Cunha e Aécio se desgastavam, Lula surgiu em cena e começou a organizar, através de sua pré-candidatura para 2018, diversos setores descontentes com Dilma para resistir ao golpe e garantir as próximas eleições. Lula goza de preferência de mais de 50% do eleitorado, mesmo sendo atacado diuturnamente e ameaçado de prisão pelo circo do Dr. Moro por... sei lá, qualquer coisa que gere sua imagem algemado num camburão para divulgação na mídia.

 Enquanto as manifestações dos fascistas faliam diante de baixarias expostas e propostas como "intervenção militar" que assustam, do lado dos movimentos sociais houve crescimento, inclusive no sentido de resistir ao golpe. Enquanto os coxinhas preparam mais um ato vergonhoso de riquinhos fazendo besteiras e espalhando ódio no dia 16, centrais sindicais e outros movimentos preparam um grande ato para o dia 20 contra as medidas antissociais de Dilma e contra o golpe. A Marcha das Margaridas hoje levou a Brasília cerca de 70 mil mulheres do campo que receberam amistosamente Dilma e Lula. Isso corrobora a preocupação do capital com a perda de controle sobre o país em caso de conflito.

Com Cunha fora de controle e Aécio ensandecido a ponto de convocar a marcha da direita do dia 16 no programa eleitoral do PSDB e avaliando que Dilma resistirá até o fim e nisso o país marchará para o caos e a violência, os senhores do capital resolveram retirar o apoio ao golpe e pactuar com Dilma alguns pontos programáticos de seu interesse para que não seja necessário retirá-la do cargo. Dilma seria mãe de aluguel de uma criança do capital, é a proposta. Assim manteria baixa sua aceitação, prejudicando o PT e Lula com medidas antissociais, o Brasil manteria perante o mundo uma aparência de normalidade democrática e os investidores não fugiriam. Com medidas que passem para os mais pobres a conta do ajuste econômico e aumente os lucros garantidas pelo governo Dilma o capital teria um enorme ganho. Pior: passando para Dilma a tarefa de manter os movimentos sociais sob controle.

Eis que a FIESP e a FIRJAN lançam notas criticando as medidas do Congresso para aumentar gastos e demonstram apoio a Dilma. Os 27 governadores reunidos, inclusive os do PSDB, mostraram-se dispostos a trabalhar com Dilma. Aí veio a parte mais visível da guinada: a Globo e demais meios de comunicação da Mídia Bandida tiveram que esquecer o passado para se adaptarem à nova tática dos capitalistas. Parece coisa do livro "1984" de George Orwell, onde o estado a todo momento mudava de inimigo e sua mídia mudava tudo, inclusive a história passada.

A peça final da manobra veio pelas mãos do presidente do Senado,  Renan Calheiros, que deu declarações públicas de fidelidade a Dilma e se comprometeu a não dar andamento a medidas que desinteressem ao capital. Das suas mãos surgiu um conjunto de propostas, a "Agenda Brasil" para "acelerar o desenvolvimento" no pós-ajuste fiscal, que flexibilizam privatizações, barreiras ambientais, direitos sociais, etc. A ponto de propor que as consultas do INSS sejam pagas conforme a renda, liquidando o SUS. Como compensação o governo Dilma teria "governabilidade" sem o massacre midiático e manteria algumas conquistas sociais.

A pressão de mídia agora é para que Dilma encampe esse programa alheio confrontando os movimentos sociais. E para Cunha e o PSDB se enquadrarem ao "pacto". Cunha já descartou isso, enquanto Aécio já deixa dúvida sobre sua participação no ato do dia 16. A Força Sindical, braço do capital, também recuou de participar do ato.

O capital não ponderou que adiou uma crise grave com impeachment fora de hora para criar tensões que poderão ser muito maiores à medida que o programa de Renan for posto em prática. Sem o impeachment e com Dilma blindada pela mídia sua imagem melhorará, já que os efeitos do ajuste fiscal sobre a inflação aliados à redução do custo da energia com a inauguração de grandes hidrelétricas traz a perspectiva de melhora do cenário econômico. Além do mais o capital errou na mão apostando no golpe e suas pesquisas deram míseros 7% de aceitação a ela, ou seja, não tem mais para onde cair e a tendência será de subir, o que deverá ser lido como melhora do seu governo, o que não é bom para quem quer chegar a 2018 botando a faixa presidencial sem esforço no seu candidato. Vamos ver como as coisas se desenrolam.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Dilma : A sofrida travessia até 2018

Resistir aos ataques da direita é a tarefa da esquerda hoje
Eu vi o programa do PT na Internet. Bem produzido, buscando esclarecer o pacote de maldades do Levy e pedindo crédito ao eleitorado para o que Dilma chamou de "travessia" da crise.  Separa as opções entre a esperança e o medo colocando na conta dos interesses particulares e escusos diversas fotos de opositores, onde se nota a falta de Eduardo Cunha, o principal vilão do momento, autor do "pacote-bomba" contra Dilma. Por fim, ironiza o panelaço inevitável diante da convocação pela grande mídia e oposição partidária e 71% de desaprovação, segundo as sempre suspeitas pesquisas do Datafolha. 

O programa  deve ter produzido efeitos sobre alguns descontentes que só conseguem ver o massacre de mídia negativa em relação ao governo, à economia e ferindo a autoestima nacional. Com esses o PT ganha sobrevida e alimenta também a sua cada vez menos fiel militância.

Do ponto de vista do conteúdo foi decepcionante para pessoas como eu, que fui do partido, depois continuei como simpatizante e hoje tudo que não quero é o retrocesso ao tempo da ditadura ou aos anos FHC, nem que para isso tenha que defender Dilma e seu projeto pífio que pouco se diferencia dos neoliberais a não ser pelo cuidado com a lenta inclusão social. O programa foi o de sempre, despolitizado, sem apontar mobilização, apelando para a piedade em relação a Dilma e ao respeito ao seu passado de resistência. 

Na hora do programa fui à rua mapear o panelaço. Já foi maior. O interessante, que acho representativo dos paneleiros, é que se quer derrubar Dilma por causa da corrupção, etc. Aqui e ali se ouvia gritos "Dilma" como esboço de reação não tão política, mas para afrontar os que protestavam. 

A diminuição do barulho não signica fortalecimento do governo. Pelo contrário: mais capitulação aos interesses do capital, como os pactos por  governabilidade com governadores e entidades do capital como a FIESP e a FIRJAN contra os atos do Congresso que aumentem gastos, sem apontar para o equilíbrio fiscal através da taxação das riquezas. Entre as elites cresce a convicção de ser melhor deixar Dilma sitiada até 2018 fazendo o programa econômico da oposição e minguar a cada instante as poucas conquistas sociais para tomar o país nas eleições. 

Tirar Dilma agora significará abrir a temporada de disputas vorazes entre o PMDB de Cunha e o PSDB de Aécio em meio à oposição do PT e dos movimentos sociais aos inevitáveis ataques aos direitos sociais e trabalhistas seguindo o modelo do FMI. Como a crise é mundial, tais remédios não melhorarão a economia e trarão efeitos colaterais terríveis que levarão a oposição a um eventual governo Temer à vitória em 2018. Pior para eles: uma esquerda bem mais poderosa que o PT pode ascender nas lutas sociais, se ainda restar algum espaço democrático. 

O golpismo arrefece. No dia 16 de agosto veremos pela mídia o mesmo "freak show" dos outros atos dos fascistas com apelos a golpe militar, bonecos de Lula e Dilma enforcados, provocações a tudo que tenha cor vermelha, ódio espumante e principalmente a ala mais raivosa do PSDB liderada por Aécio enfiando o pé na jaca enquanto é sabotado por Alckmin e Serra. Pode ser o ato final desse ciclo que dará "estabilidade instável" a Dilma para mais uma vez ser torturada pela direita até 2018. 

O PT cansou. Brochou. Vive de glórias do passado e não consegue se revigorar congresso a congresso, mantendo-se a mesma direção que o levou ao declínio. Poucas correntes de esquerda sobrevivem no seu interior ainda acreditando que se trata de um partido em disputa. A maioria das lideranças vive fisiologicamente do governo e dos parlamentares, sem contato com o movimento social. Pior: cooptando os movimentos vivos, que cada vez mais se afastam do PT e do governo. 

A luta de alguns setores da esquerda hoje não é para defender o PT ou o governo DIlma, mas para evitar que a  da direita tome o poder e nos enterre como nos anos perdidos FHC ou na ditadura militar. Quem ainda dá sobrevida ao governo, em especial, é o "limbo de esquerda", um conjunto de centenas de milhares de ex-militantes, ex-ativistas e ex-simpatizantes do PT e de Lula que o deixou de lado à medida que o partido ia se degradando. 

São os que aparentam estar fora de combate mas aparecem para combater a festa da direita, em especial nas redes sociais. São os que pedem voto contra a direita, mesmo que isso beneficie os candidatos do PT. A esses se somam alguns setores do PSOL, PCO, e PC do B, que compartilham a percepção do retrocesso de um golpe que pode jogar toda a esquerda na ilegalidade, na cadeia e nas covas sem identificação. A direita nunca foi punida pelos crimes da ditadura, e essa sensação de impunidade impulsiona as ações de ódio e terror. 

Um golpe hoje significaria em curtíssimo prazo a vitória do poder que se sustenta através da superestrutura das instituições burguesas dominando o judiciário, o ministério público, as polícias, a mídia, o capital financeiro e os rentistas. Derrubar Dilma é botar nas ruas hordas de criminosos políticos para amarrar petistas e outros em postes e linchar, bombardear bem mais que o Instituto Lula, tocar fogo novamente na UNE, como em 1964 e sair pelas ruas em milícias nazistas como na Ucrânia achacando e intimidando tudo que se pareça com lutas sociais. A brochada do PT e a resistência do governo Dilma a resistir aos ataques chamando à mobilização podem nos levar a um retrocesso de décadas. 



quinta-feira, 6 de agosto de 2015

YOUTROUXA 126 : "Dólar dispara e bate recordes"

Como hoje em dia as pessoas terceirizaram seus cérebros e o que a mídia diz passou a ser verdade inconteste, a falácia da "crise generalizada" para afastar Dilma porque "não tem condições de controlar a economia" passa agora pela farsa sobre o dólar.

Para começar, a maior cotação do dólar frente ao real foi de R$3,9544 no dia 22/10/2002. O país estava em crise, quebrado pela terceira vez vivendo de empréstimos do FMI. Sim, o presidente era Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e entregou o governo a Lula com inflação de 2002 em 12,53%. A taxa de juros era de 21,90%.

Querem fazer o povo de trouxa mais uma vez, por isso vamos calcular quanto seria o dólar hoje consideradas as inflações brasileira e americana no período.

A inflação oficial brasileira acumulada, segundo a calculadora do Banco Central com base no IGP-M da Fundação Getúlio Vargas no período desde o Plano Real, do governo Itamar Franco (jul/1994), até julho de 2015, foi de 536%, ou seja, se algo custava R$ 1, como o dólar, hoje deveria valer R$ 6,36.

Nos Estados Unidos também houve inflação de 61% nesse período, ou seja, algo que custasse por lá US$ 1 em 1994 deveria custar hoje US$ 1.61.
O poder aquisitivo do dólar no início do Plano Real era elevado em relação aos anos anteriores em viagens ao exterior, mas nada parecido com o dos últimos anos que fez milhões de brasileiros pela primeira vez viajar para fora do país. No governo de Dilma o dólar chegou a se estabilizar na faixa dos R$ 2, dando ao viajante e ao importador grande vantagem.

Suponhamos que uma calculadora financeira HP-12 custasse em 1994 US$ 40. Uso esse bem como exemplo porque é o mesmo há décadas. Podia usar um perfume de griffe ou outro bem inalterado ao longo do tempo. Pela inflação americana, hoje ela valeria US$ 64,4 por lá. Se um brasileiro a comprasse em 1994 pagaria R$ 40. Pela inflação brasileira, sua máquina custaria hoje R$ 254,4. Ou seja, convertendo o valor de hoje de reais para dólar, chegaríamos à cotação de 254,4/64,4= 3,95.

Trocando em miúdos toda essa enganação da mídia: se hoje o dólar fosse cotado a R$ 3,95 teríamos voltado ao valor de compra do início do Plano Real. Mesmo que fosse ficar a R$ 3,50, ainda estaríamos no lucro comparados os poderes aquisitivos no exterior de hoje e 1994. Tem um grupo terrorista de assessoria financeira que coloca nos seus anúncios na internet "Dólar a R$ 4 no fim do ano?" e diz que são os Messias para levar investidores ao paraíso no juízo final. Pois é, se chegar a esse valor, não será novidade. 

terça-feira, 4 de agosto de 2015

GOLPE : Autoatendimento BB - Identificação Positiva

Golpe novo na praça. Desta vez os criminosos se apropriaram de uma mensagem de segurança do BB para incluir no botão "IDENTIFICAÇÃO POSITIVA"  o link que não tem nada a ver com o BB : http://www.elakmakina.com/components/com_jforms/views/form/up.php . Para mim chegou com o título "Comunicado importante, auto atendimento n.:255939 04/08/2015 01:21:13"
Tela da mensagem do golpe mandado por e-mail

Nem precisa clicar para saber o que há por lá. Algum tipo de formulário onde se coloca os dados inclusive senhas. De fato, no BB há uma rotina de segurança "Identificação Positiva", que, além dos dados usuais, como senhas, também pede informações complementares em transações mais altas, como nome do pai ou mãe, data de nascimento, etc. Mais em http://www.bbseguranca.com.br/conteudo/5-Identificacao-Positiva . Na página do BB há um tópico sobre Identificação Positiva que aguarda colocarem conteúdo.

Se você caiu nessa, corra para trocar suas senhas antes que o bandido o faça. Comunique ao banco e aprenda de uma vez por todas que bancos não mandam e-mails nem para cobrança.