Na próxima quarta, o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, fará visita oficial ao Brasil. Para a diplomacia americana, os avanços da diplomacia iraniana no seu tradicional quintal são perturbadores, pois vários países, como Venezuela, Bolivia, Nicarágua e Equador já estabeleceram conexões políticas e econômicas fortes com o Irã, por culpa dos equivocos de Bush em relação à América Latina.
O governo direitista de Israel também está preocupado com a visita, e manifestações pró-Israel podem acontecer por aqui, batendo de frente com as pró-palestinas. O motivo é que Ahmadinejad chamou a política israelense para a Palestina de racista, o que nada mais é do que a reafirmação de uma resolução que chegou a ser aprovada na ONU há vários anos, já revogada. Para Netaniahu, de Israel, a coisa também não está boa, porque vai visitar os EUA e o governo Obama defende um Estado unificado para a Palestina, o que Israel não quer nem saber.
Considerando que a maioria da população no Iraque é xiita, que tem no Irã sua principal referência histórica, e o fracasso da política de Bush para estabelecer uma base sólida do Iraque ao Afeganistão, e que o Irã tem apoio da Rússia e China contra eventuais sanções da ONU e deve possuir armas nucleares, logo Obama terá que aceitar o fato consumado de haver uma potência muçulmana soberana na região.
Como a situação do governo fantoche do Paquistão anda pela bola sete, e a barra está pesando no Afeganistão, o governo Obama já fala em conversar com os talibãs mais moderados, se é que isso existe, para liquidar a Al Qaeda e tirar suas tropas da região, a exemplo do que já ensaia no Iraque. O Irã, apesar dos pesares de ser um estado religioso, tem eleições gerais e é a coisa mais parecida com uma democracia formal na região.
A exemplo de Lula, que Obama elegeu como "o cara" do imperialismo para assuntos da América Latina e para segurar a onda de Chavez, Morales, etc, não me surpreenderia se escolhesse Ahmadinejad como "o cara" para tratar com o mundo islãmico, já que Egito, Jordânia, Arábia Saudita, Kwait e outros mais "afáveis" não conseguem influir decisivamente para fazer acordos de pacificação da região. Isso implica em reconhecimento de soberania, algo impensável na era Bush e de todos os governos americanos simpáticos ao fascismo israelense.
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