Apesar do recesso parlamentar, Sarney continua fritando com a falta de decoro explicita do ato secreto que nomeou o namorado da sua neta para uma boquinha no Senado, abonado pelo velho coronel maranhense. Hoje o PSDB entrou com 3 representações contra Sarney por falta de decoro, o que pode forçar o desfecho do caso. A medida deve gerar represálias do PMDB. Renan Calheiros, outra peça boa do PMDB, teria ameaçado entrar com representações contra Artur Virgilio e Tasso Jereissati do PSDB também por falta de decoro, um por acolher funcionário fantasma no seu gabinete, outro por mau uso de passagens.
Da parte do governo, a bancada do PT, por maioria, resolveu reeditar o tímido pedido para Sarney se licenciar. O ministro José Múcio, da articulação política, disse que a nota não expressava o desejo da maioria dos senadores do partido, o que gerou nova reação dos senadores do PT e a desculpa esfarrapada do ministro, dizendo que não tinha tentado enquadrar ninguém. Lula hoje fez discurso pedindo o desfecho do caso, lavando as mãos ao dizer que o senado já tem maioridade para cuidar do caso.
Da parte da grande imprensa, em especial das organizações Globo, a campanha midiática é para infligir o maior estrago possível à base aliada e ao governo, nem que para isso tenha que enaltecer a atitude "rebelde" dos senadores do PT numa manobra para jogá-los contra Lula, e pregar Sarney ao máximo junto à imagem do presidente. O interesse da Globo, evidentemente, não é apenas de aniquilar um velho sócio seu, concessionário de TV da empresa no Maranhão e aliado dos seus interesses desde os tempos da Arena, mas remover o obstáculo para iniciar a CPI da Petrobrás e inviabilizar a criação do marco regulatório da exploração do petróleo na camada pré-sal na esperança postergá-lo para um eventual futuro de direita, como José Serra, por exemplo. Com Sarney renunciando ou licenciado, assumiria o suplente, do PSDB, por cerca de 30 dias, até uma nova eleição, tempo suficiente para muito estrago.
A megapizza viria na "solução negociada" para a saída de Sarney, que envolveria a retirada de todas as acusações a ele, a transição para a eleição de um novo presidente do senado dos quadros do PMDB, sem o oportunismo do PSDB na eventual vacância. O resultado seria Sarney fora, mas "limpo", assim como Renan Calheiros, e toda a sujeira do senado varrida para baixo do tapete, para alívio da quase totalidade de picaretas que usaram e abusaram de benesses e esgarçaram a moralidade do dinheiro público em benefício próprio. Isso frustraria os anseios da sociedade por uma política mais honesta, e absolveria a camarilha de corruptos, que, impunes, continuariam a rir das nossas caras.
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