Num raro gesto de mínima autonomia política, a bancada de senadores do PT expediu há poucos dias uma nota onde se posicionava timidamente pela licença do presidente do senado, José Sarney, dados os indícios de quebra de decoro por envolvimento do cacique maranhense com um "ato secreto" que nomeou para uma boquinha da casa o namorado da sua neta. Mesmo esse pequeno gesto não foi perdoado pelo Planalto, que botou o ministro da articulação política, José Múcio, para desautorizar os senadores do PT.
Os senadores reagiram, e Múcio, que não é do PT, recuou. Foi então acionada pelo Planalto a alta burocracia do PT para "centralizar" Mercadante, Arns, Suplicy e outros, com o presidente do partido, Ricardo Berzoini, vindo a público dizer que a nota atribuída a Mercadante seria "infantil", e lembrando que, se Sarney sair, o controle do senado ficará com a oposição. Reforçando o rolo compressor da burocracia partidária, o ex-dirigente petista José Dirceu disse ontem no seu blog que o que os senadores do PT fizeram não seria coisa do PT, e concordou com Berzoini.
Mesmo com seus direitos políticos cassados por envolvimento no escândalo do Mensalão, José Dirceu continua atuando nos bastidores do Planalto e influindo no PT como antes. E mostra coerência com a direção política que imprimiu ao partido na sua descaracterização programática e na supressão da democracia política interna, ao reforçar o centralismo de viés estalinista sobre qualquer voz distoante da vontade do governo, mesmo que tímida e envergonhada. Foi o principal causador do desgaste que o PT teve junto às suas bases, liquidando a militância, em troca do servilismo incondicional a qualquer acordo que viabilizasse a chegada de Lula ao governo, e, depois da posse, no balcão de negócios montado para garantir a governabilidade, rasgando todas as formulações táticas acumuladas por anos na discussão democrática das instâncias partidárias. Dirceu fez do PT um partido "igual aos outros" no que há de pior.
Pelo desserviço prestado ao PT, Dirceu não tem as qualificações para criticar qualquer atitude coerente de petistas. Nem para amordaçar ou agrilhoar aos que construíram suas trajetórias políticas com base na credibilidade, na honestidade, na coerência com os princípios e o programa daquele partido que já representou algo de novo na organização dos trabalhadores no mundo. Essa política perversa, suja, que faz o Planalto defender corruptos e apoiar candidaturas da base aliada sem consultar a vontade do PT, intervindo se necessário para enfiar goela abaixo suas táticas, é que não tem nada a ver com o partido.
Mesmo sob forte pressão e reagindo a enquadramentos, a maioria dos senadores do PT deve resistir e buscar apoio na sociedade e na imensa maioria de petistas desgostosos e calados para aumentarem o tom de voz e pedirem, claramente, em nome da história do partido, a saída incondicional de Sarney, a apuração de toda a bandalheira e mais respeito de dirigentes e governistas. E a José Dirceu que volte ao merecido ostracismo.
Deixa de ser iludido Branquinho. O PT não tem geito e se o Sarney começar a falar vai respingar nesta corja toda. Tem que acabar é com o Senado que só serve para tirar dinheiro do povo e desenvolver a corrupção mais deslavada.
ResponderExcluirTem que batalhar é para tirar a ilusão do trabalhador neste ninho de cobras e principalmente desgastar o Lula que é o maior defensor do Sarney.
Um abraço, com lutas!
Fernando Saraiva