Mais um desserviço do grupo que usa o mito "Anonymous" para se legitimar como dono da verdade, desta vez com a mensagem "
Brasil fez empréstimos no Banco Mundial para o Bolsa-Família". Sim, e daí? Qual o problema de pegar dinheiro a juros bem mais baixos que os praticados no mercado nacional, com prazo de até 20 anos e carência, para usar no programa reconhecidamente mais bem sucedido no mundo de combate à miséria?
Desde 1949 os governos brasileiros recorrem ao Banco Mundial para financiar os mais diversos setores (vide gráfico). Só agora, ao receber a última parcela do empréstimo, que ninguém da oposição, Tribunal de Contas ou qualquer outro potencial crítico ou fiscalizador tenha falado nada? Não é porque todos cochilaram, mas é porque é normal, corriqueiro. Todos os governos fizeram isso. Por que então a "novidade", o "absurdo", coisa de quem diz ter acordado no ano passado? Não é para debater, é para aterrorizar mesmo.
A questão é propositalmente desinformar para criar o preconceito de um "governo incompetente", que serve a vários interesses. Algo como denegrir a imagem da Petrobrás, baixar o preço das suas ações para comprá-las barato, depois encher a mídia de informações positivas, elevar os preços das ações e vendê-las com grandes lucros especulativos.
Sim, o Brasil pegou dinheiro emprestado para acabar com a miséria. Os projetos apresentados tinham esse escopo e o Banco Mundial, que é muito criterioso na aprovação de empréstimos, não apenas concordou em emprestar US$ 16 bi como enche a bola do projeto, copiado no mundo todo, até por
Japão e Suíça.
A matéria tendenciosa também desperta comentários como "tem dinheiro sobrando para emprestar em Cuba mas falta para o bolsa-família", característicos de pessoas que não têm noção de finanças. Negócios não são como finanças pessoais, onde se recorre a um banco na hora do sufoco ou por falta de opção de comprar à vista. Uma empresa se alavanca com crédito procurando as fontes mais baratas: capital próprio, capital de acionistas, linhas de crédito mais baratas e finalmente, em caso de sufoco, agiotas legalizados.
Se minha empresa quer crescer e obrigatoriamente vou tomar dinheiro dos outros, que seja pelas melhores condições. Ou seja, quando o Brasil pega dinheiro do Banco Mundial a juros baratos, deixa de pegar com um banco brasileiro pagando na base da SELIC, que hoje está em 10,5%. Não é melhor pegar num banco que cobra 3%? É o que empresas e governos sadios com credibilidade fazem. Nada de excepcional, escuso, anti-patriótico.
O problema dos ditos Anonymous não é o empréstimo, mas a finalidade: Bolsa-Família. Fazem o discurso dos que não aceitam a ascensão social, da direita, que quer um imenso exército de miseráveis para solapar o mercado de trabalho aceitando condições péssimas de exploração. Entram na onda dos que também não entendem que emprestar dinheiro do BNDES a outros países não é só por juros: tem venda de produtos brasileiros que geram empregos aqui, geram impostos sobre os lucros das empresas, giram cadeias produtivas, etc. Não é todo mundo que entende isso, e aí fica repetindo o que ouve por aí, como um papagaio otário. Intencionalmente se faz um texto longo, de difícil entendimento, para validar conclusões erradas e atacar o Bolsa- Família
Para quem quiser ler mais sobre Banco Mundial segue o link de um artigo de onde tirei o gráfico acima e fala mais especificamente dos empréstimos no governo FHC.
"O Brasil e o Banco Mundial : As relações e os investimentos do Banco Mundial com o Brasil durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)", de onde extraio o seguinte esclarecimento sobre juros.
“...Os países que recorrem aos recursos do Banco Mundial devem embolsar
os empréstimos num prazo de quinze a vinte anos, com quatro a cinco
anos de carência. A taxa de juros é menor do que a praticada
no mercado privado de capitais, pois ela é calculada segundo
os custos objetivos do Banco, acrescidos de uma dois por cento
de despesas administrativas...."
Segue a íntegra do anúncio da parcela do empréstimo destinada à melhoria da gestão, com os comentários elogiosos do Banco Mundial.
http://www.worldbank.org/pt/news/press-release/2010/09/17/brazils-landmark-bolsa-familia-program-receives-us200-million-loan
COMUNICADO À IMPRENSA
Banco Mundial aprova US$ 200 milhões para fortalecer o Bolsa Família
17 de setembro de 2010
WASHINGTON, 17 de setembro de 2010 -
O Banco Mundial aprovou um empréstimo de US$ 200 milhões para a segunda
fase do programa de apoio ao Bolsa Família, no contexto do Compromisso
Nacional pelo Desenvolvimento Social. O Programa Bolsa Família (PBF)
atinge 12,7 milhões de famílias (ou cerca de 50 milhões de pessoas) e
está entre os mais eficientes programas de proteção social no mundo,
tendo ajudado a retirar cerca de 20 milhões de pessoas da pobreza entre
2003 e 2009, bem como reduzir significativamente a desigualdade de
renda.
“O Brasil é outro com o Bolsa Família. Este programa mudou a vida de
milhões de famílias e contribuiu para uma profunda transformação social e
econômica do País, integrando milhões de excluídos”, disse a Ministra
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes. Para ela, o
Banco Mundial teve um papel importante na consolidação do Bolsa Família
em 2004 e este novo financiamento se integra no processo de
aperfeiçoamento do programa.
A primeira fase do programa de apoio do Banco Mundial contou com
empréstimo de US$ 572 milhões, aprovado em 2004, que visava ajudar a
desenvolver, fortalecer e expandir o programa o principal programa de
proteção social do Brasil. O Bolsa Família faz transferências de renda
diretamente às famílias de baixa renda que mantêm seus filhos na escola e
sob supervisão médica regular. Dessa forma, o PBF busca reduzir a
pobreza imediata e futura, rompendo sua transmissão inter-gerações.
“Desde 2003, o país fez progressos significativos na redução da
pobreza, da desigualdade e para melhorar as oportunidades de
desenvolvimento de sua população vulnerável”, disse o Diretor do Banco
Mundial para o Brasil, Makhtar Diop. “Mas o Bolsa Família recentemente
também se revelou fundamental como uma importante rede de proteção para
reduzir o impacto sobre os pobres dos aumentos nos alimentos e no
petróleo, e mais recentemente da crise financeira e recessão global”.
Esta segunda fase busca reforçar ainda mais a capacidade do Bolsa
Família para alcançar os objetivos de redução da pobreza e da
desigualdade e promover o uso dos serviços de educação e saúde pela
população de baixa renda. Entre 2003 e 2009, a pobreza (PPC US$ 2 por
dia) caiu de 22% da população de 7%. A renda da população mais pobre
cresceu sete vezes mais do que a dos mais ricos, e três vezes a média
nacional. Como resultado, a desigualdade no Brasil caiu acentuadamente
entre 2001 e 2009, e está no nível mais baixo em 30 anos. O PBF
contribuiu para esses resultados juntamente com vários outros programas e
o crescimento econômico geral.
O novo financiamento vai ajudar a:
- fortalecer o gerenciamento e controle do programa em três áreas
principais: o cadastramento de beneficiários, a gestão de benefícios e o
acompanhamento das condicionalidades;
- consolidar o sistema de monitoramento e avaliação do programa; e
- integrar outros programas de proteção social com o Bolsa Família,
para promover inovações e estratégias de saída da pobreza por meio de
investimentos em áreas como incentivos educacionais e relações com o
mercado de trabalho e programas de produtividade.
A segunda fase apoiará reformas e adaptações do Programa Bolsa
Família para aumentar a sua eficácia na busca de metas como: pelo menos
75% das famílias 20% mais pobres recebendo o benefício; pelo menos 90%
das crianças com idade escolar primária de famílias beneficiárias
extremamente pobres na escola, e pelo menos 75% das crianças com idade
entre 0-6 anos e mulheres grávidas em conformidade com as
condicionalidades de saúde.