quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Dólar muito barato impulsiona viagens ao exterior

Nos últimos dias se bateu no governo porque aumentou o IOF para o uso de cartões de débito de 0,38% para 6,38%, igualando-o ao cartão de crédito. Os mesmos que desceram a ripa em Dilma por causa disso eram os que dias antes falavam do desequilíbrio nas contas externas por conta do saldo negativo, em parte, por conta do turismo externo desenfreado. Alguns chegaram a dizer que Dilma queria proibir viagens ao exterior. Será mesmo?

Em 1995 viajei pela primeira vez à Europa. Quando em julho de 1994 Itamar Franco lançou o Plano Real, um real equivalia a um dólar. Nos dias seguintes a moeda brasileira se valorizou, ou seja, pudemos comprar dólares mais baratos. Mesmo assim a inflação remanescente era alta, ou seja, o dólar se desvalorizou no poder de compra em relação ao real mas também em relação à inflação. Pelo estudo que fiz (vide tabela) demonstro que, para atualizar com a inflação o dólar deveria estar hoje a R$ 4,16. Está a R$ 2,35, ou seja, 56,58% do que valeria em julho de 1994 se outros fatores não influenciassem no câmbio.

O gráfico e os dados mostram que nem sempre foi assim. Entre 1999 e 2004 o real se desvalorizou tanto que o dólar corrigido ficou abaixo do câmbio, ou seja, em termos reais a moeda brasileira afundou. Foi um período onde viajar ficou proibitivo. Além do mais, foi o auge do arrocho salarial depois de muitos anos de reajuste zero do governo FHC.

Com Lula e Dilma o Real voltou a se valorizar pela retomada dos investimentos estrangeiros, trazendo dólares em grandes quantidades, permitindo formar uma reserva de mais de R$ 300 bi hoje. A crise de 2008 afundou mais ainda a moeda norte-americana pois o governo Obama passou a injetar trilhões de dólares na recuperação da economia, aumentando a oferta de moeda e baixando seu valor em todo o mundo. Com isso muitos países passaram a importar mercadorias mais baratas, baixando preços que seguraram a inflação, como o Brasil. Agora que o governo dos EUA fala em parar de injetar dinheiro, o dólar subirá em todo o mundo causando inflação.

O governo brasileiro se antecipou e passou a aceitar patamares maiores para a moeda. Em pouco mais de um ano o dólar subiu de R$ 1,56 para R$ 2,35 (50%), e ninguém chiou muito porque estava baratíssimo. Foi o auge das viagens ao exterior. Muitos dos que usufruem voltam falando mal, mas se não fosse uma economia forte e bem administrada, fugindo à crise global, ninguém estaria viajando. Se fossem aplicadas as fórmulas defendidas pelos "iluminados" da mídia, estaríamos hoje com alta taxa de desemprego, salários baixos e o dólar beirando os R$ 4. É um verdadeiro "bolsa-turismo", mas desse não tem coxinha que reclame. Mas vaia a Dilma.



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