
Em 1995 viajei pela primeira vez à Europa. Quando em julho de 1994 Itamar Franco lançou o Plano Real, um real equivalia a um dólar. Nos dias seguintes a moeda brasileira se valorizou, ou seja, pudemos comprar dólares mais baratos. Mesmo assim a inflação remanescente era alta, ou seja, o dólar se desvalorizou no poder de compra em relação ao real mas também em relação à inflação. Pelo estudo que fiz (vide tabela) demonstro que, para atualizar com a inflação o dólar deveria estar hoje a R$ 4,16. Está a R$ 2,35, ou seja, 56,58% do que valeria em julho de 1994 se outros fatores não influenciassem no câmbio.

O gráfico e os dados mostram que nem sempre foi assim. Entre 1999 e 2004 o real se desvalorizou tanto que o dólar corrigido ficou abaixo do câmbio, ou seja, em termos reais a moeda brasileira afundou. Foi um período onde viajar ficou proibitivo. Além do mais, foi o auge do arrocho salarial depois de muitos anos de reajuste zero do governo FHC.
Com Lula e Dilma o Real voltou a se valorizar pela retomada dos investimentos estrangeiros, trazendo dólares em grandes quantidades, permitindo formar uma reserva de mais de R$ 300 bi hoje. A crise de 2008 afundou mais ainda a moeda norte-americana pois o governo Obama passou a injetar trilhões de dólares na recuperação da economia, aumentando a oferta de moeda e baixando seu valor em todo o mundo. Com isso muitos países passaram a importar mercadorias mais baratas, baixando preços que seguraram a inflação, como o Brasil. Agora que o governo dos EUA fala em parar de injetar dinheiro, o dólar subirá em todo o mundo causando inflação.
O governo brasileiro se antecipou e passou a aceitar patamares maiores para a moeda. Em pouco mais de um ano o dólar subiu de R$ 1,56 para R$ 2,35 (50%), e ninguém chiou muito porque estava baratíssimo. Foi o auge das viagens ao exterior. Muitos dos que usufruem voltam falando mal, mas se não fosse uma economia forte e bem administrada, fugindo à crise global, ninguém estaria viajando. Se fossem aplicadas as fórmulas defendidas pelos "iluminados" da mídia, estaríamos hoje com alta taxa de desemprego, salários baixos e o dólar beirando os R$ 4. É um verdadeiro "bolsa-turismo", mas desse não tem coxinha que reclame. Mas vaia a Dilma.
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