sábado, 6 de outubro de 2012

A direita e a relação de amor e ódio aos tribunais

O julgamento do mensalão está servindo para mostrar mais o caráter (ou a falta dele) da extrema-direita que faz campanha golpista pela internet. Tenho recebido e-mails de gente que sei ser racista, escravagista mesmo, defendendo o ministro Joaquim Barbosa, que é negro, nomeado por Lula, até para presidente da república, porque está agindo como promotor anti-petista no caso do mensalão.

Inventam até que os militares montaram um esquema para defender Barbosa, que teria sua vida ameaçada por petistas e outras baboseiras paranóides. Quando os ministros não votam com o relator, recebem a ira destemperada de outros e-mails, como o relator Lewandovski e o ministro Dias Tófoli. Querem processos, destituição e que se afastem a partir de uma alegada inidoneidade e parcialidade pró-petista.

Por que essa relação de amor e ódio da extrema-direita com o judiciário? Uma explicação é que de tempos em tempos chega ao Supremo algum tipo de processo falando em rever a lei da Anistia. Em outros países latino-americanos, onde as próprias ditaduras militares se auto-anistiaram com leis desse tipo, os juízes das supremas cortes as tornaram sem efeito, permitindo o julgamento dos criminosos que torturaram, estupraram, mataram, perseguiram e fizeram sumir muita gente nesses períodos de exceção.

A direita não dorme no ponto, e sabe que a última cidadela de defesa de muitos dos seus é o supremo. Quando a Comissão da Verdade terminar seu trabalho, é previsível que pressões sociais exijam punições, e quanto mais eles conseguirem denegrir e afastar será melhor para manterem a impunidade. 

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