domingo, 7 de dezembro de 2014

Intervenção Militar : 50 anos depois a direita não aprendeu a lição

 A foto a cores da manifestação de ontem em São Paulo pedindo intervenção militar tem elementos que merecem ser analisados à luz da história, recuando 50 anos. A moça tem um cartaz onde se pede intervenção, "faxina" e devolução do poder aos civis em 90 dias. No contexto, alimentando os gatos-pingados que vão às ruas pedir a volta dos militares, a extrema-direita anti-cubana, escândalos na Petrobrás e a mídia alimentando o ódio ao governo legitimamente eleito e focado na melhoria das condições de vida do povo.

Em 1964 era muito parecido com o que hoje os golpistas fazem. A UDN era o partido de Carlos Lacerda, governador da Guanabara, que assim como o ex-presidente Juscelino Kubistchek, Ademar de Barros, governador de São Paulo, e Magalhães Pinto, governador de Minas, desconfiava que se Jango terminasse seu mandato e fizesse as reformas de base seria reeleito em 1965. Isso foi mostrado por pesquisas do IBOPE recentemente divulgadas. A forma de evitar a derrota eleitoral seria derrubar o governo, botar os seus correligionários na ilegalidade e fazer uma eleição só entre candidatos da direita.

Dias antes do golpe Castelo Branco era contra a onda dos coxinhas
JK, Pinto, Lacerda e até o avô de Aécio, Tancredo Neves, embarcaram na onda do golpe fazendo uma campanha moralista e anticomunista. Nos bastidores atiçavam os militares para depor Jango, e assim o fizeram em 1o de abril de 1964, articulados com o Congresso, que na madrugada declararam vago o cargo da presidência mesmo com Jango em território nacional. Ranieri Mazzili, presidente do congresso, passou a ser o novo presidente. Até aí os civis estavam, aparentemente, no comando da situação.

Do lado militar o então Chefe do Estado-Maior do Exército, General Humberto Castelo Branco,  dias antes do golpe, 2em 20 de março de 1964, sentindo a pressão pela tomada do poder  pelos militares em apoio ao discurso coxinha, publicou uma circular dizendo que "as forças armadas são para defender a lei, não a baderna". No documento há uma frase interessantíssima, que diz: "AS FORÇAS ARMADAS NÃO PODEM ATRAIÇOAR O BRASIL. DEFENDER PRIVILÉGIOS DE CLASSES RICAS ESTÁ NA MESMA LINHA ANTIDEMOCRÁTICA DE SERVIR A DITADURAS FASCISTAS OU SINDICO-COMUNISTAS". Destaquei a frase para mostrar que alguns militares não queriam uma república do que hoje chamamos de "coxinhas".

Mesmo assim a UDN, partidos de hipócritas como tantos que hoje vemos com rabo preso fazendo discursos de moralidade, apostava em facilitar a vida do seu candidato na eleição futura influindo na escolha de um chefe militar aliado que pusesse na cadeia seus adversários. Nesse embalo foram os que defendiam que os militares deveriam ficar mais tempo já que a "operação limpeza vai longe", como estampava um jornal nos primeiros dias do golpe.

Os radicais militares exigiram um militar presidente pós-Mazzili. A UDN, que a princípio foi na onda, começou a sentir que perdia o controle da situação. Os mandatos começaram a ser cassados pelos militares, gente era destituída dos cargos a partir de delações de desafetos que os acusavam de "comunistas". Juscelino, que era muito inteligente, sentiu o clima e pediu "anticomunismo sem excessos". A própria UDN em seguida se colocou contra a cassação de mandatos.

Nas fileiras militares havia golpes dentro do golpe. O general Mourão, que começou a marcha para derrubar Jango, aboletou-se na presidência da Petrobrás dizendo que iria fazer uma faxina anticomunista e que ali era um antro de corruptos. Simplesmente queria tomar conta da empresa. Felizmente depois não foi confirmado no cargo, mas sua atitude ilustrar como era fácil pegar nacos do governo como feudos a partir de falsas denúncias e de poder armado.

Moral da estória: quem pediu a intervenção militar acreditando na volta do poder aos civis num curto espaço de tempo acabou vendo uma ditadura se instalar sem data para terminar. A princípio era para fazer a "faxina", completar o mandato de Jango e fazer eleições em 1965. Depois o mandato de Castelo Branco foi esticado até 1966 e 1967. Lacerda e Ademar de Barros tiveram os direito políticos cassados. Castelo Branco, que era visto como liderança militar mais "política" e "democrática", deixou o poder em 1967 e em seguida foi morto num suspeito acidente aéreo. E ficamos por toda uma geração pagando pela estupidez de quem foi às ruas em 1964 pedindo "intervenção militar", "limpeza" e "volta do poder aos civis".













sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Petróleo desaba de preço: bom ou mau?

O principal fato econômico do ano aconteceu ontem, com a decisão do cartel da OPEP (Organização dos países exportadores de petróleo) de manter as atuais cotas de produção, mesmo com a economia mundial demandando menos. O resultado está hoje nas bolsas de commodities, com a queda acentuada do preço da mercadoria a níveis inimagináveis há poucos meses. Parece até a Black Friday do petróleo...

Cair o preço do petróleo é bom para quase todos. Nos lugares onde a queda for repassada aos preços haverá ganhos instantâneos de competitividade por redução de custos. Nas empresas aéreas, por exemplo, onde 45% do custo é com combustível de aviação, a queda de preços pode estimular as viagens. O mesmo vale para transportes à base de derivados de petróleo em geral e geração de energia elétrica, como termelétricas à base de diesel. O mundo todo deveria respirar aliviado com essa notícia e aplaudir a Arábia Saudita, líder do cartel, como grande colaboradora para a recuperação da economia global, certo?

Se o primeiro choque do petróleo em 1973 jogou o mundo numa crise sem precedentes e encheu os cofres dos produtores de petróleo, não seria uma contradição agora os países do cartel baixarem os preços, aparentemente perdendo dinheiro, em benefício das economias de todo o mundo? Seria isso uma espécie de consciência global, de grande filantropia, para fazer acontecer um novo florescimento econômico com petróleo mais barato?

Vamos desenrolar esse nó. O dinheiro que foi para as fortunas dos sheiks árabes desde a década de 70 foi em grande parte aplicado em empresas capitalistas ocidentais. Depois, migrou para países onde houve processos de privatização a preços vis. Com a crise de 2008, ativos perderam valor em todo o mundo e novamente os árabes da OPEP foram às compras, pegando galinhas mortas em todo o mundo.

Em suma: quem criou a crise comprou meio mundo a preço de banana com o dinheiro a mais que ganhou provocando a crise. E agora, permitindo que a crise se abrande e os ativos recuperem valor, perdem na venda de petróleo mas ganham muito mais com a valorização de tudo que compraram até aqui. Bancos, indústrias, agronegócio, transportes, etc, etc.

A redução de preços atingiria uma empresa como a Petrobrás de várias formas. Como hoje somos importadores, haveria um aspecto positivo. Já o plano de investimentos em exploração poderá dar uma freada. No Brasil certamente os combustíveis não baixariam de preço, mas demandas no setor petroquímico poderiam trazer novas fontes de ganhos. Além do mais, com a queda dos preços no mercado mundial haverá aumento de demanda, ou seja, mantendo-se os níveis de produção e crescendo a necessidade para fazer frente à recuperação das economias os preços novamente subiriam atingindo um novo patamar de equilíbrio.

Até aí o mundo dos mortais também lucra, afinal, o fim da recessão global reaquece economias, volta a gerar empregos, renda, etc. A pergunta que não quer calar é: qual o ponto de equilíbrio para o cartel, ou seja, onde pararão a queda dos preços para reaquecer a economia e favorecer seus outros negócios? A outra pergunta é: quanto tempo isso vai durar?

Por que poderia ser uma "oferta por tempo limitado"? Olhando para o cenário de poucos anos, o cartel enxerga os Estados Unidos investindo cada vez mais em tecnologias de exploração (fracking) para reduzir importações, um grande produtor em potencial, o Brasil, entrando no mercado exportador até o fim da década e muitos outros potenciais exploradores investindo em processos caros, que se pagam se o petróleo estiver na faixa dos US$ 100. Se cair a US$ 60, muitos poços mundo afora serão desativados por não compensarem ser explorados. O nosso pré-sal fica na marca do pênalti, com custos de US$ 50.

O meio-ambiente também seria outro perdedor, pois muitas das tecnologias energéticas alternativas de alto custo podem ser colocadas para escanteio numa competição em preços, mantidas apenas por privilégios legais. Isso pode encarecer os custos de produção, por exemplo, da Alemanha. E espalhar pelo mundo uma onda de construção de termelétricas á base de petróleo. No mundo dos mortais, a redução do preço dos combustíveis deverá entulhar mais as ruas com veículos e desestimular o investimento em transportes coletivos.

E a geopolítica? Haverá países beneficiados e outros prejudicados, bem como empresas poderosas.

As empresas exploradoras de petróleo de todo o mundo estarão preparadas para redução nos seus ganhos? Esses grupos econômicos, durante décadas, apoiaram ou derrubaram governos, promoveram guerras e apoiaram ditaduras como as do núcleo da OPEP - Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes. E países como a Rússia, maior produtor de petróleo do mundo, acossada por sanções econômicas e estruturada sobre a venda de petróleo e gás? O cartel responde por 1/3 da produção, mas os demais estão revoltados com a medida de baixar o preço.

E a Petrobrás, cujas ações hoje despencam quase 4% na Bolsa, e não é por causa de quadrilhas, mas pela nova realidade econômica que está impactando todas as produtoras de petróleo? Por um lado, enquanto somos importadores, a notícia da queda de preços é boa porque tira a pressão sobre o preço dos combustíveis. A questão está nas premissas que embasaram o plano de investimentos de longo prazo da Petrobrás, ou seja, na perspectiva de um preço do petróleo mais algo que o atual. Isso deverá gerar menos resultados que os esperados, trazendo baixa atratividade para suas ações e problemas de financiamento.

Isso também é problema para os bancos que, em todo mundo, financiam programas de investimentos de petrolíferas. No geral, os números da Bovespa mostram uma pequena alta, ou seja, o impacto sobre a Petrobrás pode ser minimizado pelas perspectivas positivas para outros setores. Na Bolsa de Nova Iorque a situação é parecida: o Dow Jones sobe levemente enquanto ações da Exxon e Chevron despencam mais de 4%.

A Arábia Saudita é a maior exportadora na OPEP. Sua resistência a manter preços impactará positivamente os países importadores, como boa parte da Europa, Japão, China e mesmo os Estados Unidos. E levará à instabilidade política, por exemplo, a Venezuela, maior exportadora do mundo, que depende dos recursos do petróleo para programas sociais. Estaria a Arábia Saudita, que está por trás de movimentos de desestabilização política em vários países do Oriente Médio, disposta a ver a Venezuela cair em mãos de governos de colaboração com os EUA que poderiam vender óleo a preços privilegiados ou conceder áreas de exploração? O mesmo vale para a Rússia, que não é do cartel, mas pode inundar o mundo com petróleo barato. E até o Brasil, que não é exportador, mas é uma ameaça em potencial.

Considerando-se que o mundo do petróleo não é democrático nem respeita fronteiras, abre-se uma nova perspectiva nas tensões mundiais. Enxerga-se por trás dessa redução de preços uma jogada de "dumping" para eliminar concorrentes por prazo determinado. Vamos ver o que acontece nos próximos dias. Não será surpresa se uma "primavera árabe" ou um "ISIL" chegar ao núcleo duro do cartel.



segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Petrobrás: Lei de FHC abriu as portas para a corrupção

A Petrobrás é alvo de muita ganância. Até mesmo antes de ter sido fundada por Getúlio Vargas em meio a uma campanha nacionalista em 1954, inimigos do Brasil já vendiam a idéia de não termos petróleo e de dependermos sempre das 7 grandes multinacionais.

Em 1964, nos primeiros dias do golpe, o General Mourão Filho, aquele que começou a movimentação de tropas em Minas iniciando a sublevação, sentou-se na cadeira da presidência da Petrobrás e começou a dar ordens. Não foi confirmado por Castello Branco e perdeu a pose, mas foi uma tentativa de apoderamento da estatal para interesses privados em nome da "caça ao comunismo".

Em 1997, governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, veio a grande facada na Petrobrás, através da Lei 9478/97 com a criação da ANP, o fim do monopólio da exploração e o regime de concessão de blocos de petróleo. Além disso foi aberta a porta para a terceirização de serviços e licitação sem controles rígidos, fora da Lei 8666 de Licitações Públicas.


O art. 67 da lei 9478/97 dá à Petrobrás privilégios licitatórios que escapam à Lei 8666:
"Art. 67. Os contratos celebrados pela PETROBRÁS, para aquisição de bens e serviços, serão precedidos de procedimento licitatório simplificado, a ser definido em decreto do Presidente da República." .

Dando sequência às exigências da lei, o presidente Fernando Henrique Cardoso baixou o decreto 2745/98 regulamentando as licitações no âmbito da Petrobrás abaixo das exigências da lei 8666.

A partir daí começaram os leilões de blocos de petróleo, FHC botou seu genro como presidente da ANP, a entrega da Petrobrás chegou ao cúmulo de se propor adaptar seu nome à melhor pronúncia por estrangeiros (Petrobrax), discutiu-se a privatização e falhas como o afundamento de uma plataforma e mortes de trabalhadores por conta de terceirizações.

As condições para a formação de esquemas foram dadas em 1997. Os diretores da Petrobrás acusados de formação de quadrilha foram nomeados para cargos relevantes em termos de decisões sobre licitações no governo FHC. Até que Dilma demitisse os suspeitos, muita gente se favoreceu dos esquemas, e isso tem que ser apurado.

A Petrobrás não pode ser um instrumento de golpe, como bem entende a Federação Única dos Petroleiros. Assim como em 1964, o que alguns pretendem é derrubar Dilma a pretexto de "tirar de lá os petistas que a aparelham"sem que as investigações evoluam até as origens, para que pairem dúvidas apenas nos períodos governados pelo PT. Essa é a premência do golpe ou impeachment que pretentem: parar o jogo enquanto as investigações não chegam às origens, onde o DNA de oposicionistas ficará flagrante.

Tudo tem que ser apurado até que não restem dúvidas. Pedra sobre pedra, como disse a presidente Dilma. Ou pena sobre pena de tucanos.




domingo, 9 de novembro de 2014

Ucrânia : Viver pela pátria e morrer sem razão

Ao planejar a viagem à Ucrânia que agora fazemos tivemos muitas dúvidas pois as notícias eram contraditórias e não inspiravam confiança. Cenário de guerra separatista, neonazistas fora de controle, forte influência dos EUA e Comunidade Européia instigando o enfrentamento com a Rússia, etc. Mesmo assim viemos pois as coisas em Kiev pareceriam tranquilas.

De fato, chegamos ontem (sábado) à tarde e mesmo com a noite pudemos perceber que a cidade oferece segurança onde estamos, junto à Praça da Independência (Maidan) e trata-se de uma das mais belas praças que já vimos. Preços bons para o nosso poder aquisitivo. Metrô a cerca de R$ 0,40.

Com todos os alertas ligados e baixas expectativas chegamos à estação Maidan do metrô vindos do aeroporto. No trem as pessoas mostravam semblantes preocupados. O que mais me impressionou e deprimiu foi ver , ao final da subida pela enorme escada rolante, um soldado muito jovem com sua farda camuflada sentado num batente na estação, mochila ao lado, olhando para o nada. Vi naquele garoto as feições do meu filho mais novo e o imaginei indo para a guerra.


Que guerra? Contra ucranianos de origem russa, que se defendem de possível isolamento em campo de concentração, da proibição do uso de sua língua, de massacres e expulsão do território pelos neonazistas que cada vez mais ganham influência no governo e estão fora de controle formando batalhões  militares vistos pelas entidades de direitos humanos como criminosos de guerra. Não é exagero falar nessas hipóteses, pois já conhecemos o nazismo, o que fizeram contra os ucranianos na II Guerra Mundial, na colaboração dos nazistas ucranianos liberados por Banderas, nos genocídios da região, faxinas étnicas, estupros de mulheres, etc. Quem vive nas regiões de Lugansk e Donetsk tem forte motivação para defender sua vida, seu território, sua história, sua cultura e sabe que as opções são a luta pela sobrevivência ou a morte pelo massacre.

E o menino-soldado, o que o motiva a dar sua vida para lutar? Soldados em todos os países geralmente são filhos de famílias pobres, em busca de oportunidades. No adestramento militar aprendem a obedecer ordens acima dos riscos. Não se admite questionamentos nem covardia. É matar ou morrer. Em condições normais, como lembraria Geraldo Vandré, "nos quartéis nos ensinam antigas lições, de morrer pela pátria e viver sem razão".

A Ucrânia é um país milenar e viveu pouco tempo independente, considerado o período histórico. Foi uma das últimas repúblicas a se separar da União Soviética, que já tinha sido dissolvida por decisão parlamentar quando eles se declararam independentes. Os laços com a Rússia são muito fortes, bons ou maus, remanescendo aos tempos dos tzares e depois dos soviéticos. Destruída na II Guerra Mundial, foi reconstruída no esforço coletivo da União Soviética sem apoio do ocidente.

Sair da União Soviética foi um duro golpe na economia. Desde então buscam alternativas, e a última foi a abertura à Comunidade Européia na esperança de conseguir capitais de investidores para alavancar sua economia. Essas negociações sofreram um solavanco quando os Estados Unidos, que dominam a OTAN, tentaram influir militarmente na região, o que não foi aceito pela Rússia. Há um ano começaram as manifestações na praça central de Kiev (Maidan), do movimento chamado Euro Maidan. O governo de então, que vinha fazendo as negociações, sabendo da contrariedade e de ameaças econômicas da Rússia, resolveu não assinar o acordo que traria a Comunidade Européia e a OTAN para dentro de casa. A partir daí, com o apoio de potências ocidentais, mercenários neonazistas apoiados por setores de classe média pró-Europa e anti-Rússia, começaram suas barricadas na Maidan.

Em fevereiro de 2014 a situação se agravou com a morte de ativistas e outras pessoas por tiros de franco-atiradores na praça que ninguém até hoje soube quem foram. Foi o estopim para a queda do governo. Com o desenrolar dos fatos que culminaram com um novo governo pró-ocidente e anti-Rússia com a participação de vários líderes da Euro Maidan, a região da Criméia, de ampla maioria de natureza russa, declarou sua independência e anexação à Rússia. Começava o colapso da Ucrânia.

Radicais anti-russos falavam em proibir a língua russa no país, o que deixou o grande contingente de ucranianos-russos em pé de guerra. Sabiam o que viria e começaram a se revoltar. Mais uma vez os neonazistas bancados por potências estrangeiras partiram para a violência, organizaram as milícias do Setor Direita e passaram a atacar russos e ucranianos-russos. Veio a guerra separatista, onde o exército regular da Ucrânia, esse do menino-soldado, está sofrendo grandes derrotas. Mais de 4 mil mortos até aqui. A todo momento os separatistas liberaram soldados ucranianos presos. Há poucos dias o ministro da Defesa foi destituído do cargo. Foi o quarto em menos de um ano.

A ofensiva de mídia pelo mundo criminalizando os rebeldes não para. Um avião da Malaysian Air foi derrubado e a culpa colocada neles, mesmo com fotos indicando que a cabine foi metralhada por aviões que os rebeldes não dispoem. Esse foi o motivo alegado para mais sanções contra a Rússia que, na prática, não existem. Há poucos dias a Ucrânia foi novamente humilhada com um acordo de cúpula entre a Rússia e a Comunidade Européia garantindo o gás russo para este inverno. Com a inclusão da Ucrânia no pacote.

No mais, o PIB da Ucrânia deve cair quase 10% neste ano. Os investimentos não chegam, a guerra consome recursos e a situação precedente se agrava. As pessoas migram para outros países, a grande maioria da população continua passiva, consolida-se o "quase estado" da Nova Rússia (Lugansk e Donetsk), a OTAN late mas não morde e Putin conseguiu entre os russos seu maior prestígio pela anexação da Criméia e apoio aos revoltosos. Quem perde é o povo ucraniano.

Voltando ao episódio do metrô, ao sair da estação em frente ao Monumento à Independência vimos a larga avenida fechada e uma homenagem com velas, músicas e grandes banners de fotos aos que lutaram em Maidan e estão na frente de guerra. Retratos com flores e velas e nomes dos que tombaram por toda parte. Jovens fazendo daquilo uma festa, com seus selfies e muita falta de noção.

Jovens da mesma idade do menino-soldado, que não irão para o front morrer para que alguns sejam mais europeus que ucranianos. Afinal, quando as guerras eclodem, os primeiros a fugir são os que têm mais recursos, e sobreviverão para depois da guerra sequer voltarem. Essa homenagem acabou por volta das 20h. Em seguida, jovens passaram a chegar à avenida com suas garrafas de bebidas, música e muita alegria. Vida que segue. A família de cada morto recebe seu corpo num caixão com a bandeira do país mais a quantia de HRV 609.000 de indenização pela vida abortada, uns R$ 120 mil.

Quando me lembro das jornadas de junho de 2013 no Brasil a comparação é inevitável. A diferença é que Dilma respondeu com mais participação popular: propôs plebiscito por uma reforma constitucional e criou o Conselho Nacional de Políticas Sociais, aquele que a direita detonou logo após as eleições de 2014. Vendo a reação furiosa dos eleitores da direita pedindo castração química de eleitores de Dilma, construção de muro separando o nordeste, mandar os nordestinos de volta para casa, chamando os militares às ruas para dar um golpe, pedindo intervenção norte-americana, não é difícil pensar no que poderíamos ter passado se eles conseguissem derrubar Dilma no ano passado.  Vira-latas e mercenários existem no mundo todo, e os nossos a toda hora tentam levar os filhos dos nossos pobres à guerra pelos seus interesses.










segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O mundo está queimando reservas sociais

Tenho viajado bastante e observado como as pessoas vivem em quase 50 países. Noto que há um padrão de decadência mais visível nos países da área de influência da antiga União Soviética que agora começa a ser notado em outros na Europa, em especial na Zona do Euro exceto Alemanha. Na Escandinávia e Grã-Bretanha não chegamos a ver isso facilmente.

Minha conclusão, grosso modo é que o mundo ocidental está queimando ativos sociais, ou seja, é como se uma poupança feita por décadas estivesse sendo queimada agora e sem chances de ser reposta. Logo alguns IDH irão cair e a decadência criará conflitos. Pouco importa que o PIB cresça, as condições sociais não estão melhorando. O gráfico abaixo, extraído do Tijolaço, ilustra esse fenômeno.

Junto com a pobreza está chegando o corte de benefícios sociais com o sucateamento de escolas, hospitais, equipamentos públicos, etc. Você vê que falta dinheiro para manutenção das coisas e que estão sendo feito cortes que pioram a qualidade dos serviços por anos e anos. O que era, por exemplo, um bom equipamento médico numa época, hoje é uma sucata porque não foi substituído. Uma boa escola de ontem agora tem goteiras, móveis em estado ruim de conservação e menos professores. E os que continuam têm piores salários. Os empregos caíram de qualidade e os salários perderam poder aquisitivo, fazendo com que as casas boas do passado fiquem visivelmente deterioradas e cheias de remendos.

Essa poupança foi feita por décadas de políticas de bem-estar social, especialmente no pós-guerra. No bloco soviético a economia planificada conseguiu resultados muito mais visíveis em curto prazo que nas economias socialistas. Agora, com a volta ao mercado, a decadência é mais rápida pois os países não têm condição de sustentar tais avanços com a produção anárquica voltada ao lucro e concentração das poucas riquezas nas mãos de um punhado de ricos da nova elite.

O que me parece acontecer é o descolamento entre a variação do PIB e a melhora ou manutenção do desenvolvimento social. Fala-se muito que o PIB no Brasil não cresce, mas está melhor que em outros países. Esse indicador, felizmente no Brasil, parece não refletir os avanços sociais dos últimos 12 anos. Nos demais países seu crescimento não significa mais melhora nas condições de vida, mas do capital.

No Brasil estamos na contra-mão disso. Nunca tivemos reservas sociais e agora começamos a construi-las, com ou sem PIB espetacular. A saída de 40 milhões de pessoas da pobreza, as novas universidades, escolas técnicas e o PRONATEC, os avanços (mesmo poucos) na saúde pública, o fim da fome crônica, tudo isso eleva o IDH e cria novos patamares de qualidade de vida. Isso explica o voto em Dilma pelos beneficiários de toda essa conquista e pelos que consideram que a inclusão do amplo contingente social é um sintoma de desenvolvimento e também votaram para ter um país socialmente melhor para todos.

Mesmo que a crise nos atinja com maior vigor o eleitor de Dilma sabe que ela fará de tudo para manter esse novo ativo mexendo em outras variáveis da economia, ganhando tempo para beneficiar o máximo de pessoas ao máximo. Assim como sabia que no caso do PSDB ou Marina vencerem a primeira coisa a ser descartada seria o ativo social duramente conquistado. Eles privilegiariam a saúde e o desenvolvimento do capital e dos mais ricos. Suas medidas seriam cortes nos programas sociais (embora negassem e fizessem demagogia com melhoras neles), redução dos custos de produção das empresas capitalistas (perda de direitos trabalhistas e redução do poder aquisitivo dos salários), facilidades e benesses ao capital, juros altos, etc.

Enquanto na Europa a perda da qualidade de vida da maioria cria descrença na política e fertiliza o campo para o fascismo e a demagogia, por aqui os revoltados são de uma elite que se acostumou a ter para si com exclusividade o melhor dos ativos sociais e agora se recusa a vê-los estendidos aos demais, mesmo que não esteja perdendo nada com isso. Não aceita que outros tenham oportunidades e ameacem seu mundo de privilégios através da meritocracia que alegam ser a chave do sucesso. Ficam assustados, por exemplo, com a maioria dos novos alunos aprovados para o ITA ser de origem cearense. Eles são o novo fascismo, por motivos outros.


domingo, 2 de novembro de 2014

FANOAPÁ 0077 : "Pelo fim da democracia, intervenção militar já"

O mais incrível que ver nos punhados de reacionários sem-noção pedindo uma ditadura pelas ruas do país é que o ódio pós-eleitoral parece ter cegado completamente. Completando a temporada de Falta de Noção que Assola O País - FANOAPÁ - o PSDB entrou na onda, pediu recontagem de votos e seus líderes instigam o impeachment de Dilma porque... PERDERAM A ELEIÇÃO!

Pior, muitos desconhecem a extensão do que hoje seria uma ditadura de direita fascista como querem. Em 1964 as pessoas temiam o comunismo e foram às ruas tirar Jango. Hoje se pede a deposição de Dilma por temerem o comunismo, e o extermínio dos "petralhas". Querem sangue mesmo. Uma ditadura pior que a de 1964, um Pìnochet, um Hitler, alguém que botasse seus desafetos num estádio e fuzilasse. Na lista, qualquer eleitor de Dilma, nordestinos, homossexuais, beneficiários do bolsa-família, alunos do Pronatec, médicos cubanos, etc, etc.

Esses fascistas conseguem afastar até os eleitores de Aécio que por alguma razão protestaram contra Dilma e não querem o banho de sangue pretendidos pelos "indignados" que são convocados às ruas até por ONG norte-americana. Estão isolados, mas nem por isso se deve desprezá-los.

Precisam de um banho de democracia. Nenhuma negociação, mas de demonstrações públicas de grande peso pró-democracia, garantindo o resultado das eleições, pedindo que o judiciário desemperre os processos contra corruptos e reforma do sistema político.

Se isso não bastar, que se aplique o rigor da lei a quem prega o secessionismo (botar muros separando brasileiros de diversas regiões), a discriminação contra nordestinos, o golpe anti-constitucional. Botar essas pessoas para sentirem o peso das suas propostas. Não se pode, jamais, ser omissos em relação a eles, que não são apenas gente sem-noção: são perigosos. Agridem eleitores de Dilma, agridem o resultado das eleições, agridem a sociedade inteira e até aos militares demonstrando insanamente desprezar o povo, o país e suas instituições. 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Dilma venceu o ódio, a mentira e a mídia

Passadas as emoções iniciais do resultado eleitoral pululam pelas esgotos das redes sociais manifestações de ódio aos eleitores de Dilma, em especial aos nordestinos e beneficiários do Bolsa Família. Gente propondo separar o Sul do resto do país, mandar os nordestinos de volta para sua terra, declarando ódio ao Brasil, xingando Dilma, o PT, espumando fúria.

Por mais criminoso que seja esse desabafo ele é necessário para que muitas pessoas sensatas acordem de um pesadelo no qual foram envolvidas com o apoio bandido de uma mídia que nos últimos dias jogou todas as fichas acreditando na impunidade pós-vitória de Aécio. Foram anos e anos espalhando más notícias, negativando as coisas boas, fazendo o brasileiro odiar o seu país. Na Copa tivemos o auge disso. Felizmente a maioria dos brasileiros acordou e deu a Dilma sua confiança para mais 4 anos.

Uma lição importante desta eleição é que a impunidade não pode continuar. Muitos crimes foram cometidos. Calúnia e difamação precisam ser enquadrados como crimes na forma da lei. Muita gente expôs sua cara associada a crimes e agora é necessário um Tribunal da Decência para que todos os casos sejam arrolados, abertos processos, feitos julgamentos e punidos os responsáveis.

Na mídia o caso da propaganda eleitoral da Veja foi escandaloso. Mais ainda foi a não publicação dos direitos de resposta conseguidos pelo PT no TSE. E a vergonhosa atuação do juiz Gilmar Mendes para impedir um outro direito de resposta do PT, partidária, nada jurídica. E os envolvidos no episódio do depoimento de criminosos ligados vazados para a mídia para prejudicar Dilma? E os especuladores que ganharam com o sobe e desce de ações provocados em conluio com a mídia e institutos de pesquisa eleitoral inidôneos.

Secessionismo é crime. Na democracia o vitorioso leva tudo e vão ter que respeitar,a decisão da maioria, sem a todo momento ameaçarem com golpes a partir de intrigas criadas pelo esquema paralelo de poder econômico associado à mídia e ao submundo da política de direita. Quanto à mídia, é bom recordar o caso do jornal inglês News of The World, fechado porque passou dos limites éticos do jornalismo e com isso na Grã-Bretanha os demais passaram a pensar duas vezes antes de mentir e caluniar. Quanto à Globo, que no último Jornal Nacional antes da votação reforçou as calúnias e armações da VEJA, sua partidarização, de imediato, deveria custar-lhes os R$ 600 milhões de verbas públicas federais que se gasta em propaganda por lá. Hora de usar o Diário Oficial, Voz do Brasil, EBC e outros canais públicos para dar publicidade aos atos de governo, princípio constitucional. Chega de alimentar as cobras que querem nos morder. 

domingo, 19 de outubro de 2014

Aécio, as mulheres e Nelson Rodrigues

A capa da VEJA desta semana celebra o machismo de Aécio e sua "vitória" ao fazer Dilma passar mal diante do seu desrespeito. Quando Dilma passou mal após o debate no SBT, Aécio  fofocou com Marina Silva sua "vitória" dizendo que aquilo seria desespero da candidata diante do seus ataques. Marina, pelo visto, abonou, aceitando a atitude do seu agora candidato.

Nelson Rodrigues colocava as suas mulheres-personagens como seres capazes de se apaixonarem por homens agressivos. A máxima "mulher gosta de apanhar" encontra nas apoiadoras de Aécio alguns exemplares. Ao se aliarem à sua truculência contra uma mulher mais velha, a quem proferiu ameaça de ser desempregada no próximo dia 1o de janeiro, as "mulheres de Aécio" endossam o machismo que Dilma combateu ao empoderar muitas delas, em aperfeiçoar a rede de proteção a elas e criar oportunidades para elas como nenhum governo anterior.

A mulher trabalhadora sabe o que é ter um machista como chefe. Se ele pertencer a alguma organização que exclui mulheres por preconceito de gênero, elas jamais se qualificarão para algum cargo. Esse Talibã existe em instituições de governo e da sociedade. Por exemplo, no Banco do Brasil, onde o PT nunca mandou nada, NENHUMA função executiva entre as 49 existentes é ocupada por mulheres porque o Clube do Bolinha maçônico não permite.

Machistas no poder são uma grande ameaça à dignidade das mulheres. Assediam para que demonstrem incompetência e assim comprovem suas teses rodrigueanas. Se forem bonitas, assediam sexualmente. Se forem capazes e ascenderem a alguns cargos, as próprias mulheres dirão que foi por favores sexuais.

Dilma é um exemplo de mulher. Sua trajetória de vida lhe impôs torturas inomináveis ainda na juventude, que deixaram marcas. Construiu sua vida e chegou ao governo e à presidência por coerência, méritos e capacidade. Nisso vem um filhinho de papai, um vagabundo que nunca soube o que é passar dificuldades na vida, que sempre teve uma bolha de proteção familiar e midiática, desrespeita essa mulher como um patrão que destrata a empregada por se achar em condição de superioridade. Mulher que aplaude isso tem mais é que casar com ele, porque é tão doentia quanto o seu ídolo. 

sábado, 18 de outubro de 2014

Risco Aécio : O mundo não precisa do Brasil lacaio dos EUA

Por ter ficado fora do ar por 15 dias na fase iraniana da viagem EURASIA 2014, não entrei no clima das eleições no Brasil, por mais que provocações me sejam feitas. Prefiro escrever sobre outros aspectos do risco da vitória de Aécio no plano internacional.

Aécio tem como aliados poderosos e que influirão no seu governo os "anti-"Foro de São Paulo", um segmento de direita identificado com a Guerra Fria, o macartismo e com os "ideais de 1964 e de sua revolução redentora". Isso significará, de imediato, a devolução de médicos cubanos, a retirada do Brasil de investimentos em Cuba, Venezuela, Uruguai, Equador e Argentina e a sabotagem ao Mercosul. Já os setores de direita pró-americana pressionarão para que o Brasil volte a ter as "relações carnais" com o Tio Sam, ou seja, manda quem pode, obedece quem tem juízo, e daí pode ressuscitar a ALCA. Ameaças aos nossos vizinhos e boicotes aos seus produtos também podem estar na pauta.

Somos sócios do BRICS com a China, Rússia, Índia e África do Sul, inclusive no seu banco que concorre com o Banco Mundial. O grupo quer uma redivisão geopolítica do mundo, buscando espaço ao sol em meio aos EUA e União Européia. O Brasil é uma peça fundamental nesse bloco, que vem peitando a hegemonia das grandes potências tradicionais. Com Aécio bastará uma só ordem de Washington para que deixemos ou sabotemos esse bloco e nos realinhemos caninamente com os EUA.

O Brasil tem sido autônomo na ONU e outros organismos internacionais. Denunciamos a espionagem norte-americana, defendemos o fim do boicote a Cuba, o fim da ocupação dos territórios palestinos por Israel e nos alinhamos na defesa de países pobres contra o imperialismo. Com Aécio tudo isso muda, e os EUA ganham ainda mais poder com a nossa submissão.

Boa parte das guerras em países produtores de petróleo tem apoio da Arábia Saudita. Cada país  destruído em guerras civis tem a produção de petróleo limitada, o que mantém os preços do produto no mercado internacional. Os EUA buscam sair dessa dependência com novas formas de exploração e buscando petróleo barato em outras fontes. Patrocina o golpismo na Venezuela e Equador, grandes produtores no nosso continente, e terá em Aécio um sócio de peso no nosso pré-sal, acabando com o regime de partilha e facilitando a entrada de empresas americanas tanto em privatizações como nos leilões de concessão.

O Brasil tem lutado pela reformulação do Conselho de Segurança da ONU, atitude que confronta os EUA. Com Aécio isso acaba e os Estados Unidos se fortalecem.

Não dá para votar no Brasil por ódio ou questões intestinas. É preciso ver o estrago que a vitória de Aécio pode fazer ao equilíbrio de forças nas relações internacionais. Fazer o Brasil voltar a ser lacaio dos EUA muda muita coisa para pior no mundo todo, e isso é um bom motivo para não permitir que voltemos aos 502 anos que antecederam Lula e Dilma. 

Alô, Esquerda : Miséria não faz revolução!!!!

Se me preocupa ver trabalhador votando em Aécio por emprenhar pelos ouvidos com mentiras ou por problemas de natureza umbigal, muito mais me apavora ver gente que se diz de esquerda lavar as mãos no segundo turno das eleições dizendo que "Aécio e Dilma são duas faces da mesma moeda" e "Dilma e o PT não avançam a luta de classes".

Quanto aos primeiros, nada há a fazer porque a vida nada lhes ensinou, mesmo tendo participado de lutas e movimentos. Entregam seus direitos por ódio, porque foram enganados pela mídia, etc e tal. Já os segundos são pessoas em tese mais estudiosas das lutas e da história. É a essas que me dirijo pedindo o voto e apoio crítico a Dilma neste segundo turno.

Durante a vida pude ver gente dizendo que "um governo burguês carrasco leva os trabalhadores à luta e ao acúmulo revolucionário". E que reformas sociais atrasam a revolução e a destruição do capital. Isso é quase uma "verdade pétrea" para alguns, mas não vi nenhum lugar onde a fome e a miséria fizessem uma revolução socialista digna desse nome.

Deixar Aécio vencer e deixar destruir as poucas conquistas dos anos Lula / Dilma terá o efeito contrário. Os que ficaram 502 anos com todo o poder, junto com a mídia, justificarão suas medidas devastadoras como "necessárias para fazer a economia crescer" e "um preço a pagar pela incompetência do governo dos trabalhadores no poder", que em síntese significam: só a elite pode governar. E aí, meus irmãozinhos, é pau no PT e em todo mundo.

A direita está saindo dos limites da civilidade, Já mata e agride quem vota em Dilma. O que não farão se Aécio vencer? Patrocinarão grupos paramilitares para atacar sindicalistas, MST e tudo que cheire a "comunismo"? Assassinarão muitos de nós para que jamais os ameacemos no poder? Imporão censura e patrocinarão o fascismo com trabalhadores contra trabalhadores?

Não, companheiros, a miséria não educa ninguém. Não forma revolucionários. Serve de esteio ao fascismo. Votar em Aécio é apostar na miséria de milhões de pessoas que perderão seus empregos e direitos. A miséria avilta qualquer ideologia. O homem se vende pelo prato de comida, não importa de que lado venha, se estiver no limiar da sobrevivência.

Se é isso que querem, não vacilem, votem nele porque conseguirão. Daí a ter "lucros" com isso nas próximas eleições ou achar que todo mundo vai às ruas defender o que perderam, podem mudar de ramo e fazer outra coisa na vida. 

Evitar Aécio é preciso, mas não corrige erros do PT

Estou viajando há quase 40 dias e nos últimos 15 estive sem meios de debater pois no Irã não funcionam o Facebook nem o Blog. Agora que consegui acessar o Face me deparei com uma porção de amigos cobrando minha ausência no Brasil para votar em Dilma.

Isso me preocupa muito, porque se chegamos ao ponto de quererem uns poucos votos para evitar a tragédia da eleição de Aécio Neves é porque há algo errado. Muito errado, por sinal. Como é que um governo com 12 anos de sucessos acumulados deu margem à canalha dizer que "é hora de mudar" ou "a alternância é salutar"? Um projeto de sociedade que busque a emancipação da sua maioria jamais poderia se deixar sucumbir diante de uma minoria truculente, midiática, rica, poderosa, mas... MINORIA ABSOLUTA!

Se pegarmos o segmento dos 20% mais ricos o mais pobre desses já será um assalariado. Eu mesmo estou nesse segmento e faço parte da "classe A" em termos  de renda familiar. Nesse grupamento há os da direita cavalar mas também há gente que pensa em uma sociedade melhor, em dar oportunidades, em viver num país com menos desigualdades e miséria que trazem a violência.

A rigor, os demais 80% foram beneficiados pelas ações de Lula e Dilma. Mesmo as "elites" ganharam muito com o lema "Um país de todos". Não se tirou do rico para dar ao pobre. Todo mundo cresceu, e os ricos ficaram mais ricos. Mas isso não é compreendido pela minoria que nunca abandonou o colonialismo de "ganhar dinheiro e ir embora explorando o máximo" nem a soberba do "preto e pobre não são gente e têm mais é que morrer à mingua".

Como se explica um placar tão apertado, a crer nas "pesquisas" que tanto envergonham os estatísticos? Faltou chamar a maioria para construir um projeto. O PT trilhou o caminho do apadrinhamento de classe. Aumentou o salário mínimo como nunca, mas não impede que o discurso de Aécio de redução salarial para "salvar a economia" conquiste votos mesmo nos beneficiários.

Lula e Dilma acreditaram de boa fé no reconhecimento de suas políticas sociais, dissociadas da caracterização enquanto conquista de classe. E assim foi com a tal classe média dos 40  milhões que saíram da miséria de Lula e Dilma. Grande parte não viu nexo dos seus avanços pessoais com ações de governo comprometidas com os mais pobres. Muitos acham que melhoraram de vida por meritocracia, por graça divina, porque deram dinheiro ao pastor, etc. Tudo, menos pela existência de um governo que, em tese, tem compromisso com a melhoria de vida com viés de classe em favor dos mais pobres.

Aposto na vitória de Dilma mas, mesmo sem muita fé porque no PT não há arejamento, de vê-la chamar o povo a conquistar e a defender suas conquistas, acelerando o processo com medidas mais avançadas. Chamando a minoria a pagar a conta com impostos sobre fortunas. Trazendo as massas a defender avanços democráticos como a reforma do sistema político e a regulamentação da propriedade dos meios de comunicação. A combater a sabotagem "à la Venezuela" que os especuladores e parasitas farão na economia com a sua vitória.

Enfim, juntar-se ao povo para que todos juntos se defina o projeto de futuro e partam para conquistá-lo e defendê-lo. Aí os que tiveram 502 anos no poder e nada fizeram pelos excluídos saberão o que é ficar pelo menos um outro período desses sem a menor chance de chegar ao governo, porque nunca mais ganharão uma eleição.

Quanto ao meu singelo voto, creio que seja pouco perto do que faço diariamente em defesa do legado de Dilma e Lula, mesmo alijado de qualquer decisão como qualquer outro trabalhador. No meu blog hoje contabilizo 24.275 acessos ao link abaixo que desmente a "fortuna da filha de Dilma", que foi amplamente espalhada na internet pelos robôs do crime da direita. Quem acessou é porque desconfiou. Quem leu se revoltou com a mentira e certamente não votará no candidato de quem mandou a fraude. Não, meu voto não é só na eleição, mas todo dia. Continuo minha viagem preocupado, mas com a consciência tranquila de fazer a minha parte.

http://blogdobranquinho.blogspot.com/2013/06/youtrouxa-0028-filha-de-dilma-e.html

sábado, 27 de setembro de 2014

Nota aos leitores e colaboradores do Blog do Branquinho

Estamos fazendo a viagem Eurásia 2014 com muito pouco tempo para escrever. Os relatos estão no Blog do Branquinho no Facebook. Em breve voltaremos com matérias sobre a viagem. 

domingo, 14 de setembro de 2014

EURÁSIA2014 - 008 - De São Paulo a Istambul


`Para fugir ao risco de uma desvalorização cambial em tempos eleitorais e os 6,38% de impostos sobre compras internacionais adquirimos as passagens pela Turkish Airlines numa promoção por US$ 999 ida e volta pela Decolar.com. A limitação disso é que não se pode marcar assentos senão a 24h da hora do vôo, o que nos deixou poucas opções. Entre elas, a de viajar do lado direito do avião para escapar de ficar em cima da asa e não ver nada da paisagem. Ou seja, ficamos com vista para o leste, com direito a sol o tempo todo. E o ar condicionado do avião não esfriava o suficiente para combater o calor que fez durante boa parte do vôo.
Amanhecer sobre o Atlântico

Chegamos de Brasília ao aeroporto de Guarulhos pelo terminal 1 para pegar o vôo da Turkish Airlines no terminal 3, recém-construído. Na longa caminhada descobrimos que existem algumas opções de alimentação por menos de R$ 10 em estabelecimento que têm uma bandeira indicativa, e máquinas dispensadoras que vendem água e refrigerantes a preços menos salgados que nos demais.

O aeroporto recentemente reformado tem qualidades superiores às de Brasília, como piso tátil para deficientes visuais e várias fileiras de cadeiras de espera com tomadas de força individuais, uma necessidade que ainda não está presente nos projetos de reforma de outros aeroportos, que usam tótens de tomadas forçando as pessoas a ficarem em pé ao lado.

Rota do vôo São Paulo - Istambul
Entre o pouso no terminal 1 e a chegada ao check-in da Turkish levamos quase uma hora pegando malas e caminhando. Esse dado deve ser levado em consideração no planejamento. A fila, mesmo faltando 3,5 horas para o vôo, era grande e muito lenta. Como fizemos o check-in pela internet pegamos os cartões de embarque nos terminais da empresa e fomos para a fila de despachar bagagens, que era a mesma de pessoas com necessidades especiais, o que nos causou um certo constrangimento, apesar de respaldados pelas informações dos atendentes da empresa.
Nos guichês ao lado a Emirates tem o despacho de malas para quem faz web check-in à parte.

O serviço de internet gratuita por meia hora GRU se mostrou lento na área de check in internacional. Como o aeroporto estava vazio no horário as etapas de segurança e imigração foram tranquilas.
Gráfico de zonas de noite e dia
Dentro do embarque acontece o tradicional milagre da multiplicação de preços. Uma salada que comi na área de check-in por R$ 16 estava por R$ 21. Os refrigerantes subiram de R$ 4 para R$ 6,50. Na loja da FNAC vimos câmeras a preços mais altos que no comércio varejista brasileiro. Na Duty Free achamos caros os chocolates e perfumes.

O embarque é feito por uma única passarela, iniciando pela classe executiva, comfort e depois os meros mortais que compraram a passagem na promoção por US$ 999 ida e volta. O Boeing 777-300
tem pouco espaço entre as fileiras de cadeiras, praticamente inviabilizando abrir um notebook e mesmo ver os filmes na tela da cadeira da frente, pois fica a menos de 50 cm do rosto. Não vimos
brasileiros na tripulação e todas as mensagens são em inglês ou turco. As cadeiras têm tomada USB, console para jogos e no cardápio do computador há filmes recentes, jogos e noticiários. Bom para quem vai ficar as 12,5 horas acordado.

Detalhe do vôo entre a África (Tunísia) e Itália
Com uma hora de vôo foi servida uma refeição tipo café da manhã reforçado. Sobrevoamos o litoral até Campos depois foi tudo sobre o Atlântico até a entrada na África sobre Dakar. Daí pra frente, Saara. A rota passa pela Mauritânia, Argélia e Tunísia, e vai pelo Mediterrâneo até o destino. As últimas imagens antes de anoitecer foram da ilha de Malta. Não deu para ver nada na passagem sobre a Grécia.

Aguardamos um tempo antes do avião conseguir vaga para desembarque. Na saída do túnel de desembarque policiais pediam os passaportes, ou seja, se o passageiro não tiver os requisitos nem vai até imigração, onde o atendimento foi rápido. Sufoco nos ATMs do desembarque, que não reconheciam os cartões VTM, exceto um, que salvou a pátria na troca por liras turcas (LT ou TLY).

Ilhas de Malta
Apesar do vôo ter chegado no horário (21:35 hora local), chegamos à estação do metrô, que fica dentro do terminal, por volta das 23h, preocupados com o horário do sistema de transporte encerrar. Para ir até a zona histórica deve-se pegar o metrô M1, que faz ponto final no Aeroporto Internacional
Ataturk, andar 6 estações até Zeytinburnu, onde ao saltar deve-se procurar pelo tram T1, que fica do lado de fora. Para ir a Sultanameht são 15 estações. O tempo total que gastamos nessa operação foi de 50 minutos. O sistema de metrô e tram termina às 00:00h

Nas estações não há bilheteria para comprar tickets, apenas máquinas. O melhor é comprar o cartão por 4 liras turcas e botar créditos. Apesar das passagens serem mais baratas que no Brasil, não há integração entre os tipos de transporte. Paga-se para andar no metrô e depois para andar no tram.

À meia-noite ainda havia bastante movimento nas ruas por conta dos muitos restaurantes da região e, apesar de não se ver policiais, havia sensação de segurança. A opção ao sistema público é pegar um táxi por umas 40 liras turcas (uns R$ 45) ou contratar com antecipação um tranfer, com preços entre 5 LT e 25 LT.
Uma lira turca equivale a R$ 1,16, com o euro comprado por valor efetivo (com taxas, etc) a R$ 3,20.

Post anterior: http://blogdobranquinho.blogspot.com.tr/2014/09/eurasia-2014-007-preparacao-de-malas.html


sábado, 13 de setembro de 2014

EURÁSIA 2014 - 007 - Preparação de malas para longas viagens

Em viagens anteriores desenvolvemos um check-list que a cada novo evento se amplia, e é extremamente útil para evitar que coisas simples sejam esquecidas e façam falta ao longo da viagem.
A experiência com longas viagens onde há diversos embarques e desembarques, muitas vezes andando bastante a pé,  e trânsito por diferentes regras de bagagem, nos levaram a rever a estratégia de malas.

Compramos duas malas médias leves (3,5 kg) com fecho TSR (para trânsito nos EUA) e rodas únicas reforçadas de 360 graus, em polipropileno, com fechos presos a dispositivo com senha e lugar para colocar cadeado, inviabilizando o furto mais comum que é com uma caneta abrindo o ziper e depois passando as alavancas do ziper pelo local fechando novamente. Não compramos sem ziper, com fecho de metal tipo pasta de executivo, porque o vendedor nos disse que em caso de deformação por impacto fica muito difícil fechá-la.

Resolvemos levar menos de 20 kg (peso total) nas malas e cada um uma mochila com as coisas de maior valor (eletrônicos, dinheiro, guias, documentos) a bordo com menos de 10 kg.

Toda a bagagem foi estudada para atender às necessidades de peso e volume pequenos. Objetos de mesma natureza agrupados em pequenas bolsas, como nos grupos do check-list (abaixo). Compramos muitas blusas dry-fit, calças dry-fit com pernas que podem ser retiradas virando bermudas, uma calça jeans, casacos para atender a temperaturas mínimas de 5 graus (fim da viagem nas montanhas, em novembro, e passeio de balão na Capadócia). Um conjunto de roupas sociais (no meu caso, um terno de microfibra), poucas camisas sociais (recomendáveis no Irã), inclusive de flanela para dias mais frios, um tênis, uma sandália de borracha e um sapato social. Sunga, chale, luvas, roupas íntimas e meias se alojam entre as demais roupas. Esse peso de roupas não passou dos 9 kg. Na viagem usamos as roupas mais pesadas. Mesmo sem levar casacos à mão, nossas malas ficaram com 18 kg cada. As bagagens de mão no máximo 5 kg.

Há itens de consumo que podem ir na mala ainda vazia do início da viagem que desaparecerão à medida que se adquire peso de compras, como sabonetes (12 para 65 dias), shampoo (3), remédios, alimentos não perecíveis (que não sejam barrados na inspeção sanitária dos países), sabão em pó, detergente, etc. Levamos cerca de 2,5 kg desses itens. Sobre remédios, se houver algum com receita, deve-se levar o suficiente para toda a duração da viagem, pois será praticamente impossível comprá-los no exterior. Para quem usa óculos levar pelo menos um de reserva é obrigatório. E tentar comprar algo sem entender o que diz a etiqueta é temerário.

Fonte: blogdobranquinho.blogspot.com
Itens de cozinha? São dispensáveis em turismo de pacote ou de pequeno espectro por poucos dias, mas numa caravana de baixo custo são obrigatórios. Nem sempre se comerá em restaurantes. Em lugares muito caros come-se os itens mais baratos, geralmente algum produto de grande produção nacional. Pela Europa são comuns algumas frutas, como maçãs, coisas à base de batata e comidas pré-prontas vendidas em supermercados, como saladas, massas, etc. Em muitos hotéis e mesmo em hostéis há aquecedores elétricos de água permitindo fazer café, chá, sopa, etc. Frigobar não é muito usual, mas existe nos lugares mais quentes, permitindo fazer compras em supermercado de produtos perecíveis como queijos, iogurtes, frios, etc.

Ferramentas? Experimente quebrar algo em meio a uma jornada de semanas e tentar mandar consertar para ver o que é bom prá tosse. Uma rodinha de mala (levo reserva), um ziper preso, coisas para cortar e fazer gambiarras, isso pode acontecer à medida que aumenta o tempo de viagem.

Cabos e cabos, tomadas e até roteador (só onde houver rede por cabo), carregadores de baterias, adaptadores, tudo tem que ser pensado para não passar perrengue e descobrir que aquele equipamento essencial não tem como ser carregado por falta da algo. Pen drives para backups e outros itens que depois abordarei sob aspectos de segurança de armazenamento de informações são fundamentais. Pelo menos para quem tem noção e sabe que é real o risco de perder ou ter roubada uma câmera, celular, etc.

Cartões de apresentação, músicas, fotos? Pense que pode vir a se hospedar em casas de pessoas que certamente terão curiosidade em conhecer sua cultura, suas origens assim como você também irá explorar suas informações. Fazer contatos e amizades é um dos grandes objetivos numa viagem.


Materiais de escritório? Sim, claro, pois não se trata de turismo de poucos dias em condições sob controle, como ficar em poucas cidades em hotéis com melhor infra gastando tudo em cartão de crédito. Há que se organizar a papelada adquirida, registrar a contabilidade, separar as diversas moedas (nesta viagem serão 9, incluindo-se reais, dólares e euros), documentos de seguros, passagens, etc. Como dissemos em post anterior, estamos fazendo uma viagem com orçamento de 48 dias em 65 dias, e o controle de recursos precisa ser rigoroso.

Sabão em pó, esponja? Claro. Como se vai lavar roupas e os utensílios de cozinha?

Desta vez não usamos mochilas sem rodinhas. É muito complicado andar com dois objetos com rodas, porque bate em todo lugar e nas pessoas. Além do mais as rodas e estruturas são um peso morto considerável, cerca de 1,5 kg. O mais adequado é levar a mala com as rodas e colocar a mochila na frente do corpo, especialmente em caminhadas e em transportes públicos, evitando furtos.

Pensamos em levar filme plástico igual ao que se usa para proteger malas nos aeroportos. Um rolo de 500m custa o mesmo que uma embalagem no aeroporto, mas pesa. E é grande. Cortei com serra um rolo pela metade mas mesmo assim não se mostrou razoável pois pesa quase 2 kg e não seria todo usado na viagem. Usamos para embalar com compactação casacos e calçados.

Segue o check-list. Se algum leitor tiver sugestão para aprimorá-lo ou dúvidas sobre seu conteúdo, comente por favor.

Post anterior: http://blogdobranquinho.blogspot.com.tr/2014/09/eurasia-2014-006-o-inesperado-pedagio.html

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

EURÁSIA 2014 - 006 - O inesperado pedágio turco

O trecho turco da viagem terá as três noites iniciais e as três finais em Istambul e 16 noites pelo resto do país viajando de carro alugado. Planejamos tudo de acordo com as distâncias a percorrer (cerca de 4 mil km) e já fechando a viagem com a contratação da locação tivemos a curiosidade de buscar os preços de pedágios, quando surgiu a novidade: um tal HGS Card. Desde o fim do ano passado não há mais cobrança nas praças de pedágio nas 6 auto-estradas e nas duas pontes que ligam os lados europeu e asiático de Istambul. E agora, sair de Istambul de ferry-boat e driblar as auto-estradas?

O tal HGS pode ser obtido na PTT (Post, Telegraph and Telephone), em alguns bancos e alguns postos Shell, com uma certa burocracia de cópias de identidade, carteira de motorista, documentos do carro, preencher formulário, etc. Por 5 liras turcas e carga inicial mínima de 30 liras turcas (TLY é mais ou menos 1,05 Real) se recebe um adesivo que deve ser colado no vidro dianteiro do veículo atrás do retrovisor.

O HGS pode ser recarregado em algumas praças de pedágio, o que pelo visto deve causar algum tumulto por relatos que vi pela internet, tipo parar o carro na pista e ir até o posto a pé passando entre os carros. É diferente dos sistemas que temos no Brasil. As câmeras no pedágio lêem os códigos, o que pode ser prejudicado se o vidro for escuro.

A privatização de estradas por lá foi no modelo de São Paulo: pedágio toda hora. A relação das estradas privatizadas está neste link. Como não tem cancela, caso o motorista passe direto sem ter  lido uma multa poderosa será aplicada. E aí, como fica com carro alugado? Essa foi a questão que perturbou tudo. Entrei em contato com a locadora onde vou alugar o veículo e me disseram que o HGS é fornecido junto com todos os carros. Alívio...

Falando em aluguel de carros, os preços na Turquia são muito melhores que os nossos. Um Renault Fluence 1.5 pode ser alugado na base de R$ 90 ao dia , o que é bem menos que o cobrado por  um carro 1.0 nas nossas locadoras brasileiras. Em compensação a gasolina está na base de R$ 5,10 e o diesel, R$ 4,50, o que faz os preços dos nossos combustíveis invejáveis para eles. Para ver mais preços de combustíveis na Europa o link é http://www.fuel-prices-europe.info/

Para dirigir na Turquia é necessária a Permissão Internacional para Dirigir (PID), fornecida pelos DETRANs. No Detran do  Rio custa R$ 107,72. Dicas sobre como dirigir na Turquia podem ser encontradas no site http://comodirigirem.com/turquia.php

Ainda sobre tráfego na Turquia encontrei o recomendável site Turkish Travel Planner com dicas muito boas do qual reproduzo uma coletânea de palavras que podem ser vistas nas estradas além das placas de trânsito do código internacional:

Allah korusun
Araç çıkabilir
AS. İZ
(Askeri İnzibat)
Askeri bölge
Benzin
Buz
Çıkış
Dikkatsız
Dinlenme Alanı
Dur
Düzensiz
Girilmez
Giriş
Hastane
Heyelan bölgesi
Kapalı
Kar
KarayollarıTCK
Kaza raporu
KGS
Kısmet
Kurşunsuz
Lastikçi
Mazot/motorin
Nakit
OGS
Otogar
Otoyol
Park etmek yasaktır
Park yapılmaz
Park edilmez
Sağdan, sağdan gidiniz
Sanayi bölgesi
Şehir Merkezi
Servis Alanı
Servis Yolu
Sis
Taşıt Giremez
Tehlikeli
Tehlikeli Madde
Tekyön
TEM
Tırmanma şeridi
Uzun araç
Yaya geçidi
Yol
Yol çalışması
Yol tamiri
Yol yapımı
May God protect me!
Vehicles Entering
Military Police
Military Police
Military Zone
Gasoline/petrol
Ice
Exit
Careless
Rest area
Stop
Disorder/erratic
No Entry
Entrance
Hospital
Landslide/falling rock zone
Closed
Snow
Highway Department
Accident report
Prepaid Toll Debit Card
Fate
Lead-free (gas/petrol)
Tire repairman
Diesel fuel
Cash (toll payment)
Toll-pay Transponder
Bus Terminal
Expressway, Motorway
No parking
No parking
No parking
(Slow vehicles) use right lane
Repair shop zone
City center
Service area
Temporary road (detour)
Fog, mist
No vehicle entry
Dangerous
Dangerous materials
One way
Trans European Motorway
Climbing Lane (on hills)
Long vehicle
Pedestrian crossing
Road, highway
Road work
Road repairs
Road construction

Post anterior: http://blogdobranquinho.blogspot.com.tr/2014/08/eurasia-2014-005-dificuldades-para.html

GOLPE : "BB Reenvio Boleto - Consultoria S/A."

O apressado que não se der ao trabalho de ler o texto irá ganhar um vírus ao clicar nos links da mensagem, que encaminham para http://twpost.com.tw/images/js/, que não tem nada a ver com o Banco do Brasil. Bancos não mandam e-mails, começa por aí a suspeita de fraude.

Chama a atenção a confusão mental do criador do texto. Como é que uma carta assinada pelo Banco do Brasil tem como título "Rede de Atendimento - Consultoria S/A"? Logo de cara fala no "período de 31/08/14" sem dizer a outra data. Mistura maiúsculas e minúsculas, erra pontuação. Depois vem a parte delirante que não diz coisa com coisa. Fica difícil entender o que querem. É o pior texto de golpe entre os muitos que já analisei. Coisa para dar cadeia ao autor com direito a tratamento psiquiátrico.

Caso tenha clicado nos links providencie um antivírus atualizado e passe nos seu computador. Trocar senhas, caso tenham sido usadas desde o clique fatal, também é recomendável.

PS: Mal postei sobre este golpe e chegou outro e-mail com o mesmo conteúdo tendo como assunto "Comunicado Financeiro" tendo remetente e destinatário o meu e-mail, o que torna o golpe ainda mais flagrante.



terça-feira, 9 de setembro de 2014

"Delação inventada" fez ações caírem? Ou há algo novo no ar?

Ações do Itaú em franca subida desde a morte de Eduardo Campos (ADVFN)
A especulação com ações aproveitando o ambiente eleitoral tem enchido bolsos de gente graúda, que paga por pesquisas antecipadas e associa uma eventual derrota de Dilma à valorização das empresas, com a ajuda da mídia patrocinada.

As ações do Itaú têm uma outra variável explicativa: o sucesso de Marina Silva, pois estão enterrados na campanha dela e a vitória pode significar poder sobre a economia e anistia de uma dívida fiscal de R$ 18 bi. Sobem desde a morte de Eduardo Campos mas ontem declinaram também. Se Marina tivesse sido favorecida com o torpedo tucano da "delação premiada" as ações subiriam.

Petrobrás idem. O primeiro gráfico é a valorização no mês do Itaú. O segundo, o intraday de ontem, mostrando que no início do pregão as ações do Itaú e da Petrobrás (terceiro gráfico) tiveram elevação forte na expectativa de queda de Dilma com a "delação inventada" mas algo fez o "mercado" mudar de idéia em seguida. Ambas as ações fecharam um pouco abaixo da cotação de abertura.
Intraday das ações Itaú ontem (08/09/14) (ADVFN)

As "denúncias" da VEJA podem ter saído pela culatra. Os prejuízos à imagem de Dilma com o tema Petrobrás já foram precificadas no caso Pasadena. As atuais "denúncias" não a envolvem diretamente e vêm de uma revista desqualificada em credibilidade por repetidas vezes acusar sem provas provendo a grande mídia de factóides que já não colam mais para muita gente. Mas colocaram em suspeita Eduardo Campos e a campanha "limpinha e cheirosa" da "nova política" de Marina.

A publicação do programa de governo da candidata do PSB causou fortes repercussões contrárias que também podem impactar seu eleitorado negativamente. Lá estão ataques aos bancos públicos com valorização dos bancos privados, Banco Central independente, terceirização ampla, geral e irrestrita, falta de prioridade para o pré-sal, fim da justiça do trabalho, quebrar na representação sindical, etc. Além disso as sucessivas denúncias de plágios e os desmentidos sobre posições assumidas anteriormente ferem a credibilidade da candidata sobre sua capacidade de governar o país. Acrescente-se a forte rejeição à aproximação com setores do fundamentalismo religioso e uma queda nas pesquisas será esperada.

Intraday das ações Petrobrás ontem (ADVFN)
O que o "mercado" viu que nós mortais não vimos? Era para as ações da Petrobrás subirem ontem, se tudo estivesse dando "certo" para eles a partir do ataque que seria para Dilma e atingiu Marina. Duvido muito que eventos referentes à empresa, neste momento, sensibilizem os investidores. Sucessivos recordes de produção que deveriam valorizar os ativos estão sendo apropriados pela mídia como "rejeição a Dilma". A campanha de Dilma demarca com Marina na visão sobre o pré-sal, o que deveria trazer mais valorização, num mercado menos especulativo. Vem aí uma nova refinaria no fim do ano, a de Abreu e Silva. Era para uma eventual vitória de Dilma valorizar a Petrobrás. Os sinais estão trocados.

As novas pesquisas devem espelhar o sentimento que tenho a partir das campanhas de rua e programas de TV: Dilma cresce com a força da militância que está despertando e vai ser decisiva na reta final; Aécio está moribundo com o abandono de parte do seu eleitorado para a "esperança" Marina; o "fenômeno" Marina está chegando ao fim e seus votos obtidos na comoção com a morte de Eduardo Campos podem refluir em alta velocidade. Esse cenário aponta para Dilma vencer no primeiro turno. Espero.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

YOUTROUXA 0119 : "Coronel comprova que derrubaram avião de Eduardo Campos"

Perfil 'PT Saudações" com o texto da farsa
Há sites de extrema-direita que vivem de espalhar notícias sem comprovação para fomentar ódio ao governo, a Dilma, Lula e PT. Não precisa de fonte, de nada: basta bater nos alvos de sempre que tudo é válido. Só que desta vez se deram mal, porque alguém os fez de trouxa com uma falsa notícia que divulgaram e vai trazer problemas porque usaram o nome e currículo de um militar para fazê-lo de autor de uma teoria conspiratória sobre a morte de Eduardo Campos, atribuída, claro, às maldades de Dilma para ganhar as eleições matando seus adversários.

Perfil Alerta Total pedindo desculpas ao Coronel. 
Um dos que espalharam a notícia falsa foi o site Alerta Total, alegando ter recebido o texto de uma fonte militar de alta patente, altamente confiável, que acreditou ter sido produzido pelo especialista citado. Publicaram a carta do Coronel José Ori Dolvin Dantas, do Exército, a quem se atribuiu um texto eivado de ilações políticas sobre a queda do avião de Eduardo Campos, negando a autoria e acusando a fraude.

"Uso indevido do nome e do currículo

O Coronel José Ori Dolvin Dantas entrou em contato com a redação do Alerta Total para advertir e garantir que não foi escrito por ele um texto com ilações sobre o acidente fatal com Eduardo Campos.

O Coronel promete descobrir quem usou seu nome e seu currículo, indevidamente, para espalhar o texto pela internet:

“Quero me dirigir ao Alerta Total e os demais leitores que estou sendo vítima de uma publicação perniciosa. Usaram meu currículo para divulgar uma suposição que não é minha. Vou tomar todas as providências cabíveis para achar o responsável”."

Isso não resolve o caso, já que o referido militar quer saber a origem do documento que depõe contra a sua imagem profissional com essa fraude.

Alguém fez todo mundo de trouxa, até aos habituais espalhadores de boatos que, no caso, são cúmplices da fraude e merecem enquadramento legal. O que é mais grave: a crer no Alerta Total, militares de alta patente manuseiam documentos falsos como verídicos e tiram conclusões a partir deles. Uma temeridade. Os serviços de inteligência das Forças Armadas deveriam ajudar o Coronel Dolvin Dantas a buscar a origem da farsa para que não se repita. Não podemos ter homens em armas trabalhando com documentos plantados para prejudicar a comandante em chefe das Forças Armadas.

Segue a íntegra do texto fraudulento, que apenas no perfil PT Saudações do Facebook teve mais de 26 mil compartilhamentos:

"O ACIDENTE DE MORTE DE EDUARDO CAMPOS
Por: José Ori Dolvin Dantas - Coronel do Exército (Cel.Dolvim - especialista em terrorismo e atentados terrorista)

Usei os seguintes argumentos para justificar que o acidente foi um atentado.
1. Um jato executivo bimotor de porte médio fabricado em 2010 com 300 horas de voo é um avião novo!
2. A aeronave estava com as inspeções gerais e periódicas previstas no programa de manutenção em dia.
3. Equipado com sofisticados instrumentos de navegação que permitem pousos e decolagens em qualquer condição de tempo.
4. Gravador de voz em pane? Difícil de engolir. Ou o CENIPA recebeu ordem para não divulgar o conteúdo do áudio ou o gravador foi danificado durante o pernoite no pátio do aeroporto Santos Dumont.
5. A voz do piloto no diálogo com a torre de controle e divulgada por uma emissora de TV logo após o acidente mostrava muita tranquilidade da tripulação, apesar da chuva e da pouca visibilidade durante os procedimentos de aproximação.
6. Há fortes indícios de duas explosões: uma na cabine ou nas turbinas, o que fez o avião despencar; a outra, onde estavam os passageiros (motivo de os corpos terem sido totalmente esmigalhados). É tão evidente que houve esta explosão que não se achou, sequer, um pedaço de crânio, para se comparar fichas odontológicas a qualquer arcada dentária. Somente com o exame de DNA foi possível identificar o que sobrou de cada corpo.
7. Algumas considerações:
· Se os pedaços da aeronave e partes significativas de corpos são encontrados em uma área extensa, pode-se afirmar que a explosão aconteceu ainda em voo. Foi o caso do atentado em 1988 ao Boeing 747 da PAN AM sobre a cidade escocesa de Lockerbie.
· Se os pedaços da aeronave e partes significativas de corpos são encontrados concentrados em uma área, significa que a explosão aconteceu após a queda e foi ocasionada basicamente pelo combustível no momento do impacto com o chão.
8. Neste acidente com o Cessna 560 XL, o que chama a atenção é a evidente desintegração de toda a fuselagem e o despedaçamento completo de todos os corpos. A única forma de justificar um cenário como esse é um impacto frontal da aeronave com uma parede em pleno voo (o que não aconteceu) ou uma explosão ocasionada por um artefato explosivo durante o impacto com o chão. Vejam que o noticiário mostrou que, antes da aeronave bater no solo, ela tocou na quina da cobertura de um prédio.
9. Possivelmente foi nesse momento que a turbina foi arrancada e arremessada como um míssil para dentro de um apartamento próximo. Com certeza essa colisão diminuiu ainda mais sua velocidade. Então, de forma nenhuma podemos justificar o fator velocidade como causa do esmigalhamento dos corpos e estilhaçamento de toda a fuselagem. No acidente da TAM em Congonhas foram encontrados centenas de corpos queimados ou carbonizados mas praticamente inteiros.
10. Há indícios fortes de que as explosões aconteceram de dentro para fora da aeronave. Uma evidência comprovada é a porta desse ter sido encontrada longe do centro de gravidade do acidente.
11. Dizer que acima de 8 “G” os corpos se desintegram é verdade, mas o avião estava subindo e manobrando. Caiu com velocidade muito aquém da velocidade cruzeiro.
12. Neste voo estaria também a candidata Marina Silva. Acabaria qualquer possibilidade de haver o 2º turno e de o PT não vencer as próximas eleições. O tiro saiu pela culatra!
13. Esta aeronave não foi guarnecida durante o seu pernoite nas instalações do Aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro. O sabotador teve tempo mais que necessário para o seu intento.
Aécio e Marina Silva que se cuidem! Celso Daniel e Toninho do PT que o digam...

Atenciosamente,
José Ori Dolvin Dantas - Coronel do Exército (Cel.Dolvim - especialista em terrorismo e atentados terrorista)
Curriculum Vitae
Nome: Jose Ori Dolvim Dantas – Coronel do Exército especialista em terrorismo e atentados terrorista.
Fone: (61) 8111-9064
Resumo dos principais cursos realizados:
· Police Special Operations – SWAT- EUA;
· Dignitary Protection – SWAT – EUA;
· Chemical Agents Impact Munitions and Distraction Devices – SWAT – EUA;
· Technical Intelligence – National Intelligence Academy – EUA;
· Tolerância Zero – Universidade Metropolitana da Flórida – EUA;
· Defense Planning and Resourse Management – National Defense University – EUA;
· Avançado de Terrorismo e Contrainsurgência – National Defense University – EUA;
· Understanding Terrorism and Terrorism Threat – University of Maryland – EUA;
· International Human Rights Law: Prospects and Challenges – University of Duke – EUA;
· Introduction to Human Behavioral Genetics – University of Minnesota – EUA:
· Special Operations & Anti-terror Tactics – Israel;
· Operaciones Tacticas Avanzadas (contraterrorismo) – Espanha;
· Cours International de Criminologie – França;
· Criminologia sob a ótica psicanalítica – Brasil;
· Psicopedagogia (Especialização) – Como motivar a aprendizagem em instituições repressivas – Brasil;
· Psicologia Comportamental (Mestrado) – Interpretação do suspeito pela linguagem do corpo – Brasil;
· Logística de Transporte (Especialização) – Armazenamento, manuseio, transporte e distribuição de produtos perigosos – Brasil.
· Principais experiências profissionais:
§ Planejamento, Coordenação e Segurança de Grandes Eventos.
§ Palestrante em seminários (nível nacional e internacional).
§ Assessor especial do Governador do Estado de Minas Gerais.
§ Consultor de Segurança aos Estados de Alagoas, Paraíba, Bahia e Minas Gerais.
§ Professor de graduação e pós-graduação da Unicesp/Promove."