domingo, 31 de julho de 2011

EUA : Crise da dívida é adiada

O presidente americano Barack Obama anunciou agora há pouco que os republicanos e democratas chegaram a um acordo para elevar o teto de endividamento do país. A fórmula encontrada, na prática, joga o problema de endividamento para adiante.


O acordo significa um corte imediato de US$ 1 trilhão num período de 10 anos, seguido da criação de um comitê de 12 membros - seis de cada partido, contemplando câmara e senado - para apontar cortes adicionais de US$ 1,5 trilhão a ser votado no fim do ano. Não fala em aumento de impostos. Se não houver acordo sobre os cortes adicionais até o fim do ano, a proposta determina que haverá um corte linear nos gastos do governo até atingir esse valor, sendo que metade sairia das despesas com a defesa.

A comissão teria que apresentar um projeto até 23 de novembro para ser votado até 23 de dezembro, sem caberem emendas, de no mínimo US$ 1,2 tri. Os cortes poderiam atingir o programa de saúde pública Medicare, mas outros programas sociais, como a segurança social, Medicaid, pensões de veteranos e soldos dos militares estariam fora dos cortes.

É previsível a chiadeira de setores da extrema-direita do Partido Republicano, o Tea Party, porque o acordo permite cortes nos gastos militares. O complexo industrial-militar está entre os principais financiadores das suas campanhas eleitorais. As votações que acontecerão nas próximas horas indicarão o nível de discordância com o acordo.

Com os dados disponíveis, dá para analisar que Obama ganhou a parada. Vai ter um aumento do teto de endividamento tranquilo até o fim do seu mandato, com o acordo. A questão do aumento dos impostos dos ricos ficará para o final de 2012, quando caducará a lei que privilegiou milionários e empresas de petróleo. Os eventuais cortes não atingirão os principais programas sociais, mas poderão atingir o funcionalismo público e o serviço de saúde. Em compensação, o principal setor para os cortes será o da defesa, ou seja, menos dinheiro para as guerras. Nas votações no congresso haverá também chiadeira do lado dos democratas mais progressistas, que não aceitam cortes em programas sociais.

Obama esticou a corda até onde pode, chegando ao limite da irresponsabilidade. O anúncio do acordo foi feito minutos antes da abertura dos mercados asiáticos, que poderiam afundar se a incerteza avançasse amanhã. Jogou a população contra o congresso, deixando para os republicanos o ônus de levar o país à beira do abismo, como dizem as pesquisas. Na discussão dos cortes, em novembro, poderá novamente jogar a opinião pública contra os republicanos, colocando-se como defensor dos programas de interesse dos mais pobres, em oposição às posturas anti-populares da direita.

A crise não acabou. Vai voltar daqui a dois anos, já com o novo presidente, que pode ser o próprio Obama, se conseguir se reeleger. Os mercados de capitais tirarão lições do ocorrido, e terão que se prevenir de futuras crises, podendo mudar suas políticas de reservas. O Brasil, em especial, que é o 4° maior possuidor de títulos do governo americano, terá que repensar se vale a pena arriscar tais recursos. Ainda haverá a discussão dos cortes, no fim do ano, que será contaminada com o clima pré-eleitoral.

Mesmo que a nota de crédito dos Estados Unidos não seja rebaixada, o mundo inteiro ficará mais atento antes de investir por lá. Ficou patente que as elites dirigentes americanas pouco se importam com os efeitos sobre o mundo das suas disputas internas. O placar continua o mesmo para o povo americano: tem dinheiro para dar a bancos e grandes empresas para salvá-las na crise, e para honrar os compromissos com os capitalistas do mundo interio, mas a conta será paga com mais sacrifícios aos trabalhadores. O que não dá para entender é essa passividade diante das perdas que estão tendo desde que começou a crise de 2008. Pagam a conta do colapso do capital sem protestos. Incrível.











Copa : Sorteio tira R$ 30 mi do povo para dar aos cartolas e à Globo

Assistam ao vídeo do link abaixo, do Jornal da Record, que mostra como a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Governo do Estado do Rio transferiram R$ 15 milhões cada, para a festa do sorteio dos grupos das eliminatórias da Copa do Mundo, acontecido ontem na Marina da Glória.


O evento, que não tem lá essas audiências mundiais todas, foi transmitido pela Globo, que coincidentemente é dona, junto com a sua coligada RBS, da empresa de eventos que recebeu pela festa. Cada vez mais fica a sensação de estarmos tirando do bolso para a FIFA, a CBF, seus cartolas e parceiros, encherem os bolsos de dinheiro.

sábado, 30 de julho de 2011

Dilma sacaneia Ricardo Teixeira com Pelé

Não foi só nas pistas do Aterro do Flamengo que rolou protesto contra o presidente da CBF, Ricardo Teixeira: ele foi obrigado a ficar sentado ao lado de Pelé, na cerimônia de sorteio dos grupos das eliminatórias da Copa, mesmo depois de não tê-lo convidado por causa das suas críticas.


Noutro dia Ricardo Teixeira disse que faria a maldade que quisesse, porque ele tinha todo o poder. Esqueceu-se que a presidente Dilma Roussef, com aquela cara de professora durona, tem bem mais poder que ele: ela representa o Brasil, que banca a festa da FIFA e da CBF com bilhões dos cofres públicos. E tomou as dores de Pelé, nomeando-o "embaixador da Copa", cargo figurativo, sem remuneração, mas com uma única finalidade: sacanear o ditador da CBF durante todo o período, obrigando-o a conviver com o desafeto.

Para completar o esculacho, no seu discurso Dilma enalteceu Pelé, chamando-o de "querido", e para desgosto de Teixeira, após elogiado pela presidente, os 2000 participantes aplaudiram efusivamente o Rei.

Do lado de fora, o forte aparato policial barrou a manifestação de professores em greve, que protestavam contra Sérgio Cabral, e de torcedores que reclamam da dinheirama que está sendo gasta com a Copa, a começar da festa na Marina da Glória para o sorteio, que teria custado mais de R$ 30 milhões aos cofres do estado e prefeitura. A grande imprensa, que quer ver Teixeira pelas costas, vem dando amplo apoio tanto ao esculacho da presidente quanto a qualquer manifestação pela derrubada do presidente da CBF, envolvido em escândalos de corrupção.

Quão longe do abismo Obama nos levará?

Reprodução do editorial da Carta Maior de hoje.

QUÃO LONGE DO ABISMO OBAMA NOS LEVARÁ?

A Câmara dos EUA aprovou o pacote orçamentário republicano que adicionava pouco mais de US$ 900 bi ao teto da dívida pública dos EUA, valor suficiente para Obama governar alguns meses e ficar novamente à mercê de concessões do extremismo neoliberal. Como previsto, o Senado de maioria democrata rejeitou o projeto e tem até a madrugada deste domingo para ampliar a margem de manobra fiscal do Presidente. Ainda que contorne as armadilhas montadas pelos republicanos, Obama perdeu um pedaço precioso de sua credibilidade. Para saciar o conservadorismo ortodoxo, o democrata já estreitou de modo perverso o acesso dos idosos à saúde pública, através do Medicare. Não teve o mesmo rigor ao comprometer as contas do Estado para salvar o sistema financeiro da crise. Espremido, comprometeu-se agora a cortar cerca de US$ 2,7 trilhões em investimentos públicos nos próximos anos, amordaçando a própria margem de manobra na campanha eleitoral de 2012. O discurso claudicante, a musculatura política complacente sugere alguém disposto apenas a mitigar a aplicação do receituário ortodoxo que originou a crise. Se um dia personificou a esperança numa superação progressista da lógica que levou o capitalismo ao seu maior colapso desde 1929, hoje é a imagem gasta da rendição. Obama até certo ponto é refém das circunstancias. As bases operárias e socialistas que pavimentaram o New Deal nos anos 30 não existem mais. Mas já era assim há quatro anos quando disputou com a extrema direita e venceu. Desde então, de recuo em recuo, redefiniu seu espectro político fixando estacas regressivas em Guantánamo, no Afeganistão e na rendição a Wall Street. Sobretudo, porém, trocou de interlocutores. Obama é pop. Tem mais de nove milhões de seguidores no Twiter. Fica atrás apenas de Lady Gaga e do não menos pop Justine Bieber. Mas assim como o Twiter não faz de Gaga uma Rosa de Luxemburgo, Obama não se tornou um Roosevelt digital. Enquanto dispara apelos à mobilização virtual contra o arrocho republicano, cede na prática a essa lógica a ponto de devolver legitimidade à agenda que havia derrotado nas urnas. Hoje, o mundo perplexo sabe o que o Tea Party quer e quão perto do abismo isso significa. Mas ninguém sabe ao certo o que quer Barack Obama. E a que distancia do abismo a sua tibieza nos deixará.
(Carta Maior; Sábado, 30/07/ 2011)

Rio : Marcha por uma Copa do Povo

Vai acontecer hoje, no Rio. A intenção é aproveitar o aparato de imprensa mundial que estará na solenidade de sorteio dos grupos da Copa de 2014 para mostrar o descontentamento geral com o todo-poderoso presidente da CBF, Ricardo Teixeira. A marcha deve ter saído às 10h do Largo do Machado, no Catete, e irá se aglomerar na Marina da Glória às 14:30h. A Frente Nacional dos Torcedores também pretende discutir a reforma do Maracanã, que reduz espaços.

EUA : Do Capitão América ao Capital Merreca

Entrou em cartaz o filme Capitão América, baseado nos quadrinhos de Stan Lee lançados em 1941, em meio à segunda guerra mundial, mas antes da participação norte-americana, que veio após a destruição da base de Pearl Harbour num ataque-surpresa em 7 de dezembro de 1941.


Nas suas diversas versões, o Capitão América combateu do nazismo ao racismo, além de outros criminosos sem ideologia. Foi um símbolo do patriotismo americano em meio à guerra, incentivando o alistamento militar. Teve como origem um jovem que queria entrar nas forças armadas americanas para lutar contra o nazismo, mas foi barrado porque era franzino, fora das especificações. Acabou sendo cobaia se um experimento para criar super-soldados. Tem o escudo como arma principal.

Na vida real, a América de hoje mudou muito. A extrema-direita e os racistas estão fazendo muito barulho dentro do Partido Republicano. O presidente é negro, e a economia corre o risco de cair da nota AAA de risco, na iminência de um calote por falta de autorização para se endividarem mais. A direita quer mais é que o povo se lasque: que não se paguem aposentadorias, aos militares, a assistência médica, educação, etc. É o "tudo pelos ricos".

Uma situação de país sub-desenvolvido acontece justamente no maior símbolo do capitalismo, mostrando ao mundo que o gigante tem pés de barro. O capitalismo americano não consegue mais ser exemplar, e até o FMI já dá palpite. A indústria americana perdeu competitividade para os chineses. As guerras por recursos corroem o orçamento. Bancos levam boa parte dos recursos dos impostos em operações de salvamento. O grande capital virou uma merreca. Já falam até em vender o ouro das reservas para pagar aposentadorias, funcionários, etc.

Os americanos precisam de um Capitão América para combater a extrema-direita em crescimento nos Estados Unidos. Algo que levante o povo americano contra a ameaça aos seus direitos, à exploração da maioria para dar vida boa a meia dúzia de magnatas ricos e famosos. Que motive a juventude, que irá pagar essa conta, a se alistar na luta contra a ganância capitalista. O detalhe é que Obama faz parte do modelo, não questiona o capital e os americanos parecem não se importar com essa situação, apenas se estressam. Pelo visto esperarão por uma solução milagrosa nos últimos segundos do dia 2 de agosto. Algo como a chegada da cavalaria dos filmes de faroeste para salvar os americanos dos ataques dos índios.

Uma eventual chegada da turma do Tea Party ao poder pode levar o mundo inteiro a uma situação de guerra apocalíptica. Imaginem essa turma, plutocrata, que não quer saber de impostos para ricos, beligerante, louca por petróleo e outros recursos naturais, à frente do maior poder militar do mundo? Não respeitariam nada, a exemplo de Bush que invadiu dois países com base em mentiras, ao arrepio da ONU. Aumentariam os gastos militares que seriam pagos depois pelos saques aos outros povos e pela classe média americana. Haja super-herói para segurar a ânsia de poder e riqueza desse povo!


Vôo 447 : A culpa do desastre é dos mortos?

O relatório da agência francesa que investiga a queda do Airbus da Air France que ia do Rio para Paris há dois anos botou a responsabilidade nos tubos Pitot, na queda de velocidade e ... na falta de treinamento da equipe para reagir em tempo aos sinais de falhas indicados pelo avião.


Na prática, a BEA disse que a Air France é irresponsável, porque entrega aeronaves modernas, infalíveis, nas mãos de gente que não sabe ler um painel de instrumentos. A empresa protestou, defendendo os pilotos e informando que todos têm treinamento. A Associação dos Familiares das Vítimas do Vôo 447 da Air France também discorda, e vai mandar um protesto à BEA.

Incrivelmente a fabricante do avião, Airbus, passou por fora de tudo isso. Não fabrica tubos Pitot, apenas os instala. A falta de velocidade foi coisa dos pilotos. O avião continua ótimo, na versão deles. Todo mundo morreu por culpa de um co-piloto, igualmente finado, sem chance de defesa.

Segundo dados das caixas-pretas, os computadores de bordo do avião sinalizaram queda brusca de velocidade, a partir do congelamento dos tubos Pitot, que deveriam dar a informação correta. O piloto fez o usual: acelerou e botou o avião para subir de novo, e foi fazendo isso até espatifar na água. Considerando que a equipe não era suicida, algo mais aconteceu e o sistema de computação de vôo da Airbus precisa ser investigado para verificar se falha em situações atípicas. O relatório ainda não é conclusivo.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

EUA : Obama vai derrotar republicanos

A queda de braço entre o Presidente Obama e o partido republicano pela elevação do teto da dívida e por ajustes que reduzam o déficit não vai acabar até o dia 2/8, data limite para o governo começar a não ter dinheiro para pagar suas contas. Os primeiros da fila a perder serão os aposentados, os que dependem do serviço de saúde pública, os funcionários públicos, os fornecedores. Os últimos, os bancos e detentores de títulos.


No stress pela aproximação da data, a banda menos xiita dos republicanos começa a avaliar o prejuízo do confronto com Obama. Pesquisas mostram que se algo der errado, e o primeiro velhinho deixar de receber seu benefício ou a primeira criança pobre morrer na fila de um hospital, o culpado será o grande e velho partido republicano. Obama pediu aos eleitores para pressionarem os congressistas, e o apelo foi atendido, ou seja, mais um elemento para formar a culpa da direita.

Enquanto isso, a extrema direita, o Tea Party, que não quer saber de impostos para ricos de jeito nenhum e acha que impostos não são para sustentar pobres, não está nem aí, para desespero dos mais moderados do partido, que começam a contabilizar perdas de votos. Não conseguiram votos nem dentro do partido para aprovar uma proposta ontem na Câmara, que de antemão seria rechaçada no Senado ou vetada por Obama. A tal proposta é só para dizerem que estão fazendo algo, e tentar devolver a culpa ao governo. Não é aceitável porque não resolve o problema do endividamento, e deixaria Obama refém de uma nova batalha no início do ano que vem.

Já se fala em "Plano B" como derreter barras de ouro das reservas e transformar em moedas para fazer caixa para pagar as despesas. A princípio, a constituição americana tem dispositivos que podem permitir o presidente baixar algo como uma medida provisória daqui, e aumentar o teto do endividamento sem precisar do Congresso, mas o próprio Obama já disse que seria ilegal, como forma de aumentar a pressão sobre os republicanos. E vai vencer, porque está levando a melhor em termos eleitorais. Só faltou chamar o povo às ruas para pressionar o congresso, mas isso é "coisa de comunista".

Hoje as bolsas continuaram a cair, mas os mercados acreditam numa solução, mesmo que fora do prazo, e já precificam as consequências. O dólar continuou a cair, por aqui.

Obras : Governo quer licitar com projetos executivos

Essa notícia causaria estranheza a um estrangeiro, afinal, pois para se definir uma obra é necessário o projeto executivo. Sem ele, não há como levantar as quantidades de materiais e mão-de-obra necessários, nem planejar a execução, nem o fluxo de caixa, nem tem como se fiscalizar.


A declaração louvável vem do Ministério do Planejamento, que parece, enfim, fazer algo coerente com o seu nome. O Movimento Anticorrupção na Engenharia e Arquitetura vem lutando pela clara definição dos objetos de obras, para reduzir as chances de superfaturamentos e de execução de obras de péssima qualidade. Um bom início.

Governo quer exigir projeto executivo para licitações


Agência Brasil

BRASÍLIA - O governo anunciou nesta sexta-feira (29), durante a apresentação do primeiro balanço do Programa de Aceleração do Crescimento para o período de 2011 a 2014 (PAC 2), que as licitações do governo, especialmente no setor de transportes, vão dar preferência a obras com projeto executivo, que contém as informações técnicas detalhadas sobre o empreendimento.

O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, explicou que o projeto executivo minimiza a possibilidade de imprevistos, porque são mais detalhados do que o projeto básico, que é exigido antes da licitação.

“Os projetos básicos normalmente não são da melhor qualidade. Se partimos para trabalhar com projetos executivos, minimizamos a possibilidade de imprevistos, porque eles são detalhados e são de boa qualidade”. Segundo ele, isso não significa que os aditivos nos contratos não vão mais ocorrer, mas serão utilizados de forma mais controlada.

De acordo com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, a ausência de projetos executivos antes da licitação levou à contratação de obras com base em projetos básicos insuficientes, o que resultou em vários aditivos de prazos e de valores das obras. Ela disse que a ideia do governo é adotar a necessidade de projeto executivo para todas as obras novas em todas as áreas.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Mengão acaba com o campeonato brasileiro

Há muito tempo não tinha uma ressaca, mesmo pouca, como hoje, mas é porque ontem ninguém contava quantas cervejas passaram pela mesa. Ninguém tirava os olhos da TV, assistindo a um jogo histórico, digno de fim de campeonato, entre os dois melhores times do Brasil da atualidade. Nunca vi um jogo como aquele! Podem entregar a taça, junto com a das bolinhas, porque o campeonato brasileiro acabou ontem. Os outros jogos perderão a graça.


Assisti o jogo num bar tradicionalmente de corintianos, que estavam lá, apáticos a princípio, lamentando os gols do Santos sem maiores empolgações. Aqui em Brasília tem dessas coisas de bares dedicados a algumas torcidas. Um dos bares do Mengão, que fica perto de onde moro, estava impraticável, completamente lotado, daí termos partido para "campo neutro". À medida que o jogo se desenrolava, a meia-dúzia de corintianos se empolgava, e ao final comemorou a desgraça do Santos. Claro, para não dizer que torceram para o Flamengo vencer, vibrando a cada lance.

Três a zero, três a três, tudo no primeiro tempo. Imagino o que os torcedores anti-Flamengo pensaram quando o Santos fez 3 x 0! Champanhes tiveram suas rolhas espoucando. Pais chamaram filhos para ver o Mengão em desgraça, para que nunca pensassem em torcer por um time que iria perder de 10x0 para Neymar, Ganso, Elano dirigidos por um bom técnico como o Murici.

Se alguém fez isso, certamente fez decrescer a torcida dos times de sofredores. Por mais que diuturnamente os invejosos façam lavagem cerebral dos seus filhos e em si mesmos, o jogo de ontem, no mínimo, deixou uma enorme dúvida: que time é esse? Na casa do adversário, perdendo de três para uma verdadeira seleção, vira o jogo e ganha por um placar digno de futebol de salão ou handebol... Isso depois de uma partida medíocre contra o Ceará, tomando vaia da torcida que já pedia a cabeça do técnico Vanderlei Luxemburgo.

O que dá mais emoção à torcida do Mengão é esse transtorno bipolar: um dia, genial; noutro, um time de peladas. Você nunca sabe como a equipe vai se comportar a cada jogo. Isso eleva a pressão arterial e mata muita gente do coração. Já perdi um tio, que teve um ataque cardíaco fulminante assistindo um jogo o Mengão pela TV. Depois do jogo de ontem, eu e muitos vamos deixar de fazer eletrocardiogramas por um bom tempo.



Ronaldinho 3 x 2 Neymar

Ontem Ronaldinho Gaúcho disse a si mesmo: não vou prá gandaia, e vou dormir cedo , e amanhã vou prá missa com a minha mãe, me comungar e confessar, e não vou ligar prá putaria. Noutro lugar, o técnico Luxemburgo dizia: hoje não quero saber de jogo de cartas, e amanhã não botar jogadores para exibir na vitrine. Hora de jogar para não perder o emprego depois de uma goleada.


Moral da estória: depois de estar levando um chocolate de 3x0 no campo do adversário, o Mengão fez 3 x 3 no primeiro tempo. Quem não conhece o potencial do Flamengo, aos 20 minutos, diria: o Santos vai vencer de uns 8 x 0 ! Eis que, de repente, começa a virada: 3 x 3 no primeiro tempo. Depois o Santos, que tem Neymar, Ganso e Elano, base do ataque do Ricardo Teixeira FC, fez 4 x 3. Fim de jogo? Não, o Mengão tinha mais a fazer. Elano, ao melhor estilo do time do Mano, perdeu um pênalti. E eis o Santos na roda, levando olé e gols, e o resultado irrefutável: 5 x 4 Mengão, num dos mais heróicos jogos que já vi até hoje!

Ronaldinho fez 3. Neymar fez 2. E o Mengão mostrou a supremacia. E eu também, depois de comemorar com dezenas de cervejas o resultado, consegui a duras penas escrever este post.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

SP : Tudo pelo pedágio!

O governo paulista, interessado em zelar pelo bolso dos viajantes nas estradas e pelo tempo que perdem a cada parada nas centenas de postos de arrecadação de impostos, digo, pedágios, vem com uma inovação: ao invés de empurrar a despesa com o aparelhinho do Sem Parar, que permite que o veículo trafegue numa faixa onde não é parado e depois recebe a conta em casa, agora querem que um chip seja fornecido gratuitamente, bancado pela operadora da estrada.


Isso é que é um governo preocupado com o bem-estar da população, buscando maneiras de pagarem os caríssimos impostos indiretos dos pedágios de forma mais fácil. Pelo menos isso. Os tucanos deveriam parafrasear o lema de campanha do ex-presidente Washington Luís, de 1920, para "governar é construir pedágios" ou "governar é privatizar estradas".

Dilma : Pede ao tucano Jobim prá sair, por favor.

O que todo mundo já sabia agora é confirmado pelo próprio ministro da Defesa, Nelson Jobim (PMDB): votou em Serra em 2010. Já tinha elogiado FHC no seu aniversário e chamado a equipe de Dilma de "idiotas", e agora mostra total desprendimento ao afirmar a traição a Dilma. Além de tucano, passa informações do governo para a embaixada americana, como foi denunciado em documentos vazados pelo Wikileaks.


Mais um a jogar bola nas costas nesse governo, que não pode nem deve ficar no cargo, até para não empatar a criação da Comissão da Verdade, que jogará luzes no passado sombrio de vários militares que estão aí, escondidos, fingindo-se de mortos. O Brasil precisa de um ministro afinado com as demandas de defesa da soberania e do patrimônio, coisas que não são a tônica de um governo entreguista tucano que Jobim parece apreciar.

Jogatina dos derivativos sobretaxada. Dólar sobe.

A bolsa de aposta dos derivativos passou a ser menos atrativa para os capitais especulativos estrangeiros com a nova taxa de até 25% sobre esse tipo de aplicações. Apesar do Brasil ser hoje o 3° maior captador de investimentos diretos, dinheiro que é aplicado a produção, é o 5° em captação geral de capitais, sendo uma boa parte para aplicações em títulos, ações e derivativos.


Como os derivativos não produzem nada, não financiam nada e servem mais para apostas em tendências, podendo criar instabilidades como a bolha que afundou os Estados Unidos, a sobretaxa já tirou o estímulo dos aplicadores, e o dólar começou o dia com alta significativa, depois de ontem ter atingido o menor patamar desde 1999.

A medida do governo veio para conter a enxurrada de dólares que chegam por aqui procurando oportunidades, já que o Brasil hoje é um dos países mais seguros para investimentos. Com a crise americana, o dólar tende a cair mais. Se não aumentarem os juros por lá, e continuarem a emitir moeda sem lastro, mais e mais dólares cairão por aqui, baixando mais a cotação, com perdas para as exportações e outros desequilíbrios na economia.

#Fora Ricardo Teixeira! Twitaço hoje!

Está marcado para hoje o protesto contra o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que faz da CBF extensão dos seus domínios pessoais, ao arrepio das paixões brasileiras pelo futebol. Denúncias de corrupção na FIFA e de privilégios para amigos na venda de pacotes para a Copa de 2014 merecem investigação, afinal, os governos federal, estaduais e municipais estão gastando o que não têm para montar o circo para uma turminha faturar em cima.


No twitaço : #ForaRicardoTeixeira

O site http://foraricardoteixeira.com.br/ tem mais informações sobre os 22 anos do imperador da CBF, entrevistas de pessoas da área esportiva e de políticos questionando o clubinho de amigos criado através do voto de meia-dúzia de presidentes de federações, e ainda reproduzirá cada tweet que for postado na hashtag "#ForaRicardoTeixeira ". A idéia do protesto de hoje é levar o tema para o topo da lista dos mais postados.

Governo pagará 75.000 bolsas de estudo no exterior

Não serão para indicações políticas, segundo a presidente Dilma, mas para resgatar o mérito. O programa Ciência sem Fronteiras terá um orçamento de R$ 3,16 bilhões para propiciar, nas melhores universidades do mundo, a 75 mil estudantes nas áreas de engenharia, tecnologia, ciências da vida e ciências da saúde, para buscar superar a deficiência do Brasil na área de inovação e para suprir a demanda resultante do crescimento do país.


Dilma também cobrou iniciativas dos empresários, pois ao contrário dos países desenvolvidos, a grande maioria do gasto em pesquisas é feito pelo governo. Quer que banquem outras 25 mil bolsas. Os pretendentes serão escolhidos a partir do SISU, precisando ter, no mínimo, 600 pontos no ENEM. As bolsas atenderão às áreas de graduação, pós-graduação e doutorado. Mais detalhes em http://www.andifes.org.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=624&Itemid=



Os bolsistas serão escolhidos “exclusivamente por mérito”, explicou a presidenta, ao informar que os contemplados vão ser selecionados a partir dos Sistema de Seleção Unificada (Sisu), gerenciado pelo Ministério da Educação, além dos que atingirem nota mínima de 600 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Nesse universo, estão aptos a concorrerem às bolsas 124 mil alunos.
Dilma pe

terça-feira, 26 de julho de 2011

Noruega : Holofotes para a extrema-direita

Anders Breivik conseguiu seu objetivo: colocar sua plataforma fascista de 1500 páginas em destaque por todo o mundo. O mais importante nos seus ataques (e dos grupos que certamente o apoiaram, tanto no manifesto como na ação terrorista) não foi matar as pessoas, mas usar a barbaridade de repercussão internacional para dizer a que veio. Daí não ter se matado e não ter resistido à prisão.


A extrema-direita, assim, ganha uma cara, uma referência com um discurso. Mesmo preso, continua dando o recado, que repercute nas mentes de alguns outros simpatizantes da causa racista e xenófoba que defende. Para ele, o multiculturalismo é coisa da propaganda comunista, e está levando a Europa ao domínio islâmico, e por isso prega uma cruzada para que retornem às suas origens. Essa não é uma bandeira dele, mas de partidos de extrema-direita de todo o continente.

Como a Noruega parece estar num pesadelo, na maior atrocidade cometida desde a Segunda Guerra Mundial, sua polícia, despreparada para isso, demorou muito a prendê-lo, e a sua legislação é extremamente branda, prevendo no máximo 24 anos de prisão. Se conseguirem enquadrá-lo em crime contra a humanidade, pega uns 30, no máximo. Toda aparição de Anders serve de palanque. Ele chegou a querer ler, no depoimento à polícia, todo calhamaço de 1500 páginas para alegar que não cometeu crime nenhum e que buscou salvar o país.

Num mundo cheio de crises e desesperança, em busca de bodes expiatórios para os problemas econômicos, o discurso de Anders pode cair como luva nas mentes de gente preconceituosa. Na França, um candidato do partido Frente Nacional, de extrema-direita, foi suspenso pelo partido por ter feito apologia a Breivik como um "resistente", o "primeiro defensor da Europa", um "ícone". Já tenho um texto preparado para esculachar o primeiro sem noção que fizer essa apologia, e estou de olho em alguns sites que são verdadeiros redutos desse povo.

A mídia até que vem editorializando primeiro, condenando a intolerência, para depois dar a notícia de que Breivik citou o Brasil por 12 vezes no seu calhamaço, como referência de país que não deu certo pela miscigenação de raças, e aponta nisso a origem da corrupção, da violência, etc. Creio que os grandes meios de comunicação sabem que aqui temos algum terreno para essas idéias fertilizarem, em especial os que odeiam negros, indios, pobres em geral, nordestinos, mulheres, gays, latinos, etc.

Eles sabem disso, porque durante muitos anos fomentaram o ódio a Lula, porque era pobre, nordestino, iletrado, e fez o melhor governo, e ao PT, porque questionava tudo e defendia os mesmos perseguidos pela direita. Não querem, entretanto, assumir o ônus por fomentarem movimentos extremistas por aqui.

Dilma tem que passar o trator nos corruptos

Até agora os escândalos na área de transportes não atingiram a imagem da Presidente Dilma, que vem se mostrando indignada e agindo para desmantelar as quadrilhas que aparelham o dinheiro público das obras. Parece que os corruptos acharam que sempre ficariam impunes, acobertados pela certeza de que o governo não seria louco de comprar uma briga com um partido da base aliada com 44 deputados. Pois Dilma comprou a briga, e muitos outros escândalos vão surgindo.


O que tem de empreiteiras de irmãos, esposas, filhos, amantes, colaboradores de campanha e que agora estão aparecendo é impressionante. Sobrou até para os militares, que também estão em rolos nas obras dos batalhões de engenharia. Aqui vão alguns exemplos dessas bandalhas, inclusive nos órgãos estaduais:

Dilma precisa ousar, e atender aos clamores populares de moralização da máquina pública. Tem lastro de opinião pública para passar o trator em cima de toda essa bandidagem, numa oportunidade histórica muito rara de promover uma faxina.

Ressalvadas as exceções, todos têm rabos presos, e fica bastante fácil construir uma base de apoio na base do medo de represálias. Ou vota, ou a gente bota a tua turma em cana, porque para achar provas de desvios é só procurar. Chega de concessões!

Da nossa parte, uma campanha pelo fim da corrupção, com gente nas ruas, fortaleceria Dilma para tomar as providências que são cada vez mais urgentes. A presidente precisa saber que a sua verdadeira base aliada é o povo, não essa corja de parasitas dos bens públicos. Se ceder a eles, irá para a história como omissa ou cúmplice.

Líbia : O fracasso da OTAN

A Líbia sumiu dos noticiários. Se considerarmos a quantidade de recursos da OTAN disponibilizados para destruir a força militar de Kadafi desde o início dos ataques aéreos "com fins humanitários", segundo a resolução, há que se considerar o fracasso como resultado. São quatro meses de bombardeios, sem avanços consideráveis das tropas rebeldes. A guerra civil está mais ou menos empatada, e Kadafi tem a seu lado a grande maioria da população líbia. Parece que a OTAN não aprendeu as caras lições do Afeganistão.


Agora o que se diz é que Kadafi está procurando uma solução negociada para entregar o poder. Como muitas outras mentiras da imprensa ocidental nessa guerra, nada está acontecendo, e o ditador está confiante, se não na vitória, pelo menos na manutenção de boa parte do território sob seu controle. Seus combatentes aprenderam os macetes para fugir dos bombardeios, usando, ao invés de blindados, caminhonetes com metralhadoras na carroceria iguais às dos rebeldes. Por conta disso, a OTAN já destruiu vários comboios de aliados, confundindo-os com as tropas de Kadafi.

A coalizão que levou a OTAN à Líbia está com crises internas. Berlusconi, da Itália, já declarou que não queria entrar na "aventura líbia", tirando o seu da reta à medida que centenas de milhares de refugiados líbios chegam às praias do sul do seu país. Sarkozy, que viu no ataque a chance de um rápido desfecho e rápido faturamento eleitoral, também está insatisfeito. A Inglaterra também passa pelo mesmo erro de avaliação. Alemanha e Turquia, que não botaram muita fé, aproveitam as divergências para tentar sair desse rolo.

Por outro lado, os rebeldes imploram por tropas, tanques, enfim, envolvimento direto da OTAN no conflito ao seu lado, com riscos de perdas humanas, etc. A não ser que matem Kadafi e todo o seu clã, não deverá haver nos próximos dias e meses fatos novos nessa guerra cada vez mais pantanosa e esquecida.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

EUA : Até o FMI mete a colher para evitar calote

Quem diria que um dia veríamos isso: o FMI, especialista em se meter nas economias de países pela hora da morte, entrou no rol dos que pedem aos americanos responsabilidade na questão do teto da dívida, para evitar o calote anunciado para o dia 2 de agosto. Não se chega a acordo, e o prazo está se escoando. Governo e oposição fazem queda de braço deixando os capitalistas do mundo todo na expectativa.


Obama aproveitou que o FMI meteu a colher no assunto para pressionar a oposição republicana, que não aceita discutir o equilíbrio orçamentário com o aumento de impostos para os ricos. No governo Bush entrou em vigor uma lei, de tempo determinado, que reduzia os impostos dos milionários e bilionários, e agora Obama não quer revalidá-la.

É o caso de se questionar: nos EUA só tem população, mas não tem povo capaz de ir às ruas exigir que os ricos paguem a conta? Está na hora do "verão americano", com manifestações nas ruas e praças exigindo que o governo não corte os gastos sociais, empurre a conta do aumento de receitas para quem pode pagar e não prejudique o funcionalismo público. Tem Rambo para ir ao Vietnã defender a pátria, mas para defender os próprios interesses, não aparece ninguém?

Brasil : Cada vez menos concorrência e mais oligopólios

Matéria de hoje do Correio Braziliense diz que até o fim do ano o número de fusões e aquisições de empresas no Brasil atingirá um recorde, e apresenta uma tabela mostrando o nível de concentração por setores do mercado. No setor petroquímico, a concentração é de 91%; no automotivo, 85%; no comércio varejista, 80%, entre outros exemplos.


O estudo foi feito por um professor americano, da Universidade de Illinois, e um britânico. A definição de concentração, no estudo, é quando no máximo 4 empresas controlam 60% do mercado. Segundo eles, a situação não é pior porque existe a concorrência direta dos importados. Apesar das privatizações, os governos ainda determinam preços, tornando o mercado ainda mais imperfeito. Pior que isso é o governo patrocinar oligopólios, como no caso recente do apoio do BNDES à concentração no mercado varejista pela fusão (felizmente frustrada) do Pão de Açúcar com Carrefour.

Aqui vão algumas definições de mercados imperfeitos, cada vez mais presentes no Brasil:
- Monopólio : situação em que uma empresa detém o mercado de um determinado produto ou serviço, impondo preços aos que os comercializam. No caso da distribuição de energia elétrica numa determinada cidade, os preços monopolistas são limitados por decisões governamentais, por exemplo.

- Oligopólio : situação de mercados concentrados, na qual a produção se concentra em um pequeno número de firmas, que nem sempre são coordenadas. Quando há algum acerto referente aos preços que serão praticados, o oligopólio se caracteriza como um cartel. Se as empresas se unem com o objetivo de dividir o mercado, barrando e liquidando novos concorrentes, caracteriza-se como truste.

Péssimos produtos e serviços com altos preços geralmente são oferecidos por monopólios. Exemplo: distribuição de energia elétrica. Se não houver regras estabelecidas pelos governos, a ganância determinará os preços. Quando as empresas conseguem corromper ou controlar os órgãos fiscalizadores, temos bueiros explodindo, apagões, etc.

Oligopólio é exemplificado pelas montadoras de automóveis. Apesar de tudo que se fala da tributação como causa dos altos preços, há uma parcela de superlucro, o chamado Lucro Brasil, que só existe pelo acerto entre os concorrentes. Apenas para exemplificar, bastou começarem a chegar carros chineses por aqui, com bem mais itens que os locais por um preço muito menor, para começarem a surgir os movimentos de empresários pressionando os governo para barrar a entrada dos concorrentes, alegando desindustrialização nacional e ameaçando demitir trabalhadores. Aqui vai uma comparação entre o chinês Chery QQ e o nacional Fiat Mille, da mesma faixa de preço e potência:

"...Produzido do outro lado do mundo, o QQ – que em chinês significa ‘fofinho’ – parte de R$ 23.990, enquanto o Mille Economy, fabricado em Betim (MG), é R$ 500 mais em conta, na versão duas portas. No entanto, como o objetivo era confrontar versões mais próximas possíveis, já que o QQ só existe com quatro portas, a opção do Fiat levada em conta neste embate é também a quatro portas. Ela custa R$ 25.350 –R$ 1.360 a mais que o Chery. De qualquer forma, as versões de entrada do Mille Economy, seja com duas ou quatro portas, apresentam o mesmo nível de equipamentos, mesmo motor e dimensões.

O trunfo do QQ não é só o preço competitivo, mas também o que ele entrega como itens de série por este valor. O chinês traz de fábrica airbag duplo, freios com ABS (antitravamento), direção hidráulica, ar-condicionado, travas, vidros (das quatro portas) e espelhos elétricos, faróis de neblina, rádio CD player com MP3 e conexão USB, desembaçador e limpador do vidro traseiro, abertura interna do porta-malas e do tanque de combustível. As rodas de 13 polegadas são de aço.

O Mille, por sua vez, não entrega de série nenhum dos itens acima citados – airbag duplo, freios com ABS, faróis de neblina, espelhos elétricos sequer são opcionais e abertura interna de tanque de combustível e do porta-malas. Para equipar o Fiat com uma lista próxima à do QQ, o comprador terá que desembolsar R$ 2.075 pelo ar-condicionado e R$ 3.735 pelos demais itens (kit Top 2), elevando o preço do veículo para R$ 31.160."...

Fonte: Revista Auto Esporte - http://g1.globo.com/carros/noticia/2011/07/comparativo-chery-qq-x-fiat-mille.html




Mesmo medíocre, Mengão ainda está invicto

Se Palmeiras 0 x 0 Flamengo foi um jogão de bola, no sábado vi um dos piores jogos do Mengão, contra o Ceará, desperdiçando a chance de cravar três pontos. Não me recordo de reclamar tanto de passes errados e sem sentido, de falta de posicionamento, de perdas de bolas fáceis, de falta de objetividade tática. O técnico Vanderlei Luxemburgo resolveu dar chance dos juvenis valorizarem seus passes colocando-os na vitrine, o que prejudicou o conjunto que já não tinha Ronaldinho nem Thiago Neves, e deu no que deu.


O Ceará só não ganhou porque não era o dia dele, o que poderia ter, de novo, acabado com a invencibilidade do Mengão. Olhando desse ponto de vista, até que não foi mal resultado. Mais vale a mediocridade eventual que a derrota certa.

Já o Corínthians, que era o outro invicto, dançou ontem para o Cruzeiro. Joel Santana realmente é um técnico milagroso, que consegue tirar um time da zona de rebaixamento e colocá-lo entre os mais bem colocados. Fez milagre até com o Botafogo!

Uruguai mandou muito bem contra o Paraguai. São os melhores da América do Sul, com méritos. O atacante Suárez mais uma vez mostrou muito talento, e Forlán, que não vinha fazendo gols, resolveu fazer logo dois. Enquanto isso, no Brasil, nada mudou no Ricardo Teixeira World. Vamos para a Copa como se vai para o matadouro.


EUA : Extrema-direita ameaça sistema financeiro mundial

Quem disse isso não foi nenhum esquerdista, mas nada menos que o Ministro de Negócios, Inovação e Treinamento do Reino Unido. Vince Cable criticou ontem o impasse na negociação da elevação do teto da dívida americana. Ele afirmou que "a ironia da situação no momento, olhando para a abertura dos mercados amanhã (hoje, segunda), é que a maior ameaça para o sistema financeiro mundial vem de alguns poucos loucos de direita no Congresso norte-americano e não da zona do euro".


Os radicais da extrema-esquerda republicano (Tea Party e outros bichos) não querem aumento de impostos para ricos, quer acabar com programas sociais e não quer o estado se envolvendo na economia. Querem que os pobres e a classe média paguem a conta do déficit americano, e pouco se importam se a sua intransigência em negociar com Obama levará os Estados Unidos à beira do abismo.


domingo, 24 de julho de 2011

DF : Motoqueiro tenta invadir Palácio do Planalto

Desempregado e ex-presidiário tenta entrar de moto pela rampa do Palácio do Planalto. Não conseguiu, jogou a moto no fosso com água da frente do prédio, e tentou subir a rampa a pé, sendo detido pelos seguranças. Foi levado levado a uma delegacia do DF. Isso foi na sexta, dia 22, por volta das 11 da manhã. Não é o primeiro que tenta entrar lá, mas disseram que o homem estava alterado, etc. Já teve um outro que tentou invadir o palácio com um ônibus, e depois disso fizeram o fosso.


Duas horas depois, em Oslo, na Noruega, um assassino de extrema-direita fez explodir um carro-bomba em frente ao prédio do governo, e depois matou mais de 80 adolescentes que faziam um encontro da juventude do Partido Trabalhista disparando por mais de uma hora com uma arma automática. O governo foi pego de surpresa, já que desde a segunda guerra mundial não se vê um ataque dessa natureza.

No Brasil estamos discutindo a criação da Comissão da Verdade para apurar os crimes cometidos pela extrema-direita na ditadura. Há covardes morrendo de medo de ter seus crimes revelados, e são do tipo que pode atacar como no Riocentro, em 1981. Dilma foi torturada por eles, e não vai deixar barato o acobertamento desses criminosos. Aquela moto chegou muito perto de onde estava a presidente, e a segurança mostrou-se bastante incipiente, já que há obstáculos no início da rampa que não a detiveram. Que a Noruega sirva de exemplo.

ANP : PF e MP flagram achaque e extorsão

Vídeos certamente vazados das investigações da Polícia Federal, com o apoio do Ministério Público, divulgados pela Revista Época deste sábado mostram o esquema de propinas na Agência Nacional do Petróleo, aquela que nada faz contra cartéis de postos, etc. Dois funcionários dizendo representar um diretor, indicado pelo PC do B, negociam com uma advogada representando postos e distribuidores uma propina para facilitar processos no órgão.


As conversas foram gravadas pela Polícia Federal no escritório da advogada. Veja mais em http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI251432-15223,00-AGENCIA+NACIONAL+DA+PROPINA+TRECHO.html . A revista traz na capa a matéria e traduz ANP como Agência Nacional da Propina.

Alô presidente Dilma! Hora de botar mais uma turminha de aparelhadores políticos para correr, se comprovadas as denúncias, porque os corruptos podem estar falando em nome próprio e usando os políticos como escudo. Demissão e cadeia é uma fórmula que costuma funcionar para dar exemplo a outros postulantes ao cargo de corrupto.

Corrupção : Hora do financiamento público de campanhas

A origem de boa parte da corrupção que vez por outra aflora na foram de escândalos é o financiamento partidário e de campanhas. Enquanto for legal a doação de empreiteiras e outros fornecedores às campanhas, o conluio entre o setor público e o privado para fins de subtração dos cofres dos governos não irá estancar.


Uma solução parcial para o problema (a definitiva seria pararem de usar a política como forma de enriquecimento) é o financiamento de campanhas exclusivamente público, ficando proibidas todas outras formas de receitas aos partidos. Esse sistema existe em diversos países, e se não resolve, pelo menos deixa mais claro que qualquer recurso que fuja ao permitido será ilegal, facilitando a aplicação de sanções por crimes eleitorais.

Dilma poderia aproveitar que existe apoio público à faxina que vem fazendo no Ministério dos Transportes, e ousar mais. Quando venceu as eleições, estabeleceu como critério mínimo para os partidos da base aliada preencherem cargos que os indicados não tivessem processos em andamento.

Pode radicalizar nesse critério, punindo todo e qualquer envolvido em desvios de dinheiro público no exercício dos cargos, e pressionar o congresso pela aprovação do projeto de financiamento público de campanhas. Seria um grande avanço para coibir os "lobbies" do poder econômico, a formação dos "caixa dois" e para acabar com as tais "sobras de campanha". Há uma proposta em andamento, que deverá ainda ser votada na Câmara e no Senado.

sábado, 23 de julho de 2011

Noruega : Extrema-direita assassina 91, maioria jovens

Quanto há uma atentado na Europa ou Estados Unidos, a culpa automática é de algum grupo radical de seguidores do Islã. Na Noruega, em especial, ainda está viva a lembrança de um jornal que fez uma charge de Maomé, considerada sacrilégio pelos islâmicos, que rendeu ameaças de vingança. Além do mais, o país nórdico tem tropas na força invasora do Afeganistão. Tudo encaminha para a acusação aos islâmicos.


No entanto, relatórios do governo norueguês mostram o crescimento da articulação da extrema-direita no país, inimiga do atual governo do Partido Trabalhista. E veio a surpresa: o assassino de 89 meninos e meninas que participavam de uma reunião do Partido Trabalhista era louro e alto, norueguês, católico, e não um barbudo de pele bronzeada seguidor de Maomé, como se esperava preconceituosamente.

Anders Breivik, o atirador, tem 32 anos, entrou no evento vestido de policial com um fuzil automático, e está ligado a grupos de extrema-direita. Momentos antes do seu ataque, uma bomba destruiu a fachada e matou duas pessoas em frente ao prédio do governo onde o primeiro-ministro deveria estar. A ele também é atribuído o ataque à bomba ao prédio do governo, pois foram encontrados mais explosivos em seu poder. Seus perfis nos sites de relacionamento foram bloqueados após os atentados. Já ganhou até referência na Wikipedia.

Neonazistas, neofascistas e outros segmentos de extrema-direita estão se rearticulando em todo o mundo para golpear a democracia e impor seus regimes de ódio e preconceito. No Brasil, no ano passado, a extrema-direita do Brasil apoiou José Serra à presidência, e está por aí, espancando gente por homofobia, racismo, regionalismo, separatismo e intolerância religiosa. O governo brasileiro repudiou o ataque e prestou solidariedade às famílias dos mortos.


The Economist : "Lulismo" venceu o "Chavismo"

Essa é para os que dizem sem parar que tudo que aí está é obra do grande, do maioral, do sensacional FHC. Alguém já ouviu falar em "FHCísmo" e de programas sociais que caracterizassem o termo? A revista é de direita, e uma leitura cuidadosa mostrará que não gosta nem de Lula nem de Chávez, mas para sacanear o venezuelano vale qualquer comparação.


Chavismo 'perdeu' do lulismo e declina, diz 'Economist'

Atualizado em 22 de julho, 2011 - 05:56 (Brasília) 08:56 GMT

O modelo de governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, está em “declínio terminal”, pelo menos fora da Venezuela, opina a revista Economistem reportagem desta quinta-feira que traça comparações entre a eficiência do chavismo e do lulismo.

“Em seu auge, cinco anos atrás, Chávez projetou sua ‘revolução bolivariana’, uma poção que mistura socialismo autoritário e populismo, como uma força continental. Não apenas Chávez usou o toque popular de um comunicador nato, como também estava armado de um aparente suprimento ilimitado de petróleo”, diz o texto.

“Hoje, o resto da América do Sul desfruta de crescimento econômico forte, mas a Venezuela está apenas emergindo de dois anos de recessão. (...) O dinheiro do petróleo está em queda, e cortes de energia são endêmicos. No que diz respeito a reduzir a pobreza, outros países superaram a Venezuela. O exemplo mais notável é o do Brasil.”

A Economist defende que políticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mesclaram “estabilidade econômica, investimentos privados e programas sociais que se tornaram moda na região”.

Como exemplo de êxito do “modelo lulista” em relação ao chavista a revista cita o presidente eleito do Peru, Ollanta Humala, que, há cinco anos, fazia campanha como um aliado de Chávez.

Porém, na campanha eleitoral vitoriosa deste ano, Humala tentou se distanciar do presidente venezuelano e se aproximar do modelo brasileiro.

A Economist ressalta, em contrapartida, que a abordagem lulista tem “limites”. “A escala e o escopo do governo brasileiro continuam a crescer de formas que não necessariamente beneficiarão os mais pobres. A política fiscal de Lula contribuiu para o superaquecimento da economia."

A reportagem conclui que o modelo chavista pode manter sua base de apoio na Venezuela, mas opina que “a onda da história latino-americana se virou contra Chávez”.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/07/110721_economist_chavez_pai.shtml

sexta-feira, 22 de julho de 2011

RIO / SP : Personal Fake Bueiro e Personal Caixa Eletrônico

O carioca não é muito chegado a seguir normas, costumes, hierarquias, etc. Isso é tão verdade que a cidade tem uma Secretaria de Ordem Pública para enquadrar as pessoas que dão "jeitinhos" para se dar bem em cima dos direitos alheios. Mas o povo tem medo de coisas que façam muito barulho ou explodam, como armas em geral e bueiros da Light. Sabendo disso, e surfando na onda de terror patrocinada pela empresa de eletricidade, por que não lançar produtos de muitas utilidades, como o Personal Fake Bueiro (ou PFB, já que gostamos tanto de siglas)?


Nossa proposta é a criação de adesivos ou tapetes com desenhos em alta definição reproduzindo os famigerados tampões, para serem colocados nos pisos. Alguns exemplos:
- Não respeitam a sua vaga de estacionamento? Cole um PFB no chão, e nunca mais terá problemas!
- Quer voar no serviço? Coloque um tapete PFB embaixo da sua cadeira e mande os colegas dizerem que saiu porque estava perigoso!
- Quer que o chefe desapareça? PFB embaixo da cadeira dele!
- Sua família não respeita seu lugar à mesa? PFB no piso da cabeceira!
- Malas sem alça batem à sua porta ? Ponha um caminho de PFBs no acesso!
- Seus filhos demoram no banho? PFB no piso do box!
- Greve? Bote PFBs nas entradas da empresa e nenhum pelego ousará furar o piquete!
- Entrada de garagem? Nada de adesivo "GARAGEM". Bote um PFB GGG (tampão duplo)!
- Segurança ? PFB no chão, embaixo de todos os muros!

Para São Paulo, onde o povo é mais certinho mas mais estressado, e faz de tudo para fugir das tensões da cidade-problema, ainda mais agora que tem quase todo dia um caixa eletrônico de banco explodindo junto com tudo que tem em volta. Mais poderoso, portanto que o PFB, em termos de afastar pessoas pelo medo. Pensando nisso, lançamos a solução: Personal Caixa Eletrônico (PCE), "fake" (falso) como o PFB, mas eficiente para ajudar a conquistar momentos de paz:

- Caronas no carrão? Nem pensar, PCE no porta-malas!
- Funcionários chatos na gerência? PCE ao lado da porta!
- Filas de restaurante? Leve um PCE portátil e não tenha problemas!
- Engarrafamento de 120km? Dois PCE na caçamba da caminhonete e os caminhos se abrem!
- Muvuca na praia de Santos? Um PCE é suficiente para abrir um clarão na areia!
- Trem ou metrô compactados? PCE portátil deixa o vagão vazio!
- Enchentes? Apagões? Pedágios? Insegurança? Um Caixa Eletrônico real para cada político!

O Blog aceita novas sugestões. Escreva nos comentários. Se alguém resolver realmente industrializar ou patentear essas idéias, por favor, lembre-se do meu direito autoral.

Os 2252 dias de governo Dilma

Ontem a imprensa em geral focou na conclusão de 200 dias do governo Dilma Roussef para suas análises, balanços e comparações. Em geral, fala-se que seu governo está parado tanto pela herança de Lula, da economia superaquecida por políticas anticíclicas para escapar à crise mundial, como pelos problemas envolvendo seus ministros.


Dilma começou a governar em 1/1/2011? Formalmente, sim. Na prática, ela governa o país desde 21/05/2005, quando tomou posse na Casa Civil, substituindo o incompetente José Dirceu, que passou dois anos e meio no cargo fazendo politicagem sem tocar nenhum projeto de desenvolvimento nem conseguir articular os ministérios e a base governista. Em vez de 200, são 2252 dias desde que Dilma saiu do Ministério das Minas e Energia, onde mostrou habilidade e competência, e chegou à Casa Civil como tábua de salvação para o governo Lula, envolvido na crise do mensalão.

Em 2006, foi a vez de Palocci sair noutro escândalo, dando lugar ao ministro Guido Mantega, que junto com Dilma mudou a cara do governo Lula, a partir de políticas neo-keynesianas alinhadas a um projeto de desenvolvimento. Eles deram as condições para a reeleição de Lula e pavimentaram o caminho para o seu sucesso retumbante. Graças ao PAC, Minha Casa, Minha Vida, às ações de aceleração da economia em meio à crise, Dilma se elegeu para continuar, agora como titular, o que vinha fazendo nos bastidores.

Não se pode falar, portanto, em "herança de Lula", pois Dilma não é a continuidade dele, tanto nas ações econômicas como nos projetos de desenvolvimento. Lula teve o dom de negociar com todos os setores da sociedade e conseguir governar apesar de toda a hostilidade e preconceitos contra si e contra a classe trabalhadora. Dilma arrumou a casa, e esse é o seu estilo. Faz mais do que fala.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Os americanos e a crise da dívida

Apesar de haver uma proposta conjunta de deputados democratas e republicanos para a elevação do teto da dívida pública, o processo de votação deverá se arrastar e uma solução não será alcançada antes do fatídico 2 de agosto, que pode ser o último dia de credibilidade dos Estados Unidos no mundo dos negócios. A Fox News, que é escancaradamente anti-Obama, mas muito pior mesmo, de fazer a Globo parecer até simpática ao Lula nos últimos anos, encomendou uma pesquisa para saber como o povão vê a iminência do calote.


Como não vi nenhuma referência na mídia brasileira na internet sobre o assunto, tive o trabalho de ler a pesquisa e sintetizar algumas informações. Aí vão alguns resultados, que podem parecer contraditórios:

- 23% definitivamente não apoiariam o seu candidato preferido se ele votasse pela elevação do débito. Outros 15% provavelmente não apoiariam. Já 24% apoiariam com certeza, e 21% provavelmente apoiariam.;
- 63% consideram uma má idéia aumentar impostos em período de recuperação econômica. 27% acham uma boa idéia;
- 60% dos entrevistados disseram que se fossem congressistas, votariam contra o aumento do limite de débito. 35% seriam a favor;
- 44% acham que Obama e os democratas estão trabalhando por políticas para ajudar os americanos, enquanto outros 49% acham que está usando a crise para ganhos políticos;
- 63% acham que a oposição republicana está usando a crise para obter ganhos políticos, contra 29% que acham que fazem algo para ajudar os americanos;
- 50% consideram que será pior para o país se os líderes em Washington falharem em aumentar o limite do débito e não pagar parte das suas contas, enquanto 40% acham que será pior se pedirem mais dinheiro emprestado para pagar as contas;
- 32% culpariam o presidente Obama por falhar na busca de um acordo para elevar o teto da dívida e deixar de pagar contas, enquanto 47% responsabilizariam os congressistas republicanos. Outros 15% culpariam ambos;
- 63% entendem que se não houver aumento do limite da dívida, o governo não deixará de pagar os benefícios da seguridade social, e que essa possibilidade é apenas uma tática de medo pela aprovação da elevação do teto. 28% acreditam no calote;
- 39% acham que se não houver aumento do teto, será uma catástrofe financeira, enquanto 55% acham isso um exagero;
- 61% acham que Obama pode chegar a uma solução para a dívida pública, e 35% acham que só se resolve quando ele sair;
- 73% concordariam com um corte linear de 3% na folha de pagamento do serviço público, e 20% seriam contra;

De tudo isso, uma coisa é certa: quem vai pagar a conta disso tudo é o setor mais pobre. A minoria rica tem tanto poder político que consegue influenciar o congresso e os americanos para não haver aumento de impostos para eles, passando a conta para a classe média. Os republicanos estão levando a pior nessa queda de braço, porque a culpa dos Estados Unidos darem calote seria deles. A maioria votaria contra o aumento da dívida, mas acha que se não se resolver esse impasse será pior para o país. Pelo visto, na disputa política, Obama e os democratas estão se dando bem melhor que os republicanos.

Corte bom de gastos é fim de guerras, de mensalões para ditadores aliados aos Estados Unidos, de comprar todas as armas que os lobistas da indústria bélica empurram para o governo, de subsídios para empresas de petróleo , de salvar bancos e empresas falidos. Aumento de imposto aceitável é sobre as fortunas daqueles caras que adoram aparecer na Forbes e dos que aspiram a chegar lá.






Dilma e os "políticos"

Já são 15 demissões e afastamentos no Ministério dos Transportes desde as primeiras denúncias de corrupção. O Partido da República - PR, acusado de cobrar 4% sobre os contratos de obras públicas para deixá-los fluir sem problemas, diz que está sendo injustiçado, insinuando que todos os demais partidos da base aliada fazem o mesmo, porém ainda não foram pegos, mas se o forem, querem idênticas punições.


Para quem se orienta pela "lógica da política" brasileira, a presidente Dilma está parecendo um rinoceronte numa loja de cristais no episódio dos Transportes. Ou como uma herege. Nessa "lógica", o "natural" num governo é a distribuição de poder econômico, que vai além do interesse em construir o melhor para os cidadãos e, do trabalho profícuo e honesto de cada partido da base aliada, construir-se referenciais que permitam favorecer seus candidatos em eleições futuras e estabelecer novas correlações de força.

Muito além dos mais louváveis desejos do povo, a leitura da "política" é a seguinte: temos tantos deputados e senadores, queremos ministérios que nos garantam a gestão de tantos bilhões de reais, senão a gente passa a vender cada voto no varejo, a cada votação, para o governo. Por que os bilhões de reais? Porque deles sairão os recursos para novas campanhas, para pagar as antigas, e para enriquecimento pessoal dos titulares dos cargos, de suas famílias, amigos, etc.

Lula sabia muito bem desses esquemas, por isso usou da sua incrível habilidade para transitar por toda a malha institucional, angariando aqui e ali pequenos avanços em troca de vistas grossas para a bandalheira, a ineficiência, a incompetência, etc. Acima de tudo, respeitava os acordos com os aliados, de qualquer origem, e os premiava com benesses. Isso vai do empresariado pelego ao sindicalismo pelego, passando até pela oposição e pela mídia de direita. A espinha de Lula se vergava a cada episódio para minimizar os choques entre os parceiros e contra o seu governo.

Lula fazia o jogo, defendia até onde podia os bandidos do partido e do governo, não deixava ninguém cair na boca dos tubarões. Teve sucesso nadando nesse rio de piranhas da política, conseguiu resultados sociais e econômicos expressivos e inéditos, elegeu sua sucessora e saiu para a história como o melhor presidente que o Brasil já teve. O preço que pagou, porém foi muito caro: inflacionou o mercado da corrupção, elevando a "taxa de intermediação" dos recursos públicos para atender à faminta base de apoio. O Brasil saiu da corrupção virtual, que era baseada nos contratos de propaganda e marketing e nas privatizações para a corrupção real, das obras e compras.

Ao afastar os supostos integrantes de quadrilhas que dominariam o Ministério dos Transportes, Dilma quebra esses acordos, rompe com essa "lógica política". Até aqui tem tido sucesso, porque os escândalos são gritantes, deixando o PR acuado. Para a oposição eles não vão, porque lá não tem dinheiro, mas terão que aceitar uma enorme redução do poder de gestão sobre recursos públicos, o que será um duro golpe para o fluxo de caixa do partido e das "redes de interesses".

A mídia de direita vende a idéia do rompimento de Dilma com as práticas de Lula. Tem razão, em parte. Quando Dilma passa por cima de tudo para moralizar a máquina pública, retoma os valores do PT da origem, que Lula já teve, mas que se perderam ao longo do tempo nos acordinhos e acordões para chegar ao governo, a princípio por tática, depois passaram a ser estratégicos, resultando nesse PT desfigurado, eivado de denúncias de corrupção e principalmente sem ideologia.

Dilma pode ir além disso na faxina, mas terá que fazer novas alianças. Primeiro, com o povo, o que é muito complicado porque não tem o controle dos movimentos sociais, que hoje fazem parte do esquema de fisiologismo, e sem eles é difícil a mobilização, mas não impossível. Povo na rua em apoio a Dilma contra a corrupção é algo impensável na "lógica política", mas viável considerado o poder das redes sociais. Pressionar os políticos corruptos como um todo, levando a insatisfação a manifestações populares, empoderaria Dilma para novos avanços parciais.

Segundo, com a mídia tradicional. O apoio da mídia que vem recebendo a cada demissão será encerrado assim que entendam que Dilma se fortalece demais, o que não interessa à direita, que pretende apenas isolá-la de Lula, do PT e principalmente da base de apoio para ter um governo à deriva e facilitar a chegada do PSDB, DEM e outros ao poder.

Terceiro, com a base aliada mais programática, à custa de mais espaços e blindagens para fazerem vistas grossas e jurarem fidelidade, enquanto trucida os mais fracos. Isso também é da "lógica política" vigente.

Dilma tem melhores condições de governabilidade que Lula teve no início do seu mandato, o que não exigirá muito jogo de cintura, que ela não tem. A aliança estratégica com o PMDB, PC do B, PSB e PDT lhe garante boa parte da base parlamentar baseada em programa e calçada por cargos. O mercado de varejo, dos votinhos que faltam, terá bem menos peso que na Era Lula, daí o custo de corrupção, das emendinhas dos parlamentares e outras mutretas, tem chance de ser menor. Ela tem uma certa margem para bater nas legendas de aluguel.

Acredito que Dilma continuará a bater no PR e criará um padrão para exibir aos demais partidos da base aliada. Já determinou que o partido poderá nomear os substitutos dos cargos que estão vacantes, mas que ninguém poderá ter processos judiciais sequer em primeira instância. Isso reduz muito a chance do PR nomear alguém de expressão, de ficha limpa. Quer a redução no preço das obras. Nega-se a pagar os 20% a mais das obras do PAC, exigidos pelo ministério. Manda um recado: quem se descuidar e criar problemas, será punido mais ou menos desse jeito. Vamos ver depois a rebordosa dos chantagistas nas futuras votações do congresso.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A violência do preconceito sexual

Ontem no interior de São Paulo pai e filho foram bestialmente espancados por um bando homofóbico, que sequer aceitou a explicação de serem parentes para andarem abraçados, na saída de um rodeio. Noutro dia, na Parada Gay de São Paulo, duas repórteres que faziam a cobertura para o programa "Profissão Repórter", da Globo, foram espancadas por um casal "porque pareciam lésbicas". A que ponto estamos chegando, correndo riscos de violência porque andamos com alguém do mesmo sexo e mesmo com pessoas menores (coisa de pedófilo), mesmo que sejam nossos filhos.


O avanços dos direitos dos homossexuais está trazendo uma resposta violenta de alguns setores da sociedade, por preconceitos ou por apologia à violência feita por segmentos da direita conservadora. Com o tempo, será normal ver casais de homens e mulheres andando de mãos dadas, e ninguém mais se importará com isso, mas até lá viveremos um período de neuroses. As pessoas estão olhando com suspeita para quaisquer duplas de pessoas. Faz falta a educação para a tolerância, que poderia ser ministrada nas escolas, mas criou-se um factóide contra o "kit gay" que deixará os jovens, em especial, à mercê da cultura homofóbica vigente. Só resta apelar a uma legislação mais rígida contra o preconceito, e à punição a cada caso de violência.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Corrupção : Porrada para todos

A falta de noção, caráter e senso público parece orientar certas declarações que a mídia nos informa. O líder do PR - Partido da República - soltou a seguinte pérola, como se fosse uma ameaça ou uma vingança:


"– De agora em diante, há uma jurisprudência ministerial. Pintou dúvida de corrupção vai ter que rodar. A balança tem de ser uma só."

Jurisprudência ministerial? Isso já existe há muito tempo, e até está na Constituição : chama-se Princípio da Moralidade. Servidor público suspeito de corrupção tem que ser afastado para apuração, seja concursado ou cargo de confiança. Comprovada a suspeita, processo administrativo e punição, com desdobramentos judiciais para reposição dos prejuízos ao erário público.

Existe mais de uma balança para a corrupção, presidente Dilma, ou todos são iguais perante a lei, como "pretende" o PR? Eles poderiam fazer um bom serviço ao país, denunciando a bandalheira dos outros, para que se cortem mais cabeças dessas quadrilhas instaladas nos aparelhos do estado. Porrada para todos, é o mínimo que o cidadão que paga imposto e quer um país melhor deseja.

Grampos telefônicos da mídia : Só na Inglaterra?

A cada dia o lamaçal dos grampos do jornal inglês "News of The World" fica mais fluido e mal-cheiroso. Já caiu o alto comando da Scotland Yard, a polícia londrina, porque contrataram como assessor um jornalista desse jornal. Agora estão fazendo pressão em cima do primeiro ministro Cameron, que também teria um assessor ligado ao jornal. Ontem apareceu morto o jornalista Sean Hoare, que delatou o esquema de grampos praticado pelo jornal.


Grampearam esportistas, a família do brasileiro Jean Charles (assassinado pela polícia londrina), políticos e celebridades. Nos Estados Unidos, há suspeitas que jornais da mesma rede tenham grampeado telefones das famílias das vítimas do atentado das torres gêmeas.

É só lá que isso acontece? Em tempos mais remotos, o governo de Richard Nixon, nos Estados Unidos, caiu porque foi descoberta a espionagem dos republicanos na sede do Partido Democrata, o episódio conhecido como "Caso Watergate". Tais informações eram essenciais para as estratégias do governo, bem como para municiar a mídia com dicas para investigações sobre os adversários.

E no Brasil, onde grampear um telefone é coisa corriqueira, tanto do lado da lei como da bandidagem? Há empresas que oferecem os serviços e equipamentos abertamente. E os diversos casos, como o do grampo de conversas do ex-diretor do BB Ricardo Sérgio, que falava do "limite da irresponsabilidade" no processo de privatização das teles? Chegamos a ter uma CPI dos Grampos Ilegais, que não deu em nada, mas levantou muitos casos de escutas de autoridades.

Tão comum é o grampo ilegal servir de matéria-prima para maus profissionais ligados a meios de comunicação sem escrúpulos, que o jornalista Noblat publicou no seu post, em 2/9/2008, no seu blog, a matéria abaixo, que demarca o campo entre buscar a notícia com ética ou com base no crime. A frase final, que diz que a denúncia de um ato criminoso não justifica uma prática criminosa, diz tudo. Segue o texto:

Jornalista não é Deus

Escrevi, hoje, no post "Lula foi rápido no gatilho" que a mídia deveria refletir sobre a conveniência de publicar conteúdo obtido por meios ilegais. Grampo feito sem autorização da Justiça é crime. Deve ser denunciado. Mas está certo transcrever uma conversa criminosamente grampeada?

Alguns leitores me cobraram mais explicações a respeito.

Segue um dos capítulos do meu livro "A arte de fazer um jornal diário" publicado pela Editora Contexto. Acho que ele resume melhor o que penso sobre o assunto.

"O Correio Braziliense deixou de publicar algumas reportagens que produziriam grande impacto entre os leitores desde que adotou seu Código de Ética.

Quer dizer que o código impede em determinadas circunstâncias que se publique reportagens capazes de repercutir intensamente? E de vender jornal?

A resposta é sim. E a razão muito simples: em alguns casos, o repórter só obtém informações se deixar de lado o comportamento ético ditado por códigos profissionais ou por sua própria consciência. A ética deve prevalecer até mesmo sobre a obrigação que tem o jornal de revelar o que possa interessar ao leitor.

Um dos artigos do código do Correio, por exemplo, proíbe que o jornalista publique informações obtidas por meios considerados fraudulentos. Um desses meios é ter acesso a informações fazendo-se passar por outra pessoa. Ou negando que seja jornalista. É uma prática corriqueira na imprensa brasileira. E em grande parte da imprensa mundial.

A pretexto de que o interesse do público está acima de tudo e de que a imprensa existe para informá-lo, jornalistas roubam documentos, se apresentam sob falsa identidade e gravam conversas às escondidas. Jornalistas que agem assim se consideram acima das leis.

Em agosto de 1998, a repórter de uma revista de circulação nacional testemunhou a confissão de vários crimes feita por um suspeito diante dos advogados dele. Confissão protegida, pois, pelo sigilo que resguarda as informações dadas por uma pessoa a seus advogados.

O suspeito não sabia que entre os advogados havia uma jornalista. Até aquele momento ele negara à polícia a autoria dos crimes.

Pressionado depois pelos policiais e informado de que a confissão ouvida pelos advogados se tornaria pública dentro de algumas horas, o suspeito finalmente confirmou tudo.

Num caso como esse, justifica-se o procedimento usado pela jornalista? Foi legítimo? Foi ético? Valeu a pena o ardil? Qualquer ardil vale a pena?

A televisão costuma apelar para o uso de gravadores e câmeras escondidos que registram diálogos entre bandidos e jornalistas, esses quase sempre fingindo interesse em comprar alguma coisa dos primeiros. Se o telespectador não reconhecer o jornalista e sair da sala antes que fique claro quem é quem, poderá imaginar que assistiu a um diálogo entre dois bandidos.

Costumamos dizer que enquanto médico pensa que é Deus, jornalista tem certeza.

Jornalista não é Deus. Não está dispensado de respeitar a Constituição e as demais leis do país. Não tem mandato conferido por ninguém para atuar ao arrepio de códigos e normas socialmente aceitas.

A denuncia de um ato criminoso não justifica uma prática criminosa."

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2008/09/02/jornalista-nao-deus-123802.asp