terça-feira, 1 de abril de 2014

Golpe de 64 : Traições sobre traições levaram à ditadura militar

Diário de Notícias - Rio - 04/04/64
Diário de Notícias - Rio - 04/04/64
O golpe de 64 foi uma sucessão de trairagens. Primeiro, os traidores que se venderam aos Estados Unidos para organizar o golpe. Segundo, os militares que cometeram crime de traição previsto na constituição ao desobedecerem ao poder do presidente. Na hora de responder ao deslocamento de tropas do General Mourão, que saiu de Juiz de Fora para o Rio, as tropas leais ao presidente traíram e aderiram ao movimento. O general Kruel, do II Exército, em São Paulo, amigo de Jango, debandou para o outro lado e não o informou sobre as articulações para o golpe.

Depois, o presidente do Senado, que mesmo com Jango no território nacional convocou o congresso de madrugada, declarou que a presidência estava vaga e empossou Ranieri Mazzili, que teria 30 dias de mandato após o qual seria eleito indiretamente um presidente para ficar até 1965 quando haveria eleições diretas.

O Globo - Rio - 04/04/64
Para essa sucessão se colocaram pelo menos 4 candidaturas: as dos militares Dutra (ex-presidente) e Castelo Branco; JK (ex-presidente) e Magalhães Pinto, governador de Minas, um dos articuladores civis do golpe. Havia uma aparência de controle do processo político pelo Congresso. Até nova traição. Sentindo a cilada, o governador da Guanabara, Carlos Lacerda, e JK deram declarações pelo resgate da democracia com temores de ditadura militar.


Diário de Notícias - Rio - 04-04-64
O Globo - 04-04-64

Editorial O Globo - 04-04-64 - Apoio a Castelo
Diário de Notícias - Rio - 04/04/64
Não durou uma semana: as pressões dos militares e dos setores civis anticomunistas impuseram Castelo Branco, que queria as eleições diretas em 65. Queriam expurgar a todos os que pudessem tachar de comunistas, inclusive parlamentares. Até a UDN, apoiadora do golpe e defensora de candidaturas militares, se colocou contra as cassações. Juscelino, prevendo o que viria, pediu moderação no anticomunismo. Instalou-se entre os políticos o receio da traição pelos militares e do respeito à constituição, que previa eleições presidenciais em 1965. Lacerda e JK, potenciais candidatos, botaram as barbas de molho dois dias depois do golpe consumado e por eles apoiado.

Os atos institucionais, as cassações de mandatos e os indícios de que haveria um golpe sobre os civis ficaram claros em poucos dias. A linha dura golpeou o grupo de Castelo Branco. Estava aberta a cloaca de Pandora. Traições em cima de traições. E pagamos 21 anos de ditadura militar por conta disso. 

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