quarta-feira, 31 de março de 2010

DF : Roriz em campanha ilegal


Se esse carro aí da foto não está fazendo campanha do Roriz, não sei mais o que é campanha. A foto é de hoje na W3 norte, em Brasília (apaguei a placa). O site indicado já é a própria campanha. Fala das pesquisas, do acordo com FHC para apoiar Serra no DF, enfim, tem tudo para ser ilegal, pois a campanha eleitoral oficial só começará daqui a alguns meses. Ilegal, sim. E daí?

Lula tem sido multado por campanha antecipada. Correto, a lei é para todos, embora no caso de Dilma seja mais difícil detectar as malandragens eleitorais porque, se Lula tem obras para inaugurar, agradeça à competência dela. Não é forçar a barra ela estar em todas as inaugurações, mas Lula vai além e fala em candidatura, etc. Fica fácil tomar flagrantes, até porque a mídia que acompanha os eventos faz o papel de fiscal e entrega tudo aos demo-tucanos para reclamarem no TRE.

Com Serra não teve tanto problema, porque ele não tem muito o que inaugurar e aproveitar para fazer comício. Pelo contrário, não pode aparecer muito em público, senão os professores em greve protestam onde ele estiver. Vai deixar o governo pela porta dos fundos, fugindo da responsabilidade dos salários PSDB - Piores Salários Do Brasil (essa tradução da sigla foi do Paulo Henrique Amorim - diz tudo)

terça-feira, 30 de março de 2010

Serra inaugura Rodoanel inacabado

O anel viário de São Paulo, que deveria desviar todo o tráfego pesado para evitar que passe dentro da cidade, teve um trecho inacabado entregue hoje às pressas pelo governador José Serra (PSDB), pois vai deixar o cargo para concorrer às eleições. O trecho sul custou mais de R$ 5 bilhões, com o governo federal bancando 1/3 e o governo paulista, 2/3. A correria para a inauguração causou a queda parcial de um viaduto no fim do ano passado.

A obra também ficou conhecida como "Rouboanel" porque o Tribunal de Contas da União encontrou indícios de superfaturamento da ordem de R$ 39 milhões. Será liberada ao tráfego amanhã, mesmo faltando várias obras complementares. Como herança, Zé Pedágio, como é conhecido o governador tucano, deixará para o ano que vem mais uma cobrança de pedágio no trecho agora inaugurado.

Bancoop : audiência pública frustra oposição

A audiência pública no senado, convocada pelo senador Álvaro Dias (PSDB) para investigar denúncias de irregularidades da Bancoop, não rendeu um show de mídia à altura do estardalhaço que a revista Veja fez há três semanas. O representante do Ministério Público, José Carlos Blat, não compareceu alegando motivo de saúde, mas mandou uma carta chamando a Bancoop de "organização criminosa" que repassou dinheiro às campanhas do PT.

Os senadores da oposição reforçaram tudo que a Veja / Blat disseram, mas João Vaccari, presidente licenciado da Bancoop e atual tesoureiro do PT rebateu as denúncias, reforçado pelo advogado da Bancoop, que disse que Blat acusa mas não processa porque não tem provas. No final da audiência, nenhum fato novo foi criado, nada foi esclarecido e ficou a sensação que todos os que ali estavam deveriam ter feito como os demais senadores, e se mandado para os seus estados nesta terça-feira santa.

Física : LHC faz história

Hoje os físicos e engenheiros do CERN conseguiram fazer a primeira colisão de feixes de prótons no Large Hadron Collider (LHC - Grande Colisor de Hadrons), um feito que é difícil de explicar, mas que abre as portas para experimentos da física que poderão explicar até a origem do universo se comprovar a teoria do Big Bang. Contrariando os temores de criação de pequenos buracos-negros, que poderiam engolir o planeta e mais muita coisa em volta, a experiência deu os resultados esperados. Os próximos experimentos dirão se o LHC é a máquina do fim do mundo ou a máquina de brincar de deus.





segunda-feira, 29 de março de 2010

PAC-2 : A hora do planejamento?

Nos tempos de paralisia econômica, um plano plurianual de investimentos dificilmente saia do papel por falta de recursos. No PAC I, o gargalo foi a falta de projetos e profissionais para que os recursos fossem usados, e nem a metade das obras estão prontas. Ao lançar o PAC II, Lula falou em antecipação para dar tempo aos parceiros para elaborar projetos, planejar as ações, ou seja, para criar uma cultura de planejamento perdida ao longo de décadas de estagnação. Tomara que seja isso, e que daqui para a frente as obras sejam feitas a partir de projetos executivos claros, com bons orçamentos e fiscalização eficiente tanto dos órgãos do executivo como dos tribunais de contas. E que o resultado seja duradouro, com qualidade.

O PAC II prevê ações em seis grandes áreas de investimento para os próximos 4 anos, com dispêndios de quase R$ 1 trilhão por parte dos governos, estatais, economia mista e setor privado, trabalhando articuladamente. Os maiores gastos planejados estão nas áreas de energia (R$ 465,5 bilhões), habitação (R$ 278,2 bi) e transportes (R$ 104,5 bi).

A oposição reclamou de tudo, é claro. Disse que foi só um comício de Dilma. Até aí, é questionável o caráter do ato do ponto de vista eleitoral. Mas dizer que não se pode planejar algo que outros governos venham a fazer, é cair na velha prática das obras paliativas que queimaram recursos durante muito tempo sem resolver grandes problemas. Um exemplo disso é o festival de soluções de faz-de-conta para as enchentes em São Paulo. Piscinões, contenções, dragagens, nada disso deu certo individualmente. Se houvesse um plano mais geral de intervenções integradas talvez a população não sofresse tanto. Para eles, o estado tem que ser mínimo, e essas ações devem ser dirigidas pelo mercado, o que contraria a cultura do planejamento e explica por que nunca fizeram políticas para acabar com problemas básicos de habitação, saneamento e transportes. O improviso faz parte da cultura demo-tucana.

domingo, 28 de março de 2010

Sindicato devolve imposto sindical

Os bancários de Bauru decidiram que a parte do imposto sindical (60%) a que faz jus o Sindicato lhes será devolvida. Outras entidades de várias categorias fizeram o mesmo, mas são muito poucas. O gesto é mais que uma economia para os trabalhadores, que são descontados em 3,33% do seu salário todo mês de março. É uma ação educativa, mostrando que o sindicalismo não precisa de um imposto para ser autônomo em relação aos patrões e ao governo. Um exemplo a ser seguido, aliás, uma lição a ser rememorada pela quase totalidade dos sindicatos, principalmente os da CUT, que um dia pregaram o fim da tutela do estado sobre as entidades, da qual a contribuição sindical, nome novo do imposto, faz parte.

Por que o sindicalismo autêntico quer o fim do imposto? Porque se defende que as entidades se sustentem exclusivamente pela vontade dos seus associados, pelo reconhecimento do seu papel na luta em defesa dos direitos da sua base. Para uma grande quantidade de sindicatos de fachada, praticamente sem associados até para melhor manipulação eleitoral pelos eternos dirigentes pelegos, o imposto é quase toda a receita. Para quem não faz nada, também não tem despesas altas, e os dirigentes podem se locupletar concedendo-se vantagens, boas diárias, carro e telefone para uso particular pago pela entidade, etc. Acabando o imposto sindical, esse bando de parasitas vai perder a boquinha, e terá duas alternativas: afundar com a entidade, ou fazer algo que atraia filiados.

Um sindicato vive hoje de basicamente 3 receitas : as mensalidades dos associados, o desconto assistencial, que é um reforço pedido pelos sindicatos ao final das campanhas salariais para cobrir despesas extraordinárias do período, e a contribuição sindical. Dependendo do número de associados do sindicato, a proporção do imposto pode ser desprezível face às mensalidades. O ideal é que o custeio da entidade (despesas correntes com folha de pagamento, insumos, serviços prestados, etc) seja coberto pelas mensalidades com folga, e que o desconto assistencial seja aplicado para investir na organização e nas lutas de interesse da categoria.

Em alguns casos o Sindicato propõe a devolução, e a base, dependendo das condições financeiras da entidade, resolve manter o recurso inteiro para uso do sindicato, por assembléia. Mas isso não resolve, porque as boquinhas das entidades superiores continuam, e nessas não há assembléias muito menos se sabe como as pessoas se reelegem eternamente.

O montante recolhido dos funcionários e repassado pelos empregadores à Caixa fica parado por dois meses até que por volta de junho/julho seja distribuído, de acordo com o art 589 da CLT nas proporções de 5% para as confederações, 15% para as federações, 20% para a Conta Especial Emprego e Salário do Ministério do Trabalho, e é uma das fontes do FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador, e 60% para as entidades sindicais de base. Recentemente foi aprovada na Câmara dos Deputados a PL 1990/07, que não extingue o imposto sindical, mas come da fatia de 20% do Ministério do Trabalho a metade para sustentação das centrais sindicais. Tudo continua como está: o trabalhador paga, o FAT perde e mais boquinhas são criadas.

sábado, 27 de março de 2010

Pesquisa Datafolha : Serra subiu?

A novidade da pesquisa Datafolha publicada hoje é a subida de José Serra (PSDB) de 32% para 36% das preferências, o que significa crescimento, considerada a margem de erro máxima de 2%. Dilma Roussef ficou estável, dentro da margem de erro (28% para 27%). Ciro Gomes, com 11%, e Marina Silva, com 8%, também ficaram estáveis.

A crer em pesquisas, Serra quase recuperou o que perdeu desde o final do ano passado, e Dilma estacionou depois de uma forte subida. Isso contrasta com a pesquisa do Ibope da semana passada, que mostra Dilma com forte tendência de subida. A crer em conspirações, essa pesquisa seria o fôlego para justificar a candidatura de José Serra, afinal a chuva parou, ele finalmente assumiu a sua candidatura e saiu inaugurando até maquete de ponte.

Será que a pesquisa já apurou o "efeito FHC", fazendo acordo com Roriz, a pancadaria nos professores em greve em São Paulo e a limitação de reajustes aos servidores?

sexta-feira, 26 de março de 2010

A falsa "Escolha de Sofia"

Circula pela internet mais um desses materiais de campanha eleitoral "chamando à reflexão" que nada mais é que pura campanha do candidato do PSDB à presidência, José Serra. Intitulado "Dilma ou Serra : A Escolha de Sofia", o artigo é escrito por alguém que considera que o PT e o PSDB têm o "monopólio da esquerda". Descarrega todas as tintas na adjetivação pejorativa e caluniosa à candidata Dilma Roussef na tentativa de forçar uma rejeição ao seu nome maior que ao candidato do PSDB.

O autor tenta fazer a analogia com o filme onde Meryl Streep representa a judia Sofia que, a caminho de um campo de concentração nazista, seria obrigada a se separar dos seus dois filhos. Implorou ao oficial alemão para levá-los, e este lhe deu a opção de levar um deles, e o outro teria que ser morto ali mesmo. Um extremo de barbárie e do sadismo.

A tese de escolher entre votar nulo e no Serra parte da idéia de "até onde a civilização pode usar a barbárie contra a barbárie, usá-los para preservar os valores da civilização ao invés de destrui-los". E daí discorre que, apesar de entender que Serra é um esquerdista, teria mais "limites éticos" que Lula, cuja candidata Dilma, por ter sido guerrilheira estaria alinhada com Hugo Chavez, Cuba e todos os fantasmas que perturbam as noites dos paranóicos de direita.

É isso que dá a direita não ter um candidato que a represente completamente. Precisa terceirizar sua ideologia apostando nos "menos bárbaros da esquerda". Será que o DEMO não tem ninguém para dar chance ao voto aos saudosistas da ditadura, nem que seja no primeiro turno? A esquerda tem mais opções para quem é de esquerda: tem candidaturas a presidente do PSOL, do PSTU, do PCO e, forçando a barra porque o PV não tem nada de esquerda, a candidata Marina Silva.

Quem não gosta do Lula nem do PT porque teriam traído as propostas e a própria história tem a opção de apostar na construção de outras alternativas mais coerentes no mesmo campo eleitoral. Quem sempre odiou Lula e o PT, só tem o candidato tucano como opção, ou o voto nulo. A extrema-direita ficou órfã.

O texto falha na analogia, porque para o autor nem Serra nem Lula são seus entes queridos. A "Sofia" do caso preferiria um terceiro filho, ausente no momento da escolha, e teria que escolher entre não levar nenhum, ou levar um dos que desgosta menos.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Quanto você provavelmente vai viver?

Muito interessante o site http://www.poodwaddle.com/clocks2pw.htm . É especializado em cálculos baseados em estatísticas, e as coloca na forma de relógios. Um dos dispositivos calcula até a expectativa de vida individual, a partir da correlação de 34 diferentes estatísticas, como a de longevidade de fumantes, diabéticos, cardíacos, riscos de acidentes, stress e outros. A minha expectativa de vida virtual deu 87 anos. A previdência não vai gostar disso. Esse cálculo é acessado em páginas como http://www.healthyyounaturally.com/free/how_long_will_i_live.htm .

quarta-feira, 24 de março de 2010

PSDB a FHC : Por que não te calas?

A combalida campanha dos demo-tucanos levou mais uma bola nas costas com a reaparição de FHC fazendo mais uma das suas trapalhadas. O papo dele com o ex-governador de Brasília, Joaquim Roriz, deixou os tucanos de penas em pé. E eles já estão calando o bico grande de FHC, impedindo-o de ser o orador no lançamento de Serra, que deverá ser num estaleiro de submarinos, ou seja, ao lançar, afunda.

PSDB silencia Fernando Henrique

24/03 - 21:35 - Nara Alves, enviada a Brasília

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deverá ficar de fora da lista dos oradores do evento que vai oficializar o governador José Serra como candidato à presidência pelo PSDB. Segundo o presidente da legenda, o senador Sérgio Guerra, a “idéia inicial” é de que façam discursos os presidentes dos três partidos e o candidato, mais ninguém. O encontro reunirá cerca de 1.500 lideranças do PSDB, DEM e PPS no Centro de Convenções Brasil 21, em Brasília, no dia 10 de abril.

Na última segunda-feira, FHC encontrou-se com o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC), antecessor do governador cassado José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), preso sob acusação de ter montado uma rede de corrupção no Distrito Federal. O encontro entre os dois irritou lideranças tucanas que apoiam Serra. Segundo o senador Sérgio Guerra, o encontro não significa aliança alguma entre os partidos. “O FHC não apoiou ninguém, é conversa. O PSDB não vai apoiar candidato nenhum em Brasília”, afirmou.

A cúpula do PSDB se concentra, agora, na pré-campanha de Serra nos próximos três meses. O comitê da pré-campanha está sendo formado na ponte-aérea Brasília-São Paulo entre o presidente da legenda, a senadora Mariza Serrano e o ex-secretário das Sub-prefeituras de São Paulo Andrea Matarazzo.

“Serra vai se informar sobre diversas situações no Brasil para conhecer, interagir, entrar na casa das pessoas e ouvir”, disse Guerra em entrevista aoiG na sede do PSDB em Brasília. Serra visitará projetos de irrigação no Nordeste e de reforma agrária, conhecerá a produção agroindustrial em setores importantes para a geração de emprego, irá a empresas no ramo têxtil “pelo País afora”, de acordo com Guerra.

A escolha do vice na chapa de Serra ficará para maio, um mês antes da convenção do partido. “Conversei com o Rodrigo Maia (presidente do DEM) e decidimos que vamos resolver isso em conjunto mais para frente”, disse Guerra. O DEM e o PPS será incorporado à pré-campanha “em breve”, segundo o senador.

Serra proíbe reajustes reais a trabalhadores de estatais

Enquanto a polícia espanca os professores paulistas em greve por reposição das perdas causadas pela política de arrocho do seu governo, o governador José Serra proíbe que as estatais paulistas paguem qualquer coisa além da variação do IPC-FIPE. Tratando-se de um governo do PSDB já é um avanço, porque durante o reinado de FHC as estatais federais tiveram zero de reajuste durante muitos anos.

Agora as estatais que já haviam fechado acordos com os trabalhadores com base em índices menores terão que renegociar para baixo os reajustes. Mais greves à vista.
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Casa Civil proíbe aumento real em estatais paulistas

Autor(es): João Villaverde, de São Paulo
Valor Econômico - 24/03/2010

A Casa Civil paulista proibiu que as empresas com participação acionária do governo do Estado de São Paulo concedam reajustes reais aos salários dos trabalhadores em 2010. Ofício de 17 de novembro do ano passado, assinado pelo secretário-chefe da Casa Civile presidente da Comissão de Política Salarial, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), determina que os acordos com os sindicatos dos trabalhadores que representam funcionários em regime de CLT das estatais "não poderão ultrapassar o índice de variação do IPC-Fipe" acumulado em 2009. Para cumprir a norma da Casa Civil, mesmo estatais que já tinham acordado aumento acima da inflação estão voltando atrás.

A maior parte das empresas, autarquias e fundações mantidas pelo governo paulista pertence a setores cuja data-base para negociações com sindicatos laborais ocorre entre maio e junho. A única exceção é o setor de processamento de dados, onde se insere a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), com data-base em janeiro.

Conforme noticiou o Valor em 16/03, depois de oito reuniões e dois meses de negociação, as empresas do setor fecharam acordo com o sindicato dos trabalhadores (Sindpd) que previa aumento real de 1,7%, tendo a inflação corrigida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que registrou variação de 4,3% em 2009. O acordo total, de 6%, foi assinado pela Prodesp. No entanto, a empresa voltou atrás. Em carta assinada pelo presidente da Prodesp, Mário Seabra Bandeira, remetida ao presidente do sindicato patronal, Luigi Nese, há menção à norma da secretaria da Casa Civil como justificativa para romper o acordado.

Na carta, a qual o Valor teve acesso, Bandeira afirma que a Prodesp subscreve o acordo coletivo em todas as suas cláusulas, "à exceção da cláusula 'reajuste salarial', cujo índice a ser aplicado aos empregados pertencentes ao seu quadro de pessoal dependerá de expressa autorização da Comissão de Política Salarial". Bandeira, em sua missiva, solicita que Nese comunique o sindicato dos trabalhadores para que este "aguarde a manifestação órgão governamental".

Para Nese, a estatal pode agir como entender. "Se o governo tiver política de não aumentar salários é uma questão que deve ser debatida entre a empresa e os trabalhadores", diz ele, que pondera: "se o governo do Estado aumentou o mínimo estadual em quase 12%, não vejo porque [a empresa] teria dificuldade em acatar os 6%". Procurado pela reportagem, o presidente da Prodesp não quis falar sobre o assunto. O secretário da Casa Civil não respondeu porque, segundo sua assessoria, "está com agenda cheia graças a proximidade com o momento de se desincompatibilizar do cargo". Ferreira, que deve se candidatar ao Senado pelo PSDB, precisa deixar o governo até o fim da semana que vem.

O sindicato dos trabalhadores de processamento de dados (Sindpd) se reúne amanhã com os 30 delegados do conselho de representantes dos funcionários da Prodesp para discutir o que será feito. "A Prodesp está sendo irresponsável em descumprir o que tinha acatado. Por trás desse movimento de arrocho está a tentativa de privatizar a companhia", afirma Antônio Neto (PMDB), presidente do Sindpd e da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB).

O ofício da Casa Civil determina ainda que "as negociações deverão ser conduzidas de maneira a reduzir, de forma progressiva até sua completa extinção, eventual garantia do nível de emprego constante na norma coletiva".

Para Renê Vicente dos Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sintaema) de São Paulo, há "enorme ingerência" por parte do governo do Estado em negociações. "Negociamos muito com as empresas, mas tudo, desde nossa pauta até nossos argumentos, é remetido à comissão de política salarial, que não participa das reuniões, apenas emite ordens. As empresas, então, se ausentam de responsabilidade", afirma. O sindicato representa os trabalhadores de três companhias mistas, com participação acionária do governo estadual: Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesp) e Fundação Florestal.

Segundo Santos, "a redução do nível de emprego constante de norma coletiva", conforme expresso no ofício da Casa Civil paulista, já vem ocorrendo na Sabesp. "Nossa convenção coletiva prevê que apenas 2% do quadro de pessoal pode ser demitido, mas a empresa se desfez de 1,7 mil funcionários, sendo 1,5 mil aposentados que ainda estavam na ativa, e não contratou de volta o necessário para cumprir o acordado", afirma.

Santos avalia que as negociações desse ano serão "complicadíssimas". Em 2009, o sindicato pediu reajuste nominal de 20%, mas obteve 0,69% além da inflação. A data-base da categoria ocorre em 1º maio, e o sindicato entregou ontem a pauta - que contém demanda de reajuste nominal de 15% - à Sabesp e Cetesp.

Com data-base em 1º de junho, o Sindicato dos Eletricitários de São Paulo (Stieesp), que representa os funcionários da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), avalia que as negociações serão "terríveis". Carlos Alberto dos Reis, presidente do Stieesp, lembra que, no ano passado, foram fechados acordos para todas as empresas do setor, à exceção de Cesp e Emae: "O histórico não nos deixa animados".

terça-feira, 23 de março de 2010

BB é dirigido pelo Clube do Bolinha

Com a aposentadoria recente da Diretora de Logística, o Banco do Brasil ficou sem nenhuma mulher entre os seus 50 cargos de alta direção (presidente, vice-presidente, diretorias). Clique aqui para conferir. Não é à toa que o presidente Lula, num recente evento de gestores do banco, ao ver a platéia quase exclusivamente masculina, brincou dizendo que o BB poderia ter mais mulheres.

O fato é que mesmo tendo a participação feminina aumentado muito, com as mulheres já representando mais de 40% do contingente de cerca de 130 mil funcionários, elas não conseguem subir os degraus da carreira por razões que nada têm a ver com a capacidade, postura, habilidades, etc. Ainda há muita luta pela frente para assegurar a igualdade de gênero nas oportunidades do mercado de trabalho.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Serra terá apoio de Roriz.

Serra já não tinha muitos motivos para sorrir dada a maré de azar que o segue. Bastou anunciar sua candidatura para receber um apoio de peso : Joaquim Roriz, ex-governador do DF, em cujo governo começou boa parte da bandalheira que levou Arruda à cadeia. Roriz acertou com FHC o apoio a Serra em Brasília, e ouviu do ex-presidente que terá o apoio do PSDB em Brasília. É o peso de uma âncora: arrasta para o fundo.

Agora a coisa vai! Pro brejo, claro. Com o apoio do DEMO, que era o partido do ex-governador Arruda e do ex-vice Paulo Octávio, e o de Roriz, Serra tem tudo para perder também no Distrito Federal. Tudo que Serra não precisava era exibir em seu apoio a nata da lama da corrupção. Além do tombo, a queda: já tem muitos ex-petistas ou dissidentes desiludidos com Lula e o PT pensando em fazer campanha para Dilma contra essa turma toda.

França : Sarkozy leva lavada de frente de esquerda

Com 54,11% dos votos, a frente de esquerda francesa garantiu o governo de 23 das 26 regiões administrativas do país e de ultramar. Foi a maior vitória de socialistas, ex-comunistas e ecologistas desde 1981. A coalizão de Sarkozy ficou com 35,37% dos votos. O resultado foi o troco às políticas prejudiciais aos trabalhadores, como a reforma da previdência, e a fraca resposta à crise, que gerou um grande contingente de desempregados.

EUA : Obama aprova plano social de saúde

A vitória obtida ontem na Câmara dos Deputados americana foi suada para Obama. Chegou a sumir do cenário internacional, batalhando cada voto na reforma do sistema de saúde, que incluirá milhões de americanos no atendimento gratuito. Teve que combater a cultura individualista arraigada na sociedade americana, que até se manifestou em atos públicos contra a reforma, porque boa parte dos contribuintes se recusa a pagar impostos para manter os sistemas públicos de seguridade social. Solidariedade não é a praia dos americanos, e chegam a dizer que os benefícios sociais são coisa de comunistas. Parabéns, camarada Obama!

sexta-feira, 19 de março de 2010

O inferno astral de José Serra

Hoje o pré-candidato José Serra assumiu perante o Datena que será candidato à presidência. A cara dele na entrevista feita em local aberto com um bando de crianças gritando e o Datena olhando para o lado como se quisesse esganá-las, era de boi que segue pelo brete para o abate. Sua ambição o está levando ao desastre, e chegou ao ponto onde não pode mais retornar, afinal, forçou todas as barras para ser candidato. O problema parece que deixou de ser da competência política para o astral dele. José Serra tem azar, e dá azar. É um tucano de mau agouro.

Quis botar o Aécio como vice, e foi humilhado em Minas. Agora o DEMO volta a infernizá-lo com a ameaça de impor o seu vice, o que trará para sua campanha o fantasma de Brasília e de outras bandalhas da direitona. Passou quase dois meses com o seu estado debaixo d'água. Agora, na greve dos professores, diz que tudo não passa de política e de "trololó", esquecendo-se do arrocho salarial que aplicou à categoria que agora, com toda razão, cobra a fatura pedindo 34% de reajuste. Tem o fantasma de FHC a toda hora abrindo sua enorme boca para confrontar o governo Lula, o que fortalece o movimento espontâneo "tucanos nunca mais", aumentando a rejeição à volta da privatização, do arrocho salarial, da submissão internacional. Isso é só do lado do fogo amigo.

Do outro lado vê Dilma em empate técnico, com tendência de ultrapassá-lo na primeira pesquisa que se fizer abrir nos próximos dias. Vê que a baixaria que transformou as revistas semanais e principais meios de comunicação em imensas e fedorentas cloacas, requentando denúncias, inventando coisas e, pior, galvanizando contra a direita demo-tucana um bando de desiludidos com o PT que agora entram na briga para evitar a sua volta. Abre o jornal e lê que o Brasil, sob Lula, reduziu em 16% o número de favelados, que ele foi ao Oriente Médio e credenciou o país como nação de primeira linha capaz de negociar onde os grandes fracassaram, e muitas coisas mais, que nos fazem pensar que aderiu ao PSMB - Partido Sado-Masoquista Brasileiro.

O desastre não vai parar nele. Vários senadores da direita e tucanos não se reelegerão, idem com deputados, porque estarão fora do palanque de apoio à candidata governista. Uma boa parte do empresariado contrário a Lula em 2002 e 2006 o bajula porque ganhou muito dinheiro nos seus governos e deve a ele a condução firme para fora da crise, com geração recorde de empregos e aumento da renda das famílias, ou seja, vão faltar alguns tradicionais patrocinadores. E se o nível continuar baixando e FHC continuar se expondo, poderemos ter uma vitória situacionista parecida com a obtida pelo PMDB em 1986, sem precisar da fraude do Plano Cruzado.

Light : você sabia que Aécio nomeia o presidente?

Pouca gente sabe que a malfadada Light, empresa energética que inferniza a vida dos cariocas, tem como uma de suas controladoras a CEMIG - Centrais Elétricas de Minas Gerais - e que quem nomeia o seu presidente é o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB).

A Light foi privatizada por FHC para a estatal francesa EDF. Em 2006, Aécio Neves participou, via CEMIG, do consórcio que comprou a parte francesa, ficando com 25%, o Banco Pactual com 25%, o Grupo Andrade Gutierrez com 25% e a Luce do Brasil com outra parte igual. Desde então é aplicada a fórmula do capital privado à gestão da Light : investimento mínimo, baixo custo em manutenção de rede, demissão em massa de funcionários e substituição por terceirizados de baixa qualificação e direitos trabalhistas precarizados. Tudo isso para maximizar lucros.

Enquanto eles ganham dinheiro, o carioca sofre. O cidadão está fazendo um trabalho no computador, falta luz, perde tudo, e a Light diz que vai indenizar com uma merreca por cada hora de energia que faltou. Shopping-centers fechados por falta de luz o dia todo. Trânsito parado por falta de energia para a sinalização. Um inferno cujos responsáveis a grande mídia não mostra, porque blinda os irresponsáveis tucanos. E pode piorar, porque a CEMIG quer comprar a AMPLA, outra concessionária de energia que atua no estado do Rio de Janeiro.

Atualizando uma antiga rima que ouvia quando era criança sobre a falta de água e luz no Rio, a nova ficaria assim:

"Rio de Janeiro
Estado que seduz
Num dia roubam os royalties
Noutro dia apagam a luz. "



quinta-feira, 18 de março de 2010

Rio : um saque a cada 50 anos

Em abril Brasília faz 50 anos. E igualmente faz o primeiro grande golpe sofrido pelo Rio de Janeiro, que esvaziou fortmente após a mudança da capital para Brasília, tanto na economia como na política. Foram décadas de estagnação e perseguições, porque a ditadura perdia as eleições indiretas para governador. Empurraram sobre o antigo estado da Guanabara o feudal Estado do Rio, num processo de fusão que serviu para a ditadura nomear um governador. Só nos últimos anos o novo estado conseguiu retomar o desenvolvimento, em especial com o petróleo e seus royalties, e a indústria naval, forte fornecedora da Petrobrás. O Rio hoje é um dos poucos estados ricos cujo governo apoia o governo Lula, e daí parte a razão para essa facada. A idéia é saquear o Rio e botar a União para pagar a conta.

De repente, sem que o assunto estivesse em discussão no projeto de regulamentação do pré-sal, enfiaram a mão no bolso dos estados produtores de petróleo para confiscar os atuais recursos de royalties. Sim, o que se fez foi pulverizar o que hoje se arrecada, e não o que ainda está por ser explorado e produzido no fundo do oceano. Isso só vai dar dinheiro lá para 2020, até porque não há tecnologia barata para tirar de lá praticamente nada. E, o que é pior, quando esse recurso for partilhado entre 26 estados, um distrito federal e quase 6000 municípios, vai dar uma merreca para cada um. Esse dinheiro só vai ser grande no dia que o pré-sal der ao Brasil dimensões de produtor como a Arábia Saudita, num mercado com o barril pelo dobro do preço atual. Nem demagogia dá para fazer com essa partilha, porque é pouco dinheiro.

Ontem cem mil pessoas se manifestaram contra a covardia cometida contra o Rio. Na época da construção de Brasília, obra megalômana que enterrou o Brasil em dívida externa, inflação e depois em forte arrocho salarial, havia o interesse no esvaziamento do Rio como pólo difusor da política e como economia pujante. Hoje parece que os mesmos interesses voltaram.

COPOM : Taxa SELIC mantida em 8,75%

Espero que o presidente do Banco Central e porta-voz dos banqueiros e do mercado de renda fácil seja candidato a alguma coisa e deixe seu cargo em 4 de abril, e o Luciano Coutinho, do BNDES, assuma o seu lugar, a tempo de evitar que a próxima reunião do COPOM sai aumentando os juros sem necessidade. Coutinho, ao contrário do tucano Meireles, tem compromisso com a retomada do desenvolvimento, por isso creio que os juros ainda ficarão no mesmo patamar atual, para desgosto do mercado que ganha sem produzir.

quarta-feira, 17 de março de 2010

IBOPE : Dilma cresce, Serra cai.

Desde a última pesquisa em dezembro, a pré-candidata do PT, Dilma Roussef, segundo a série do Ibope, subiu de 17% para 30% na preferência dos eleitores, enquanto o pré-candidato do PSDB, José Serra, caiu de 38% para 35%. Outro dado importante é que 53% do eleitorado votaria no candidato apontado por Lula. A avaliação de Lula pela metodologia do Ibope também é recorde, com 75% de aprovação.

A queda da diferença entre Serra e Dilma foi de 16% em dois meses. Ciro Gomes (PSB) caiu de 13% para 11%, e Marina Silva (PV) ficou estável em 6%.

Pelo visto, as pesquisas apontam para um empate técnico em poucos dias se as coisas ficarem como estão. Considerando que há cerca de 20 dias a imprensa faz uma campanha orquestrada contra Lula, Dilma e o PT, no comitê da direita isso significará, ao contrário da desistência de Serra, a intensificação da baixaria. Vai ter revista semanal fazendo serão.

PSDB quer tumultuar relações exteriores do Brasil

Através da sua liderança no senado, o PSDB informou hoje que o partido está rompido com a política externa do presidente Lula. De acordo com Agripino Maia, o partido deixará de dar seu apoio às autoridades indicadas pelo governo para representar o Brasil no exterior. Disse que o partido discorda dos "equívocos da diplomacia brasileira" que estariam ridicularizando o país, citando o diálogo de Lula com Cuba e o Irã, o que significaria uma preferência por regimes autoritários.

Já o senador tucano Eduardo Azeredo disse que, como presidente da Comissão de Relações Exteriores, não fará mais sabatinas com eventuais indicados para cargos no exterior até que o ministro Celso Amorim vá à comissão para se explicar.

De tiro em tiro no pé, os tucanos vão cavando sua cova política. Os mesmos excelentes quadros de carreira do Itamaraty que servem hoje ao governo Lula com grande sucesso são os mesmos que serviram a vários governos.

FHC não teve a vontade política de fazer política externa autônoma, soberana, e o Brasil ficou na vala comum dos países medíocres, enquanto o vaidoso ex-presidente se contentava em receber comendas e homenagens normalmente atribuídas aos que prestam relevantes serviços aos poderosos.

Como diz a filosofia de pára-choques de caminhão, a inveja é uma merda. A quem interessa freiar o sucesso da política externa brasileira, que traz prestígio, respeito, soberania e negócios ?

O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), declarou nesta terça-feira (16) em Plenário, durante a votação

terça-feira, 16 de março de 2010

Serra mantém congelados salários de professores

O ex-ministro da Educação, Paulo Renato, atual secretário de Educação de São Paulo, disse que não vai negociar com professores em greve porque considera o movimento político para desestabilizar a candidatura do governador José Serra à presidência da república. Clique aqui para ver a entrevista.

Essa atitude refresca um pouco a memória de todos os que passaram os 8 anos de FHC sem reajustes salariais, acumulando imensas perdas. Sempre havia um bom pretexto para reprimir as greves e punir os grevistas. Esse é um dos padrões dos tucanos e demos no poder. Tá com saudade disso?

Palestina : onde a criança chora e a mãe não vê

A maior prisão a céu aberto hoje é a Faixa de Gaza. Cercada por barcos israelenses pelo mar, isolada de Israel por um muro, a área parece um terreno baldio, cheio de destroços, onde eventualmente algum dirigente irado de Israel manda jogar umas bombas, passar uns tanques e tratores, e atirar a esmo. Quem morrer é culpado. O mundo civilizado faz de conta que não sabe o que acontece no "gueto" palestino. A criança chora e a mãe não vê.

Lula hoje foi à Palestina falar de paz e de negócios. Dois temas difíceis. O primeiro, porque os palestinos estão divididos entre o poder da Fatah na Cisjordânia e o do Hamas na Faixa de Gaza, e isso fragiliza a discussão com a extrema direita no poder em Israel. De negócios então, nem pensar, porque a Autoridade Palestina praticamente não define muito sobre a economia. Mesmo assim, Lula defendeu o livre comércio entre o Mercosul e a Palestina.

Ele viu a barra pesada que é o muro, a destruição e fez críticas ao cruel bloqueio de Israel. O presidente de Israel, Shimon Peres, pediu a Lula para comunicar ao presidente da autoridade palestina Mahmoud Abbas a intenção de Israel continuar o diálogo. Pode ser até que Peres tenha boa vontade, mas deve saber que com Netanyahu e o bando de truculentos do seu governo é impossível qualquer avanço.

DF : TRE cassa Arruda

Essa notícia tem um lado bom, que é a cassação, e o lado ruim, que agora a defesa de Arruda vai ganhar argumentos para pedir sua soltura, já que não estará mais no governo, com chance de conseguir, até porque estão armando um circo de doença cardíaca, etc.

Chega a ser surreal que o Ministério Público Eleitoral tenha pedido a cassação para que o mandato seja devolvido ao partido que o elegeu, no caso, o DEMO, que também não tem a quem passar, porque o vice-governador Paulo Octávio também pediu para sair. Analogamente, Paulo Octávio, licenciado, também poderia ser cassado, e o DEMO não teria mais a quem passar o cargo.

A votação foi empatada em 3 x 3, tendo o presidente do tribunal decidido pelo Voto de Minerva pelo impeachment. Arruda vai recorrer, e aí poderemos ter mais uma situação absurda : Arruda solto e com o mandato de volta. Ainda não dá para comemorar, porque nada está bem definido, e a quadrilha continua solta por aí, como se nada tivesse acontecido.

Oriente Médio : Governo Netanyahu é obstáculo à paz

A gente acha que direitista no Brasil é o pessoal ruralista, que monta milícia para emboscar sem-terras que tentem ocupar seus latifúndios, por serem improdutivos ou propriedades griladas. Ou que é parlamentar que defende o fim de programas sociais ou a privatização de tudo. Perto dos políticos de Israel, eles são extrema esquerda. Fazendo um paralelo com a "nossa" direita, é como se os de lá tomassem as terras dos assentamentos dos sem-terra. São tão à direita que até o marechal do reacionarismo da Veja disse que não tem simpatias por Avigdor Lieberman, o tal primeiro-ministro que boicotou Lula porque não quis ir ao túmulo do criador do sionismo.

O governo Netanyahu é uma dessas coalizões instáveis, montadas em cima da concessão de ministérios, para ter maioria apertada no Knesset, parlamento israelense. Do saco de gatos participam direitistas, ultra-direitistas, ortodoxos, ultra-ortodoxos e ... o Partido Trabalhista. Num mesmo governo tem um fascista como Lieberman, que em primeira instância é quem negocia propostas de paz, pregando que se bombardeie a represa de Assuã no Egito e que seu presidente "vá para o inferno", e os trabalhistas falando em negociar com os árabes a autonomia dos territórios palestinos.

Durante a visita de Lula à região, as TVs mostraram pouco as intensas manifestações que estão acontecendo em Jerusalém. Ultra-ortodoxos religiosos queriam colocar na mesquita de Al-Aksa, lugar sagrado dos islâmicos, uma pedra fundamental para a construção do Terceiro Templo, ou seja, uma declaração de guerra insana de fundo religioso a todos os demais da região. E ainda querem que os Estados Unidos segurem essa onda. O governo Obama não sabe mais o que faz para parar com essa perigosa irresponsabilidade. Estão numa sinuca de bico, porque se colocam irrestritamente ao lado de Israel contra o Irã, e têm que contemporizar com as provocações do governo de Netanyahu.

Lula tem que sair de lá o mais rápido possível. Suas belas intenções de paz cairam no vazio, e ficou como saldo positivo a missão principal, de fortalecimento de relações comerciais com Israel e de prospecção de negócios com a Palestina. O Brasil ficou bem na foto com todo mundo, inclusive por ter rejeitado a submissão ao ministro Avigdor, que é odiado por grande parte da comunidade judaica lá e aqui.

Se a escalada de violência se ampliar, massacres poderão acontecer e o Irã pode tomar uma ação mais efetiva, a partir do Hamas, a quem apóia. O governo Obama, usando do poder que tem como principal patrocinador do estado de Israel, poderia forçar a queda deste governo e à composição de um novo governo, com a escolha de um novo primeiro-ministro por Shimon Peres. Sem isso, qualquer iniciativa de paz é malhar em ferro frio. "Nossa" mídia vai explorar muito o "fracasso" de Lula.


Pré-sal : vamos pagar a conta de Ibsen?

Para o governo federal pagar os R$ 7 bi ao Rio e mais algum do Espírito Santo, como compensação pelos royalties que serão perdidos se viger a proposta do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB) alterada por ele mesmo em proposta ao senado, sem praticamente nenhuma receita do pré-sal, que só gerará recursos por volta de 2014, de onde vai tirar isso?

Além da ilegalidade da quebra de contratos, o Senado pode validar um ato de irresponsabilidade fiscal que será pago pelos contribuintes. O pouco que entrar do pré-sal nos próximos anos na parte que caberá à União certamente não cobrirá esse "passivo". Interessante como tucanos e demos, guardiões da moralidade fiscal, embarcam num negócio demagógico e eleitoreiro desses. Certamente querem obrigar o governo federal a acabar com programas sociais para tirar os recursos.

Vai acabar não dando em nada, porque Lula deve vetar e, se o Senado derrubar o veto, a justiça mela tudo, mas os demagogos vão retardar mais ainda a discussão sobre o marco regulatório do pré-sal, talvez acreditando que vão ganhar as eleições e fazer tudo à sua maneira, ou seja, enriquecendo às custas da entrega do patrimônio nacional.

Outro passivo que está se armando para pagarmos, na forma de novos tributos ou redução de programas sociais, é referente à Copa e à Olimpíada. O Rio terá que investir muito mais que outras cidades para atender às especificações da FIFA e do COI, porque não tem transportes que prestem, segurança, etc. Noutro dia assisti uma palestra do Ministro dos Esportes, Orlando Silva, onde disse estar preocupado com a participação dos investidores privados nesses eventos, pois a crise mundial tirou muita capacidade dos capitalistas interessados. Os cronogramas estão aí, e as obras não saem. Quem irá arcar com as pesadas despesas desses eventos? Nossos bolsos!

Com o garroteamento financeiro do Rio via projeto de partilha do pré-sal, vai piorar a captação de investidores. O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Artur Nuzman, publicou nota ontem dizendo-se preocupado com a possibilidade do estado do Rio não fazer a sua parte, e isso significar uma quebra de contrato. Seria um desastre completo para a imagem do país, depois de assumir os compromissos, dizer que não terá condições de realizar os jogos. O tempo já está escasso demais para escolher outra sede.

Hoje o COI informou que não há risco para a Olimpíada, já que o contrato com o Brasil diz que o governo federal garantirá todos os investimentos. Ou seja, se o Rio perder dinheiro, vamos pagar de novo, todos, até os que em tese seriam beneficiados com umas migalhas num município não produtor de petróleo do pré-sal. Pior ainda: vamos sangrar para pagar por muitas obras que não são, no momento, necessárias ou prioritárias, tirando outras coisas mais importantes de prioridade.

Sérgio Cabral falhou ao não alertar isso tudo antes, e deixar a Câmara linchar o seu estado. O projeto é de um colega de partido seu. Agora corre atrás do prejuízo com mobilizações e muita choradeira (e não é porque o seu Vasco, mais uma vez, tremeu diante do Mengão). Ele pelo menos está defendendo recursos para o estado, diferentemente de José Serra, que não moveu uma palha pelos interesses de São Paulo, que também será produtor no pré-sal.


segunda-feira, 15 de março de 2010

Israel : chanceler truculento boicota Lula

O ministro das relações exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, boicotou a fala de Lula no parlamento, como represália pela negativa do presidente brasileiro de fazer uma homenagem ao fundador do sionismo, Theodor Herzl. A visita não estava agendada, e o ministro assediou a delegação brasileira para forçar a visita. No mínimo, mostra o despreparo do ministro para tratar de um assunto como diplomacia. Deve fazer parte do time daquele outro que autorizou a construção das 1600 casas em territórios palestinos durante a visita do vice-presidente americano Joe Biden, para melar qualquer tentativa de aproximação com os palestinos em negociações de paz.

Avigdor Lieberman pertence a um partido ultra-direitista que participa da coalizão do governo de Netanyhu. Ficou notório pela proposta de instituir um "juramento de lealdade" a Israel para os cidadãos árabes e para todos os membros judeus de seitas religiosas ortodoxas que não se declaram sionistas. O Brasil não perdeu nada com a ausência desse incendiário, que é um dos obstáculos ao processo de paz.

O escritor americano Cristopher Hitchens tem um artigo interessantes sobre Lieberman, entitulado "A audácia de Avignor Lieberman", onde desanca o troglodita.

"Agora temos que assistir ao surgimento de um brutamontes e um demagogo que tem exigido, com prazer, a execução dos membros árabes eleitos do Parlamento de Israel se eles se encontrarem com o Hamás, que tem exigido o afogamento dos prisioneiros palestinos no Mar Morto, cujos apoiadores cantam "Morte aos árabes" nos seus comícios, e que tem materializado os piores medos daqueles árabes que tem feito os ajustes de mais longa duração com o estado judeu. De qualquer forma, o estilo essencialmente totalitário e inquisitorial de Avigdor Lieberman pode estar ainda mais manifesto na sua insistência que os haredim não-sionistas, ou judeus devotos, também façam um juramento de lealdade ou percam a sua cidadania. Isto leva o machado à raiz da idéia de que os judeus têm uma presença em Jerusalém desde tempos imemoriais e que seus direitos resultantes não são derivados ou dependentes de qualquer estado ou qualquer ideologia. Será uma vergonha se Benjamin Netanyahu fizer uma aliança, mesmo que temporária, com Lieberman. Por mais questionável que o "direito de retorno" já possa ser, ele certamente não pode conceder o direito de expulsar."

Lieberman não fez falta na platéia de Lula, afinal, ele estava falando de paz, que não é o assunto preferido do chanceler. A atitude de Lieberman também não deve significar a expressão de todo o governo israelense, que é uma composição de diversos matizes de direita, com fortes divergências internas. Acabou fazendo mais pela iniciativa brasileira, forçando ao posicionamento claro de Lula em relação aos extremismos, o que dá credenciais a negociar com outros interlocutores da região que são inimigos de Israel.

Tomara que repercuta na mídia mundial mais essa atitude de independência da diplomacia brasileira. E até em Israel as pessoas mais lúcidas devem estar de acordo com isso. Recentemente, o primeiro-ministro italiano Berlusconi esteve lá e não foi achacado para fazer nenhuma homenagem. Ele não foi como Lula, criando expectativa de avanço nas negociações de paz. Imaginem uma figuraça dessas negociando a paz com Ahmadinejad em nome de Israel...


Rio : Light deve ser punida por apagões

No final de 2009, uma série de apagões atingiu o Rio de Janeiro com enormes prejuízos. Apesar de multada, a Light continua sendo uma empresa sem confiabilidade para o consumidor. Na semana passada o centro do Rio foi parcialmente apagado durante um dia todo. Hoje continuam apagões em vários bairros. A ANEEL disse que vai fiscalizar a Light e as causas dos últimos blecautes. Quando muito, vai aplicar uma multa e tudo continuar como está, porque sai mais barato pagar eventuais punições que fazer os investimentos necessários.

A Lei n.º 8.987/95, que rege a concessão e permissão de serviços públicos, prevê punições mais severas, como a intervenção do poder concedente (Art. 32) com o fim de assegurar a adequação na prestação do serviço. Também são aplicáveis:

-> a encampação (Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo anterior);

-> a caducidade (Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério do poder concedente, a declaração de caducidade da concessão ou a aplicação das sanções contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre as partes.) . Neste caso, pode-se enquadrar uma concessionária reincidente em diversos quesitos:

I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço;II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou regulamentares concernentes à concessão; III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força maior; VI - a concessionária não atender a intimação do poder concedente no sentido de regularizar a prestação do serviço.

A lei está aí, a infratora continua pisando na bola, e falta quem junte as duas coisas: aplicar a lei e tirar a concessão da Light, promovendo nova licitação para colocar uma empresa com capacidade financeira de investir e tornar confiável o sistema. O histórico de tolerância da ANEEL indica que não aplicarão o rigor da lei. Quem o fará?


PDV : deputado vai chamar PREVI para audiência pública

Em matéria publicada ontem (domingo), onde parte é requentada de outra de setembro de 2009 (vide http://blogdobranquinho.blogspot.com/2009/09/adulteracao-em-decreto-pode-ter-garfado.html) ), o Correio Braziliense traz algumas novidades para o caso de fraude em decreto de 1978 que prejudicou milhares de participantes de programas de demissão volutária onde havia valores a receber de fundos de pensão. Os que aderiram aos PDVs receberam um terço do que faziam jus. Clique aqui para ver a matéria completa no jornal.

A novidade é que o deputado Celso Russomano (PP-SP) disse que vai chamar a PREVI para uma audiência pública na Câmara dos Deputados, para saber o que pretendem fazer para indenizar os prejudicados, que não receberam os 50% das contribuições a que fariam jus pelo decreto original, que está em vigor, já que a Casa Civil não conseguiu apresentar nenhum outro documento válido que o alterasse. Segundo o jornal, associações de funcionários demitidos estimam que os 40 mil ex-participantes da PREVI teriam R$ 20 bi a receber. Russomano apontou também a alternativa de ação conjunta na justiça contra a posição da PREVI.

Outro passo importante foi dado pela Associação Brasileira de Previdência (ABRAPEV), entidade que descobriu a fraude, que entregou em 19/01/2010 ao presidente Lula um ofício solicitando "a anulação da retificação do Decreto n° 81.240/78, feita fora do prazo legal de cinco dias úteis e sem a necessária assinatura do então presidente da república". A ABRAPREV está aguardando ao resposta do presidente para decidir uma futura medida judicial.

Oriente Médio : alguém quer a paz?

A comitiva de Lula que viajou a Israel, Palestina e Jordânia tem como objetivo maior a busca de negócios, daí ter levado uma delegação de empresários que, de olho na vigência de um acordo comercial entre o Mercosul e Israel a partir de 4 de abril. Na política internacional, Lula tem um trunfo único nas mãos, que é o de ser o único líder de potência ocidental em condições de conversar com Israel e o Irã e tentar abrir canais de negociação. O problema é o momento da visita.

De um lado, fica difícil de engolir que o primeiro-ministro Netanyahu desconhecia que, enquanto recebia em clima amistoso o vice-presidente americano Joe Biden, seu ministro do interior autorizava a construção de 1660 casas em territórios palestinos de Jerusalem. Os americanos são praticamente os únicos aliados incondicionais de Israel no mundo, e se sentiram insultados e mesmo golpeados com essa aparente provocação, como um recado para dizer que Israel não quer a paz. Se foi esse o sentido, e não uma trapalhada de governo inepto, conseguiram o resultado: uniram os inimigos contra Israel, seja na dividida Palestina (Fatah e Hamas), nos países árabes e até na comunidade européia. Como resposta, Ahmadinejad fez duro discurso pregando a aniquilação de Israel.

A estratégia brasileira é de simbolizar a simetria entre os conflitantes da Palestina. Fará em Israel o mesmo que na Palestina, dedicando igual tempo. Homenagerá Ytzak Rabin e Yasser Arafat, que foram as lideranças que mais se esforçaram pela paz na região. Conversará com os governistas e oposição em Israel e com o Fatah e o Hamas na Palestina. Evitará provocações tanto da direita israelense, que quer comprometer através de homenagem ao fundador do sionismo, Theodor Herzl, e do fundamentalismo islâmico, pelo lado palestino. O problema é que em Israel a direita aposta no confronto com o Irã, e na Palestina, o Hamas e seus patrocinadores apostam no confronto com Israel.

Lula tem larga experiência em negociar em clima de guerra, e de juntar polos opostos, como é a Babel do seu governo. Uma coisa é latifundiário contra MST, ou patrão contra trabalhador em greve. Outra é o Oriente Médio. Lá as pessoas têm na história de vida as sequelas de lutas onde perderam parentes, amigos, história, coisas que não se esquece, mas se pode tolerar em níveis civilizados, desde que haja gestos de justiça. A desistência da construção das casas no lado palestino seria um gesto da parte de Israel. O reconhecimento de Israel pelo Irã seria outro passo. Lula vai se queimar de todo jeito, mas vai tentar. Talvez seja a última chance civilizada de tentar avançar num processo de paz na região, antes que o primeiro cometa uma insanidade.

domingo, 14 de março de 2010

Fla 1 x 0 Vasco : a rotina do sofrimento

"Tirando o resultado, fizemos tudo que a torcida queria", disse há pouco o jogador Fernando do Vasco em entrevista à Sportv. "Jogamos como time grande", concluiu com grande infelicidade o jogador, que tinha lágrimas nos olhos. Sofrimento sem fim, sempre a rotina de ganhar os jogos que não valem nada e perder os importantes. Agora só o Flamengo tem 100% de aproveitamento na Taça Rio, e já leva vantagem para ser o campeão.

Dodô, o salvador da pátria sofredora, artilheiro do Vasco, perde dois pênaltis chutando no mesmo canto, fraco, para a alegria do goleiro Bruno e da torcida do Mengão. Adriano, mesmo encarando a rebordosa do barraco armado na Chatuba, não dispensou o pênalti e levou o Flamengo à vitória. E aproveitou a comemoração para protestar contra a imprensa, mostrando na camisa a mensagem "Deus, perdoe essas pessoas ruins". Hoje o jornal carioca "O Dia " publicou uma matéria de 5 páginas ("Viagem ao mundo proibido de Adriano") devassando a vida do atleta.

Adriano volta a ficar de bem com a galera, e Dodô vai ter que andar escoltado. O técnico do Vasco deve rodar, injustamente, porque perder para o Flamengo não significa jogar mal. E também não adianta partir para a violência contra a maior torcida do mundo. A polícia achou um arsenal de guerra na sede de uma torcida organizada do Vasco , o que pode ser indício de um desespero maior. Enquanto isso a magnânima torcida rubronegra já nem comemora mais vitórias como essa, e eleva os olhos para a Taça Libertadores.

Feito o dever de casa, o Flamengo jogará na quarta em Santiago contra o Universidade do Chile, e fará uma viagem desgastante por causa da precariedade dos vôos para o Chile. Vai treinar em Porto Alegre (será no estádio do nosso parceiro Grêmio?) e viajará para Santiago no dia do jogo.

Globo aposta no fracasso de Lula em Israel

Depois de ver no blog do Noblat a matéria "Lula provoca incidente diplomático em Israel" porque teria se recusado a colocar flores no túmulo de Theodor Herzl, criador do movimento sionista, que seria um desrespeito ao protocolo oficial do país, segundo teria dito uma fonte do Ministério do Exterior de Israel ao site Guysen. Noblat faz o contraponto dizendo que Lula colocará uma coroa de flores no túmulo do palestino Yasser Arafat, na Cisjordânia. No " efeito-borboleta Globo", basta um dos seus publicar um pequeno post que ela transforma num escândalo, e já está em todos os noticiários o "incidente diplomático" que nunca existiu. Até exportam.

No site do Ministério das Relações Exteriores está postada a programação de atividades em Israel, e nada consta sobre a tal visita que "Lula teria ser recusado a fazer". Além do que causaria problemas porque o sionismo é polêmico, tendo a Assembléia Geral da ONU aprovado em 1975 a Resolução 3379, onde decretava que " o sionismo é uma forma de racismo e de discriminação racial". Essa resolução foi revogada em 1991, contra o voto dos países árabes, por isso o governante brasileiro deve abster-se desse tipo de homenagem, que poderia significar parcialidade a favor de Israel ou insulto aos demais povos da região oprimidos por Israel.

A visita de Lula pode passar despercebida, a não ser pelo fato de passar uma noite na cidade de Belém, na Palestina, o que é inédito para um chefe de estado estrangeiro. Fora isso, os jornais locais, como o Haaretz e o Jerusalem Post nada trazem sobre a visita de Lula. Estão mais preocupados com a crise causada pelo anúncio da construção de 1600 casas israelenses em território palestino de Jerusalem, que coincidiu com a visita do vice-presidente americano, Joe Biden, e despertou protestos em todo o mundo.

A secretária de estado americana, Hillary Clinton, disse que isso foi um insulto a Biden, que tinha ido lá tentar reabrir as negociações entre Israel e os palestinos. Pareceu provocação para detonar a iniciativa americana. O primeiro-ministro israelense Netanyahu disse que "não sabia de nada" e "mandou investigar", sem mandar parar as obras. O fato é que as relações com os EUA ficaram estremecidas, os palestinos estão nas ruas para protestar contra as casas e o fechamento do acesso a dois dos seus templos sagrados. E Lula, no meio dessa crise, pode passar despercebido, porque tudo conspira contra negociações de paz neste momento. A não ser que "o cara" faça algo excepcional, como é esperado por lideranças dos dois lados que acham a mediação do Brasil "honesta" .

Para a Globo isso é pouco. Se não fizer gafe, vão ter que inventar. Se Lula tiver sucesso, pode ser indicado para Nobel da Paz, Secretário Geral da ONU e querem torpedear isso a qualquer custo. Chegaram até a alardear, com base numa matéria de um jornaleco americano, que as declarações de Lula sobre os presos de Cuba já teriam detonado as suas pretensões a Secretário Geral da ONU. Como disse o jornalista Luiz Carlos Azenha, a Globo empregou e demitiu Lula no mesmo dia.


sábado, 13 de março de 2010

Israel : jornal diz que Lula é o Profeta do Diálogo

Agora vai ter tucano arrancando as penas e golpista da Veja passando mal. Não adianta tentar colar em Lula a pecha de "amigo de Ahmadinejad" porque o seu prestígio e vontade do governo brasileiro de atuar para mediar o conflito do Oriente Médio estão acima disso. Com toda a recepção ao presidente iraniano no ano passado, e as declarações de apoio ao programa nuclear, Lula ainda tem cacife para ir a Israel, Palestina e Jordânia e tentar mediar o conflito que as grandes potências não conseguiram resolver. Um jornal israelense chegou a chamá-lo de "Profeta do Diálogo".

O governo brasileiro deixou o alinhamento automático e submisso aos EUA, cultivado por governos anteriores, e assumiu a postura de potência mundial, e conseguiu ficar bem com todo mundo na foto, até aqui. Lula disse que pediu a Ahmadinejad para parar de dizer que Israel tem que ser destruída e que o holocausto não existiu, e a Israel para parar com a ocupação dos territórios palestinos, ou seja, coloca-se neutro e consegue credenciamento como negociador. Tomara que a estratégia dê certo, e que a visita ao Irã em maio seja um avanço para a paz na região.


Perder peso é fácil, difícil é mantê-lo baixo


Desde novembro de 2002 registro semanalmente meu peso, sempre aos sábados pela manhã, nas mesmas condições de roupa / jejum, anotando o valor e o que fiz na semana em termos de contenções ou de excessos, gerando o gráfico ao lado. Nele se pode constatar um "efeito sanfona" de grandes amplitudes. O ponto máximo da curva corresponde a 103kg, e o mínimo, a 80,5 kg. Há outros menores, de vários tamanhos, demonstrando que o emagrecimento é algo possível, mas a manutenção do peso num patamar baixo é muito difícil.

O método que adoto é muito parecido com o exibido ontem no Globo Repórter, que foca mais na consciência da qualidade de vida que em rígido acompanhamento de metas. O importante é a pessoa se sentir bem, e melhorar a saúde com uma alimentação menos agressiva. Não tem muito mistério: basta ter vergonha na cara, deixar de comodismo, e fazer algumas coisas simples, que os resultados aparecem. Saber optar entre um salgadinho frito e outra coisa sem fritura, ou entre uma bebida destilada e uma cerveja. O fundamental é ter elementos para embasar as decisões que serão necessárias em todo o processo.

Os elementos técnicos dizem respeito às características dos alimentos. Saber quantas calorias por grama os grupos alimentares tem, estimar os pesos, fazer contas. Para quem não tem força de vontade, o método do Vigilantes do Peso parece ser o mais adequado, pois há a cobrança periódica das atitudes, e a tabela de pontos vai no rumo da contabilidade das necessidades diárias de alimentos. O melhor é procurar um nutricionista que oriente tanto nas quantidades como no balanceamento de nutrientes, e não fazer essas coisas empíricas que faço.

Toda vez que emagreci fiz o acompanhamento científico das variáveis que modelam o peso, chegando ao nível de precisão da pesagem de cada alimento e da contabilização das suas calorias em planilhas com totais diários, e comparação com a demanda conforme o nível de atividade, resultando em superávit ou déficit calórico. Resumindo: sabia todo dia se tinha excedido a quantidade de calorias necessárias, aumentando o peso, ou se havia ingerido menos calorias que a necessidade calculada. Botei uma meta de déficit de 1000 calorias diárias e passei a perder na base de 1kg por semana. No gráfico há uma grande queda, de 101,8 kg para 80,5 kg, perdendo 21,3 kg em sete meses, média de uns três por mês. Sempre que quis perder peso usei esse método, com sucesso, que se resume a fechar a boca.

Não foi difícil, mas a idéia de perder peso se tornou uma obsessão, e a vida passou a girar em torno dos números anotados, dos resultados gerados e das análises. Caminhadas de 6 km diárias passaram a ter por meta a redução do tempo de percurso, também anotados. Passei a ser um estraga-prazeres nas festas, apontando os vilões das calorias. Contaminei gente ao meu redor com a neurose do emagrecimento. Essa necessidade de auto-afirmação sempre pesou a cada emagrecimento, e as coisas degringolavam a cada relaxamento, na crença da nova consciência adquirida ser suficiente para manter o peso na baixa. Isso dura umas 3 semanas, e ao acabar, tudo volta a ter sabor e ser muito bom de comer de tudo em quantidades grandes, e lá vai o peso de novo para cima.

Queria uma tomada de consciência como a de parar de fumar. Há quase 20 anos não fumo, e quando parei levei mais uns dois comigo, porque o ex-fumante é uma mala sem alça militante. Eu mesmo parei por conta de uns malas meus colegas, e porque me fazia muito mal, mas essa consciência não é suficiente para parar o vício. Se fosse assim, nenhum médico fumava. Passado algum tempo, o cigarro e o hábito de fumar se tornaram algo distante dos pensamentos. Por um tempo via uma pessoa fumando e ficava com pena dela estar jogando a vida fora. Hoje é indiferente. O equivalente seria olhar para um obeso e pensar no colesterol, nos triglicérides, no enfarto, no diabetes, e fortalecer a consciência com isso. A dificuldade é que, ao invés do cigarro, que só traz doenças, mau cheiro e enriquecimento para os fabricantes, a comida é uma coisa muito boa, saudável, prazerosa, e fica muito difícil botar a culpa ou ver perigos num sorvete, num bolo, numa cerveja e/ou em tudo junto.



Fórmula I : sem reabastecimento

Em 2010 os carros de Fórmula I largarão de tanque cheio, eliminando o reabastecimento e obrigando as equipes a rever as estratégias de paradas. E aos engenheiros a otimizar o consumo, com a melhoria do rendimento dos motores, e a fazer alterações estruturais nos carros para caber praticamente o dobro de combustível. Os pneus também terão que ser alterados para suportar mais peso por mais tempo. A Fórmula I vai virar um laboratório de soluções em eficiência de motores em 2010, e quem tiver o melhor rendimento vai tirar uma grande vantagem. Quem tiver a pior engenharia, vai ter pane seca. Clique aqui para mais informações.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Presos políticos cubanos : hipocrisia tem limite

Considero que a existência de presos políticos em qualquer regime significa desequilíbrio extremo nas relações políticas. A coisa tem origem na classe dirigente, que pode fechar completamente as oportunidades de participação de pessoas ou grupos, por razões ideológicas, induzindo ao confronto aberto, seja no campo das idéias, seja na luta armada. Estas podem encontrar apoio em inimigos externos do regime, provocando maior acirramento do combate do estado aos seus detratores.

Quase sempre os presos políticos são desrespeitados em seus direitos humanos, a começar pelo direito de livre pensamento, passando por maus tratos, torturas e até a morte. Isso aconteceu aqui, nas ditaduras de Getúlio e dos militares. Acontece em Cuba, tanto no lado da família Castro como na base de Guantânamo, enclave americano na illha, onde estão presos cidadãos do Afeganistão e Iraque, sem acusação, sem julgamento, submetidos a maus tratos. Ambos os lados estão errados, e descumprindo os direitos humanos, e o preso político de um não justifica o do outro.

O grande trunfo do regime cubano é a perene tentativa de derrubada do regime dito socialista pelos americanos, inflado pelo interesse eleitoral nos cubanos exilados na Flórida, que são um grande contingente. Várias tentativas de assassinato contra Fidel, a invasão de Baía dos Porcos, o bloqueio que quase causou uma guerra mundial, rádios e tvs que a partir dos EUA conclamam ao levante contra Fidel, o embargo comercial e leis americanas que punem empresas que negociarem com Cuba são argumentos que fazem "razoável" a alguns a prisão de cubanos por motivos de conspiração.

Do lado americano, não interessa regularizar as relações com Cuba por temerem um novo modelo chinês a menos de 200 km da Flórida, roubando suas indústrias que migrariam atrás de mão-de-obra barata e qualificada, com controle social pelo estado "comunista" garantindo uma orgia de apropriação de mais-valia. A eles interessa derrubar o regime e recolocar alguém que volte a fazer dos homens cubanos serviçais dos ricos americanos, e as mulheres, empregadas domésticas e prostitutas de cassinos, como antes da revolução.

Também contribuem para a "validação" desse tipo de prisão e deportações o apoio descarado de entidades americanas aos grupos de "direitos humanos" de Cuba. Para fugirem à pecha de regime autoritário, o governo cubano costuma desqualificar os presos políticos dizendo que são presos comuns, montando dossiês onde estão desordens, crimes comuns, bebedeiras, etc. É nesse tipo de versão que normalmente a nossa esquerda embarca, inclusive Lula, que se tornou alvo de pesadas críticas da grande mídia mundial por não ter sido ostensivo na condenação do regime cubano quando da morte de um preso em greve de fome quando ele estava por lá.

No Brasil, chega a ser risível a hipocrisia de gente que veio da Arena, partido da ditadura militar, em defesa dos direitos humanos...em Cuba. Hoje abro o Correio Braziliense e vejo a seguinte frase atribuída ao senador Heráclito Fortes, do DEMO, referindo-se à pífia punição de suspensão de 90 dias que aplicou a Agaciel Maia, operador do esquema de privilégios do Senado : "Eu gostaria da forca, mas no Brasil isso não é possível. A decisão é péssima, mas é a única possível. Não posso ser irresponsável de, para agradar a alguém, tomar uma decisão que amanhã não se confirma". Ligo a TV e dou de cara com o senador Demóstenes Torres, também do DEMO, falando como oposicionista numa matéria de condenação a Lula sobre a questão dos presos cubanos e na defesa dos direitos humanos ... lá.

De um lado, Heráclito quer a forca, mesmo dizendo que a medida que tomou pode ser revertida amanhã, ou seja, enforca e depois julga. A última coisa parecida com essa declaração foi do ditador militar Figueiredo, perguntado sobre a continuidade da "abertura política" do regime : "a abertura continua, e quem for contra, eu prendo e arrebento". Do outro lado, um parlamentar também do DEMO defendendo arduamente dos direitos humanos, como se fosse sua maior preocupação. A pergunta que não quer calar: se a preocupação não passar de uma grande hipocrisia para desgastar Lula, por que o DEMO foge do Plano Nacional de Direitos Humanos, em especial da possibilidade de reabrir as investigações de torturas durante o regime militar? Deveriam se juntar à ex-presa política, torturada nos cárceres do regime militar Dilma Roussef, na busca da punição aos seus algozes. A hipocrisia da oposição de direita parece contar com a fraca memória ou subestimar a inteligência das pessoas.










PIB cai só 0,2%

Enquanto toda a mídia alardeia que foi a primeira vez que o PIB caiu desde o governo Collor, o governo comemora ter passado o ano de 2009 sem a recessão de quase todos os países do mundo, que ainda está desempregando gente, enquanto por aqui surgem mais empregos e o consumo das famílias está crescente, numa farra de aquisições por conta de crédito e reduções de impostos que contrasta com o baixo-astral do resto do planeta.

No último trimestre, o PIB cresceu 2%, taxa que, anualizada, chegaria a incríveis 8%, coisa que a gente só vê na China, indicando forte recuperação que não chegou a impactar positivamente o índice de 2009. O PIB também teve o número rebaixado porque a construção civil fez estoques para retomar suas operações, afetando o número para baixo em 1,7%.

Foi um dos melhores PIBs do G-20, onde estão as principais economias do mundo. O Brasil ficou em 4° lugar. Esse crescimento praticamente zero, em tendência de retomada, confronta com o encolhimento de 8,7% da Russia, 5% do Reino Unido, 5% do Japão, 5% da Alemanha e 2,7% dos Estados Unidos. Na zona do euro, o encolhimento médio foi de 4,5%. Pensando bem, sair desse tsunami econômico criando emprego e crescendo rápido, foi um bom negócio. Se dependêssemos das medidas econômicas padronizadas dos tucanos, estaríamos até agora reforçando o superavit primário, reduzindo os gastos públicos, restringindo crédito, receita que nos faria acompanhar a imensa crise global.