quinta-feira, 31 de março de 2011

31 de Março : Dia da impunidade da ditadura

Neste dia de luto pelos 47 do golpe militar de 1964, nada como o deputado federal Jair Bolsonaro estar na berlinda por declarações racistas e homofóbicas. Sua truculência discriminatória traz à lembrança os discursos e práticas daqueles que golpearam o estado e instalaram um regime corrupto, elitista e principalmente violento. Não é à toa que Bolsonaro faz apologia do regime militar, não apenas por ser da tropa, mas porque tem identidade com tudo de ruim que a ideologia direitista pode oferecer.

A sociedade pede a punição a Bolsonaro, e em sua defesa emergem das sombras, em blogs e opiniões em sites, os ogros covardes que fogem da punição por seus crimes. São os que combatem a criação da Comissão da Verdade, que o governo pretende instalar para trazer à luz os crimes cometidos à sombra do estado na ditatura e os seus responsáveis, para que se reponha a verdade à história.

Bolsonaro não participou do golpe, tinha 12 anos em 1964, mas entrou nas forças armadas na era do AI-5, o golpe dentro do golpe, onde começou o vale-tudo. Bebeu da ideologia vigente, e hoje é um dos seus propagadores. Assim como ele, muita gente faz isso, formando novos pequeno-ditadores, porque ninguém disse que certas práticas são criminosas e porque ninguém foi punido.

A nova geração de militares não tem nada a ver com isso, mas ouve nos quartéis o velho discurso fascista. Nos últimos 25 anos sem ditadura muita gente já entrou e saiu, não participou de nada, mas acha que tudo foi correto. Quem cometeu os crimes está de pijama, e não pode contaminar o pensamento democrático pregando um poder acima das instituições e da própria sociedade. As caras têm que ser mostradas. Santos e milagres têm que ser conhecidos, mesmo que a turma do "deixa disso" alegue que a Lei da Anistia premia a impunidade.


O governo Dilma tem sido tímido na busca da verdade, apesar dela própria ter sido uma vítima dos criminosos do regime militar. Enquanto não se toma uma atitude de apurar os fatos doa a quem doer, associações de militares se dão ao desaforo de dizer que o movimento de 1964 foi uma "resposta à baderna". 47 anos depois, as sombras ainda ameaçam a sociedade.


Na Argentina, os governos democráticos não deixaram barato. O ex-ditador Videla foi condenado á prisão perpétua, registros de candidaturas são negados a criminosos da ditatura, e 486 assassinos e seus comparsas já foram condenados. Os governo de lá não tiveram medo de um novo golpe, investigaram e puniram os responsáveis pelas torturas, mortes e desaparacimentos do período militar. Pessoas eram jogadas de aviões em pleno oceano, ou mortas em centros de tortura, como a Escola da Armada.

Por lá, pelo menos, a lição foi aplicada democraticamente e servirá de alerta para não mais se repitam aventuras ditatoriais. Por aqui, até que alguém tenha a coragem de afirmar o poder da democracia sobre a tirania, viveremos o medo do retorno desses bichos-papões.


quarta-feira, 30 de março de 2011

Rio : pai racista, filho nazista

Não é só ter ficha limpa que faz o político respeitável: têm que se dar ao respeito enquanto seres humanos, e não fazer uso do cargo eletivo para pregar o racismo, a homofobia e idéias nazistas como a eugenia ("purificação" da sociedade com a exclusão dos "imperfeitos"). No Rio, infelizmente, parece haver um berçário de políticos assim. O ex-vereador e candidato a vice derrotado na chapa presidencial de José Serra, Indio da Costa, propôs um projeto tornando crime dar esmolas. Agora o vereador Carlos Bolsonaro propõe a esterilização de moradores se rua, a pretexto de "paternidade responsável", com a Indicação 9103 / 2011.

Seu pai, Jair Bolsonaro, que infelizmente representa o Rio na Câmara dos Deputados, declarou em um programa de TV (CQC) , perguntado pela cantora Preta Gil sobre o que faria se seu filho namorasse uma mulher negra, que isso seria uma "promiscuidade". Isso depois de insinuar que "filho gay é coisa de quem não é pai presente, que não dá boa educação", de falar que torturaria o filho se o pegasse fumando maconha e que não se trataria com um médico cotista. A cantora vai processá-lo.

Se é para fazer algum tipo de depuração, o momento é de pedir o enquadramento de Jair Bolsonaro na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados por homofobia e racismo. Não é a primeira vez que destila seu ódio contra negros e gays, o que o torna incompatível com a função de representação parlamentar. Fica a dica para o deputado federal carioca Jean Willis, do PSOL, que constantemente tem atritos com Bolsonaro. Até para ir ao gabinete da liderança do partido, que por azar fica em frente ao gabinete do fascista na Câmara. OAB e outras entidades vão pegar pesado para tirar de cena o deputado fascista por falta de decôro parlamentar, e por crime de racismo.

Sorria : O BBB 11 acabou!

Fiquei muito feliz agora há pouco porque vi na Globo que o BBB 11 terminou ontem com a vitória de uma tal Maria, que logo deverá estar nua numa revista masculina. Não por ela, mas porque durante todos esses meses do BBB ocupando precioso espaço no horário nobre sequer tomei ciência dos seus personagens, dos seus merchandisings, do Bial, dos confessionários, das intrigas, de nada do que se passou. Concluo que, por ter mais o que fazer no horário dedicado ao voyeurismo de ilustres desconhecidos, tive qualidade de vida nesses dias de BBB.

Se você conhece todos os personagens, sabe de todos os paredões, ligou para votar nas exclusões dando um bom dinheirinho à Globo para promover baixarias, meus pêsames. Ocupou importante espaço do seu tempo com coisas completamente deletáveis. Você faz parte da menor audiência que o programa já teve em todas as suas edições, ou seja, muita gente já deixou de lado essa bobagem, e você ainda está lá, dando audiência... Preocupante.

Aeroportos : boas e más notícias

Uma boa notícia: a renda do brasileiro cresceu a ponto de ter havido, em 2010, mais viagens por avião que de ônibus interestaduais. Foram 66 milhões de viagens. Nos primeiros meses de 2011, o crescimento já é de 10% sobre os mesmos meses do ano passado. De 2002 a 2010 o número de passageiros de ônibus cresceu 115%, enquanto o de passageiros de ônibus caiu 31%.

A notícia ruim é que a estrutura aeroportuária não aguenta isso, e a preocupação de hoje não é a Copa nem a Olimpíada, que pode trazer menos de 1 milhão de estrangeiros: é com a capacidade de atender esse crescimento de demanda dos próprios brasileiros. De tanta incompetência dos atuais órgãos para prover infra-estrutura ao setor aeroportuário, e fugindo ao modelo privatista, a presidente Dilma Roussef há poucos dias a Secretaria de Aviação Civil, com status de ministério. Tomara que não seja mais um nicho de incompetência e que desenrole o nó da infra-estrutura aeroportuária.

Na última semana, o aeroporto internacional Marechal Cunha Machado, de São Luiz (MA) passou a fazer embarques e desembarques em tendas na área externa, pois está em obras e há ameaça do forro do saguão desabar. Talvez se o aeroporto de São Luiz tivesse o nome de algum Sarney fosse mais bem cuidado.

É comum haver confusão na gestão dos terminais, fazendo a "gincana aeroportuária". No sábado passado, cheguei ao aeroporto de Congonhas (SP) para uma conexão tendo no bilhete a informação de embarcar no portão 8. Enquanto me dirigia ao local, vi no painel de embarques que o embarque seria no portão 7. Como o aeroporto é grande, até chegar ao local o serviço de som informava que o embarque seria no portão 6...

Esse não foi um fato isolado. É comum estar nas salas de embarque e ver a romaria de pessoas correndo de um lado a outro porque tudo mudou em cima da hora. A segurança é incipiente em relação aos padrões internacionais, e quando tivermos eventos internacionais haverá uma grande burocratização dos procedimentos, podendo estabelecer um novo tipo de caos nos aeroportos.

Pelo menos, melhorou bastante o controle do overbooking (venda de passagens acima da capacidade dos aviões) e da pontualidade dos vôos. Pelo menos é o que tenho visto nas minhas viagens, uma amostra pequena demais para uma boa estatística.

Em 2007 a nata da elite tentou dar um golpe em Lula por conta do "caos aéreo", quando muito menos gente viajava. Criaram o movimento "Cansei" em cima da tragédia de um avião da TAM que caiu em Congonhas por falha humana. Não convenceram nem os próprios ricos. Talvez estivessem antevendo um futuro de partilhar os espaços antigamente exclusivos para os VIP com as classes C e D que agora dominam o espaço aéreo.


terça-feira, 29 de março de 2011

Golpe tosco : roubando senhas do IG

Certa vez vi na Praia do Futuro em Fortaleza um homem passando nas barracas vendendo um tatu vivo. Pensei : quem é que compra um troço desses? Tempos depois, vi o mesmo homem oferecendo outro tatu. Conclusão: o cara oferta porque alguém compra. O mesmo se aplica a golpes da internet, mesmo muito toscos, inacreditáveis, que são aplicados porque alguém cai.

O mais recente que recebi foi um e-mail atribuído à administração do provedor de e-mail IG, dizendo que entrou um vírus e que tinha que mandar os dados para eles para poderem passar o anti-vírus. Se não mandar, a conta é "cancelada". Se você caiu nisso, por favor, não mande comentários com "mea culpa" para o blog. Vejam que gracinha:

De: ig.com.br <costumer-care@ig.com.br>
Enviadas: Sábado, 26 de Março de 2011 4:15:15
Assunto: Atualizando

Caro usuбrio ig.com.br

HTK4S um vнrus foi detectado em ig.com.br servidor de Webmail, ig.com.br e todas as contas de webmail deve ser atualizado imediatamente para evitar danos ao ig.com.br webmail.

Vocк serб solicitado a fornecer a conta de identidade listados abaixo para que possamos verificar e manter sua conta com o novo anti-virus/anti-Spam HTK4S versгo 2011. falta de informaзгo vбlida, sua conta serб temporariamente suspensa de nosso serviзos.

Nome :..................
Nome de Usuбrio ...............
Senha :............
Data de Nascimento :...........

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Morreu José de Alencar, ex-vice-presidente

Faleceu hoje em São Paulo, depois de uma luta de 10 anos contra o câncer, o ex-vice-presidente de Lula, José de Alencar. Discreto na atuação como vice, mesmo doente permitiu que Lula se ausentasse para viajar ao exterior para colocar o Brasil no rol das potências mundiais, e impediu que um Sarney ocupasse mesmo que interinamente a presidência da república. Empresário, foi uma das poucas vozes no governo que bateu na política de juros altos do Banco Central.

Brasil faz propaganda enganosa com etanol?

Certa vez ouvi do Eng. Bautista Vidal, um dos criadores do motor automotivo a álcool e batalhador pelo Pró-Álcool na década de 70, que o motor flex era equivocado, porque para funcionar com dois combustíveis teria uma regulagem que desperdiçaria o álcool. Valeria a pena porque o álcool estava mais barato, compensando o maior consumo, mas seria um desperdício.

Da parte do governo, Lula relançou o programa do álcool, propagandeou o Brasil no exterior como potência das energias limpas, brigou pela quebra de barreiras comerciais especialmente com os Estados Unidos, que produz etanol de milho a um preço bem maior que o brasileiro. O comprador do carro flex acha que terá combustível com preços perenes, como a gasolina, que só tem impactos quando há uma crise, e mesmo assim a Petrobrás segura o preço em eventuais bolhas.

O etanol depende de safras, e concorre com uma commodity poderosa: o açúcar. O Brasil vende pouco etanol ao exterior, mas exporta muito açúcar. Coincidiu de estarmos na entressafra da cana e do preço do açúcar no exterior ter dobrado, e os usineiros preferem usar a cana para fazer mais açúcar e menos álcool, criando a escassez do combustível.

Na semana passada estive em Florianópolis (SC) e nos postos o preço do álcool era o mesmo da gasolina. Nunca vi essa paridade de preços, apesar de saber que o custo de produção do etanol era subsidiado pelo preço da gasolina, mas parece que isso acabou. A frota cresceu muito, e nitidamente está faltando etanol no mercado interno.

Como mostrar vantagens no carro flex e dizer ao exterior que temos álcool para vender, se não temos o produto? Pior: quanto desmatamento terá que ser feito para aumentar a produção para atender ao mercado interno e externo, com a expectativa criada e a demanda que já é real?

Dilma taxa compras no exterior e bebidas

O pretexto da elevação do IOF para compras no cartão no exterior e dos impostos sobre bebidas é a compensação da "perda" com a correção da tabela do imposto de renda de 4,5% nos próximos anos. Ou seja: para termos direito a algo minimamente razoavel, como o reajuste das faixas de imposto para evitar pagar mais imposto, paga-se mais imposto. O governo chama de "renúncia" o que deveria ser um dever com os cidadãos que não têm escolha e pagam os impostos.

A medida afeta gastos na área que a economia considera supérflua, e preserva o mercado interno da concorrência de produtos estrangeiros, dada a facilidade de comprar de tudo hoje pela internet e por viagens com cartão de crédito. Isso não afeta as pessoas de mais baixa renda. Já a cerveja e o refrigerante estão no cardápio de amplas faixas da população.

O turista pode levar moeda estrangeira, cartão de débito ou traveller check, modalidade que já estava quase em desuso. A medida deve desestimular as compras, porque é ruim viajar levando muito dinheiro em espécie. Hoje os turistas brasileiros estão gastando muito em viagens, especialmente em supérfluos, e é isso que se quer combater. Os brasileiros gastaram R$ 10 bi a mais lá fora que os estrangeiros aqui.

No mais, o governo prefere o caminho mais fácil: tirar dos pobres para dar aos ricos. O Brasil paga 44,39% do orçamento em juros, e nisso ninguém teve a coragem de mexer. Relativamente, o rico brasileiro paga muito pouco imposto, sobrecarregando a classe média.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Portugal : anexação ao Brasil?

Portugal está muito encalacrado em dívidas. Para dar idéia do tamanho do buraco, vai precisar de 75 bilhões de euros (cerca de R$ 175 bi) para sair do atoleiro financeiro que está preocupando a Comunidade Européia e, principalmente, ao povo português, que está pagando a conta perdendo direitos sociais e valor dos salários. O ex-primeiro-ministro José Sócrates renunciou, porque defendia não pedir ajuda externa. Como a situação chegou a um beco sem saída, aparecem as idéias estapafúrdias dos humoristas de plantão.

O jornal inglês Financial Times sugeriu como saída para Portugal a anexação ao Brasil, que hoje é considerado uma potência econômica, com crescimento médio de anual de 4% do PIB. Como estado brasileiro, Portugal contribuiria com 10% do PIB e 5% da população. Simples assim. Perderiam o status de nação independente, mas ganhariam com o suporte econômico. Num mundo onde uma gangue de países se junta para saquear o petróleo de um terceiro, tudo parece válido. Se é para propor bizarrices, aqui vai a nossa contribuição.

A idéia tem prós e contras. Os prós são o Brasil participar da Comunidade Européia, todo mundo por aqui ganhar cidadania européia, poder migrar para outros países da região sem burocracia, entrar na Europa em vôos domésticos, mais baratos. O péssimo é receber uma imensa torcida vascaína. Em compensação, o Mengão poderia participar do campeonato europeu de futebol, jogando com times à sua altura. Aproveitando o embalo, poderia anexar Macau, na Ásia, e seríamos vizinhos da China. Timor Leste, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, todos teriam a ganhar com anexações ao Brasil. Não seria novidade para ninguém ser colônia: até Portugal, por séculos, foi colônia do Marrocos. Virar estado brasileiro daria bem mais status.


Juros levam 44,93% do orçamento


A mídia dos banqueiros sempre bota a culpa do desequilíbrio orçamentário na Previdência Social ( e pedem reforma para prejudicar mais os aposentados e aposentáveis), nos programas sociais (minam o Bolsa Família, o reajuste do salário mínimo acima da inflação) e nos salários dos servidores públicos. Pregam que o governo tem que gastar menos, enxugar a máquina estatal, privatizar, etc. Só não falam do escandaloso gasto de juros, amortizações e refinanciamento da dívida a banqueiros e especuladores: 44,93% do orçamento da União de 2010 foi comprometido com a alimentação dos parasitas da economia, aqueles para onde vão, de fato, os recursos dos impostos que pagamos.

Apenas para dar idéia do disparate, para a Saúde foram gastos 3, 91% do orçamento, e para a educação, 2,89%! E a cada reunião do COPOM acontece o poderoso lobby para aumentar as taxas de juros a pretexto de segurar a inflação... Veja a matéria completa no site Auditoria Cidadã da Dívida (o gráfico acima é de lá) e veja onde vai parar a tal "carga tributária elevada" que a mídia joga nas costas dos gastos governamentais úteis. Uma dívida como esta merece uma auditoria e renegociação soberana, isso sem falar no que já foi pago várias vezes na forma de juros eternos.

HOAX : Renovação da CNH, extintor em saco plástico

Quando recebo uma mensagem escrita em letras maiúsculas pedindo que se repasse adiante para toda lista de amigos, paro para ver se tem fundo de verdade e, sempre, é falsa. Não foi diferente com uma que diz que se a carteira de motorista não for renovada em até 30 dias depois do vencimento, o processo deverá ser começado do zero, com multa, etc. A outra mentira do texto é sobre o extintor de incêndio: se na vistoria estiver embalado, o proprietário do veículo será multado, levará pontos na carteira, etc.

Diz o site do DETRAN-RJ a respeito das mentiras que circulam pela internet e que os incautos replicam sem o cuidado de verificar a veracidade, podendo até passar vírus adiante:


15/04/2009 17:44:00

DETRAN ESCLARECE DÚVIDAS FREQUENTES DE LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO E SERVIÇOS


Você sabe como transportar seus filhos pequenos adequadamente no veículo? Quais as regras para instalação de engate e faróis de xenon? Recebeu recentemente algum e-mail afirmando que a sua carteira de motorista vai ser cancelada, dizendo que há novas regras para extintores ou, ainda, que você é obrigado a trocar as placas do seu veículo?

Entendendo que algumas notícias e boatos divulgados recentemente geraram questionamentos entre os usuários, o Detran resolveu esclarecer dúvidas frequentes em relação à legislação de trânsito e a serviços prestados pelo departamento.

Cancelamento de carteiras de motorista – não é verdadeira a informação que circula pela internet sobre uma lei que determina o cancelamento automático das carteiras de motoristas quando o documento não for renovado no prazo máximo de 30 dias após seu vencimento. A confusão se criou por conta da Resolução n° 276 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), do ano passado. Ela determinava que apenas as PGUs, que são as carteiras de habilitação antigas, sem foto ou com foto colada, se estivessem vencidas, deveriam ser renovadas ou recadastradas. Caso contrário, os documentos seriam cancelados e seus proprietários teriam que começar o processo de habilitação do zero. O objetivo era acabar com as PGUs, emitindo para esses condutores o atual documento, a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). No entanto, uma deliberação posterior do próprio Contran, atualmente em vigor, suspendeu os efeitos da Resolução n° 276. Ou seja, as PGUs não estão sendo canceladas. Para as demais carteiras, as CNHs, nunca houve mudanças. O Código de Trânsito Brasileiro determina que o motorista tem até 30 dias após o vencimento da carteira para renová-la. Mesmo depois de vencido este prazo, o condutor pode agendar a renovação do documento normalmente, sem qualquer penalidade. Mas atenção: depois de mais de 30 dias do vencimento da carteira, o motorista não pode dirigir. Segundo o inciso 5° do Artigo 162 do Código de Trânsito Brasileiro, dirigir com a validade da carteira vencida há mais de 30 dias é infração gravíssima. Se o motorista for flagrado em operação de trânsito, ele terá a carteira recolhida e o veículo ficará retido até que seja apresentado outro condutor devidamente habilitado. Além disso, ele receberá multa de R$ 191,54, acumulando sete pontos na carteira.

Extintor de incêndio – não é verdadeira a informação que circula pela internet de que exista uma nova regulamentação para extintores de incêndio de veículos automotores que determine, literalmente, que o equipamento deva estar livre do plástico que envolve a embalagem. A Resolução n° 223 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) determina que o extintor de incêndio deve ser instalado, obrigatoriamente, na parte dianteira do veículo, ao alcance do condutor. Na vistoria do Detran, são verificados, no extintor, os seguintes itens: indicador de pressão, que não pode estar na faixa vermelha; integridade do lacre; presença da marca de conformidade do Inmetro; prazos da durabilidade e validade do teste hidrostático do extintor de incêndio, que não devem estar vencidos; e aparência geral externa em boas condições (sem ferrugem, amassados ou outros danos). Circular com o extintor fora do plástico é, portanto, uma questão de bom senso, já que o equipamento precisa estar pronto para ser utilizado rapidamente. O extintor não precisa ser, necessariamente, do tipo ABC.

sábado, 26 de março de 2011

Vale : Cai Agnelli, o capitalista selvagem

Desde a crise de 2008, quando a Vale tomou a dianteira de demitir funcionários e fechar unidades, enquanto o governo Lula insistia com todo o setor privado que seria hora de investir para manter empregos, renda e evitar participar da recessão mundial, começou o atrito com o atual presidente da empresa, com declarações de descontentamento do presidente. A saída do executivo, a partir da assembléia de acionistas daqui a alguns dias, é o fechamento desse desgaste. Possivelmente o Bradesco indicará o novo executivo, pois se associou ao governo na mudança, e de socialista não tem nada: o negócio terá que dar lucro, com algumas condições. E banqueiro topa isso porque gosta de ganhar dinheiro na moleza.

Em 1997 o governo FHC praticamente doou através de privatização os 27% de capital da empresa que o governo federal detinha por apenas US$ 3,3 bi, levando em consideração apenas a avaliação da infra-estrutura, sem levar em conta o potencial das imensas jazidas que detinha. Sem se submeter à capacidade de investimento do governo, a Vale, privatizada, passou a investir em aquisições de empresas de mineração, ampliando seu tamanho nos últimos anos. Mesmo assim, comparada à Petrobrás, que continuou empresa de economia mista, teve desempenho inferior em valorização de 1997 a 2007.

O fato político é que a sociedade brasileira não engoliu essa doação de FHC. O valor pago pelo mercado equivalia a 3 anos de lucros. Os minérios, que tiveram imensa valorização em especial em 2005 e 2006, foram desconsiderados no valor para venda, e a Vale detém as maiores jazidas do mundo que só deverão se esgotar nos próximos 400 anos. Através do BNDES e da PREVI (fundo de pensão dos funcionários do BB só no nome, porque quem manda é o Banco do Brasil), o governo Lula pressionou pela saída de Agnelli. Agora, com Dilma, a pressão chegou ao ponto de conseguir a sua saída.

A Vale deve R$ 4 bi em royalties ao governo mineiro, mas não paga. Paradoxalmente, o senador Aécio Neves (PSDB), de Minas, foi à tribuna do senado defender Agnelli, mesmo com o calote...

A saída do executivo não significa reprivatização, como diz a mídia. Mas no pacote que derrubou Agnelli, e o Bradesco topou, deve estar a preocupação maior com o Brasil. A Vale não investiu em siderurgia, estando o país praticamente no mesmo patamar da época da privatização. Enquanto isso, a China, maior compradora da Vale, se tornou a maior produtora siderúrgica do mundo. Lula criticava essa venda de minério sem valor agregado.

Com Agnelli, a Vale passou a comprar navios no exterior, desprezando a capacidade dos estaleiros nacionais. A gota d'água foi o "downsizing" com demissões e fechamentos de unidades em meio à crise. Que o novo executivo tenha um pouco mais de consciência da intolerância do país com o capitalismo predatório praticado na sua gestão na Vale. O recado do governo Dilma é claro: o desenvolvimento do Brasil deve ser levado em consideração no modelo de negócio da Vale, que deverá continuar lucrando como qualquer empresa capitalista, de forma menos predatória.

As riquezas brasileiras não podem ser fonte de lucro exclusivamente aos que detém as concessões de lavras. Quem encheu os bolsos com o lucro fácil e privilegiado da Vale que se reprograme para tempos de menor rentabilidade, apesar de muito grande ainda.


sexta-feira, 25 de março de 2011

Globo bajula Dilma para atacar Lula

Nesta semana o jornal carioca O GLOBO publicou um comparativo entre os poucos dias do governo Dilma e os oito anos de Lula, sempre colocando-a como mais sensata e mais afinada com os seus interesses. Hoje enaltecem a diplomacia de Dilma, que permitiu a nomeação pela ONU de um representante para verificar a violação de direitos humanos no Irã. Contrapoem isso a outras decisões da diplomacia brasileira, que desde o governo FHC vem baseando suas ações na ONU com base na geopolítica, evitando que os Estados Unidos intervenham abusivamente no país.

Dilma tem um governo diferente do de Lula, é natural. Uma espécie de "upgrade", pois conseguiu eleger uma bancada parlamentar segura, ao contrário do antecessor, que a toda hora tinha que fazer uma "licitação" para comprar votos para aprovar projetos. Dilma herda a economia em ótimo estado, e agora pode avançar em questões que Lula não teve como abordar. Os direitos humanos avançaram no seu governo, mas não se conseguiu implantar a Comissão da Verdade para apurar os crimes cometidos por forças policiais e militares durante a ditadura. Dilma deve conseguir isso com relativa facilidade.

Essa bajulação da Globo e outras mídias já está tendo efeito bumerangue: Dilma tem a popularidade de Lula, entre os seus eleitores, e cresce em credibilidade no eleitorado tucano, de tanto que dizem que ela é uma ruptura ou oposição a tudo que Lula fez. Nessa lógica, os eleitores de Lula deveriam repudiá-la, e os tucanos e demos, abraçá-la. Tentam isso a toda hora, mas o povo não é bobo, mantendo seu apoio a ela contra os demo-tucanos e seus patrocinadores.

Ficha Limpa : pode não valer em 2012 também

Preocupante a declaração do Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, que também é ministro do STF, dizendo que não foi julgada a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa, podendo ser questionada nas eleições de 2012 e, novamente, privilegiar a bandidagem política, que cada vez mais se sente à vontade com a impunidade.

A impressão que se tem é que, sem pressão, as instituições se limitam a deixar tudo como está, sem tomar iniciativas para aperfeiçoar os processos da cidadania. Como os bandidos são mais organizados que o Estado em vários aspectos, especialmente no processo político, a falta de visão do judiciário deixa os cidadãos à mercê de alguma instituição que tome à frente a luta contra o crime pela mobilização social.

Os criminosos políticos têm como recurso a justiça, e fazem as próprias leis deixando brechas para que não sejam presos. Como o judiciário julga de acordo com essas leis, dificilmente alguém é enquadrado pelos seus crimes. Depois o poder legislativo reclama que o executivo e o próprio judiciário legislam em seu lugar.

Energia : Hora do Planeta leva à reflexão sobre o futuro

Todo ano a organização ambiental WWF e diversos patrocinadores promovem a Hora do Planeta, onde pessoas, empresas e governos aderem a um "apagão" espontâneo das 20:30h às 21:30h, num dia previamente marcado, como forma de parar as atividades para refletir sobre o consumo de energia. Neste ano será no sábado, dia 26/03. No Brasil, em especial, o horário é ótimo, porque assim ninguém vê também o Jornal Nacional da Globo, e dorme uma noite sem suas manipulações. Também se pode refletir se é necessária essa qualidade de informação.

Neste ano há algo mais a refletir: com o acidente nas usinas de Fukushima, no Japão, depois do terremoto e tsunami e vazamento de material radioativo, qual será a alternativa da humanidade para obter energia, se também são questionadas as hidrelétricas e todas as fontes que geram aquecimento global?

Diante da preocupação com o aquecimento global, a energia nuclear foi reabilitada como opção, pois não queima combustíveis fósseis nem gera gases de efeito estufa. Novas gerações de usinas se tornaram mais seguras, tanto na prevenção de acidentes como na retenção dos rejeitos nos próprios prédios, lacrados ao final da vida útil. Uma quarta geração de usinas está a caminho, trazendo todas as preocupações com possíveis acidentes anteriores, e certamente os problemas do Japão também obrigarão à revisão das normas.

O fato é que a humanidade desperdiça energia, e tem um padrão de consumo que exige mais e mais produção desse insumo. A inclusão social também aumenta a demanda, basta ver programas do tipo Luz Para Todos, que trouxe ao consumo mais de 13 milhões de pessoas, que puderam comprar eletrodomésticos, usar equipamentos para produção, etc. Considerando que Brasil, China e India estão no mesmo passo de expansão da inclusão social, com populações gigantescas beneficiadas, grandes soluções requererão algum tipo de dano ao ambiente.

No Brasil o governo anuncia a construção de mais duas usinas nucleares, além de Angra 3, que deverá ser concluída em 2015. Depois do acidente no Japão, é natural que haja mais preocupações e protestos contra a expansão do programa nuclear, mas não se está deixando alternativas, porque mesmo hidrelétricas em lugares ermos, como Belo Monte, estão sendo questionadas. Assim sendo, só restará a alternativa de frear o crescimento do consumo, num momento onde, depois do apagão de FHC, praticamente tudo que se produz passa por classificação de eficiência, como o Selo Procel.

Energia eólica e solar ainda são ineficientes, a um custo por kW muito mais alto que a energia hidrelétrica, ocupando grandes áreas com os equipamentos, muito mais que as de alagamento, em alguns casos. A humanidade vai se resignar a promover apagões à medida que cresça a demanda energética? Como não há tempo para desenvolver uma fonte de energia mais eficiente, como a fusão nuclear, até que haja o colapso, sem a construção de novas unidades de grande porte, iremos parar o desenvolvimento, ou condenar à escuridão populações que ainda não estão na "civilização da energia"?

No b487.985

quinta-feira, 24 de março de 2011

Libia : Pântano no deserto

Tiraram os aviões de Kadafi do ar, mas não conseguiram conter a ofensiva do governo em Misrata, única cidade que estava em poder dos rebeldes na região oeste da Líbia. Mesmo sob agressão internacional, o governo controla praticamente todo o território, exceto o extremo leste, onde está o último grande bastião rebelde, Benghazi, com cerca de 500 mil habitantes.

O que fazer diante dessa realidade? Destruir toda a Líbia com ataques aéreos, até matar o último seguidor de Kadafi e junto com eles, os civis a quem se comprometeram defender através da resolução da ONU? Cada vez fica mais explícito que não há intenções humanitárias na intervenção das superpotências, agora orquestradas pela OTAN: o que se busca é virar o jogo aos 49 do segundo tempo, apoiando um time que começou ganhando, e agora está cansado, desmotivado, machucado e desfalcado para que vença de qualquer jeito.

Uma "iraquização" da Líbia não é desejada por vários países, porque é no vácuo de poder que podem emergir correntes fundamentalistas que dificultem os objetivos estratégicos dos ocidentais: petróleo e gás a preços baratos em fluxo contínuo e confiável. A população líbia é mera figurante nisso, e a mentira da propaganda anti-Kadafi está cada vez mais insustentável. Até dizer que ninguém está morrendo nos ataques aéreos não resiste às imagens dos necrotérios de Tripoli.

E agora, o que farão, se não acreditam na capacidade dos rebeldes ganharem ou mesmo dirigirem a Líbia pós-Kadafi segundo seus interesses? Vão botar tropas das potências por lá? Vão gastar US$ 1 milhão por míssil lançado, mais US$ 10 mil por hora voada de jato militar, em meio à crise econômica que sacrifica os salários e direitos dos trabalhadores dos países capitalistas centrais? Vão botar os filhos dos mesmos trabalhadores para morrerem com a boca cheia de areia para garantirem o combustível das Ferraris e BMWs? Estarão preparados para aguentar o aumento das tensões em seus próprios territórios?

Uma coalizão dividida, concorrendo internamente pela primazia na exploração do espólio da Líbia, e uma oposição dividida que não consegue unidade para obter confiança das potências para conseguirem armas e suprimentos para continuar a guerra dão a noção do pântano que pode surgir em meio ao deserto líbio. A crise árabe pode chegar à França e Itália tanto pela insatisfação da população como por atos terroristas que serão atribuídos à imensa massa de refugiados árabes que estão em suas cidades. É por essas e outras que Obama passou a bola à OTAN e, depois que um jato americano foi derrubado por lá, certamente vai ficar olhando de longe. E vendendo armas para todo mundo.

A propósito: hoje, mais uma vez, o governo de Israel (poderíamos dizer, como a mídia, "as forças fiéis a Netanyahu") atacou com aviões as populações civis da faixa de Gaza (poderíamos falar em massacre covarde) por causa dos ataques dos rebeldes com mísseis contra a opressão do governo, que há mais de 50 anos escraviza os palestinos e rouba suas terras. Não caberia uma intervenção da ONU para fazer uma zona de exclusão aérea por lá também, para salvar as vidas dos civis palestinos, ou rebelde bom é o rebelde líbio? Por que Obama não diz para Netanyahu deixar o poder, como diz para Kadafi? Hipocrisia imperialista é isso aí!

Portugal : trabalhadores não querem pagar a conta da crise

Depois de dois grandes movimentos de protesto em março contra o Plano de Estabilização e Crescimento (PEC), do Partido Socialista Português, que dirige o governo através do primeiro-ministro José Sócrates, o congresso derrubou a proposta, que basicamente era de arrocho de salários, cortes de benefícios e todas as maldades que já conhecemos da direita, e o governo caiu.

Nossa mídia só fala nas "terríveis consequências" da rejeição do pacote, pois Portugal está sem caixa para pagar compromissos imediatos, e minimiza a possibilidade da Comunidade Européia emprestar recursos para evitar a falência lusitana. Nunca apresentam a possibilidade de se jogar o preço da crise sobre os ricos e os banqueiros, sempre sobre os mais pobres, lá e cá.

Brasil : Classe C tem mais 19 milhões de pessoas em 2010

A economia brasileira é muito estranha, até mesmo para economistas acostumados a prever o passado e a todo momento estranhar o que a realidade mostra. A notícia agora é a ascensão de mais 19 milhões de brasileiros à chamada Classe C, porta de entrada para a cidadania. É o segmento que sai da luta exclusivamente pela sobrevivência e enxerga a possibilidade de se parecer com a burguesia. Consegue comprar coisas, fazer reservas, viajar de avião, promover a felicidade sem a toda hora vender as panelas para comprar o jantar.

Agora são 53 % dos brasileiros em condições minimamente dignas. A pirâmide de renda do brasileiro saiu da forma de uma pirâmide, com uma imensa quantidade de pobres na base e um topo de minoria, e agora é um losango, com menos gente na base, a faixa intermediária de renda bastante robusta e o topo, como sempre, de minoria.

Ao mesmo tempo aparecem indicadores fantásticos: no ano passado, 50 mil estrangeiros, em especial técnicos, pediram vistos provisórios de trabalho no Brasil, com destaque para norte-americanos, em especial nas áreas de crescimento industrial; a taxa de desemprego despencou de 7,5% para 5,4%; o consumo de veículos e eletrodomésticos mantém-se aquecido mesmo com o fim das renúncias tributárias, com a redução de facilidades de crédito e elevação de taxas de juros; faltam profissionais para atender a vários setores do mercado de trabalho; não para de chegar investimento direto dos estrangeiros.

Apesar do crescimento rápido da renda, com as políticas de salário-mínimo acima da inflação e programas de transferência de renda, a economia não gerou uma inflação elevada para o que seria previsível, em parte por causa das importações. Não se deu o histórico "vôo da galinha", onde o país cresce um ou dois anos, e depois entra em recessão porque a inflação aumenta muito, porque a economia não aguenta a demanda. Além do mais, a inflação é um fenômeno mundial, porque alimentos, petróleo e minérios estão em alta. Para nossa sorte, é o que vendemos, permitindo a balança comercial se manter superavitária mesmo com o real extremamente apreciado.

Agora o desemprego começou a dar sinais de voltar a subir, o que pode ser sazonal, pois é assim todo início de ano. De qualquer forma, o governo está adotando políticas de arrocho orçamentário como forma de segurar a inflação, em doses que podem ser grandes demais para a "febre", muito por conta do lobby dos banqueiros e especuladores. Nunca tivemos condições tão favoráveis à queda dos juros reais e ao Brasil atingir o patamar de uma economia capitalista "normal", sem destinar boa parte do orçamento aao pagamento de juros. A arrecadação cresce batendo recordes, e em algum momento poderá se equilibrar ao gasto. Chega o momento do governo rediscutir a dívida soberanamente, e baixar os juros ou deixar de pagar aquilo que certamente é abusivo.

A propósito: como será escrita a história daqui a alguns anos, explicando a fase de progresso inédito do período Lula? Se os livros forem editados pela Abril ou pela Globo, deverão ser como os que usei no ginásio, em plena ditadura, que tinham um buraco entre o período de Getúlio e a "Revolução" de 64. Hoje as notícias positivas e impressionantes aparecem como se fossem dados do mercado, sem nenhuma interferência política humana. Quando aparecem, são referidos aos "fundamentos" que teriam sido deixados por FHC.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Ficha Limpa : Supremo faz a festa dos picaretas

A Lei da Ficha Limpa foi uma das iniciativas populares mais importantes, mobilizando a sociedade em busca de impedir que picaretas da pior espécie pudessem se candidatar nas eleições passadas. Sob pressão, tribunais fizeram a justiça acontecer impedindo muitas candidaturas, mas houve recurso ao STF, que teve a votação empatada até que agora, com o tribunal completo, houve o desempate a favor dos criminosos. Ficha limpa só a partir de 2012.

Agora vamos voltar a ver a corja suprimida pela aplicação da Lei da Ficha Limpa em 2010. Hoje, por todo o país, tem gente fazendo festa com dinheiro roubado, prometendo roubar mais porque o crime compensa e é impune na forma da lei.

terça-feira, 22 de março de 2011

EUA : Obama pode ter impeachment pelo ataque à Libia

Se já foi estranho o presidente americano Barack Obama ordenar os ataques à Líbia em missão no exterior (tem vice para quê?), agora os próprios deputados do seu partido questionam a legalidade da ordem, que, segundo eles, deveria ser dada pelo Congresso de lá. Diversos deputados contrários à intervenção militar na Líbia consideram que Obama deveria passar por processo de "impeachment", já que, constitucionalmente, só poderia ordenar um ataque em caso de agressão ao território americano.

Depois de receber manifestações de protesto por onde passou (Brasil, Chile e El Salvador), de ter deixado um clima horrível no Brasil pelas humilhações de sua segurança a autoridades e cidadãos, de ter reaberto no Chile as feridas do golpe militar patrocinado pelos EUA, e despertado repulsa em El Salvador por causa do apoio americano a ditaduras, Obama agora pode ter que encarar o risco de perder o mandato por ordenar atos de guerra passando por cima da Constituição. Seria um final melancólico para um governo desastroso.

PS: conheci hoje o site Opera Mundi e considero seu conteúdo recomendável à leitura. Passou a fazer parte dos links do blog.


22/03/2011 - 12:22 | Marina Terra | Redação

Ordem de Obama para atacar a Líbia é inconstitucional, diz deputado democrata


O deputado democrata por Ohio, Dennis Kucinich, afirmou que o presidente norte-americano, Barack Obama, não tinha autoridade constitucional para ordenar os ataques militares à Líbia, iniciados no sábado (19/03). Segundo o congressista, que citou a Constituição dos Estados Unidos, somente o Congresso poderia autorizar os bombardeios. Para Kucinich, Obama deveria ser submetido a um impeachment pelo fato.


Os deputados Jerrold Nadler (D-NY), Donna Edwards (D-MD), Mike Capuano (D-MA), Dennis Kucinich (D-NY), Maxine Waters (D-CA), Rob Andrews (D-NJ), Sheila Jackson Lee (D-TX), Barbara Lee (D-CA) e Eleanor Holmes Norton (D-DC), se juntaram a Kucinich no rechaço à ação militar, de acordo com o sitePolitico.

Kucinich também publicou um comunicado em sua página na internet questionando a constitucionalidade das ações do presidente. "[Obama] não tem poder pela Constituição para autorizar um ataque militar unilateral, em uma situação que não implica em uma ameaça real ou iminente à nação", escreveu.

“Apesar de a ação ser considerada como a suposta proteção dos civis da Líbia, a proibição dos voos na zona de exclusão começou com um ataque à defesa aérea líbia e às forças de Kadafi. É um ato de guerra. O presidente fez declarações que tentam minimizar a ação dos EUA, mas aviões norte-americanos lançaram bombas e mísseis dos EUA. O país pode estar se envolvendo em um conflito com outra nação soberana. Nosso país não pode permitir outra guerra, econômica e diplomática."

Para o deputado, o Congresso deveria ser imediatamente convocado para uma sessão extraordinária para debater o ataque militar.

O ex-candidato à presidência Ralph Nader também criticou a ação do governo norte-americano."Por que não dizemos o que está na mente de muitos advogados e juristas, que a administração Obama está cometendo crimes de guerra e, se [George W.] Bush deveria ser submetido a um julgamento político, Obama também?", questionou ao site Democracy Now.

Pororoca : o tsunami domesticado

Aconteceu no Pará o I Festival da Pororoca, no município de São Domingos do Capim, a 130 km de Belém. Entre atividades culturais e esportivas, há o campeonato de surf da pororoca. A onda provocada pelo rápida elevação da água do mar pelo efeito de maré invade o rio Amazonas e alguns afluentes, ocupando toda a largura do rio, com altura de até 2m, em sentido contrário. Essa onda é constante, contínua, e avança por muitos quilômetros até se dissipar, e o horário da sua aparição é previsível, daí a atração a cada vez mais surfistas.

No dia do tsunami que destruiu várias cidades no Japão vi uma interessante entrevista com o surfista brasileiro Carlos Burle, campeão mundial de surf em ondas gigantes, que mora no Havaí, onde fala do seu respeito pelo mar e que não encararia essa onda. Disse que o tsunami não quebra e se desloca por uma longa distância com muita energia, sujeitando o surfista a encarar obstáculos e detritos, por isso não dá para encarar. Quando está em alto mar, o tsunami é uma onda baixa, sem condição de surf, mas quando se aproxima do continente, fica maior, permite o surf, mas não quebra formando tubo. Parece com a pororoca, mas é muito mais perigosa.

A pororoca também é destrutiva. A casa dia, erode as margens dos rios derrubando barrancos e a mata ciliar, alargando a calha ao mesmo tempo que a assoreia. É surfável porque se o atleta se mantiver longe das bordas a onda perde força naturalmente e se dissipa, sem riscos de colisões com obstáculos. Mesmo domesticada, nada impede que pelo caminho da pororoca haja troncos de árvores trazidos pelos rios, podendo haver acidentes.


Rio : quem estava no comando da repressão?


A prisão de militantes num protesto contra Obama não pode ser esquecida sob risco de um retrocesso democrático. O contexto de armação, com o lançamento de uma bomba incendiária atribuída aos militantes, que não foi captada por nenhuma câmera, mesmo tendo a embaixada americana dezenas delas, é sintomático.
A retirada dos direitos civis como fiança e habeas-corpus, arbitrariamente pelas autoridades cariocas, deixa no ar a submissão às autoridades americanas, num flagrande desrespeito à cidadania. Por fim o tratamento dispensado aos militantes presos, como o encarceramento em penitenciária, com raspagem de cabelos, traz a imagem dos maus tratos praticados pelos americanos tanto em Guantânamo ou Abu Graib, no Iraque, contra seus prisioneiros.

Não se tratou de tirar de circulação alguns suspeitos de um ato de agressão: as circunstâncias das prisões assumem ar de chantagem, de intimidação aos grupos que protestavam contra Obama. Pareceu um recado claro: quem está no comando não é o governo brasileiro, e se vocês vierem bater de frente, vão encarar gente que tem muita experiência em torturas no Afeganistão e no Iraque. E que não tem nenhum compromisso com a saúde de brasileiros.

O fato é que a passeata de protesto no domingo chegou a 200 m da Cinelândia e se dispersou sem que sequer fosse ouvida em frente ao Theatro Muncipal, e nenhum
dos manifestantes foi até o local mesmo com os acessos abertos. Houve protestos, mesmo pequenos, em frente ao teatro, mas as forças políticas que fizeram a manifestação reprimida na sexta não tentaram chegar ao local, possivelmente temendo novas armações ou represálias contra os militantes tomados como reféns presos em penitenciárias.

Ontem fiquei preocupado com a continuidade da postura desproporcionalmente agressiva da polícia no ato de lavagem das escadarias do Theatro Municipal para apagar os vestígios de Obama. Ostensivamente a PM ocupou a calçada do teatro, colocou seus veículos sobre a praça e o Batalhão de Choque tinha alguns de seus soldados com fuzis. O que pensavam que ia acontecer ali? Invasão do teatro? Até nas UPPs a polícia tem tratamento mais cordial com os cidadãos.

Afinal, quem estava no comando da repressão? Autoridades brasileiras se submeteram ao comando estrangeiro para atingir seus próprios cidadãos? Por que os militantes foram submetidos a tratos incomuns? Por que houve resistência à libertação dos presos, que tinham mandado de soltura desde ontem pela manhã e só saíram à noite? Cabe uma CPI na Assembléia Legislativa do Rio, para saber o que aconteceu, para que nunca mais se repita. O Rio precisa ter a sua Comissão da Verdade para mostrar que é livre o direito de manifestação, e que polícia é para defender os cidadãos, não para coagi-los.

Libia : avião militar americano "tem defeito" e cai

Impressionante como a mídia de guerra mente. Primeiro, atacam com mais de 100 mísseis a capital da Líbia, Tripoli, e negam que crianças, mulheres e idosos tenham morrido, como se homens civis estivessem ali para morrer sem problemas. As imagens da TV líbia mostram os enterros e velórios, mas isso não existe.

Agora, um avião de combate F-15 norte-americano caiu em território líbio. Segundo a mídia, por "falha mecânica", e seus pilotos teriam conseguido se ejetar, ou seja, logo poderão aparecer como troféus de Kadafi. Tudo que Obama não queria, pois ou teria que mandar uma missão de resgate com risco de perder mais gente, ou negociar a libertação dos presos de guerra. Ou seja, as baterias anti-aéreas líbias são incapazes de acertar um alvo, mas uma "falha mecânica" subversiva derruba aviões... Fala sério!

Libia : potências têm sede de sangue e petróleo

Ontem o governo brasileiro publicou nota pedido o imediato cessar-fogo na Líbia. No Chile, o presidente americano Obama disse que os EUA vão entregar o comando da operação Aurora da Odisséia aos europeus, e diz que o objetivo não é matar Kadafi, e que as tropas americanas não pisarão o solo líbio. Russia e Alemanha, que como o Brasil se abstiveram na votação sobre a intervenção na Líbia, também já mostraram descontentamento com os ataques a Trípoli, matando civis, fora do escopo da resolução da ONU. China e Índia, outros que se abstiveram de votar pelo ataque, também condenaram duramente o desvio do que foi aprovado. A Noruega caiu fora da coalizão.

O presidente francês Sarkozy parece mais preocupado em demonstrar as qualidades dos aviões Raphale e Mirage em cenário de guerra que com qualquer iniciativa virtuosa em relação ao povo líbio, e quer um naco do petróleo e gás, pois seu programa nuclear pode ser questionado após o problema japonês. Também diz que o objetivo é derrubar Kadafi, mesmo com os rebeldes acuados numa cidade a 1000 km de Tripoli. A Itália disputa com a França a primazia de negócios de petróleo e gás na Libia. Quer que a OTAN assuma o comando da operação. A Inglaterra também tem jazidas de óleo em decadência, e quer a sua parte.

A Liga Árabe, que apoiou a resolução da ONU, protesta contra os ataques generalizados. Enquanto isso, o ditador Kadafi deita e rola como vítima de intervenção internacional, e quer ir à ONU protestar contra a violação das resoluções sobre autodeterminação dos povos e direitos à cidadania. Os rebeldes comemoram os ataques a Kadafi, mas continuam perdendo terreno em cidades menores. As tropas do governo escondem-se nos grandes centros, fazendo a população civil de refém dos ataques aéreos.

Está tudo errado na Líbia. Primeiro, a oposição escolheu errado a hora da rebelião, entrando na onda das revoltas do Egito e Tunísia, infladas por potências que queriam uma alternativa a Kadafi para chegar ao petróleo barato e próximo à Europa. Erraram na avaliação das forças de Kadafi, e a guerra prolongada levou à exaustão dos seus recursos. Não conseguiram convencer o ocidente dos seus propósitos, porque o Conselho tem diversas tendências, inclusive fundamentalistas. Kadafi demorou a entender que os que chamava de "cães infiéis", de "drogados" e "agentes da Al Qaeda" eram mais poderosos que pensava, e que suas declarações de lealdade às potências não valia nada, pois queriam sua cabeça. Demorou a reagir com a imensa superioridade militar, avançando facilmente sobre os territórios perdidos assim que se reorganizou.

Parece que as potências também acreditaram na força da oposição, e ficaram de fora do processo até que Kadafi chegou aos subúrbios do último reduto dos rebeldes. Aí já não estava mais na ordem-do-dia a reversão do cenário de derrota da rebelião, mas a proteção de civis e evitar o massacre de milhares de pessoas acuadas pelas forças do governo. A resolução da ONU é por uma zona de exclusão aérea, ou seja, tirar a capacidade de Kadafi fazer bombardeios indiscriminados sobre Benghazi e massacrar o povo. Os ataques das potências, entretanto, visam alvos diversificados em todo o país, inclusive a residência de Kadafi e prédios do governo.

Embora a mídia trate a Líbia como terra de ninguém, o fato é que tem um governo, mesmo nas mãos de um ditador, como em vários outros países árabes e na África, que não merecem da ONU a mesma preocupação diante de massacres a opositores. As potências desde o início do conflito dizem a Kadafi para sair, em claro apoio aos rebeldes. O mesmo não se viu no Egito nem na Tunísia, e nada se falou da intervenção da Arábia Saudita com tropas para sufocar a rebelião no Bahrein.

A hipocrisia e os interesses conflitantes entre os saqueadores em busca de petróleo fortalecem Kadafi e todos os demais ditadores que já estão sufocando as rebeliões violentamente.
Pior: com a intervenção de alguns países, o que era uma operação para fazer as forças do governo pararem para começar uma negociação sobre liberdades e respeito aos virtualmente derrotados, agora virou fôlego para a continuidade, pelos rebeldes, de uma guerra civil sangrenta. Kadafi agora ameaça com terrorismo, incentivo à migração clandestina para a Europa e sabe-se lá onde foram parar aqueles mísseis que apareciam nas paradas militares, que podem chegar a alvos na Europa.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Rio : Obama foi embora, a repressão continua




No post anterior, baseado na nota do PSTU, informei que os manifestantes presos no protesto anti-Obama da sexta-feira haviam sido libertados. Agora à tarde, na manifestação feita em frente ao Theatro Municipal para repudiar a visita de Obama e a repressão havida, soube que, apesar de terem o alvará de soltura, os militantes continuam presos. Esta informação é das 18h.

O ato de lavagem das escadarias do Theatro Municipal encontrou, na calçada do teatro, um forte aparato repressivo. Contei 13 caminhonetes do Choque e 10 carros da PM em cima da calçada da Cinelândia. O mais absurdo era a tropa de choque armada com fuzis, enquanto a PM tinha cassetetes. O que será que as autoridades cariocas esperavam ali, dos 100 manifestantes?


Se não é o pessoal do serviço secreto americano mandando na polícia como parece ter sido nos dias de Obama no Brasil, o que já seria um absurdo, então a culpa é do governador Sérgio Cabral, que não está tolerando o direito à manifestação política. Um grande retrocesso. Nem contra os traficantes empregam tamanha coerção armada.

Rio : Libertados os presos políticos de Obama

Uma hora depois de Obama deixar o Brasil, foram liberados os 13 presos da manifestação anti-imperialista da sexta-feira, que culminou com violência policial e prisões depois de um flagrante forjado de coquetel Molotov contra a embaixada americana, no Rio que seria a razão das prisões, sem direito a fiança nem habeas-corpus.

No sábado um juiz negou a liberação dos presos dizendo que seriam uma ameaça a Obama, à imagem do Brasil, etc. Parece daquelas coisas de carnaval daqui do Rio: se alguém fosse preso durante as festas, só era liberado na 4a feira de cinzas, todos de uma vez, se todo mundo se comportasse bem no xadrez. De tão tradicional essa detenção carnavalesca, foi criado o Bloco "O que é que eu vou dizer em casa". A diferença é que o pessoal ficava na carceragem comum, no Centro, e não era mandado para penitenciárias como Bangu 8 e Água Santa, nem tinham as cabeças raspadas, como aconteceu com os militantes.

O fato é que as prisões conseguiram intimidar o PSTU, a CSP Conlutas e outros grupamentos políticos, que ontem chegaram a 200m da Cinelândia, fizeram um ato com cerca de 800 pessoas e se dispersaram antes do discurso de Obama, sem protestar em frente ao Teatro Municipal. Se quisessem, facilmente chegariam ao local onde vários manifestantes se postaram, junto ao Amarelinho. Nenhum acesso à área da Cinelândia em frente ao Municipal estava fechado. Mais uma humilhação por conta da visita imperial de Obama. Segue a nota do PSTU sobre a libertação dos presos:

URGENTE: Justiça decide libertar presos políticos do ato contra Obama

Ato com o grupo será realizado hoje, às 17h, nas escadarias do Theatro Municipal


DA REDAÇÃO


• Cerca de uma hora após o presidente Barack Obama ter deixado o país, a Justiça deu um despacho a favor da libertação dos 13 manifestantes, presos desde a sexta-feira, após protesto no Consulado dos Estados Unidos. O grupo está nos presídios de Bangu 8 e Água Santa e deve ser liberado nas próximas horas. No sábado, um juiz de plantão havia negado a liberdade, alegando que os ativistas representariam uma ameaça ao presidente norte-americano e poderiam "macular" a imagem do Brasil.

Durante o final de semana, uma grande campanha foi feita, com atos e milhares de assinaturas de apoio aos presos. "Estamos aliviados e agradecidos por toda a solidariedade. Foi o que garantiu a liberdade ao grupo. Agora é ver se todos estão bem", comemorou Cyro Garcia, presidente do PSTU, partido que tem 10 militantes presos. Cyro criticou o caráter político das prisões e até na libertação. "Nada vai apagar o que aconteceu. Foi um ataque sem precedentes aos direitos humanos. Obama discursou falando da democracia, comemorando não estarmos mais em uma ditadura, mas o governador deixou pessoas inocentes em presídios até que a viagem terminasse. O governo de Dilma, presa na ditadura, não fez absolutamente nada", afirmou.

O grupo ficou em celas isoladas nos presídios, mas ainda assim, os advogados irão averiguar indícios de maus tratos. "Todos os homens em Água Santa tiveram a cabeça raspada", conta Aderson Bussinger, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, que acompanha o caso. "Obama veio aqui e deixou um Guantánamo. E ninguém noticiou", completa Cyro.

Uma situação especial é o de Maria de Lourdes Pereira da Silva, de 69 anos. A senhora, que também é conhecida pela torcida do Fluminense como “Vovó tricolor”, pela assiduidade aos jogos, estava passando pelo Centro do Rio, na sexta-feira, quando se juntou ao grupo que dizia “Obama, go home”. Ela terminou presa em Bangu 8 com Gabriela Proença da Costa, estudante de Artes da Uerj, e a professora Pâmela Rossi. Por ironia, o presidente Obama recebeu uma camisa do Fluminense durante a visita a uma escola de samba, no Rio de Janeiro.

Os presos irão deixar o presídio acompanahdos por oficiais de justiça, em ônibus e carros da secretaria de Segurança, em direção ao Instituto Médico Legal, onde farão exames. De lá, seguirão para uma entrevista coletiva, com seus parentes. Em seguida, às 17h, um ato público será feito nas escadarias do Theatro Municipal, onde Obama discursou. "Vamos lavar as escadarias e abraçar os presos", comemora o professor Miguel Malheiros. "Não vamos parar aqui. Também vamos exigir que sejam retirados as acusações, para que não retornem a prisão mais à frente apenas por estarem em um ato pacífico e em defesa do nosso petróleo", completou.

DEPOIMENTO DE PARENTES DOS PRESOS




Wikileaks : EUA contra a Petrobrás no pré-sal

Quem viu as palavras macias e aduladoras de Obama, associadas à sua simpatia pessoal e todo o esforço de mídia para fazer dele e sua família pessoas normais, fica tentado a achar que a América mudou radicalmente suas posturas em relação ao Brasil. Obama falou no Theatro Municipal que a Cinelândia foi palco da luta contra a ditadura, e que Dilma sentiu na pele a tortura do autoritarismo, e por isso hoje é uma lutadora pela liberdade. Só não disse quem botou a ditadura no Brasil, na Argentina, Chile, pelas Américas, no Oriente Médio e em países da Ásia e África: os Estados Unidos.

A ingerência em assuntos internos brasileiros não mudou com Obama. Veio ao Brasil para buscar mercado para os produtos e serviços "made in USA", para criar empregos por lá, e para garantir petróleo a preços seguros e baratos do pré-sal, para fugir ao cartel do Oriente Médio e Venezuela.

Essas ações também estão marcadas por lobbies poderosos, que tentaram impedir a aprovação do marco regulatório do pré-sal com soberania brasileira através da Petrobrás ou de uma nova empresa estatal. O documento reproduzido abaixo do site Viomundo é explícito sobre a interferência do poder econômico dos grandes grupos americanos no Congresso Brasileiro, auxiliado por colaboradores brasileiros, como José Serra e o grupo de políticos de direita que tentou de tudo, até CPI da Petrobrás, para barrar a legislação soberana que Lula conseguiu aprovar para o pré-sal.

O documento da embaixada americana no Brasil é de dezembro de 2009, antes da campanha presidencial, e tem o título "Pode a indústria do petróleo derrotar a lei do pré-sal?" . Leia e veja que, em pleno governo Obama, o bonzinho, o amiguinho do Brasil, se fez de tudo para tirar do controle dos brasileiros sua principal riqueza estratégica. Falso e traiçoeiro, Obama não mereceu a pompa e circunstância que teve na sua visita ao Brasil. Só os nossos colonizados pró-americanos, a mídia venal e os políticos traidores se deslumbraram com ele.
21 de março de 2011 às 2:39

Não perca: Os incansáveis esforços para afundar o pré-sal

02.12.2009

C O N F I D E N T I A L RIO DE JANEIRO 000369

SIPDIS
STATE – PLEASE PASS NSC FOR RACHEL WALSH AND LUIS ROSELLO
STATE – PLEASE PASS DOE FOR RUSSELL ROTH
STATE – PLEASE PASS TO DOC FOR LORRIE FUSSELL
STATE – PLEASE PASS TO USTR FOR KATE KALUTKIEWICZ. WHA/EPSC EEB/ESC/IEC AMEMBASSY BRASILIA PASS TO AMCONSUL RECIFE

E.O. 12958: DECL: 2019/12/02
TAGS: EPET EIND EINV PREL PGOV BR CO

SUBJECT: CAN THE OIL INDUSTRY BEAT BACK THE PRE-SALT LAW?
REF: BRASILIA 1099; RIO DE JANEIRO 294; RIO DE JANEIRO 288 CLASSIFIED BY: Dennis W. Hearne, Principal Officer; REASON: 1.4(B), (D)

SUMMARY

¶1. (C) Embora companhias de petróleo grandes e independentes continuem a ver o marco regulatório para desenvolver as reservas de petróleo e gás do pré-sal na costa do Brasil como potencialmente prejudiciais ao futuro de suas operações de exploração e produção aqui (E&P), o grupo da indústria baseado no Rio de Janeiro que representa estas companhias tem sido até agora mal sucedido nos esforços para obter mudanças no projeto de lei que está na Câmara dos Deputados. A indústria continua a defender que o aspecto mais prejudicial do marco regulatório, quanto à viabilidade das futuras operações do pré-sal — e mesmo para os fabricantes locais — é a designação da Petrobras como operadora-chefe, parte da lei que trata dos PSAs [Production Share Agreement]. Fabricantes locais e fornecedores também serão afetados, mas o maior grupo fornecedor de petróleo reclama que a natureza política atrapalha sua voz sobre a matéria no Congresso. Com a indústria resignada com a passagem das quatro leis na Câmara dos Deputados (na maior parte no formato atual), sua estratégia para o futuro é arranjar novos parceiros e focar no Senado, com o objetivo de obter emendas-chave nas leis, assim como empurrar a votação para depois das eleições presidenciais e legislativas de outubro. Fim do resumo.

ELECTION YEAR MAKING FOR A “HARD BATTLE” FOR INDUSTRY

¶2. (C) Embora as companhias de petróleo grandes e independentes (IOCs) continuem a ver o marco regulatório para desenvolver as reservas de petróleo e gás do pré-sal na costa brasileira como potencialmente prejudiciais ao futuro de suas operações de exploração e produção aqui (E&P), o grupo baseado no Rio de Janeiro que representa estas companhias tem sido até agora mal sucedido nas tentativas de obter mudanças na lei que está na Câmara dos Deputados. Patricia Pradal, chefe de relações governamentais da Chevron, disse ao Econoff em 19 de novembro que desde que o presidente Lula anunciou o marco regulatório em 31 de agosto, a indústria tem lutado uma “dura batalha” para conseguir mudanças na legislação, mas a Câmara dos Deputados não levou as preocupações da indústria em consideração. (Nota: Pradal também chefia o comitê do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), o grupo que representa todas as companhias grandes e independentes que operam no Brasil, inclusive a Petrobras. Ela conversou com o Econoff nesta capacidade. Fim da nota). Pradal lamentou a falta de apoio dos partidos de oposição no Congresso, culpando as eleições presidenciais e legislativas do ano que vem e explicando, “o PSDB [principal partido de oposição] simplesmente não compareceu ao debate”. Ela expressou respeito relutante ao assessor de relações internacionais do presidente Lula, Marco Aurelio Garcia, e ao secretário de imprensa Franklin Martins, como os principais orquestradores da estratégia do governo, afirmando que “eles são os profissionais, e nós somos os amadores”.

PSDB’S SERRA REPORTEDLY OPPOSES FRAMEWORK, BUT NO SENSE OF URGENCY

¶3. (C) De acordo com a Pradal do IBP, o provável candidato do PSDB em 2010 José Serra se opõe ao marco regulatório, mas parece não ter senso de urgência quanto ao assunto. Ela atribuiu a ele declarações a representantes da indústria, “Deixa esses caras [do Partido dos Trabalhadores] fazer o que eles quiserem. Não haverá rodadas de leilão e então nós vamos demonstrar que o modelo antigo funcionava… E nós mudaremos de volta”. Sobre o que vai acontecer com as companhias de petróleo estrangeiras enquanto isso, Serra alegadamente afirmou, “Vocês vão e voltam”. Fontes no Congresso também disseram a autoridades da Embaixada que Serra sinalizou ao PSDB e outros partidos de oposição que eles deveriam emendar, mas não se opor à legislação final do pré-sal, e sugeriu a legisladores de oposição que evitassem oposição vocal à lei.

CURRENT STATUS OF THE FRAMEWORK

¶4. (U) Em 31 de agosto, o presidente Lula anunciou o marco regulatório e o enviou ao Congresso para aprovação. Em 18 de novembro, a Câmara dos Deputados aprovou a primeira das quatro leis (reftel A) que compõem o marco, por um votação de 250 a 67, para criar a Petrosal, uma nova entidade governamental que vai representar o governo brasileiro no ainda não aprovado regime de partilha. Mais informações serão reportadas septel. (Nota: A próxima lei que provavelmente vai à votação na Câmara dos Deputados será a criação de um fundo social, seguida pela lei de capitalização da Petrobras de 50 bilhões de dólares. Antecipamos que a lei instituindo os Acordos de Produção Partilhada (PSA) — tornando a Petrobras a operadora-chefe dos blocos do pré-sal — será a última a ser votada pela Câmara dos Deputados. Uma vez a lei passe na Câmara dos Deputados, precisa ser submetida ao Senado para aprovação. Se o Senado aprovar a lei, ela é final. Se o Senado emendar a lei, ela voltará à Câmara dos Deputados para discussão e nova votação. Post vai reportar em acontecimento legislativos septel. Fim da nota).

PETROSAL: ALL THE CONTROL, NONE OF THE LIABILITY?

¶5. (C) Embora não se oponha per se à existência da Petrosal, a indústria está preocupada que o grupo de nomeados políticos, que vão administrar os blocos do pré-sal em nome do governo brasileiro, também terão poder desproporcional sobre as operações de qualquer consórcio de produção partilhada no qual as companhias de petróleo entrarem. Sob a lei proposta, a Petrosal controla 50 por cento das vagas — com poder de veto — no comitê de operações do consórcio PSA. De acordo com a Pradal do IBP, isso dará à Petrosal poder significativo sobre decisões-chave das E&P, como em questões de orçamento, meio ambiente e segurança nos blocos do pré-sal. “Eles terão todo o controle, e nenhuma responsabilidade”, ela disse.

PETROBRAS AS CHIEF OPERATOR UNIVERSALLY CRITICIZED

¶6. (C) A indústria continua a argumentar que o aspecto mais prejudicial do marco regulatório à viabilidade comercial das futuras operações do pré-sal é a designação da Petrobras como operadora-chefe, parte da lei que trata dos PSAs. Enfatizando um argumento que ele apresentou ao Charge d’Affaires em 1 de Setemrbo (reftel B), o Lacerda da Exxon disse que ter a Petrobras tocando todos os blocos do pré-sal vai relegar as companhias de petróleo aos boards de financiamento. Robert Abib da Anadarko disse em 19 de novembro que o papel da Petrobras como operadora-chefe deixará de fora as companhias de petróleo menores e independentes se a paraestatal focar nos maiores campos do pré-sal, em vez de nos pequenos, onde as independentes normalmente se especializam e focam suas operações. O Lacerda da Exxon reclamou que a lei dos PSA fracassou em definir suficientemente os termos fiscais dos contratos e disse que sob o regime proposto, tais termos apenas ficarão claros na véspera de uma rodada de leilão, tornando praticamente impossível para uma empresa se preparar. Tanto a Pradal do IBP quanto o Lacerda disseram que o debate em andamento sobre a distribuição de royalties para estados produtores e não produtores, prefeituras e o governo federal, do qual também faz parte a lei dos PSA, está evitando qualquer discussão real sobre a transparência do marco regulatório e sua capacidade de atrair investimento.

¶7. (C) Se a designação da Petrobras como operadora-chefe continuar, a Pradal do IBP disse que seria impossível competir nas rodadas de leilão contra as Companhias Nacionais de Petróleo (NOC), como a Sinopec da China e a Gazprom da Rússia. De acordo com Pradal, as rodadas serão decididas por quem der mais lucro ao governo. “Os chineses podem oferecer mais que qualquer um”, ela explicou. “Eles podem empatar e ainda será atrativo para eles. Eles querem apenas o petróleo”. Pradal disse que a Chevron nem participaria em tais circunstâncias. (Nota: Antevendo maior envolvimento das NOC no Brasil, a Ecopetrol da Colômbia, 90% de propriedade estatal, abriu um escritório no Rio de Janeiro em 18 de novembro. Além disso, o CFO da Petrobras Barbassa disse em 23 de novembro que a paraestatal mandaria executivos senior para a China no início de 2010, em uma tentativa de atrair fornecedores de equipamento para o Brasil. Post vai reportar nas duas questões septel. Fim da Nota).

WHAT ABOUT THE LOCAL MANUFACTURERS?

¶8. (C) Fabricantes e fornecedores brasileiros também podem perder com o papel da Petrobras como operadora-chefe, mas o maior grupo fornecedor do Brasil reclamou que a natureza política do marco regulatório estava impedindo sua voz de ser ouvida no Congresso. Lacerda da Exxon disse que fabricantes e fornecedores locais perderiam por ter apenas um cliente principal, sugerindo que a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), um forum sem fins lucrativos que reúne as principais empresas fornecedoras e fabricantes do setor de serviços, poderia ser uma poderosa aliada nesta luta. Ela reclamou, no entanto, que a ONIP tinha até agora se mantido “quieta” na questão. O diretor da ONIP Alfredo Renault disse ao Econoff em 23 de novembro que se a ONIP não se engaja em políticas públicas ou lobby, ainda assim estava preocupada com a designação da Petrobras como operadora-chefe no marco regulatório, e expressou estas preocupações ao Congresso. Infelizmente, ele explicou, o Comitê Especial da Câmara dos Deputados onde Renault fez sua apresentação era guiado “pela política em vez da lógica”, e pareceu indiferente às preocupações de Renault. De acordo com Renault, ter apenas um cliente não beneficiaria a competitividade dos fabricantes brasileiros nem daria a eles a oportunidade de estabelecer relacionamentos de comprador-fornecedor com as companhias de petróleo grandes e independentes, o que é crucial para fazer negócios no Exterior. Renault afirmou que algumas associações da indústria dentro da ONIP apoiavam o marco regulatório, mas disse que estes grupos tendiam a incluir companhias que já tem extensas relações comerciais com a Petrobras.

RISKY PETROBRAS CAPITALIZATION

¶9. (C) Representantes das companhias de petróleo enxergam problemas legais com a lei referente à capitalização da Petrobras através da garantia de 5 bilhões de barris de petróleo do pré-sal e questionam a constitucionalidade da transação. A Pradal da IBP explicou que a capitalização proposta, que vai dar à Petrobras as reservas prometidas em troca de um aumento das ações do governo na companhia, tem precedente em outros países; ela disse, no entanto, que tais precedentes envolviam reservas provadas, em vez de não provadas, como são neste caso. (Nota: Pradal não conseguiu nomear o país onde isso aconteceu, mas disse que a equipe de advogados da Chevron estava pesquisando o precedente. Fim da Nota). O Abib da Anadarko enfatizou o risco de diluir o valor em mãos dos acionistas da Petrobras e disse que a companhia estava se arriscando a descumprir suas responsabilidades fiduciárias. Alegando que era impossível avaliar o óleo do pré-sal, ele afirmou que os acionistas da Petrobras poderiam processar a companhia, se descobrirem que as reservas foram sobrevalorizadas. De acordo com Pradal, bancos de investimento e firmas de accounting tinham sérias preocupações com a transação, mas apenas um pequeno grupo de acionistas estava expressando abertamente suas preocupações. Ela expressou consternação que a CVM não tinha nem aberto uma investigação sobre a transação. (Nota: CVM é a equivalente brasileira da SEC. Fim da Nota). Pradal acrescentou: “Na verdade, não acreditamos que a Petrobras está fazendo as coisas respeitando a lei”, afirmando ainda que a Petrobras conscientemente superestimou as reservas de 5 a 8 bilhões de barris da área de Tupi. (Nota: A Petrobras está atualmente sob investigação do Congresso por práticas fraudulentas — evasão fiscal, superfaturamento de bens e doações favoráveis a apoiadores de Lula — mas se espera que fique livre das acusações por conta de um comitê do Senado controlado pela coalizão governista. Fim da Nota).

INTERNAL CONFLICT IN PETROBRAS?

¶10. (C) Players da indústria do petróleo no Rio alegam que há divisões de opinião na Petrobras quanto ao marco regulatório e como ele vai afetar tanto a Petrobras como o desenvolvimento do pré-sal. Insiders da indústria afirmam que pessoal-chave da Petrobras se opõe à mudança para os PSAs e ao papel de operadora-chefe [da Petrobras], enquanto a gerência superior da empresa favorece o marco regulatório, vendo as reservas do pré-sal em termos nacionalistas. Por exemplo, numa conferência no Rio de Janeiro em 23 de Novembro, o CFO da Petrobras Almir Barbassa expressou preocupação com a possibilidade de que a Petrobras não teria capacidade mesmo para cumprir seus compromissos atuais. “O ritmo de crescimento de novos projetos continua a aumentar, e eu sempre me pergunto quanto mais seremos capazes de crescer neste ritmo”, ele disse. “Os projetos abundam, mas ficamos limitados por uma falta de pessoal, material e equipamento”. Fernando José Cunha, diretor-geral da Petrobras para a África, Ásia e Euroasia disse ao Econoff em Agosto que a responsabilidade de operadora-chefe, além da porção obrigatória de 30% [da Petrobras] em cada bloco, “espantaria investidores” (reftel C). De outra parte, o Lacerda da Exxon disse que o diretor de E&P da Petrobras Guilherme Estrella era o principal responsável pelos termos do PSA que prejudicam as companhias internacionais de petróleo. (Nota: Estrella comparou publicamente a Petrobras a um programa espacial nacional, em termos de ambição nacional, e é considerado próximo do presidente Lula. Fim da Nota).

INDUSTRY STRATEGY: WHAT NOW?

¶11. (C) Com a indústria resignada com a aprovação das quatro leis do marco regulatório pela Câmara dos Deputados (na maior parte na forma atual), sua estratégia para o futuro é focar no Senado, que tem um número maior de legisladores de oposição que a Câmara dos Deputados. A Pradal da IBP disse que tentaria arregimentar novos parceiros, tais como a companhia independente brasileira de E&P OGX, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e várias câmaras do comércio, de forma a conquistar emendas no Senado contra o papel de operadora-chefe da Petrobras e os termos da Petrosal. Ela também disse que seria ideal evitar um voto do Senado antes de maio, o que então poderia empurrar a votação para depois das eleições presidenciais e legislativas de outubro. De acordo com Pradal a “verdadeira luta” acontecerá em Fevereiro, depois que o Congresso retornar do recesso. Lacerda da Exxon também afirmou que a indústria planeja fazer “pressão de quadra inteira” no Senado, mas que para não correr riscos a Exxon agora também faria esforços de lobby por conta própria. Pradal enfatizou que tanto a IBP como a Chevron esperavam que o embaixador-designado Shannon poderia ter um impacto significativo neste debate, e perguntaram ao Econoff em múltiplas ocasiões para quando a confirmação no Congresso [dos Estados Unidos] era esperada.

COMMENT

¶12. (C) No momento em que aumentam seus esforços dentro deste debate altamente nacionalista, os IOCs terão que caminhar cautelosamente. Numerosos contatos no Congresso compartilharam com o Post sua avaliação de que ao se tornarem mais vocais na questão, as IOCs correm o risco de galvanizar o sentimento nacionalista em torno desta questão, danificando, em vez de ajudar, sua causa. Ao mesmo tempo, as IOCs não estão otimistas sobre sua força para aprovar emendas-chave ao corrente marco regulatório. Além disso, mesmo que as IOCs forem bem sucedidas em forçar um adiamento da votação no Senado para depois de uma possível — mas incerta — vitória de um presidente de oposição, há a sensação de que a espera para disputar oportunidades comercialmente atraentes no pré-sal vai ser longa. Tal perspectiva, assim como a atratividade limitada dos blocos em terra e a incerteza quanto ao tamanho das áreas na fronteira marítima que não faz parte do pré-sal, prejudicam a capacidade das IOCs de efetivamente mapear suas operações locais, e ameaçam o conjunto de seus interesses no Brasil. End Comment.

¶13. (U) This cable has been coordinated with Embassy Brasilia.

HEARNE..